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História Acampamento Alvorada - Série Iluminados - Respostas na chuva


Escrita por: FlightWitch

Capítulo 2 - Respostas na chuva


Fanfic / Fanfiction Acampamento Alvorada - Série Iluminados - Respostas na chuva

 Era chegado o dia. Vários lordes convidados ocupavam toda a atenção da família. BattleFord os saudava com um sorriso forçado para todos os lados. Todos eram jovens lordes com potencial para casamento, um mais peculiar que o outro. Lorde Jeffers parecia ser o mais novo, era formoso de certa forma, Harrinson era o mais velho, fios brancos despontavam de seu cabelo e barba, ele estava sempre alisando a barriga de modo asqueroso. Aurora perguntava-se por que convidar um lorde tão velho.

     Ela observava tudo pelas frestas das passagens secretas, as quais só ela conhecia. Assim saberia o momento certo de partir.

 

     - Lorde Battleford tem filhas admiráveis. - Um ruivo acenou para o homem sentado na cabeceira da mesa. Risos dispararam, com certeza pela mentira que fora contada. Qualquer um poderia ver que por mais bem arrumadas que estivem, por mais fino que fossem os vestidos, nem mesmo as mais caras joias realçariam beleza alguma em traços como os de Amelie e Florence, havia algo em suas formas, uma rigidez desforme. No entanto, suas curvas destacadas pelos vestidos que  combinavam em cor, e o mesmo corpete que marcava os quadris das moças e deixava a mostra uma boa parte de seus seios fartos, atraia a tenção dos visitantes, que não olhavam nos olhos das jovens durante a conversa.

    Ainda assim, ambas ruborizaram com  elogio e sorriram em direção aos cavalheiros. Elas adoravam atenção.

    Apenas a pequena Isla, que devorava sua comida ávida. Esta recebia verdadeiros olhares de admiração. Tão jovem, já anunciava sua graça. Por um momento Aurora notou que o olhar do ancião Harrinson pairava sobre a criança. Aurora não gostava daquele homem.

   Ela observou por mais alguns minutos e quando teve certeza de que o anfitrião estava absorto com suas ocupações, ela percebeu que era hora de ir. E pensou no quanto havia adiado esse momento. E pensou como sobreviveria fora dali, mas ela pensaria naquilo depois.

Era hora de partir.

 

   Aurora foi até seu cubículo através das passagens. Revisou sua sacola, abaixou as mangas da blusa para cobrir o estigma de iluminada em seu braço. Deveria manter segredo sobre seus poderes até chegar em Sellenium. 

 

   Ela olhou uma última vez para o pequeno quarto, a cama pequena o colchão fino que não impedia de sentir a madeira quando se deitava, os livros que ela pegara na biblioteca todos escondidos em um baú, a mesinha que continha uma pobre vela solitária e então, ela saiu.

 

   Aurora caminhava rapidamente pelos corredores escuros, já havia decorado o percurso há tanto tempo. Ela sorriu ao perceber que na verdade estava correndo. Fugindo para a vida, já podia sentir o vento ficando mais frio, a umidade ficando para trás. Então, algo a fez parar. Um grito.

 

   A voz esganiçada de Isla ecoou pelas paredes. Aurora girou em seus pés, correndo para de volta à escuridão, sendo guiada pelos sons que ouvia. Até que pôde ver pela fresta o frágil corpo da menina pressionado contra a parede. Do outro lado lorde Harrinson esticava sua pesada mão ao rosto da garota, seus olhos ardiam enquanto Isla inutilmente se debatia contra seu toque. Ele era nojento. Será que Battleford sabia disso? Será que ele havia concordado com aquilo? - O pensamento passou por Aurora tão rápido quanto se foi. Lorde Battleford faria qualquer coisa que lhe garantisse alguma vantagem.

 

   - Calma gracinha! - O velho passou a mão pelos cabelos da criança que chorava apavorada. - Uma pena suas irmãs serem tão grotescas, seus peitos dariam um ótimo travesseiro. No entanto, terei que me contentar com sua pequenez por hoje.

 

    Os olhos do homem estavam vidrados, seu corpo parrudo tornava inútil qualquer movimento da criança. Então algo crescia dentro de Aurora, um instinto absurdo de proteção, de ajuda, de salvar uma vida, de proteger Isla. Rapidamente Aurora sentiu que não tinha mais controle sobre seu próprio corpo, ele se movia sozinho, ela pena sabia o que tinha que fazer. Aurora não sabia como uma de suas facas havia parado em sua mão, mas então...

  

    O homem se preparou para tocar no vestido da menina, mas num instante Aurora destruiu a madeira que havia entre o corredor e o quarto, seu sangue fervia como aguardente, ela podia sentir o poder tornando suas mãos habilidosas. Harrinson olhou espantado desembainhando sua adaga, no entanto sorriu maliciosamente quando viu que quem o surpreendera era apenas uma garota. Aurora olhou com desprezo antes de investir contra o homem.

 

    - Você não vai tocar nela! - Auroa gritou ao empunhar a faca que trazia.

    - Ah eu vou...Você quer participar também? - Ele declarou calmo se aproximando da jovem. A raiva explodiu em Aurora e ela usou sua lâmina, se esquivando rapidamente para trás do homem e rasgando sua garganta antes que pudesse perceber. O sangue escorria por sua mão. Era uma cena de crime. Era um assassinato e ela era a assassina. O corpo caiu inerte no chão. Isla chorava no canto. Alguém irrompeu no quarto.

 

    - O que você fez?! - Battleford esbravejou em um som gutural. Os olhos queimos. Ódio, repulsa...tudo passava por seus músculos. A vontade de estrangular a menina com as próprias mãos como sempre quis.

    - Você não sabe...ele estava... - Aurora falhou ao olhar a criança espantada.

    - Ela me salvou! Não faça nada com ela papai! - A menina correu e se agarrou ao vestido de Aurora. Mas o olhar do lorde era de pura fúria.

    - Ela nos arruinou! O que eu direi aos outros lordes? O que responderei quando perguntarem sobre Harrinson? - O homem questionou se aproximando. - Você! Fora! - Ele puxou o braço da criança num solavanco.

    - Não a machuque! - Aurora protestou dando um passo antes que a mão do lorde fosse em direção ao seu pescoço, apertando-o com força contra a parede. Ele olhava fundo nos seus olhos. Aurora sufocava, procurando por ar. Onde estavam seus poderes agora? Não, ela havia jurado que não os usaria sem necessidade. Mas aquilo era?

    - E Isla!

    - Sim pai.

    - Chame os guardas. - O pânico tomou conta de Aurora. Ele iria entregá-la. Eles veriam seu estigma e a executariam como uma iluminada assassina. Seus pés e mãos protestavam, pontinhos pretos surgiam em sua visão. - Sua monstrinha! Você vai ter o que merece! - Ele sussurrou enquanto impulsionava a cabeça de Gene abruptamente de encontro contra a parede.

 

    A visão dela ficou preta. Suas mãos tateavam o chão em busca de apoio, ela ainda resfolegava enchendo os pulmões e a cabeça doía muito, mas ele não esperou. Chutou forte seu abdômen, a dor emanando. Seu corpo arqueou e ela caiu no chão. Nunca vira ele dessa maneira.

 

   Tinha medo, pois preferia morrer queimada viva do que nas mãos de alguém que odiava tanto.

 

   - Vamos! Fique de pé! - Ele a puxou colocando-a de pé de costas para ele. Ela sabia o que viria em seguida quando suas mãos ásperas abriram a parte de trás do seu vestido. Puxou suas mãos e as amarrou com uma espécie de corda que ela não havia visto ali antes. Ela estava sem forças pra lutar, logo os guardas chegariam.

 

   - Minha obra de arte! - O lorde disse admirando as várias cicatrizes espalhadas pelas costas da jovem. - Mas eu vou terminá-la antes de você morrer. - Seu tom era sombrio enquanto ele testava o peso do chicote em suas mãos, era a primeira vez que ele usaria daquela forma. Ela morreria queimada. A dor das chicotadas misturando-se as chamas em sua pele. - o homem pensou poeticamente. Ele gostava de pensar assim ás vezes. E então ele finalmente se livraria dela. Ela não merecia viver. Havia mal dentro dela. Acabara de ver o seu poder em ação. Uma iluminada amaldiçoada. - Concluiu Battleford.

 

   - Você viu o que fez, Aurora? - Ele empunhou o cabo com mais força. - É por isso que você deve ficar longe das pessoas. Você as machuca. Você mata. O seu poder é a morte!

    - Eu vou te matar, um dia. - Ela forçou a voz.

 

    Battleford sorria conforme o couro deixava marcas e abria feridas na pele da moça.

    Um.

    Dois.

    Três...

    Foram dez ao todo, o sangue escorria para suas pernas, mas ela não sentia na verdade. Apenas a dor latejante tomava conta de tudo. De seu corpo, sua alma.

 

    Como pôde deixar isso acontecer? Quando estava tão perto de tudo. Podia sentir sua liberdade e então ela se foi. Agora estaria mais presa do que nunca. Ela morreria. Mas por Isla valeria a pena. Ele estava certo, ela era uma abominação, ela realmente sentia algo dentro de si quando matou Harrinson, um poder. Mas ela morreria por defender Isla, isso a fazia melhor.

Eu não sou ruim - ela meditou para si mesma.

 

     E quando acabou ele rasgou a manga que cobria seu estigma, a deixou amarrada ao pé da cama e saiu para buscar os homens que a levariam. As lágrimas secavam em seu rosto. Os olhos castanhos de Harrinson ainda a fitavam, estáticos e vazios em uma poça vermelha.

 

     Alguns instantes se passaram até que uma pequena forma adentrou rapidamente.

     - Abi, você não deveria vir aqui. - Aurora alertou mesmo sabendo que isso não impediria a velha ama.

     - Aurora, não deixe que as mentiras dele se façam verdade em sua mente. - A mulher disse conforme embolou sua pesada saia e asentou-se do lado da garota. Então com suas pequenas mãos passou a limpar as feridas com um pano que trazia. - Você é mais poderosa do que imagina. Tem algo que eu não contei sobre você...

     - E o que há para se saber sobre mim?

     - Você é diferente Aurora. É especial... - A velha começou enquanto

     -No dia havia uma mulher... - A ama disse cautelosa fechando o tecido do vestido de Aurora, que agora latejava com o toque do pano. - Ela me pediu que... - Um estrondo estourou a porta. Abi Arregalou os olhos pálidos e afastou-se instintivamente.

 

    - Foi ela! - O lorde apontou ao adentrar no quarto com mais cinco homens, todos vestidos com armaduras da coroa. Todos analisaram a cena, passando o olhar do corpo paralisado para Aurora, eles pareciam não acreditar até verem a marca em seu braço então, se endireitaram e coloram pesadas algemas em seus pulsos. Lançando olhares de repulsa e nojo, Aurora abaixou a cabeça, reconhecendo o monstro que era.

     -Não sabíamos que era uma iluminada. Ela escondeu de nós. - Battleford alisava o paletó marrom com calma. Sua voz era completamente convincente. Seus olhos já não tinham mais o brilho raivoso de antes, quem o olhasse diria que aquele lorde nunca faria mal a ninguém. - Minha filha viu tudo. - Ele disse em direção à Isla que estava na porta com medo de se aproximar. - Diga a eles filha, o que esse monstro fez.

     - E-ela...- o pai a olhou perfurante - Ela o matou... - Isla murmurou receosa. É claro que o homem a castigaria se ela falasse algo a mais.

     - O rei ficará feliz com essa. - o que parecia ser o capitão, declarou. - Você é fiel com a coroa e será retribuído. - Os olhos do lorde brilharam com a afirmação, sonhando com um exímio pretendente para uma das filhas ou quem sabe um convite para a côrte. Nunca imaginaria que a iluminada lhe traria alguma vantagem. Mesmo assim Aurora apenas fitava o vazio quando os soldados a puxaram pela corrente.

     - Tomem cuidado, ela tem o dom da morte. - E assim o lorde despediu-se encarando com os olhos brilhantes, quase incendiados de satisfação.


Notas Finais


*-*


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