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História Abra seu Coração para a Salvação! - Sorriso do Pecado


Escrita por: Twecker

Notas do Autor


Oi gentem
primeiramente vou agradecer, o feedback ta melhor do que eu esperava <3 to feliz que tem gente gostando da fic
segundo, esse é o capitulo mais longo de todos, literalmente
já estamos na reta final, jaja todos vão ter o lemon que eu sei que querem udhuhduf :v
also, esse capt tem mais uns shipps
espero que gostem <3

Capítulo 3 - Sorriso do Pecado


Fanfic / Fanfiction Abra seu Coração para a Salvação! - Sorriso do Pecado

No dia seguinte, Craig acordou no mesmo horário de sempre, vestiu um terno preto com uma gravata azul, como quase sempre, tomou café rapidamente e seguiu o caminho já conhecido para a igreja. Ele fez seus cultos como todos os dias, com as mesmas propostas.

O pastor estranhou que Tweek não havia aparecido, mas decidiu que provavelmente o diabrete havia conseguido outro alvo, isso deixou o moreno levemente desapontado, não que ele realmente fosse admitir em voz alta.  

O dia foi rápido e costumeiro, sem nenhuma das quebras de rotina que o maldito diabrete estava fazendo-o passar naquela semana.

 

Isso até Craig chegar em casa, ligar a luz e ver ninguém menos que Tweek deitado no ar, flutuando feliz no meio da sala.

— Olá, pastor. — O loiro se impulsionou para se aproximar de Craig, observando-o com olhos brilhantes, as mãos apoiando o queixo em uma expressão divertida.

— O que você tá fazendo aqui? — O moreno perguntou, sinceramente. Ele realmente não esperava vê-lo naquele dia.

— Senti sua falta. — Respondeu Tweek, virando-se, agora cruzando as pernas no ar.

Craig sentiu seu coração bater mais rápido, mas ignorou.

— Você não cansa de tentar aparecer? — O moreno falou depois de se sentar na poltrona onde ele preparava a liturgia, ao observar que o pequeno capeta não parava em uma mesma posição, girando sobre Craig e capturando sua atenção.  

— Cara, não é fácil ficar parado, você sabe, é pressão demais! Não sei como vocês humanos conseguem. —  Tweek respondeu, trocando novamente de posição, torcendo-se como se nadasse no ar.

— Diabretes são criaturas agitadas, então? — Craig perguntou.

Tweek estalou os olhos e o encarou, parecia devidamente ofendido.

— Prefiro o termo “imp”! Ugh, diabrete parece tão menor que os outros! — Cuspiu Tweek, aquele parecia um tópico familiar para ele. — Quero dizer, eu posso ser menor que os outros, mas ainda assim dou conta.

Craig sobressaltou-se, os olhos azuis arregalaram-se repentinamente.

A segunda parte da frase de Tweek foi dita com aquele sorriso que Craig já estava começando a chamar apenas de “pecado”, era marcante e tentador.

Ele se levantou da cadeira, e desviando de Tweek, pegou uma bíblia que estava em cima da estante, para melhor acesso. O pastor voltou a se sentar e leu uma passagem, mas o loiro ao invés de deixá-lo, continuou falando.

 — Cara, seu trabalho já não acabou? Por que você continua lendo esse livro? —  O loiro se sentiu confuso, pois humanos geralmente só se importavam com coisas como trabalho durante seu horário.

— Meu dever com o Senhor nunca termina. — E dizendo isso, ele se empenhou a procurar uma passagem para poder usar no culto seguinte, e Tweek se aproximou para lê-la.

 

“Disse o SENHOR ao meu Senhor: Assenta-te à minha mão direita, até que ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés.”

 

— Se você “assentasse” em outra coisa, seria muito mais interessante, você sabe. — Disse a besta, passando os dedos suavemente pelo pescoço de Craig. O pastor engoliu em seco e sentiu seu coração palpitar, mas graças a uma obra divina, a campainha tocou e o moreno se levantou para atendê-la.

Um vulto feminino estava recortado contra a luz da rua, parado a porta de Craig.

— Pastor, eu preciso ser salva. — Disse uma mulher que se encontrava na porta.

Ela tinha cabelos negros, cacheados e olhos castanhos, aparentava ter aproximadamente quarenta anos. Tweek notou que o vestido negro se agarrava às curvas bem definidas, lábios volumosos avermelhados eram o ponto máximo no rosto levemente maquiado, e não passou despercebido aos ouvidos atentos de Tweek que sua voz estava carregada de uma certa luxúria, mas, também não passou despercebido que havia um pouco de tristeza, ele decidiu que queria ver o que aconteceria.

Assim que chegaram na sala, a mulher fez o que Tweek esperava: Pulou no pescoço de Craig e tentou beijá-lo. Com um reflexo que Tweek desconhecia, o pastor desviou rapidamente.

— Qual o problema, senhor pastor? Eu não sou atraente, ou coisa assim? — A mulher perguntou, ao ver a expressão de susto no rosto de Craig.

Lágrimas brotavam em seus olhos, e Tweek viu que aquela luxúria anterior era, na verdade, uma máscara.

— Não é isso. Apenas não seria certo. — O moreno disse, se aproximando da moça lentamente.

Lágrimas escorreram em seu rosto, ela mordeu os lábios carnudos tentando aplacar o pranto e Tweek sentiu uma certa pena daquela pobre alma, mas queria ver como Craig lidaria com a situação.

— O que houve com você, irmã? — O pastor perguntou, colocando a irmã sentada no sofá e segurando suas mãos.

— Perdi meu marido não faz um mês. — Disse ela, entre lágrimas, puxando um lenço do bolso. — Eu o amava muito, e agora... ele me deixou.

— Ele provavelmente está num lugar melhor agora. —  Disse Craig, segurando a moça pelos ombros.

Tweek conteve sua vontade de dizer que na verdade, o marido falecido poderia estar na jaula onde ficavam as más almas.

— Eu sei, mas e eu? Estou sozinha, com meu filho, que ainda é só uma criança! Ele nem ao menos entende a situação toda. — Ela continuava chorando, e limpava as lágrimas com o lenço. — Também não me sinto mais atraente, e com certeza nunca mais vou ter alguém, quer dizer, quem quer uma viúva, não é? E me sinto culpada por não querer ser totalmente do meu filho.

Agora Craig entendera seu problema.

— É claro que você vai encontrar alguém, sempre há alguém por aí. E é completamente compreensível que você queira um momento para si, não há alguém que possa cuidar do garoto para você? — Perguntou o pastor, sendo incrivelmente gentil com a moça.

Tweek estava impressionado.

— Na verdade, minha irmã poderia ficar com ele às vezes, se eu precisar. —  Ela respondeu, agora com soluços baixos.

— Então durante esse tempo saia, viva sua vida, estude, ou qualquer coisa que queira fazer. — Craig falou tentando parecer animador, aparentemente, a moça havia comprado isso.

— Farei, farei sim... Obrigada senhor pastor! — A mulher disse, sorrindo e abraçando Craig, dessa vez era apenas um abraço fraternal, sem segundas intenções.

— Só estou cumprindo meu papel, você sabe. — Ele disse, com um sorriso no rosto.

— É por isso que tantas irmãs tem tentação por você. — E dizendo isso, ela foi embora.

Tweek sorriu, realmente não era só ele que via aquele apelo, escondido debaixo de estoicidade e salmos.

— Eu não sabia que você era um cara bom, pastor, me surpreendeu. — O loiro disse, enquanto Craig voltava para sua poltrona.

— Uma das missões de um homem de Deus é cuidar dos irmãos e irmãs, achou que eu era o que, um charlatão? — Perguntou Craig, abrindo novamente o livro e procurando mais alguma passagem que pudesse usar no dia seguinte.

— Foi exatamente o que eu pensei. — Riu Tweek, sentando-se no espaço ao lado de Craig. O moreno se sentiu ofendido, mas decidiu perguntar outra coisa que ele ficara curioso.

— O que faz fora do inferno? — O pastor perguntou, levemente interessado.

Tweek não parecia tanto com os imps que ele vira em livros durante sua pesquisa, ele parecia estar ali para algo mais que tirar a santidade do pastor.

— Então subitamente você se interessou por mim? Bem, eu sou um imp “diferente”. — Craig largou o livro e prestou atenção, Tweek se sentiu motivado para continuar. — Nasci com essa habilidade de ocultar minha presença perante os mortais, e o Satan me designou para cuidar da Terra, e contar a ele o que o espera durante o milênio.

— Então quer dizer que seu chefe coloca gente pra espionar os pobres servos de Deus, e manipulá-los para pecar e vender sua alma? — O moreno disse, em seu tom indiferente.

— Não nos dê tanto crédito, vocês fazem um ótimo trabalho sozinhos. — Tweek disse, com um sorriso sarcástico no rosto.

Craig resolveu ignorar, Satan e suas bestas provavelmente diziam isso para se sentirem menos culpados.

— Então por que o Butters te disfarçou daquela vez? — Perguntou ele, ainda parecendo indiferente.

— Ah, ele se esforçou tanto, não quis estragar a brincadeira do cara. — Ele disse, se virando para olhar para Craig.

O azul intenso dos olhos do moreno começaram a chamar muito sua atenção, e Craig viu a aproximação lenta de Tweek e mesmo que algo dentro de si estivesse querendo aquele contato, ele resolveu não ser um pecador.

— É melhor você ir embora, tenho que dormir. — Craig disse friamente, virando o rosto. Tweek sorriu.

— Tudo bem, mas amanhã vou te levar para um lugar legal. —  Tweek disse, dando aquele sorriso do pecado, Craig desviou o olhar.

— Eu não me importo.

 

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Na manhã seguinte, Craig acordou, olhou o dia da semana e lembrou surpreso que era sua folga.

Durante dois dias não corridos através da semana, o pastor era liberado de seus deveres, Jimmy ficava no lugar de Craig, atendendo seus fiéis. Sua popularidade não era tanta quanto a de Craig, mas Jimmy era um ótimo pastor, apesar de suas missas durarem horas devido aos problemas de dicção que ele possuía.

Como o moreno não iria para a igreja hoje, resolveu apenas se vestir e ir escolher alguns salmos e adiantar mais algumas de suas liturgias.

Assim que ele entrou na cozinha, percebeu não surpreso que já havia alguém lá.

— Sua cafeteira é muito ruim, você deveria comprar uma nova. — Falou aquela maldita besta loira, já sentado acima da pequena mesa de Craig.

O moreno suspirou, vendo que já não se surpreendia mais com a presença de Tweek em sua casa, sobrevoando com suas asas bestiais, sacodindo sua cauda agitada.

— O que faz aqui? — Ele perguntou, enquanto colocava duas fatias de pão na torradeira, distraidamente.

— Te chamei pra sair, então achei justo que viesse te buscar. — Disse Tweek, tomando um pouco do café da caneca, enquanto levitava acima da mesa.

— Eu não disse que aceitava. — Respondeu Craig, pegando um pouco do café que o imp já havia feito. — E como sabia que hoje é minha folga?

— Não é você mesmo que que espalha que “as criaturas de Satan sabem tudo sobre nós”? — Citou Tweek, bebendo um pouco mais de café e pensando que talvez os humanos estejam certos em serem tão paranoicos.

Craig não respondeu, ele fez uma nota mental para falar em seu próximo culto sobre o sarcasmo utilizado por essas bestas.

Assim que Craig terminou de comer, ele se viu arrastado para fora de casa por Tweek, que o levara a um lugar que o moreno desconhecia.

— Você vai gostar de lá, pode ter certeza. — Tweek garantiu, com aquele sorriso que deixava Craig sem contato com seu Senhor.

O demônio estava caminhando ao lado do pastor, com as asas retraídas.

— Pra onde você vai me levar? — Craig perguntou, levemente interessado. Suas folgas geralmente eram monótonas demais até para ele, pois ficava apenas lendo, lendo, e lendo novamente o mesmo livro que já havia decorado.

— Pra minha casa, pra onde mais poderia ser? — Ele respondeu

— Vai me levar pro inferno? Sério? Sou um homem de Deus. — Craig Argumentou, isso não havia realmente o surpreendido.

— Sim, achei que você pudesse gostar de uma pesquisa no campo inimigo. — Tweek respondeu arqueando a sobrancelha, já esperando por isso.

— Você tem um ponto. — Craig concordou, admirado com a audácia dele. — Mas não posso ficar lá por muito tempo, tenho que preparar meu culto de amanhã.

— Por mais que eu quisesse te deixar lá no inferno comigo, não posso contra essa coisa chamada “livre arbítrio”, nem Satan pode, na verdade. — Disse Tweek, sorrindo maliciosamente, e depois continuou. — Podemos ir bem rápido, se você aceitar o teleporte.

— Teleporte? — Craig franziu as sobrancelhas.

— Como você acha que entrei na sua casa sem passar pela porta? — Tweek perguntou, como se isso fosse algo óbvio.

Craig não havia pensado nisso, na verdade.

— E como é essa coisa de teleporte? — O moreno indagou, curioso.

— É como um orgasmo, só que sem a parte de ver cores, e todo o prazer envolvido. — O loiro respondeu calmamente, Craig recuou.

— Da pra ver luzes coloridas durante um...orgasmo? — Craig baixou a voz, quase com medo de ser ouvido, a palavra soou estranha na voz dele, pois jamais fora mencionada anteriormente pelo pastor.

Tweek notou o embaraço e riu, ele voltou com o sorriso do pecado.

— Eu tenho pena de você. — Tweek sorriu, e o sorriso pecaminoso voltou aos seus lábios.—  Mas não se preocupe, vou resolver a sua situação.

“Ok, legal, tem um demônio querendo me levar em uma viagem para o inferno, e agora me prometeu um orgasmo. Clyde, Token, Jimmy, cuidem a igreja por mim.” Foi apenas isso que veio à mente de Craig, mas mesmo assim, quando Tweek estendeu a mão para fazerem a coisa do teleporte, o moreno a pegou e fechou os olhos.

No momento que ele fechou os olhos, ele sentiu como se um gancho estivesse o puxando, e parecia que algumas vozes sussurravam coisas das quais ele não conseguia entender, então tudo começou a rodopiar em sua volta e ele se sentiu longe do chão. Em um momento, assim como surgiu, a sensação parou, mas Craig não abriu os olhos.

— Posso fantasiar algumas coisas com você com os olhos fechados e a boca aberta desse jeito. — Craig ouviu a voz de Tweek, soando maliciosa em seus ouvidos.

No mesmo momento ele abriu os olhos e observou o lugar. Eles estavam na casa de Tweek, onde os dois haviam se encontrado pela primeira vez. A luz do dia, parecia apenas uma casa isolada normal, mas após uma olhada melhor, Craig viu que havia mais alguém ali. Era um homem imponente, um pouco mais alto que Craig, com cabelos negros e olhos vermelho sangue. Ele flutuava um pouco acima do chão, segurando uma taça de vinho e encarava Tweek e Craig com um sorriso sarcástico.

— Não sabia que você mantinha relações com humanos, Tweek. — Ele riu, e tomou um pouco de seu vinho. Um largo sorriso se abriu nos lábios do loiro.

— Vossa Majestade, é uma honra! O que faz aqui na minha humilde residência? — Tweek fez uma reverência exagerada e zombeteira.

Craig recuou para trás, pois com certeza, o que Tweek chamava de ”Majestade”, não poderia ser algo bom.

O homem riu, como se aquilo fosse uma piada de longa data entre os dois.

— Tenho um serviço urgente para você. — Esclareceu ele, sério. O sorriso no rosto de Tweek desapareceu. — Um dos nossos guardas sofreu um “acidente de trabalho”, e precisa ser substituído. Eu sei que você tinha planos pra hoje, mas precisamos de você. — Essa última parte, o homem disse encarando Craig.

— Tudo bem, vou para lá daqui a pouco. — Tweek parecia intransigente, mas também determinado.

Observando aquela interação, o pastor finalmente encontrou a sua voz.

— Quem é você? — Perguntou Craig, com medo da resposta. O homem sorriu antes de responder.

— Meu nome é Damien, mas creio que vocês humanos me conheçam como “Anticristo”. — Explicou ele.

Craig recuou erguendo o terço de seu pescoço e apontando-o para Damien, ele realmente estava com o literal filho de Satan a sua frente, e um servo ao seu lado, ele não sabia mais como agir perante a essa situação.

Damien riu da reação exagerada do moreno, e continuou.

— Talvez agora eu esteja mais para “Satan”, já que meu pai está tirando suas merecidas férias em Las Vegas, e eu estou cuidando do inferno, juntamente com Pip. — Ele disse, ainda sentando elegantemente no ar, esperando a reação daquele humano tão estranho que aparentemente havia chamado a atenção de Tweek.

— Que bom que o inferno está sob nova direção, talvez agora eles aceitem ser salvos. — Craig parecia levemente esperançoso nessa afirmação.

— Seu amigo é engraçado, Tweek. — Disse Damien, dando um sorriso sarcástico.

— Você não viu ele no culto, é mais ridículo do que tudo que seu pai poderia imaginar. — Tweek começou a rir, lembrando dos exorcismos e como o pastor cantava mal. Craig se sentiu ofendido.

— Acho que devo ir agora, já deixei o inferno nas costas do Pip por tempo demais. — Damien abriu uma das portas, e Craig pôde ver que havia uma longa escada descendo atrás dela, provavelmente terminava no inferno, e depois de virou para o loiro. — Venha assim que possível.

Tweek acenou com a cabeça, e ele e Craig observaram o moreno desaparecer na escada, certamente após usar teleporte.

— Acho que nossos planos foram cancelados. — Disse Tweek, fazendo um beicinho. Craig observou bem seus lábios durante o movimento, e não sabia mais se aquilo era uma magia, ou se aquela maldita besta era realmente atraente. — Te vejo mais tarde, pastor.

O moreno acenou, enquanto via Tweek desaparecendo da mesma maneira que Damien. Ele começou a se sentir um pouco solitário, mas decidiu voltar para casa e continuar sua liturgia diária e as preparações dos cultos do dia seguinte.

A casa do loiro era muito isolada da cidade, então o pastor caminhou um bocado até conseguir ao menos ver a civilização ao longe, mas Craig não se importou. Tinha o dia todo pela frente ainda, e precisava apenas de duas horas para preparar suas coisas.

No caminho, seus pensamentos eram muito confusos.

Ele tentava se concentrar nas suas ideias de discursos para seus fiéis no dia seguinte, mas sua mente continuava vagando para a imagem daquela maldita besta loira o provocando, e tentando levá-lo ao pecado. Craig não estava conseguindo controlar mais, e apenas respirava fundo quando aquelas malditas imagens vinham a sua mente. Ele não parava de se culpar por aquilo, mas agora era mais forte que ele. O pastor procurou em seus bolsos a bíblia que sempre mantinha ali, mas percebeu que Tweek propositalmente havia o feito esquecer de pegá-la na pressa de sair.

E agora?

O que ele faria com tantos pensamentos pecaminosos em sua mente e sem a Palavra de Deus para expurga-los? Craig não poderia ir para casa, pois o lugar ainda estava com aquela aura de luxúria que Tweek deixara, e ficar por lá apenas pioraria sua situação. Então ele resolveu ir até uma casa de chá que ficava perto de onde ele estava naquele momento, pediu uma xícara de chá de camomila e sentou-se em uma das mesas que ficavam do lado de fora.

Ele afundou o rosto entre as mãos, havia se separado da besta loira não tinha muito mais de uma hora e já sentia a falta daquela presença altiva e sorriso libidinoso, Craig gemeu agoniado por ter tanto pecado em sua mente.

Frustrado por não ser capaz de controlar as imagens que surgiam por trás de suas pálpebras ele abriu os olhos e depois sorveu um pouco do chá. Não era muito sua coisa, Craig na verdade preferia café, mas talvez tomar da bebida favorita da besta poderia ser estranho naquele momento.

— Pastor? — Craig ouviu uma voz amigável chamá-lo, o tirando de seus pensamentos.

Ele olhou para a direção de onde veio o chamado e viu Butters acompanhado de um outro loiro que o abraçava pela cintura, o moreno lembrava vagamente de ver aquele cara nos tempos de escola.

— Benção de Deus, irmão. — Cumprimentou Craig, distraidamente. Ele geralmente não utilizava o cumprimento de seus fiéis (isso era coisa de Clyde), mas nesse momento queria se sentir próximo de seu Senhor.

— O que houve? O senhor parece preocupado. — Butters puxou uma cadeira e sentou-se ao lado de Craig para acariciar seu ombro amigável.

— Aquela besta loira está me enlouquecendo. — Respondeu Craig, encarando sua xícara praticamente intocada de chá. — Ele aparece para mim em todo o lugar, nos meus cultos, na minha casa, onde quer que eu esteja.

— A culpa é minha, me desculpe pastor, eu não tinha ideia que Tweek podia começar a te perseguir. — Disse Butters, olhando para baixo e brincando com seus polegares.

Porém, o homem que estava com o pequeno loiro não compartilhava a mesma preocupação, uma risadinha escapou de seus lábios brincalhões.

— Ah, claro, eu também enlouqueceria se um cara gostoso pra porra igual ele estivesse atrás de mim, com todo aquele charme exótico, lábia de sedução que só um demônio tem, e toda a aura de luxúria, digna do inferno. — Disse o homem, estalando a língua com um sorriso malicioso no rosto.

— Kenny! O pastor é um homem santo, não fale assim! — Butters censurou quase que imediatamente.

Craig fez uma expressão de choque por um segundo, e logo voltou para a expressão vazia de antes, mas Kenny percebeu.

— Algo me diz que ele não quer mais ser tão santo assim. — Replicou o loiro, ainda mantendo o sorriso lascivo no rosto.

— Nenhuma criatura infernal faria com que eu renunciasse meu papel com Deus, não me tome por você. — Craig garantiu.

— Acho que você acaba de confirmar o que eu disse. — Kenny riu.

— Todos somos pecadores, não é? — Disse Craig, encarando novamente seu chá intocado.

— Nossa, pastor, eu não esperava isso de você.—  Disse Butters, chocado. Para ele, Craig era a imagem de pureza e santidade.

— Nem eu. —  Disse Craig, desanimado, suas bochechas esquentaram naquele momento.

— Ah cara, eu não me culparia por me sentir atraído por um cara como o Tweek, quer dizer... olha todo aquele apelo que ele tem, porra! — Disse Kenny, lembrando de toda aquela aura de luxúria que vinha dele, era óbvio que nem um pastor poderia resistir.

— Exatamente. Você não se culparia. — Craig disse, com um leve sorriso sarcástico. Kenny murmurou um “bem pensando”.

— Pastor, Deus quer que você seja feliz, não que fique nesse estado por causa Dele. — Disse Butters, olhando bem nos olhos de Craig.

— Não posso deixar de me culpar, quando sou um exemplo de santidade ser seguido. — Disse ele.

— Cara, se você quer pecar, peque, se ficar aí nessa negação, só vai piorar sua situação. — Kenny já estava começando a ficar indignado com toda essa negação do Pastor. — E de preferência, peque com gosto e...

Butters olhou atravessado para Kenny, que sorria lindamente.

— Pastor, o que o Ken está tentando dizer, é que ás vezes, você deve seguir o seu coração. Se eu não tivesse feito isso, não estaria feliz com o Ken até hoje, e provavelmente estaria preso com alguém que não gosto. — Butters interrompeu o outro loiro, mas depois de suas palavras, Kenny o abraçou e lhe deu um beijinho na testa.

Craig suspirou procurando algo com que pudesse rebater aquela conversa.

— Mas você não conhece aquela besta. — Ele apontou observando Kenny com um olhar enviesado.

Kenny riu pelo nariz.

— Ah, conheço sim, senhor pastor! — O loiro respondeu prontamente, seu sorriso irritante só crescia.

— Eu levei o Ken para conhecer o Tweek tempos atrás, eles ficaram bem amigos... Tweek até pensava que Ken era um deles... — Butters afundou as sobrancelhas lembrando.

— Nem imagino o motivo... — Respondeu Craig.

— Ele ficou duas horas procurando minhas asas, depois não convencido achou que eu tinha algum feitiço forte de ilusão... — Kenny lambeu os lábios. — Ele não era só quente, tinha uma porra de uma cauda...

— Sério, você não vai me ajudar desse jeito. — Craig jogou um olhar irritado para Kenny.

— Eu vou sim! — Kenny riu. — Sabe, aquele cara é do tipo monogâmico e monótono, ele não aceitou um treesome comigo e o Leo.

Uma decepção atravessou o rosto sardento do loiro.

— Ele se desculpou, parece que loiros não são a coisa dele, sabe... — Butters respondeu pensativo.

— Essa conversa era para me ajudar? — Craig disse horrorizado. — Seus degenerados!

— Em breve você será um de nós! — Kenny respondeu alegremente.

Craig não respondeu, ele fez uma careta e depois refletiu bastante sobre o assunto. Ficou tão absorto em seus pensamentos que mal ouviu quando Butters e Kenny se despediram e Butters arrancou a moto. Assim que ele se deu por conta disso, resolveu ir para casa também.

 

 

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Enquanto isso, no inferno, Tweek guardava a cela das más almas, concentrado. Uma mão tentava sair da jaula e o loiro a espetou com o tridente que segurava, ela rapidamente retornou para seu lugar.

— Tweek! — Ele ouviu uma voz o chamando, e virou para ver quem era. Não muito longe dali, conseguiu ver que a voz pertencia a um loiro, com cabelos compridos e uma boina marrom.

Aquele com certeza era Phillip Pirrup, ou Pip, o marido de Damien, que vinha com o mesmo ao seu lado.

— Estou muito requisitado hoje, duas pessoas da Alta Realeza vieram me procurar! — Exclamou Tweek, fazendo uma reverência exagerada.

Damien e Pip riram.

— Não te vejo há muito tempo, como estão as coisas na Terra, mate?*—  Perguntou Pip, estendendo a mão de longe para Tweek, cheio de sotaque e maneirismos britânicos.

— Está tudo normal. — Respondeu Tweek, enquanto distraidamente chutava uma mão que tentava sair da jaula. — Você sabia que eles ainda brigam por causa de religião? Me pergunto o que vão fazer quando descobrirem que a religião certa é Mórmon.

— Provavelmente prefeririam vir para o inferno. — Disse Damien, com um sorriso sarcástico.

Os três riram.

— Está muito diferente de quando eu morri? — Perguntou Pip.

— Tá igual, você morreu faz pouco tempo, cara. — Lembrou Tweek, franzindo as sobrancelhas.

— Vocês são demônios, o tempo passa diferente pra vocês, até cresci nesse tempo! — Disse Pip, com as mãos na cintura.

— Você fala isso, mas está se adaptando muito bem na Terra, não é, Tweek? — Damien perguntou, com um sorriso desafiador.

— Bem, pode se dizer que sim, gosto de estar na Terra, fiz alguns amigos lá e... — Começou Tweek, em um tom pensativo.

— ...flertou com o pastor da Igreja Evangélica local...— Continuou Damien no mesmo tom. O imp riu.

Bloody hell*, Tweek! — Exclamou Pip, chocado. —  Está louco?

— Não, com certeza não estou. — Disse Tweek, porém Pip ainda parecia chocado.

— Você sabe que é complicado mexer com o pessoal religioso, né? — Questionou Pip.

— Nem me fale. — Tweek revirou os olhos. — Craig fica toda hora falando de Deus, bíblia, versículos, e todo esse blablabla religioso... Seu avô é um saco, Damien!

— Você fala isso porque não viu meu tio, dou graças a meu pai que almoços em família ocorrem apenas uma vez por século. — Disse Damien, lembrando de como Jesus achava que tudo poderia ser resolvido com um conselho, e o quanto ele poderia ser irritante.

— Mas no fim, o que você quer com esse cara, mate? Você o ama? — Perguntou Pip, curioso.

— Amor? Eca, só acho que ele precisa de alguém que o ajude a se livrar de toda essa merda religiosa. E como já diriam as más línguas “o proibido é mais gostoso”, não é? — Tweek pensou em voz alta, olhando para a jaula distraído.

— Nossa, isso nem parece você. — Damien deu um sorriso sarcástico. — Tantos pensamentos sobre esse pastor... desde quando você se incomoda em ao menos pensar?

— O quê? Eu sou um demônio, não um insensível. — Atirou Tweek um pouco irritado.

— Eu disse o mesmo sobre o Pip, não é? — Damien devolveu para Tweek. — E olha onde estamos...

Pip segurava a mão de Damien, e com irritação Tweek encarou diretamente o brilho das alianças deles.

— Não é a mesma coisa, tá? — Tweek respondeu virando o rosto, mas Pip percebeu um rubor subindo o pescoço daquele loiro.


Notas Finais


*Mate é uma palavra em inglês pra "amigo", usada mais por britânicos. (tanto que se falar nos EUA, as pessoas nem entendem!)
*Bloody é um aumentativo no inglês britânico, na tradução literal, seria "inferno sangrento" (bem irônico com o lugar que eles estão auhsauhsas), mas na verdade aqui é uma expressão de surpresa.
Então, gostaram desse cap? Comentem~


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