História Absolute order - O absoluto

“Então isso é Teiko High School”

Murmurou uma garota pequena, com cabelos azuis bebê e olhos da mesma cor, rosto aparentemente inexpressível, porém se alguém chegasse mais perto e olhasse com atenção veria certa surpresa e receio nos belos olhos da garota. Kuroko Tetsuna.

Bom ninguém poderia realmente culpa-la.

O edifício a sua frente era sem duvidas, assustador e muito semelhante a colégios de filmes de terror antigo. O portão de ferro era coberto de teias de aranha, havia mato crescendo por todos os lados, janelas quebradas. Kuroko poderia jurar que tinha visto uma família de ratos passeando pelo pequeno jardim do lugar.

A azulada conferiu mais uma vez, e suspirou pesadamente ao ver que aquele lugar era de fato o correto. Ainda assim, o mais estranho para ela, foram os rumores e histórias que os vizinhos lhe contaram sobre a escola. Parece que, apesar de ser bem barato, o colégio possuía o time de basquete mais forte da região e que, recentemente havia ganhado alguns grandes campeonatos e batido grandes times de basquete de outras escolas famosas por todo o país.

De fato, era de se esperar que com um time tão bom, a reputação da escola crescesse rapidamente e a demanda de alunos aumentasse de maneira absurda, porém aquele não era o caso, obviamente, na verdade, segundo suas informações, era totalmente o contrario.

Devido as recentes dificuldades financeiras de sua família, Teiko era o único colégio barato e perto o suficiente de sua nova casa, de forma que era sua ultima – ou melhor, dizendo única - opção.

Sem muita escola, Tetsuna desistiu de aguardar o diretor e entrou no enorme e velho prédio, andando pelos corredores vazios e depredados. Era cedo, mas ainda assim a azulada se perguntava o porquê de o colégio estar tão vazio. Não demorou muito e ela logo percebeu que estava perdida.

Pela segunda vez naquela manhã Kuroko suspirou e sem opções, acabou por entrar em uma sala qualquer.

Quão grande não foi sua surpresa ao ver que ali já havia alguém, mais especificamente um garoto de cabelos ruivos que lhe cobriam os olhos, o mesmo estava aparentemente dormindo sobre uma das mesas do local. Os raios de sol da manhã passavam pela janela quebrada e o iluminavam, dando ao garoto um ar majestoso. 

Tetsuna se aproximou com a intenção de lhe pedir informações, estava prestes a tocar o cabelo do garoto quando o mesmo, rapidamente segurou seu pulso.

“Nem pense nisso”

Disse o ruivo erguendo a cabeça para ter uma melhor visão da pessoa que se atrevera a acorda-lo. Quase que na mesma hora a azulada congelou, se perdendo instantaneamente na imensidão que eram os olhos do garoto. Um era da cor vermelha, como o sangue já o outro era um belo dourado muito semelhante a ouro derretido, se não tivesse um bom controle de suas reações, era muito provável que Tetsuna tivesse corado.  O par incomum de olhos a encarava de forma fria e analítica, sem perder nenhum detalhe. Logo recuperando a consciência a azulada se desculpou, quebrando assim o silencio constrangedor que os rodeava.

“Sinto muito, não era minha intenção lhe incomodar” – A sinceridade era clara em suas palavras. Com isso o ruivo a sua frente ergueu uma sobrancelha.

“De qualquer forma, quem é você afinal?” – Ele lhe perguntou de maneira rude, algo que Tetsuna resolveu ignorar.  Voltando a sua face inexpressiva de sempre.

“Transferi-me recentemente e como pode ver, acabei me perdendo. Por isso queria lhe perguntar se não poderia por gentileza me ajudar?” Respondeu ela com simplicidade.

“Depende, o que poderia me dar em troca?” Perguntou-lhe o ruivo, com um sorriso oportunista nos lábios. A azulada mordeu o lábio inferior.

“Sinto-lhe desapontar, mas no momento não tenho dinheiro algum comigo” Respondeu Kuroko com toda a sinceridade no olhar, apesar de sua expressão facial não mudar em nada. O garoto suspirou como se estivesse desapontado.

“Sem dinheiro, sem acordo.” Ele disse simplesmente, se levantou e começou a se afastar dela.

Tetsuna cerrou as mãos em frustração, aquele garoto era sua ultima esperança, por isso em um ato desesperado, ela o chamou.

“Espere!” Sem nunca realmente elevar o tom de voz. O ruivo então parou onde estava e se virou, com um olhar cínico.

“teimosa” – Pensou ele, segurando-se para não revelar um pequeno sorriso. Interessante.

“Desista, você obviamente não tem nada a me oferecer.” Ele disse. Tais palavras de certa forma irritaram a azulada. Ela nunca, nunca desistiria. Não importa a situação. Era um de seus princípios afinal de contas.

“Nunca.” Tetsuna disse, sem nem sequer se segurar. O ruivo podia ver determinação e fogo em seus olhos. Realmente interessante. 

“Então me diga logo a sua oferta, não tenho o dia todo”.

Kuroko não tinha nem sequer ideia do que ela poderia oferecer ao ruivo. Por isso disse a ele a primeira ideia que lhe veio a cabeça.

“Quinze”

O ruivo ergueu uma sobrancelha, em visível confusão.

“Como?”

“Irei obedecer a quinze ordens suas.” Disse Tetsuna, pegando-o completamente de surpresa.  A azulada pareceu se arrepender na mesma hora em que um sorriso malicioso apareceu nos lábios do garoto.

“Trinta.” Ele disse, ou melhor, ele exigiu. Ela pareceu hesitar por alguns segundos. O ruivo já tinha certeza de que receberia um não.

Tal certeza se esvaiu assim que viu a determinação nos olhos azuis celestes da garota. Pela segunda vez no dia, ele fora surpreendido pela azulada a sua frente.

“Tudo bem, trinta. Temos um acordo então?” Tetsuna perguntou erguendo uma das mãos para um cumprimento. Com um sorriso presunçoso o ruivo aceitou.

“Temos um acordo. A propósito, sou Akashi Seijuurou”

“... Kuroko Tetsuna.” Respondeu ela, receosa, mas o encarando firmemente.

Tetsuna podia ver claramente, pela malicia e diversão claras no olhar de Akashi, que ela viria muito provavelmente a se arrepender de fazer esse acordo.

...Provavelmente...

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Akashi a tinha guiado até um prédio totalmente diferente do qual tinham acabado de sair. Era grandioso, belo e aparentemente novo em folha.  Tetsuna olhou para o ruivo ao seu lado, com os olhos expressando sua total confusão. Um sorriso debochado se formou nos lábios de Akashi.

“Aquele era o prédio antigo do colégio, agora nós estamos estudando aqui.” Ele respondeu, esperando ansioso para ver a reação da garota.

Resumindo. Tetsuna se sentia estúpida, mas a raiva passou dando lugar novamente a confusão.

“Então o que você estava fazendo naquele prédio?” Ela perguntou, Akashi apenas deu de ombros e respondeu com simplicidade.

“Eu posso fazer o que eu quiser, afinal, eu sou absoluto.”

Por incrível que pareça, ela já estava esperando uma resposta do tipo. Mas internamente não pode deixar de revirar os olhos.

“Então ele é um mau menino” Pensou ela com certo sarcasmo. Até lembrar-se do fato de que teria que obedecer a trinta ordens desse “mau menino”.

Decidida a esquecer desse fato – Mesmo que temporariamente – ela caminhou até a entrada, ouvindo o ruivo murmurar algo atrás de si, mas não compreendendo.

Logo atrás, Akashi tinha um sorriso desafiador em seus lábios.

“Bem vinda ao inferno, Tetsuna.”