História Acordos - Conselhos

Naruto acordou cedo, incomodado com a luz do sol que entrava pela janela. Estava disposto a continuar dormindo, então decidiu fechar as cortinas e aproveitar o resto de seu sono, quando tentou se mover, porém, sentiu um peso extra sobre seu corpo e só então notou que Hinata ainda dormia com a cabeça apoiada em seu peito, presa a ele por uma de suas mãos que a segurava firmemente na cintura. 

A expressão tranquila de sua mulher o fez sorrir e involuntariamente ele levou a mão livre até seu rosto e afastou os fios negros que caiam sobre suas pálpebras fechadas, assim que a tocou viu-a acordar, mas concluiu o processo.

- Desculpe. - Sussurrou, mas recebeu um sorriso como resposta que apenas o fez sorrir ainda mais.

- Bom dia. - A voz da morena era sonolenta.

- Durma um pouco mais.

- Tenho trabalho a fazer.

- Hinata e seu trabalho infinito. - Revirou os olhos, provocando-a. - Você precisa parar um pouco as vezes, então vou te dar um conselho.

- Aconselhe-me mestre sábio. - Brincou.

- Você sabe brincar? - Fingiu surpresa. - Você por acaso não seria uma gêmea legal da minha mulher, seria?

- Idiota. - Disse rindo.

Sem perceber ele levou o polegar até os lábios da Hyuuga, encantado demais com aquele sorriso, os olhos fixos ali.

- Não, você é mesmo minha esposa. Frustrante. - Sussurrou e desceu o rosto até o dela, engoliu em seco antes de conseguir desviar-se de seus instintos e beijá-la na testa.

- Diga logo qual é o seu conselho, engraçadinho. - Perguntou com a voz tranquila, embora tudo dentro dela estivesse em euforia. A atração que sentia por Naruto, a intensidade dos olhos dele sobre ela, a proximidade entre ambos, o contato físico de seus corpos e o calor que emanava dele… Tudo pedia para que sucumbisse aos seus desejos.

- São dois, na verdade. O primeiro é que você tire esse vestido…

- Não comece. - Disse tentando manter um sorriso brincalhão no rosto, embora estivesse nervosa. Se os conselhos de Naruto tomassem o rumo da maioria de suas conversas ela não sabia a que ponto resistiria.

- Você nem me deixou terminar.

- É porque eu sei o que você vai falar.

- Não, você não sabe, sua pervertida.

- Eu?

- Sim. Eu só ia dizer para você tirar essa roupa e tomar um banho fresco, afinal nenhum de nós tirou as roupas da cerimônia de ontem e não sei quanto à você, mas a minha já está me incomodando. Ela não foi feita para ser um pijama. E você aí pensando em perversidades. - Fez uma cara de quem havia sido ofendido. - Como pude me casar com uma mulher assim?

Hinata sentou-se na cama, entrando no jogo.

- Como eu pude me casar com você? Um homem tão… Frio.

- Eu não sou frio! Eu sou reservado.

A morena tentou responder mas não conteve as gargalhadas.

- Já chega. Você venceu. - Disse se recuperando.

- Eu sempre venço. - Deu de ombros, se levantando.

- Você ainda não me falou qual é o outro conselho. - Disse vendo-o caminhar até as portas de vidro da varanda e abrindo por completo as cortinas.

O loiro não respondeu de imediato, primeiro tirou a parte de cima de sua roupa, deixando o tronco nu. Hinata não pôde deixar de notar os músculos em suas costas retesando-se conforme ele mexia os ombros, alongando-se, ou como quando levou as mãos até o pescoço antes de estalá-lo.

- O dia está bonito hoje, se o clima não mudar tire um tempo para relaxar um pouco, caminhar pelo jardim… Ou qualquer outra coisa que te deixe tranquila. - Respondeu escorando-se no batente da porta, ainda de costas para a Hyuuga.

- É, o dia está mesmo bonito.

A jornada de trabalho de Hinata não se alterou muito depois de sua coroação, como o pai estivera doente, há muito ela havia tomado as responsabilidades de uma rainha, a diferença é que agora se referiam à ela como tal.

- Vossa Majestade deveria parar um pouco. - Tenten disse enquanto recolhia a bandeja com o prato quase intocado de sua rainha.

- Eu estou bem.

- Todos os seus conselheiros se retiram para um descanso, por que a senhora não pode?

- Porque eu sou a rainha.

- Isso não te torna menos humana. Você precisa tomar um pouco de sol Hinata.

- Você começa a falar como meu marido.

- Isso é por que ambos queremos muito bem a senhora.

- Sei que sim. - Disse após um suspiro.

- Vai descansar?

- Diga a Naruto que o espero no jardim para uma caminhada.

A aia sorriu.

- Estão se dando bem?

- Digamos que ele tem sido extremamente compreensivo e paciente comigo e agora tenho muita consideração por sua Majestade. Apenas isso.

- O quão compreensivo ele foi? - Tenten perguntou curiosa.

- Ele descobriu uma parte das coisas que eu quis que ele não soubesse. - Disse simplesmente, certa de que a amiga entenderia. - E está mantendo segredo, não me julgou ou discutiu comigo. Sou grata a ele por isso.

- Apenas uma parte?

- Algumas perguntas nenhuma das investigações dele vai poder responder e nenhum de seus espiões conseguirá descobrir, a menos que eu queira contar. E eu não quero.

- Eu não consigo pensar que segredo terrível é esse que você não conta nem mesmo para mim.

- Eu não posso contar para ninguém.

- Por que?

- Por que se eu contar ele vai ter outra pessoa para interrogar. Quero que algumas coisas no meu passado morram comigo e apenas comigo.

- Naruto é um bom homem, porque não se dá a chance de ser feliz com ele, Hinata? Sendo sincera.

- Não posso revelar tudo à Naruto por que, se fizesse isso, estaria lhe entregando uma parte da minha vida que seria impossível pegar de volta e fazer isso é a prova maior do que estou sentindo por ele. Não sei quais são os sentimentos dele por mim, mas sei que são verdadeiros e queria que isso bastasse, mas não basta. Nós duas sabemos das atividades extraconjugais do meu marido, como posso me entregar a isso sem a certeza de que ele me ama também?

- Mas e se ele também estiver apaixonado por você? Eu não sou um exemplo de vida amorosa bem sucedida, mas sei quando um homem está tratando bem uma mulher e não quer nada em troca. Ele não parece se preocupar com você apenas pelo dinheiro que Mun doa a Konoha, na verdade, mesmo se esse fosse o objetivo ele não precisaria se preocupar. O acordo de vocês não estabelece nenhum vínculo emocional de um com o outro e em mais de uma ocasião ele demonstrou se preocupar com o seu bem-estar. O que Naruto anda fazendo nos bordéis da cidade tem uma explicação, a sua total rejeição às tentativas dele de se aproximar.

- Tudo bem, suponhamos então que ambos estejamos apaixonados um pelo outro… Há um medo maior.

- Qual?

- Não posso suportar perdê-lo depois que já tiver me entregado, não posso suportar a frustração que é a espera por ele e seu exército toda vez que ele atravessa aqueles portões para uma luta. Eu ainda não sei se estou pronta para seguir em frente, não completamente. Eu vi Kiba morrer diante dos meus olhos e eu o amava, não vou conseguir suportar essa história se repetindo com Naruto.

Tenten segurou a mão da amiga firmemente.

- Lamento ter que lhe dizer isso senhora, mas estou certa de que você já está apaixonada, e talvez que até já o ame. Então, entregando-se ou não a ele, se algo acontecer, é certo de que sofrerá. - Disse suavemente. - Sob essas circunstâncias posso dar-lhe um conselho? Não se prenda aos seus medos, ou eles nunca vão deixar-te fazer absolutamente nada de que gosta, nada que te trará a felicidade que procura. - O sorriso em seus lábios era mínimo, mas sereno.

Hinata suspirou.

- Você não lamenta dizer isso.

- Não mesmo.

E ambas sorriram.

- Tenten disse que você mandou me chamar. Algum problema? - Naruto questionou preocupado, assim que viu a esposa sentada em um banco no jardim.

- Nenhum. - Ela se levantou. - Podemos fazer uma caminhada?

O loiro estranhou, mas tomou o braço de sua rainha e começou a andar em silêncio com ela pelo jardim.

- Tem certeza de que está tudo bem? - Não se conteve.

- Tenho absoluta certeza, meu rei. - Disse contendo um sorriso.

- Então não entendo porque me convocou aqui com tanta urgência.

- Resolvi seguir seu conselho e fazer uma pausa para aproveitar o dia.

- Então veio relaxar no jardim.

- Não exatamente.

- O que quer dizer com isso?

- Estou aproveitando a sua companhia para relaxar um pouco. Por mais que eu não goste de admitir isso, você é a pessoa que mais tem conseguido me manter calma nos últimos dias.

- É uma honra poder ajudá-la, minha senhora.

- Eu atrapalhei alguma coisa que estava fazendo?

- Não, eu estava apenas testando algumas armas.

- Vai caçar?

- Não. - Sorriu. - Ainda não está na hora, mas é sempre bom treinar.

- Entendo. Então… Por quê?

- Não sei, apenas gosto.

- Pode me ensinar algum dia?

- Como?

- A lutar. Eu sei que parece estúpido, mas é que depois do que aconteceu com aquele homem… Eu pensei se não poderia… Esquece, não é mesmo coisa para damas.

- Seria um prazer ensiná-la a se defender. - Parou e sorriu virando-se para ela.

- Fala sério?

- É claro que sim. Você precisa mesmo aprender algumas coisas, é muito lenta e previsível senhorita Hyuuga.

- Não sou.

- É sim.

Ele estava prestes a retomar a caminhada quando sentiu-se ser puxado pelo colarinho e em seguida ter os lábios tomados pelos dela

- Me diga o quanto isso foi previsível. - Sussurrou.

- Nada previsível. - Ele assumiu surpreso com a investida dela. - Mas ainda foi lento. -Sorriu malicioso antes de segurá-la pela cintura e puxá-la para si. - Vai ter que fazer melhor.