Eu e minha mãe sempre estamos viajando. Afinal, como ela diz, as doenças e pragas podem infectar outros lugares e temos que estar lá para impedir. Minha mãe é a renomada médica Akira, que viaja de lugar a outro para curar doentes e feridos. Minha história começa quando um rei chamado James mandou uma carta confidencial a ela dizendo:
Eu, vossa Majestade James, convoco sua presença ao meu reino urgentemente. Favor comparecer no prazo de quinze dias.
O reino está passando por uma epidemia de uma doença desconhecida.
Animais e pessoas foram contaminados. Conto com sua presença.
Rei James.
Minha mãe rapidamente se preparou para a viagem e claro eu também. Nós não estávamos muito longe desse reino, na verdade estávamos perto da divisa dele. Acho que demorou apenas três dias andando pelo bosque até chegar lá. Os guardas do portão estavam péssimos, de quase desmaiar. Dentro da cidade, nas ruas eu digo, não havia sequer um ser humano. Quem não tinha sido infectado estava dentro de sua casa e quem infelizmente foi, ou estava morto ou no hospital. Alguns até foram embora. O percurso até o castelo não foi muito longo, na verdade deu até para aproveitar bastante à beleza daquele reino. Ele se chamava Monte Hikari. O sol iluminava esse monte onde se localizava o castelo e por isso se tornou o Reino de Hikari. Esse nome até parece que ‘’HIKARI’’ é uma pessoa e que o reino pertence a ela, mas, não é isso. Hikari significa luz então se traduzirmos ao pé da letra seria Reino de luz. Apesar de minha mãe sempre viajar, na maioria das vezes, eu fico em uma biblioteca estudando sobre os reinos e sua geografia, venenos de animais e como curá-los.
Ao chegar ao portão do castelo havia um homem nos esperando. Ele era alto e magro. O próprio rei estava lá para nos receber. Minha mãe continha um ar bem sério no rosto. Aproximamo-nos dele então ela fez uma reverência. Eu, logo em seguida, imitei o mesmo gesto. Ele parecia ser muito gentil, mas eu nunca esperaria a sua reação. Ele se abaixou e disse:
- Como é seu nome?
- O meu nome é Luna.
- Você gostaria de brincar com minhas filhas?
-Mas é cla...
- Vossa majestade isso não vai atrapalha-lo?-minha mãe disse me interrompendo.
-Não, imagina.
Ele estendeu sua mão e me guiou por um longo jardim muito bonito. Bonitas flores, também algumas árvores e animais. O que despertou minha curiosidade foi um jardim. Estava um pouco atrás de algumas árvores. Tinha uma moita que continha seus limites como se estivesse fazendo um desenho dentro dele, quem sabe um dia eu vou lá. Não demorou muito afinal. Era outono então estava meio frio e ventava muito. Quando chegamos atrás do castelo vi duas meninas dando risada.
- Lilian! Filha venha aqui!
- Papai eu pensei que o senhor estava ocupado- ela disse correndo em sua direção.
- Eu quero te apresentar uma pessoa. - ele olhou para mim e entendi que era para me aproximar de Lilian- Essa é Luna, a mãe dela irá curar as pessoas do reino. Você não quer brincar com ela enquanto isso?
-Mas é claro papai! - ela me puxou pelo braço e me levou para uma das mesas em que estava. Ela brincava de chá com sua irmã mais nova. Eu olhei para a pequena por uns instantes- O nome dela é Victória, pois foi um milagre ela nascer.
- Um milagre?
- Sim. Minha mãe foi atacada enquanto passeava no litoral e ela ficou gravemente ferida. Foi muito difícil o parto e ela a perdeu muito sangue e acabou falecendo. Mas ela deixou minha irmãzinha.
- Quantos anos ela tem?
- 4 anos. Sou seis anos mais velha.
- Em que mês você faz aniversário?
- Faço em Fevereiro. Dia 17
- Parabéns atrasado.
Brincamos a tarde toda. Conversas como: qual sua cor preferida? Chá gelado ou quente? Você já leu Dom Quixote?
Mas a noite chegou e tivemos que ir embora. Fizemos o mesmo caminho que eu havia feito com o rei e, novamente, o jardim chamava minha atenção.
- Lilian, o que tem dentro daquele jardim?
- Um labirinto. Mas não podemos entrar lá.
- Porque não?
- Nunca entraram lá. O meu avô proibiu.
- Ele proibiu?
- Depois que ele se tornou o rei ele mandou fazer esse jardim com o labirinto. Demorou muito tempo para se construir e depois de pronto ele disse que quem se aproximasse iria ser morto.
- Nossa.
- Eu acho que tem um tesouro no centro dele. Com muitas pérolas e ouro.
- Se fosse isso porque ele esconderia lá?
- Para ninguém conseguir roubar.
- Ele poderia ter escondido em outro lugar então.
Chegamos à frente do castelo. Minha mãe estava lá e o rei também. Eu soltei da mão de Lilian e saí correndo ao encontro de minha mãe.
- Mamãe!
- Vejo que a senhorita se deu bem com a princesa Lilian. - ela disse me abraçando.
- Hoje a sua mãe descobriu o que está acontecendo com as pessoas.
- Jura?- A Lilian disse fazendo uma cara de surpresa. Eu acho que essa doença já está no reino já faz um tempo.
- Sim, se trata de uma planta que fica em uma fazenda próxima daqui. Como seu pai me disse que ouve a festa do fim de primavera e todos se reuniram lá suspeitei que houvesse algo errado. Ao chegar lá encontrei essa planta. Se parece com um girassol não é? Mas ao cheirar o veneno ataca seu sistema nervoso causando grande dor.
- Como a senhora é esperta!
- Lilian, seja mais educada com as pessoas. – o rei franziu suas sobrancelhas em um ar de bravo.
- Desculpe papai- ela abaixou sua cabeça. Mas em seguida levantou a cabeça com ânimo – Papai, onde elas vão dormir hoje?
- No castelo.
- No castelo?- minha mãe disse com um ar de dúvida.
- Sim, mas é claro. Você vai curar a todos então merece um tratamento especial.
Nós o acompanhamos e entramos no castelo. Fomos primeiro jantar e depois dormir. A comida era uma delícia, nunca tinha comido nada igual.
Eu e minha mãe ficamos no mesmo quarto e na mesma cama. Tomamos banho em uma banheira que as camareiras prepararam. Quem diria que eu alguma vez na vida eu fosse dizer ‘’a camareira preparou’’. Isso tudo só pode ser um sonho. Fomos dormir . Por volta três da manhã acordei querendo beber água. Que infantil isso, pensei com certeza a princesa nunca faria nada desse gênero. Mas ao olha a minha esquerda notei que minha mãe não estava lá. Eu me assustei e até pensei em procurá-la, mas, refleti ‘’como vou fazer isso? Estou em um castelo pela primeira vez e se eu me perder?’’. Eu voltei à cama com a pulga atrás da orelha. ‘’A onde será que ela foi?’’ pensei. Tive que dormir a força, mas o sono me venceu. Algumas horas depois.
-Luna acorda!
Ela pulou em cima de mim como se fosse uma bola voltando a chão por causa da gravidade.
- Espera Lilian. Já levanto
- Acorda! Eu vou tomar café da manhã, vem comigo!
- Está bem.
Descemos as escadas e fiz questão de decorar os locais, os corredores e as portas em que entrávamos. A sala em que comíamos era a mesma para todas as refeições do dia. E do lado da mesa gigante havia uma janela que dava vista para o litoral. Essa janela substituía uma parede inteira. Era um lugar maravilhoso.
- Venham meninas, vamos comer o café que preparei.
- O nome dela é Agnes. Ela é minha tutora. Cuida de mim ela disse escolhendo um lugar para sentar – Sente-se do meu lado, por favor.
- Claro Lilian.
O café da manhã eram torradas com cream cheese. O suco era de laranja com acerola.
- Ei Luna o que você vai fazer agora?
- Procurar minha mãe.
-Ela está na cidade com o papai. Na verdade eu acho que ele já voltou.
- Mas..
- Uhum?
-Nada deixa para lá.
Será que eles estão juntos desde as três da manhã? Mas isso seria impossível, não? Bom, é melhor eu comer. Depois eu pergunto para minha mãe. Depois do café fomos ao jardim passear. Agnes nos deixou lá e voltou para pegar a Victória
- Não são lindos esses peixes?- ela disse a mim se abaixando. - Você sabia que eles só se re...
Eu parei de ouvi-la, pois comecei a andar em direção ao jardim com o labirinto. Tinha duas árvores na frente da entrada de folhas. Eu entrei olhando dos lados para ver se ninguém me seguia. Havia um banco de pedra antes do labirinto. É como se fosse o jardim na frente e depois do banco o labirinto. Eu não entendo, que coisa mais estranha. Um labirinto em um castelo. Isso até parece coisa de livro de ficção. Parecia ser escuro o labirinto. Afinal ele é feito de folhas. Eu me pergunto o que será que tem no fim dele. Quando fui tomar coragem para entrar.
- Senhorita Luna, você não pode ficar aqui!- Era Agnes e junto dela Victória. - Você é uma visitante que vai embora ao prazo de um mês, não vai morar aqui para sempre!
Morar aqui para sempre? Quem me dera poder fazer isso.
O dia até que foi legal. Passeamos, brincamos, fomos na biblioteca e participei das aulas de Lilian. E novamente comemos e fomos dormir. Mas, o fato de minha mãe ter saído à noite não me saia da cabeça. ‘’ O que ela foi fazer?’’. Foi assim por 10 dias completos. Levantar, fazer algumas coisas e dormir novamente. Eu já estava pensando o quanto isso era chato. Foi no dia 13/07 que o inferno começou. Já era para mim e minha mãe termos indo embora. Chegamos lá no outono e agora já é inverno. Eu reclamei algumas vezes a ela, mas parecia que estava cansada, ou doente. Neste dia de madrugada notei que ela derrubou um copo no chão. O copo era de vidro então fez barulho ao cair.
- Mãe, está tudo bem? – eu disse se aproximando dela. - MÃE!
Ela estava caída no chão e saia muito sangue de seu nariz. Ela estava pálida.
- Mãe! Mãe! – eu gritei tanto que eu acho que deu para ouvir no quarto da princesa Lilian e do rei.
- Que gritaria é essa?- Agnes entrou no quarto
-Agnes socorro. Ela está desmaiada.
- Calma Luna!- ela saiu correndo para chamar as camareiras.
- LU... Luna- minha mãe me disse com dificuldade
- Você vai ficar bem! Não se preocupe
- O que está acontecendo aqui?- até o coitado do rei acordou com a barulheira. - Ai meu Deus, Akira!
Ele a pegou no colo e a colocou na cama
- Saia deste quarto agora mesmo Luna, vá para o quarto de Lilian. Ela provavelmente está acordada.
- Não eu vou ficar... - ele me interrompeu.
- É uma ordem do rei. Vá imediatamente
Ele me olhou com um olhar sério. A primeira coisa que pensei foi ‘’ a mulher dele morreu, será que minha mãe?’’ Tentei não pensar essas coisas ruins.
- Luna! O que está acontecendo? Por que todos estão se movimento a essas horas?
Eu não consegui dizer nada. Despenquei em choro e abracei a Lilian
- Minha mãe morreu
- Ca.. Ca.. Calma, Você não sabe ao certo não é?
- O pulso dela estava fraco, e muito pálida para o tom de pele.
- Fique calma, eu tenho certeza que ela vai melhorar.
Ela me levou a cama e acariciou minha cabeça para tentar me fazer dormir. E é óbvio que eu não consegui.
‘’Ela morreu?’’ ‘’ Não! Nunca diga palavras horrendas!’’ ‘’ Será que ela melhorou então?’’. Porque esse pensamentos não saem da minha cabeça? Por quê?
Foi por volta das oito da manhã. Lilian me forçou a tomar banho e colocar um vestido. Como minhas roupas estavam no outro quarto ela me emprestou um vestido. Ele era branco. Tinha um casaco por cima com duas pontas depois da cintura. Por baixo havia uma saia preta sem babado dos lados. Resumindo: era o que eu gostava, apesar de ser de um material muito bom era bem simples. Mas eu não tinha tempo para pensar em beleza. Eu quero saber como minha mãe está. Eu tentei sai, mas Lilian trancou a porta.
- Me da à chave da porta Lilian!
- Não! Agnes mandou você ficar aqui! Você não pode sair
- Estou lhe pedindo, por favor!
- Está bem! Mas se Agnes brigar?
- Ela não vai eu tenho certeza!
- Aqui está- ela me entregou a chave.
Eu abri e saí correndo na direção do quarto onde passei as noites. Lilian também veio atrás de mim, como é curiosa, tenho certeza de que foi só um susto. Entrei no quarto com felicidade, mas.
- Mãe imagina o susto que a senhora me...
- Nós sentimos muito senhorita Luna. Ela não está mais conosco
Não isso só pode ser mentira. Ela morreu? Ela está morta?
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.