História A Shot From Love - F i f t y f i v e

> Jimin <

A sensação de dormir e não ter um despertador berrando ao seu lado é incrível. Poder dormir até a hora que bem entender...

Talvez eu tenha passado um pouquinho dos limites, afinal já é quase meio dia.

Vou até o banheiro e tomo um banho, pra tirar a sensação de cansado, provocada pela viagem longa, coloco uma roupa confortável para ficar em casa, e desço para a cozinha.

- Bom dia omma. - Abraço suas costas e deito a cabeça em suas costas, sentindo aquele cheirinho característico que toda mãe tem.

- Bom dia filhotinho de bicho preguiça. - Ela ri, enquanto eu a aperto mais. - Assim eu não consigo terminar de fazer o almoço. Você está prendendo meus braços.

- Não tem problema. Só quero um pouco de atenção...

- Aigoo essa criança mimada. - Ela ri tentando se soltar e eu a liberto. - Está tão carente assim?

- Estava com saudades. Afinal, já fazem seis meses. Sinto sua falta mãe.

- Eu também sinto muita saudade sua, e me preocupo bastante. Principalmente quando vocês estão viajando para longe.

Ela arruma meus cabelos com as mãos e beija minha testa.

- Você está tão bonito! - seus olhos brilham com lágrimas enquanto ela me observa, e minhas bochechas esquentam. - Está mais maduro, e tão diferente de quando saiu daqui... estou orgulhosa de você. Muito orgulhosa.

- Ah omma... - faço um bico enorme, fingindo chorar, e a abraço de novo. - Amo você.

- Também amo você, mais do que imagina e consegue calcular. - Ela volta a atenção para o fogão, onde alguma coisa estava quase queimando. - Sente aí e me conte algumas novidades enquanto eu termino a comida.

Sento na cadeira marrom, olhando para aquela mesa, com um potinho de balas em cima. É o mesmo desde que eu tenho cinco anos.

- Sobre o que quer saber? 

- Qualquer coisa. O que tem feito?

- Bem... - suspiro devagar - trabalhado bastante. Muito mesmo. Estamos em turnê e ganhamos essa semana para descansar um pouco.

- Ah disso eu já sei. - Suas mãos rápidas mexem panelas e fazem mil coisas ao mesmo tempo - quero saber sobre outras coisas. Tipo... hm... namoradas?

Tusso involuntariamente, tentando me acalmar. E agora, o que eu faço? Devo contar isso agora ou esperar outro momento?

E se acontecer algum acidente por ela ficar muito chocada? Talvez seja melhor eu esperar que ela tenha desligado o fogo.

- Não quer responder? - ela fala me tirando da confusão que estavam os meus pensamentos.

- Ah... eu... é que... bom.

- Está nervoso. Já sei que está me escondendo alguma coisa. Pode me dizer quem é a moça sortuda.

Merda. Mil vezes droga.

Como vou sair dessa situação?

Eu acho que vou ter que abrir o jogo de uma vez e isso não vai ser fácil.

- Onde está o appa? - pergunto antes de começar.

- Por que? Está me enrolando? Quero saber logo quem-

- Mãe, onde ele está? - pergunto mais sério dessa vez. Eu não quero contar isso a ele agora.

- Hm... saiu. Deve ter ido trabalhar. Não era para ir hoje, mas ligaram pedindo para que ele fosse. Talvez ele nem chegue para o almoço. Por quê?

- Tá. É que... eu preciso conversar sério com você.

- Jimin, é só uma garota. Contanto que ela não esteja grávida está tudo bem.

Ok... vai ser ainda mais difícil do que eu pensei que seria. E além do mais, ela não me deixa falar!

- Omma. Pode me ouvir, por favor? - ele silencia, e me olha atenta. Ela já desligou o fogão. - Ok. Então... eu estou sim namorando. Já fazem pelo menos dois meses.

- Ah! Fico tão feliz! E como ela é? Quero uma foto!

- Não precisa de nenhuma foto. Você já conhece. - Como eu vou abrir o jogo? Estou muito nervoso.

- Melhor ainda! E quem é? Mora aqui perto? E o mais importante, ela te trata bem?

Essa mulher nunca para de fazer perguntas?

- Mãe. É o JungKook.

A cozinha cai em silêncio por um tempo, e ela me fita confusa. Quase consigo ouvir seus cérebro processando aquilo.

- Como... como assim? Alguém relacionado a ele? Uma irmã?

- Não mãe. Ele é a pessoa. Nós dois estamos namorando. Eu só... espero que você aceite.

Ela parece mais confusa ainda, e eu escondo o rosto entre as mãos. Não deveria ter contado nada. Poderia ter dito que não estava namorando e pronto.

- Você e... filho você está namorando o JungKook? Um... garoto?

- Sim. É um garoto sim. E... mãe eu sou gay.

Ok. Agora eu queria um buraco no espaço que me transportasse para outra dimensão.

- E... como é isso?

- Como é o quê?

- Namorar um garoto. Quero dizer... é estranho, não é?

Tiro as mãos do rosto e olho para ela. Diferente de um surto, ela está querendo conversar. Ela só quer entender.

- É normal, eu acho. Para mim pelo menos. Eu sempre soube que era diferente. Que não era como os outros meninos da minha idade, que chamavam as meninas pra sair e essas coisas, mas também nunca senti nada por nenhum garoto. Até encontrar JungKook. 

- Você gosta mesmo dele, não gosta?

- Muito. Ele é tão incrível... é bonito, talentoso, esforçado... e é muito bom comigo. Sempre me anima quando estou triste, e eu me sinto tão bem quando estou com ele. 

Ela puxa uma cadeira e senta ao meu lado, segurando minhas mãos.

- Poderia ter dito isso antes. É difícil para uma mãe receber uma notícia dessas é claro, e saber que nunca vai ter netos ou coisas do tipo. Coisas que acontecem entre homens e mulheres. Mas uma hora eu vou saber exatamente como agir. Ainda é muito cedo e eu estou meio confusa, mas você continua sendo o meu filho. E eu continuo gostando do Jeon. Sempre gostei, e agora ele é me genro. - Ela ri, e é possível notar a surpresa em suas palavras.

- Obrigado omma. Por... sabe... não surtar. Mas não espero essa reação do appa, por isso ainda não vou contar.

- Eu entendo. - Ela acaricia meu rosto, e eu sorrio satisfeito. - Mas há uma coisa que eu preciso saber.

- Qualquer coisa. Pode perguntar.

- Estão usando camisinha, não estão? - é o quê? - bom... eu não sei como funciona mas... quer dizer, sei como funciona, afinal você está aqui agora, mas não sei como dois meninos fazem isso e...

- OMMA! - eu falo espantado e morrendo de vergonha. Eu não vou explicar para ela uma coisa dessas! Que horror!

- Calma Jimin. As mães precisam saber sobre essas coisas. Não quero que meu filho pegue uma doença por aí!

- Credo omma! JungKook não tem doenças. Eu hein... e essa conversa está ficando esquisita. Não quero mais ficar nesse assunto.

- Só me diga se sim ou não, e eu vou ficar mais tranquila. - Eu não acredito que ela vai realmente me fazer contar essas coisas.

- Bem... depende. As vezes sim, as vezes não. Pronto, podemos parar com isso?

- Jimin você precisa usar todas as vezes em que vocês forem-

- MÃE! Já chega. Está me deixando constrangido. Pode parar por favor? Vamos almoçar e depois eu te levo para dar uma volta. - Falo desesperado para sair daquele campo vergonhoso.

- Tá, tá. Desculpa. Não vou mais tocar nesse assunto se você não gosta. Mas é que eu sou mãe e...

- Já chega. É sério. Não tenho mais dez anos, sei porque se preocupa e sei de todo o resto. Agora por todo o amor que sente por seu filho, pare de tocar nesse assunto.

Preciso ligar para JungKook. Ele vai ficar feliz em saber que está tudo bem entre nós. Já podemos ficar mais tranquilos.