História Absolute order - A primeira ordem

É mais fácil obter o que se deseja com um sorriso do que com a ponta da espada.
William Shakespeare

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Ao sinal do intervalo, tanto o professor quanto os alunos pareciam aliviados com o fim da aula. O loiro que mais parecia um filhote de cachorro levantou animado, junto dele estava um moreno sonolento com uma revista pornográfica nas mãos. Ambos eram assustadoramente altos, mas nem tanto quanto o arroxeado que devorava vários pacotes de maibu. O esverdeado de óculos que segurava um sutiã vermelho nas mãos pareceu suspirar em desgosto ao ver o quão barulhento seu grupo de amigos era, já o ruivo heterocromático parecia apenas habituado com esse peculiar grupo.

Tetsuna começou a entender o porque do sensei parecer tão aliviado com o final da aula. E sabendo que eles provavelmente não eram a melhor companhia, a azulada decidiu ignorar a presença deles.

Não estava sendo fácil.  

“Nee nee Tetsu-chan, de onde conhece Akashicchi? Seria você uma amante? Uma namorada? Ou quem sabe a noiva dele?” - O loiro não parava de falar, literalmente. Tetsuna estava quase torcendo para que o mesmo desmaiasse por falta de ar. Ela até tentara usar sua falta de presença, mas toda a atenção do garoto parecia estar em si.

De maneira silenciosa e calma, a azulada se levantou pegando seu almoço e saiu em direção a porta.

“Acho que ela está ignorando sua existência, nanodayo.” - Disse o esverdeado, fazendo com que o moreno ao seu lado começasse a rir de maneira descontrolada e o loiro derramar lágrimas de crocodilo junto a várias reclamações chorosas.

“Ki-chin é irritante” - Resmungou o arroxeado enquanto mastigava outro maibu.

“Murasakibaracchi!” - Bradou Kise.

“Oe, para onde é que Akashi foi?” - Perguntou o azulado, percebendo que seu capitão e líder não estava na sala, pelo menos, não mais.

“Tetsu-chan também não está aqui!” - Reclamou o loiro. Midorima suspirou.

“Ambos saíram enquanto você reclamava, nanodayo” - Respondeu o esverdeado. Fazendo com que Kise retomasse a choradeira.

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A azulada andava a passos largos no corredor, desviando dos demais estudantes com maestria, não via nenhum de seus colegas de sala atrás de si e isso lhe aliviava, muito. Ela estava disposta a evitá-los o máximo que pudesse, mesmo sabendo que seria impossível, levando em conta o seu “pequeno” acordo com o ruivo, mas resolveu ignorar esse detalhe. Estava concentrada demais tentando achar um lugar calmo para comer. Infelizmente, com essa pequena distração, acabou por esbarrar em alguém.  

Ele era alto, moreno e com cabelo raspado, um corpo bem musculoso, nem sequer parecia um aluno de ensino médio. O grandão estava procurando com raiva a pessoa que havia esbarrando em si, mas não via ninguém por perto.

“Sinto muito por ter esbarrado em você, estava distraída” - Disse uma voz doce mais abaixo. Nebuya se assustou ao ver uma garota pequena de madeixas azuladas se curvando em um pedido de desculpas. Ele ligou os pontos e encarou Tetsuna com raiva bem aparente.

“Você, como ousa…” -

“Creio que a moça já tenha pedido desculpas Eikichi” - Disse uma voz gélida, fazendo com que o moreno congelasse no lugar, um arrepio de medo lhe percorreu a espinha. Um par de olhos heterocromáticos o encarava com certo desprezo e frieza.

“A-Akashi…” - Gaguejou Nebuya. Tetsuna encarava ambos os garotos a sua frente com confusão e certo receio apenas aparentes em seus olhos, já que a mesma manteve a face estóica. Akashi Seijuurou deveria ser alguém assustador para fazer um gigante como Nebuya tremer com apenas meia dúzia de palavras.

“Peça perdão a Tetsuna, Eikichi.” - Ordenou o ruivo com os olhos ainda cravados no maior, seu tom era gélido, mas as íris heterocromáticas ardiam com raiva e desprezo puro. Nebuya estava prestes a implorar pelo perdão da azulada bem ali, no meio do corredor onde todos poderiam ver, apenas para escapar de uma futura punição de Akashi, porém Tetsuna decidiu interferir.

“Não é necessário Akashi-kun, eu é quem estava distraída, ele não tem culpa de nada.” - Disse ela com a costumeira voz monótona, porém seus olhos estavam transbordando com determinação. Nebuya parecia chocado, assim como o resto das pessoas no corredor. Akashi lhe mandou um olhar gelado, claramente ordenando que ela não interferisse, Tetsuna no entanto, continuou firme.

“Teimosa e com um senso de justiça bem idiota” - Pensou o ruivo, contendo um sorriso. Agora ela tinha o surpreendido, e muito.  

“Faça como quiser” - Akashi retrucou, nunca perdendo o tom frio e indiferente. Tetsuna pareceu ficar satisfeita com essa resposta. Se virou para o moreno, que encarava os dois com confusão e alívio evidentes. A azulada deu um doce e pequeno sorriso, que fez com que o gigante derretesse por completo por dentro.

“Mais uma vez sinto muito por ter esbarrando em você senpai, vou me manter mais atenta para que isso não se repita.” - Nebuya estava atordoado e ao mesmo tempo encantado com a gentileza e doçura da pequena à sua frente e por isso, sem nem pensar, disse ainda com a imagem do sorriso da azulada na mente.

“N-não precisa se desculpar, eu não deveria ficar parado no corredor atrapalhando o caminho, eu peço perdão por isso. Você não se machucou?”- Tetsuna sorriu mais uma vez, achando até fofa a reação do maior, quem diria que um gigante como ele poderia ser tão doce por dentro? Já Eikichi derretera mais uma vez com pequeno, porém adorável sorriso da garota.

“Eu estou bem, mas agradeço a preocupação.” - Respondeu a azulada, Nebuya parecia querer perguntar algo, mas foi impedido pelo ruivo, que já estava cansado de ser ignorado. Akashi pegou Tetsuna pelo braço de maneira delicada, porém firme e a arrastou até a cafeteria, não sem antes mandar um olhar de aviso a Eikichi que recebeu imediatamente a mensagem.

“Akashi-kun, eu posso andar sabia?” - Perguntou a azulada, de volta com seu tom de voz monótono. Ao ouvir a garota, Seijuurou parou de andar.

“Primeira ordem: A partir de hoje, você vai almoçar comigo, todos os dias durante o resto do ano.” - Disse o ruivo com o tom autoritário. Tetsuna franziu o cenho levemente, confusa.

“Essa será a sua primeira ordem?Tem certeza?” - Perguntou. Era algo bem simples e bobo ao seus olhos, mas ao ver o olhar imutável de Akashi, suspirou em derrota.

“o.k! O que você quiser Akashi-kun". - Disse Tetsuna, não escondendo seu pequeno descontentamento. Seijuurou no entanto não pareceu se importar, pelo contrário, ele ostentava um sorriso presunçoso nos lábios, seus olhos estavam no entanto, transbordando em malícia.

A azulada sabia muito bem a mensagem que havia nas entrelinhas daquele sorriso.

Não se esqueça de quem está no controle, Tetsuna.

Ah! Sim, ela não se esqueceria, não tão cedo. Pelo menos uma coisa era certa:

Uma já foi, faltam 29.