O primeiro dia na universidade era como o começo de uma nova vida para mim, onde eu finalmente poderia recomeçar do zero e enterrar de vez o meu passado. E não havia nada melhor do que fazer a minha entrada triunfal, digna de Blair Marshall.
— Qual você acha mais bonita? — ergo os dois cabides contendo duas saias magníficas.
Ellie revira os olhos.
— Sabe que não ligo pra esse lance de moda.
— Então é melhor começar a ligar, não vai andar comigo se estiver usando sapatos de liquidação de alguma loja brega de departamento — falei com franqueza. — Só de imaginar a cena fico enjoada.
Ela ri alto e se levanta da cama, indo para o banheiro.
— A propósito, use a azul — disse antes de fechar a porta.
Dou uma boa olhada na saia em minhas mãos e falo para a mesma:
— Acho bom que você me deixe fabulosa.
[ . . . ]
A atenção de todos no campus se voltou para mim quando desci do meu jaguar no estacionamento, eu não conhecia ninguém ali, mas poderia apostar que todos sabiam o meu nome e o que aquilo significava. Pude avistar de longe Justin e Chloe perto das portas de entrada, parecia apenas uma conversa.
— Está pronta? — Ellie perguntou ao meu lado.
Sorri triunfante.
— Meu amor, eu nasci pronta.
Eu adorava ser o centro das atenções, e enquanto andava praticamente como se estivesse em uma passarela vi os olhos de Chloe finalmente me encontrarem. Ela estava estupefata.
— Blair... — começou a falar quando eu estava próxima o bastante.
— As meninas estavam procurando por você — informei a ela. — Não passou a noite em casa, onde estava?
Chloe abriu a boca para dizer algo, parecia desconfortável. Então notei Justin logo atrás dela.
— Bem, acho que já entendi — falei me afastando dos dois.
— Blair, não é nada disso que você está pensando — Justin disse.
Me virei para ele.
— Por que será que os homens sempre dizem isso quando sentem que estão encrencados? — dei um sorriso falso. — Deveria tomar mais cuidado com o seu namorado, Chloe.
— Ele não é meu...
— Vamos, Ellie — falei saindo, fingindo não ouvir o que Chloe tentava dizer.
Era melhor eu nem ouvir.
— Sei o que está tentando fazer — Ellie parou no meio do corredor.
— Não sei do que está falando — me fiz de desentendida.
— Ah você sabe sim — me encarou séria. — Você está evitando ele para fingir que não sente mais nada.
— Eu não sinto mais nada por ele — falei convicta. — Como poderia sentir depois de tudo que aconteceu?
— Você é humana, Blair — ela disse colocando as mãos nos meus ombros. — Mesmo com tudo que houve eu jamais te julgaria por ainda sentir algo por ele, mesmo que bem pouquinho. Só não quero que minta para si mesma.
— Eu não sinto nada além de puro desprezo — revirei os olhos. — Será que dá pra você parar com isso agora?
[ . . . ]
— O que uma moça tão bonita faz aqui sozinha? — alguém perguntou parando ao meu lado.
Era Nathan.
— Estou esperando uma amiga — respondi simples.
— Acho que ela está bem ocupada no momento.
Encarei-o confusa.
— O que quer dizer?
Ele apontou para duas pessoas a alguns metros de distância de nós no saguão principal, era Ellie mesmo.
— Acho que ela está passando o número do celular pra ele — concluiu.
— Ela não tem jeito — ri baixo.
— Ao que me parece sua amiga terá um encontro essa semana — ele começou.
— Essa já é a segunda vez que você tenta me chamar pra sair e não funciona — falo com um sorriso. — Boa sorte na próxima vez.
Ele se aproxima de mim e me entrega um pequeno cartão.
— Pro caso de você mudar de ideia.
Guardei o cartão na bolsa e saí do saguão com pressa, sem a menor paciência para esperar Ellie concluir mais uma de suas paqueras. Enquanto caminhava para o estacionamento vi de longe Justin conversando com Chloe, parecia ser assunto sério.
— Blair? — uma voz fina e empolgada soou atrás de mim.
Era Rose, uma das garotas da fraternidade.
— Olá, Rose — cumprimentei-a cordialmente.
— Precisa de alguma coisa? — indagou ansiosa.
Meu olhar se voltou novamente na direção de Justin, que disse algo para Chloe antes de sair furioso na direção oposta a qual eu me encontrava. Eu precisava descobrir o que havia entre aqueles dois.
— Então Rose, você conhece Justin Bieber? — ela assentiu sorrindo. — Nesse caso, preciso que me faça um favor.
[ . . . ]
Passei o resto da tarde sozinha em casa, já que Ellie estava em algum lugar se agarrando com alguém, Rose estava fazendo o que eu lhe pedira e as outras garotas estavam na universidade. Aproveitei meu raro momento de paz e solidão para tomar um belo e relaxante banho de banheira, com todos os benefícios dos quais eu possuía direito.
— Então é aqui que você se esconde, Blair Marshall?
Justin estava em pé na porta do meu banheiro, sorrindo como se estivesse se divertindo a beça. Enquanto eu quase tive um ataque cardíaco.
— Como você entrou aqui? — perguntei sem fôlego devido ao susto.
— Isso não importa.
— É claro que importa! — exclamei indignada. — É invasão de domicílio!
— E você colocou uma pessoa para me seguir, isso é perseguição.
— Eu não fiz nada disso — me fiz de desentendida.
— Pode negar o quanto quiser Blair, mas eu sei que você colocou uma das suas colegas para ficar atrás de mim.
Ele me encarava esperando por uma resposta, mas eu não queria dar o braço a torcer. Dizer que era verdade seria admitir que eu me importava, e eu não podia fazer isso.
— Ah mas você se acha muito, né Bieber? — ri com deboche. — Até parece que eu me importo o bastante para fazer isso, eu superei e você deveria fazer o mesmo.
— Não adianta fingir — afirmou, cruzando os braços sobre o peito. — A Rose me contou que você quer descobrir o que existe entre mim e a Chloe.
Senti minhas bochechas esquentarem e ele se aproximou da banheira onde eu estava.
— Eu só queria saber se ela estava mentindo para mim — disse calma. — Isso não é mais sobre você.
— Se não fosse você teria pedido para Rose seguir a Chloe, e não eu — falou se sentando na borda da banheira, apenas a espuma dos sais de banho o impedia de me ver nua. — Nós temos uma história Blair, precisa me deixar te contar tudo.
— Eu já sei de tudo que preciso saber — sorri para ele e puxei seu braço, fazendo-o cai dentro da banheira.
Enquanto Justin tentava se livrar da espuma que cobria seu rosto, eu saí da banheira e me enrolei na primeira toalha que encontrei.
— Vai embora daqui! — gritei enquanto ele pisava no tapete, todo molhado.
Justin me olhou indignado.
— Não posso ir embora assim, todo molhado.
— Ah mas você vai sim — afirmei agarrando seu braço.
Continuamos discutindo aos gritos pela casa, quando abri a porta de entrada várias pessoas na rua estavam olhando.
— Agora some daqui! — gritei empurrando-o porta afora.
Ele se virou para mim e sorriu, seu cabelo estava cheio de espuma.
— Eu vou, mas eu volto.
Fiquei observando Justin ir embora quando ouvi risadas vindas da rua. Ah meu Deus, eu estava só de toalha e cheia de espuma e me viram expulsando Justin Bieber da minha casa, o que todos irão pensar? Aquilo era um verdadeiro suicídio social.
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