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História A Second Chance (Camren) - Morning


Escrita por: camrenshit

Notas do Autor


notas finais bebês

Capítulo 8 - Morning


Narrador POV

Depois de mais algumas conversas e brincadeiras a parte, Lauren decidiu tomar um banho, enquanto a outra ia de encontro a sala onde pintava e desenhava.

A menina de olhos castanhos olhou para suas telas pintadas diversas vezes, e era como se um filme rodasse em sua cabeça, a lembrando das situações que a levaram a pintar cada coisa ali.

Ela sorriu ao bater os olhos na tela que retratava Lauren, e nem ela sabia exatamente o porquê disso, mas em sua cabeça aquela era a mais bonita obra de arte daquele espaço.

Em seguida, ela olhou para suas telas em branco e a única vontade que teve foi de pintar a mulher dos olhos verdes em todas elas, em todas as situações possíveis: Irritada, com vergonha, sorrindo, e até exercitando sua mania de mexer nos cabelos o tempo todo, e ainda por cima, se assustou com a ideia que teve de pinta-la nua.

Pare de surtar, Camila, você está pirando. Pensou consigo mesma, negando com a cabeça antes de desistir de pintar qualquer coisa e sair porta a fora em direção a sala novamente, onde se jogou no sofá, deitando abraçada ao seu cachorro, enquanto conseguia ouvir o barulho de água caindo no banheiro, devido ao silêncio que fazia na casa toda.

Mal sabia ela que Lauren também se sentia estranha em baixo da água que caia do chuveiro, confusa sobre os motivos que a levaram a se atrair tanto por Camila naquele dia, e a vontade que tinha de juntar seus lábios aos dela toda vez que se aproximavam. E mais do que isso, a vontade de pega-la em seu colo e possuí-la em qualquer canto daquela casa, mas se ela admitiria isso pra Camila ou pra si mesma? Não, claro que não.

Entendam que Lauren não tinha problema nenhum com sexo casual, aliás, ela já havia o feito mais vezes do que poderia contar, o ponto em questão é que, de certa forma, ela tinha o pressentimento de que com Camila não ficaria só nisso.

Água gelada escorreu pelo seu corpo por minutos e mais minutos, levando pelo ralo toda aquele desejo que a estava matando.

Tá bom, talvez não todo o desejo, mas apenas desejo suficiente pra que ela se sentisse lúcida de novo.

Logo após seu banho, Lauren fez o que fazia de costume: tomou seus remédios, tanto os calmantes quanto os remédios que tinha que tomar por conta do acidente, e se deitou pra dormir, enquanto Camila apagou no sofá da sala mesmo, sem cobertor ou travesseiro, apenas agarrada ao seu cachorro como uma criança agarrada no seu brinquedo favorito.

...

9:00 AM

A mulher dos olhos verdes se levantou naquela manhã com uma sensação de curiosidade sobre o dia em questão, com a fala de Camila em mente: "Nós vamos começar a nossa aventura."

Ela não sabia que horas eram e nem onde diabos estava seu telefone, então saiu do quarto aos trancos e barrancos em direção a sala de leitura da casa, levantando as sobrancelhas ao encontra-la vazia e arrumada.

A muito contra gosto, Lauren desce as escadas em passos cuidadosos pra não cair, enquanto tentava espantar o sono que parecia a impedir de raciocinar direito.

Assim que pisa no cômodo avista Camila dormindo de bruços, enquanto Marley também dormia, confortavelmente, em cima de suas costas. Ela sorriu com a cena e ao mesmo tempo sentiu pena da mais velha, que não utilizava de nenhum cobertor, mesmo com o frio que fazia a aquela hora em Miami.

Ainda assim, sentiu seu coração aquecer ao contemplar a expressão serena de Camila, a ponto de que, se por acaso soubesse onde estava seu telefone, a teria fotografado.

Lauren subiu as escadas e desceu novamente com um cobertor, cobrindo Camila até a parte de suas costas onde o cachorro estava, e deu as costas novamente pra subir e tentar voltar a dormir, mas assim que o fez ouviu uma voz rouca, devido ao sono, atrás de si:

- Obrigada pelo cobertor, passei frio a noite toda com preguiça de subir pra pega-lo. - Camila diz, e assim que se vira, Lauren a vê, com os olhos castanhos meio abertos e meio fechados ao mesmo tempo, e o tão frequente sorriso também estava ali.

- A quanto tempo está acordada? - Pergunta, com receio de ter sido percebida admirando as feições latinas da outra.

- Desde que você desceu aqui a primeira vez. A escada faz barulho. - Esclarece e em seguida chama pelo nome de Marley, que imediatamente acorda, pulando de suas costas em direção ao chão, e abanando o rabo na frente de sua dona.

- Desculpe, não era minha intenção te acordar. - Pede, sinceramente.

- Não se preocupe, é sempre bom ver um rosto bonito logo pela manhã. - Aumenta seu sorriso em direção a Lauren, que sente seu rosto esquentar.

Quando foi que virei tão sensível a elogios? Pensou, amaldiçoando a si mesma pelo sorriso que tomou conta de seu próprio rosto

- O que planejou pra hoje? - Pergunta, se sentando ao seu lado.

- Eu deveria ter planejado algo?

- Bem, você veio com aquele papo de começarmos nossa "aventura", entende-se que você tenha planejado algo. 

- Não gosto de planejar, isso não tem graça. A graça é fazer o que der na telha, algo inusitado. - Completa, se espreguiçando. - Certas coisas tem que ser planejadas as vezes, mas tem horas que planejar não adianta, você só tem que ir lá e fazer.

- Não planejar significa não ter o controle, em que planeta isso é algo bom?

- Não temos o controle de qualquer forma, você pode planejar ir ao supermercado de manhã e ser simplesmente atropelada no meio do caminho, ou planejar mil coisas antes de dormir e sequer acordar no dia seguinte. Planeje menos e viva mais, senhorita. E essa é a primeira lição do dia.

- Não vejo a hora de irmos ao supermercado e você me dar uma lição sobre qual sabonete comprar. - Lauren debocha, não por provocação nem nada, esse era o jeito dela é Camila não ligava.

- Não tenho lições pra ensinar sobre isso, mas se precisar da minha ajuda pra comprar lingerie estou a sua disposição. - Se inclina e deposita um beijo no rosto da mais nova. Mil idéias pra aquele dia passavam pela cabeça de Camila, e se ela tentaria botar em prática todas elas? Claro que sim.

...

Lauren POV

Camila se levantou do sofá e me puxou pela mão até seu quarto, abrindo seu armário e me dando um par de tênis de corrida, e pegando um outro par pra si mesma.

- Troca de roupa e calça isso, eu quero te mostrar uma coisa. - Diz, com tanta segurança que eu nem me preocupei em questionar o que era, apenas troquei meu pijama por shorts e camiseta leves no banheiro, me sentindo feliz por não ter que usar mais as roupas minúsculas de Camila, mas ao mesmo tempo senti falta do cheiro de baunilha me cercando.

Desço as escadas novamente e a encontro vestida de forma parecida a minha, só que com o cabelo preso, enquanto juntava itens de café da manhã dentro de uma mochila.

- Eu não tenho uma cesta de piquenique, espero que não se importe. - Diz e fecha sua mochila, a colocando nas costas. 

Camila me guia em direção a saída de sua casa e me leva até a parte de trás, que era nada a mais e nada a menos do que a continuação daquele terreno enorme, mas também havia ali coisas como uma churrasqueira de pedra, e uma hidromassagem enorme no chão ao seu lado.

Continuo andando atrás de Camila até o limite do terreno, que era demarcado por um um muro alto com uma cerca elétrica em cima, e um pequeno portão, ao qual ela abriu com uma chave, me oferecendo passagem.

- Esse é aquele momento em que você me leva pro meio do nada, me deixa comer uma última refeição e depois me mata? - Passo pelo portão ouvindo Camila rir atrás de mim.

Alguns passos depois do portão havia uma espécie de barranco, uma descida desregular em meio a um monte de mato no qual Camila me guiou a descer, me olhando como quem diz "relaxa e confia em mim".

E lá fomos nós, descendo aquela espécie de trilha que parecia não dar em lugar nenhum. Admito que quase cai alguma vezes, o que proporcionou risadas em nós duas, e que mesmo sendo atacada por um monte de mosquitos, estava sendo divertido.

Eu estava prestes a reclamar pela demora quando nós finalmente chegamos em nada a mais, nada a menos, do que uma praia

Na verdade não era exatamente uma praia, era algo como uma porção pequena de areia que deveria ter só uns 300 metros, isolada por montes nos seus dois lados, o que mostrava que o único meio de chegar ali era pela trilha, ou de barco.

Ao longe dava pra ver uma continuidade maior daquela porção de areia, em outras palavras, uma praia de verdade, com quilômetros e mais quilômetros de extensão.

- Desculpe não ser clichê e ter aquelas toalhas de piquenique também. - Diz, tirando um lençol qualquer de sua mochila, e o forrando na areia e em seguida se senta, enquanto eu me limitava a olhar a paisagem a minha volta: A água limpa em um tom de azul que eu nunca tinha visto, somada a visão do sol, que saia detrás das nuvens aos poucos, e já tinha parte de seus raios refletindo na água. - Eu descobri isso aqui por acaso quando fazia trilha com Normani, pouco depois de ganhar a casa dos meus avós.

- É lindo. - Digo, realmente admirada.

- Ninguém vem aqui porque o único jeito de chegar é pela trilha, e as pessoas são preguiçosas. Fora que toda essa extensão de areia some assim que a maré sobe, lá pelas 6 horas, e reaparece junto com o nascer do sol, por isso que ela está úmida ainda. - Explica, e eu assinto positivamente, me sentando ao seu lado.

- Agora eu entendi porque você não tem piscina. - Comento, e Camila ri, se espreguiçando.

- Quem precisa de piscina quando se tem toda essa natureza a nossa disposição? - Pergunta retoricamente, começando a tirar da mochila as coisas pro café que havia trazido e colocar em cima do lençol. - Todo mundo tá tão acostumado com coisas superficiais que acaba esquecendo das coisas que a natureza dá pra gente. 

- Essa é a segunda lição do dia? - Pergunto, em tom de brincadeira. - As pessoas gostam do superficial porque é mais fácil. Por exemplo, se você tem piscina em casa, porque ir a praia? Por que sair pra conhecer pessoas, se você pode faze-lo simplesmente usando seu telefone? É, basicamente, esse tipo de raciocínio.

- É assim que você acaba perdendo o prazer pela vida, moça. - Me estende um sanduíche, antes de voltar a falar. - Você para de ir a praia porque tem uma piscina em casa, para de andar na rua porque tem um carro, para de cozinhar porque tem um microondas. Você vai deixando de fazer as coisas simples e esquece que não tem nada melhor do que abrir as cortinas e tomar o sol da manhã depois de uma noite mal dormida, que não tem nada melhor do que o choque térmico de pular em uma cachoeira, nada melhor do que fazer uma caminhada até a padaria e encontrar uma pessoa que você já não via a um bom tempo. E ai você percebe que não via mais essa pessoa porque não saia mais de casa a menos que seja pra ir ao trabalho, e porque prefere passar os fins de semana dormindo. Você repensa sua vida e de repente nada faz sentido: você está na casa dos 30 ou 40 anos, solteira e com poucos amigos ou nenhum, porque sempre teve em mente que relacionamentos são problema. Você está a meses sem ver ninguém da sua família, porque nunca tem tempo ou disposição pra ir até lá. Você está no mesmo cargo de emprego a anos, porque se acomodou e nunca mais se esforçou pra ser algo a mais. E, de repente, você se olha no espelho e não vê nada além do que você nunca pensou que se tornaria.

Eu queria poder discordar daquilo e dizer que ela estava exagerando, mas era difícil não me imaginar sendo essa pessoa que ela descreveu daqui a alguns anos. Ou talvez eu já até fosse.

- Se você não experimentar coisas novas, pessoas novas, situações novas, se não sair da sua zona de conforto, nunca vai ser mais do que era ontem. - Diz, depois de alguns segundos, parecendo até surpresa pelo fato de eu não ter questionado nada.

- Eu estava pensando... Sempre vai ter um conceito filosófico por trás de tudo que você fala? Quero dizer, você faz isso o tempo todo, por quê? - Comento, vendo a rir.

- Filosofar é pensar, pensar é ser humano, pensar é necessário. Eu problematizo as coisas porque quero que você pense, não na vida de uma forma geral, e sim na sua vida, nos seus costumes, nos seus próprios conceitos. - Dá de ombros, se deitando ao meu lado. - Sócrates baseou toda a sua filosofia na frase "Conhece-te a ti mesmo" porque ele pregava que precisamos nos conhecer pra poder mudar nossa relação para com nós mesmos, com os outros e com o mundo, e achar um sentido pra nossa própria existência, tudo isso na busca pela completude. Nós somos como potes vazios que precisam ser cheios, cheios de felicidade, de desejo, de amor, de realização profissional ou qualquer que seja.

Depois disso eu mais nada falei, e nem ela. Camila e eu comemos em silêncio, enquanto observamos um sol brilhante, mas não forte, tomar conta de tudo.

Nas aulas de geografia aprendemos que a terra tem incríveis 4,6 bilhões de anos, resumidos em grandes transformações como tempestades que formaram os oceanos, mudanças no clima, animais se adaptando a novas condições de vida, raças sendo extintas e outras surgindo, os continentes se separando aos poucos e formando o mundo que conhecemos hoje, e por ai vai. E nós, seres humanos, que diferentemente da terra só existimos de "passagem", por, no máximo, nada mais que um século, temos tão pouco tempo e muitas vezes o usamos como se fosse muito, como se tivéssemos anos de sobra pra ver o tempo passar na frente de nossos olhos e não fazermos nada, como se pudéssemos impedir o fato de que um dia todos não seremos nada além de ossos ou pó, mas não podemos, e todo mundo sabe disso, e simplesmente ignora.

Eu ignoro.

- O que está fazendo? - Pergunto, depois de um tempo, ao vê-la se levantar e tirar suas roupas uma por uma, ficando apenas com um conjunto de lingerie branca.

- Eu vou mergulhar, senhora. - Diz, jogando seu short no meu rosto, que eu trato de desviar.

- Tá louca? A água deve estar congelando.

- Não tem como vir até aqui e não mergulhar. Eu te chamaria pra ir junto, mas seu médico me mataria. - Aponta pro meu braço engessado.

Camila me lançou um beijo e virou de costas, andando até seus pés tocarem a água. Ela parou um instante e ficou apenas observando, antes de voltar a andar até a água chegar em sua cintura e em seguida, mergulhou.

Ela ficou submersa por incontáveis segundos, e depois apareceu, saindo por entre uma das ondas. Camila ficou um bom tempo na água, nadando de um lado pro outro, se afastando cada vez mais até que só fosse possível ver sua cabeça no meio daquele azul da água.

O engraçado de tudo isso é que eu odiava praias: a água salgada que faz os olhos arderem, a areia que entra em todas as áreas possíveis do corpo, o próprio sol em si, e fica pior ainda se somar isso com uma praia lotada de pessoas barulhentas. Mas eu realmente estava apreciando aquele momento.

Não parecia grande coisa, mas era bom estar ali, observando tanta beleza ao meu redor (Camila fazia parte dessa beleza) e ao mesmo tempo sem ter que me preocupar com o que veria a seguir, porque eu não tinha nada a perder, de qualquer forma.

Então eu me deitei no lençol, apreciando um céu sem nuvens, até que Camila voltou da água, encharcada e com um sorriso estampando o rosto moreno.

- Sinto como se tivesse recarregado minhas baterias. - Comenta, um pouco sem fôlego devido ao tempo em que esteve nadando, e ao mesmo tempo se tremendo um pouco de frio.

- Espero que elas te ajudem a não ficar gripada. - Digo, vendo-a vestir a roupa com o corpo ainda molhado, já que não havíamos trago toalha.

- Se eu ficar, vou ter você pra cuidar de mim. - Pisca um olho, se deitando ao meu lado.

- Não conte com isso. - Digo, sorrindo também. E de novo estávamos lá, lado a lado, como duas adolescentes que fugiram dos pais pra ir a praia no meio de semana.

Parei pra pensar e naquele momento cheguei a conclusão de que eu não invejava Camila pelo dinheiro e por nada do que ela havia comprado com ele, eu a invejava porque ela era livre. Livre pra acordar tarde em uma segunda feira, livre pra viajar por aí sem se preocupar com demais compromissos, livre pra passar um dia inteiro, uma semana, ou qualquer período que seja apenas com video games ou concentrada na sua arte. Ela era livre pra ser ela mesma, e aí você para e pensa "ué, todo mundo é livre", mas não, não é.

Nós somos naturalmente aprisionados em coisas, pessoas, trabalho, padrões sociais, e por aí vai. E no final do dia nós não somos nós mesmos e sim o que a vida nos obriga a ser.

...


Notas Finais


queria responder só a algumas coisas que leitores que eu converso me perguntaram, então primeiro: essa fic não vai ser uma fic longa, assim como overdose. Uma coisa que eu odeio são autores que estragam as fics porque ficam inventando história onde não têm. Eu tenho bastante palha pra queimar ainda: família da Lauren, avós da Camila, introduzir a Lucy com um papel importante, e também, um grande final que ainda tá sendo planejado, isso tudo deve render 30 caps, por aí. Eu tenho um projeto pra uma fic mais longa que eu vou postar quando terminar ASC, é um enredo legal e colegial (maioria das fics colegial são um nojo mas prometo me esforçar pra não fazer cagada) e enfim, acredito eu que vocês vão gostar ;) atualização dupla hoje, eu ouvi um amém?


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