História After Harmony - Fazenda da Normani - Dia 3: Cor de marte

Lauren e Camila estavam deitadas na cama, nuas, seus corpos ainda quentes e suados, os corações ainda acelerados e as cabeças dando mil voltas de 360°. Elas não conseguiam acreditar na cena que - finalmente - acabara de acontecer.

 

~flashback on~

Camila nadou lentamente em direção à Lauren, que esperava em expectativa pela sua chegada. Camila parou na frente de Lauren e nem esperou nada, pois sua coragem poderia ir embora diante daqueles olhos verdes cintilantes que brilhavam em sua direção e tocou seus lábios no de Lauren. Lauren já esperava que aquilo poderia acontecer mas seu coração estava acelerado demais e sua respiração já dava sinais de falha. O beijo se iniciou lento, os lábios que já se conheciam muito bem ainda estavam tímidos e receosos. Lauren colocou suas mãos na cintura de Camila, a trazendo para mais perto, seus corpos extremamente colados se arrepiaram ao sentir o outro. Camila colocou seus braços nos ombros de Lauren enquanto ambos os lábios se deslizaram, se chupavam e se sentiam. Camila deu um gemido na boca de Lauren ao sentir a língua da outra entrar em sua boca. O sangue fervia sob a pele pálida de Lauren e sob a pele morena de Camila. Os dedos de Camila trançaram nos cabelos molhados de Lauren, puxando-a para mais perto.

— Camila… — Lauren sussurrou ao afastar os lábios dos da latina e encostaram suas testas, fechando os olhos já sentindo a sensação pura de luxúria lhe invadir os poros.

— Shhhh… — os lábios de Camila se converteram em um bico ao pedir silêncio. Os olhos estavam fechados e as mãos paradas sobre o pescoço pálido. — Não fala nada… — ela deslizou as mãos para mais baixo, puxando as mãos de Lauren que estavam sobre sua bunda por debaixo da água e as levou até seu peito. — Sente isso? Sente meu coração? A única causa dele bater desesperado assim é você. — Camila abriu os olhos com a testa ainda colada na de Lauren, a observando com os olhos mais cheios de paixão possíveis. Os olhos de Lauren estavam mais verdes que nunca, destacando-se naquele ambiente meio escuro e meio iluminado da piscina. Camila desgrudou suas testas e colou os lábios na orelha de Lauren sussurrando: — Vem comigo… me prova, me enxerga, me sinta, me cheira e se deixa em mim.

Lauren estremeceu ao escutar a voz rouca lhe sucumbir ao desejo mais luxuoso que existe.

Ela estava amedrontada mas observou a segurança que o olhar quente de Camila lhe dava e se sentiu segura também em se jogar sem medo nesse precipício. A morena dos olhos verdes respirou fundo, inspirando coragem e expirando todos os seus medos, pegou na mão da latina e disse segura:

— Vem…

Camila deu um sorriso tímido de lado e lhe puxou para um selinho demorado. Ao terminarem, Camila se virou para a borda da piscina, apoiando as mãos no mármore e elevando seu corpo, saindo da piscina e escutando o barulho da água lhe deixar. Lauren fez o mesmo, saindo do local e elas correram nas pontas dos pés pelo jardim, passando pela cozinha escura e subindo as escadas, deixando rastros molhados pelo chão. Camila a guiou para seu quarto e lá, trancou a porta e pronto, seria definitivo agora. Lauren a olhava apreensiva, jurava-se escutar ambos corações tamborilando pelo quarto, aquela afliçãozinha de primeira vez lhes arrodeavam mas elas não iriam desistir da chance que os destino parecia lhes dar.

Lauren deu um passo à frente, colocando as mãos na cintura fina da latina e a puxando para mais perto até seus corpos parecerem fundir. As mãos de Camila estavam passeando pelas costas da outra, fazendo Lauren arrepiar sob aquelas digitais que combinavam tão bem com a textura dela. Antes de se beijarem com a boca, elas estavam se beijando com os olhos, admirando cada mínimo detalhe do rosto e do corpo que a outra possuía e que o tempo fez questão de mudar. Camila não conseguia piscar de tão curiosa que estava ao analisar o rosto maduro e com algumas pequenas marcas de expressão que Lauren agora possuía no canto dos olhos e no canto da boca. O nariz continuava fino e pequeno, o piercing tradicional ainda estava lá. A boca, sempre rosada e gostosa estava curvada num sorriso tímido e lindo. As sobrancelhas, sempre grossas e marcantes, só davam ainda mais beleza para a parte favorita que Camila amava admirar: os incríveis olhos cor de esmeralda.

Lauren passava a analisar os traços latinos mais maduros de Camila. Os olhos inocentes de menina ainda estavam ali, nunca sequer mudou aquilo apesar de anos e dos sofrimentos que algumas coisas da vida lhe causava. Lauren passava a ponta de seu dedo polegar pela boca carnuda e rosada, sentindo a textura macia e Camila fechou os olhos, sentindo o carinho e beijou o polegar de Lauren.

Depois de passar alguns breve segundos com os lábios colados naquele polegar, Camila abriu os olhos e a tonalidade deles fez Lauren engolir em seco. Parecia que aquele olhar ganhara uma tonalidade diferente e que Camila tinha assumido outra personalidade. A latina abriu a boca e lambeu lentamente o dedo de Lauren e depois abocanhou, chupando e a encarando para provocar. Lauren sentiu um arrepio na espinha dorsal com aquilo.

— Todos os meus sentidos querem te ter agora...  

Camila sussurrou arrastado, olhando fixamente nos outros olhos, fazendo a barriga de Lauren tremer com um calafrio mas isso não a intimidou, fazendo-a puxar a latina para um beijo feroz e cheio de urgência, necessidade, saudade e carinho. Os estalos dos beijos ecoavam pelo quarto que estava à meia-luz e o clima estava levemente frio, pois Camila tinha deixado o ar-condicionado ligado antes de ir para a piscina. Mas o frio que que fazia não parecia ser sentido por elas, que estavam queimando por dentro de tanto desejo que estavam há dez anos acumulados.

Camila empurrava Lauren para cama e depois a empurrou, fazendo Lauren cair sob o colchão e o mesmo balançar com a colisão de seu corpo. Camila engatinhou pela cama e ficou de quatro em cima de Lauren ainda lhe encarando cheia de fome e tesão. Lauren levou suas mãos para o enorme volume traseiro da outra e apertou com força, depois, abraçou o corpo de Camila com as pernas e a puxou para baixo, fazendo seus corpos colarem na outra e sentirem seus sexos se encaixarem perfeitamente. Somente aquilo foi a faísca para a explosão que viria a seguir…

Camila começou a rebolar em cima de Lauren sentindo como a outra estava quentinha e pulsante. Lauren abriu mais suas pernas para senti-la mais enquanto suas unhas cravaram nas costas da latina. Camila segurou os pulsos de Lauren acima da cabeça e se esfregava nela, sentindo seus centros pulsarem com força e necessidade. Lauren gemia roucamente de olhos fechados enquanto Camila também gemia mas observava as reações da outra.

Lauren conseguiu se soltar das mãos de Camila e apertou os seios latinos com força, notando os bicos pontudos e intumescidos. Logo, Lauren se sentou, com a outra em seu colo, abocanhou um dos seios, chupando, mordiscando e rodeando a língua pelo mamilo da outra. Camila segurava a cabeça de Lauren e continuava a se esfregar nela. Lauren colocou as mãos mãos na cintura fina da morena, a suspendeu um pouco e elas trocaram de posição na cama. Lauren começou a beijar o pescoço e dava lambidas entre o vale dos seios à sua frente, lambia também barriga sempre lisinha de Camila. Ela colocou as mãos em nos seios, prendendo os mamilos entre os dedos, fazendo uma leve pressão. Camila sorria maliciosa, gostando daquilo. Camila pegou a mão direita de Lauren e enfiou os dois dedos em sua boca quente, chupando e lambendo de forma provocativa. Isso foi o suficiente para Lauren perder a cabeça. Ela retirou os dedos da boca carnuda e os deslizou por seu corpo, em linha reta, até parar onde as duas queriam. Lauren começou a massagear o clitóris e a sentiu bastante ensopada. Camila gemia sem tirar os olhos dela e mexia seus quadris, querendo mais contato. Camila puxou a outra para mais um beijo quente e gostoso, enfiando sua língua na outra boca, sugando toda a saliva. Lauren se esfregava nela e logo Camila a prendeu com suas pernas e as duas se moviam juntas. A latina cravou os dedos nas costas pálidas e arranhava de tanto prazer que sentia. Seus corpos ganharam própria vida, se enroscando e os ritmos acelerados sobre o outro, fazendo-as se desmancharem em mil pedacinhos e gemerem para a outra.

Camila mal esperou as respirações se regularem e voltou a beijar Lauren com vontade, sugando seus lábios com força, lambendo e mordiscando a pele do pescoço branco e descer com breves beijos para os seios e chupá-los com maestria e perfeição. Cada vez que ela rodeava sua língua em nos mamilos, Lauren sentia delírio e ansiava por aquela língua em outro lugar seu. Camila nem demorou na carícia ali e já estava colocando sua boca na boceta rosada de Lauren, passando e rodeando sua língua quente e gostosa no clitóris de sua amada, a fazendo gemer alto. Lauren levou suas mãos aos seus próprio seios, apertando-os, sentindo mais prazer ainda. A latina  enfiou sua língua bem ao fundo de Lauren, a levando a delírios jamais sentidos antes com outras pessoas. Lauren levou suas mãos em à cabeça de Camila e puxou seus cabelos molhados devagar, fechando os olhos, mordendo os lábios e gemendo num tom anasalado. Ela sentia os lábios de Camila prensarem em seu clitóris e os puxar com delicadeza para depois se sentir sendo penetrada delicadamente com um dedo e logo, dois dedos. Lauren respirou fundo e expirava gemendo manhosa. Camila inclinou seu corpo para frente, ficando cara a cara com Lauren, que lhe encarava com desejo.

— Meus dedos sentiram bastante saudades suas. — Camila sussurrou com um sorriso de lado.

— Ah é? — Lauren arqueou uma sobrancelha.

— É… — Camila a penetrava lentamente até o talo de seus dedos, a observando reagir sob suas investidas. — Saudades de te sentir quentinha e apertadinha assim, só pra mim… — Camila sussurrou na boca de Lauren, que mordeu o lábio inferior latino e puxou com força.

— Me come, me fode… me faça sua mulher novamente. — Lauren sussurrou gemendo no ouvido de Camila, para depois morder o lóbulo da orelha e puxar com delicadeza. — Eu te quero todinha dentro de mim.

Camila se arrepiou inteira e engoliu em seco. Lauren abriu mais as pernas, sentindo os dedos dela entrarem e saírem de forma gostosa em ritmos acelerados. Os gemidos das duas poderia ser a melhor melodia que a outra escutava.

— Oh, Cam-ila… — Lauren gemeu sofrida, cravando as unhas nos ombros morenos.

Camila gemia no ouvido da outra, vez ou outra a chamando de gostosa e falando coisas obscenas. E Lauren queria entrar nela também, então se virou um pouco de lado, ficando as duas frente à frente, e enfiou dois dedos em Camila, sentindo a boceta inchada, babada e quente. As duas estavam se penetrando, gemendo seus nomes, delirando de prazer e dando e se doando para a outra. Logo, Camila enfiou mais um dedo em Lauren, intensificando as estocadas, a fazendo dar gritinhos desesperado pelo quarto. O corpo de Lauren começou a se agitar e o de Camila também.

— Laur-

— Goza pra mim, Camz.

As duas intensificaram ainda mais os movimentos, os corpos tremendo e Camila mordeu o ombro de Lauren com força para abafar a vontade de gritar que tinha com o orgasmo que atingira. Lauren não demorou muito e gozou também nos dedos de sua mulher. Camila retirou seus dedos melados de dentro de Lauren e deslizou por todo o corpo branco até parar no pescoço e puxar para um beijo calmo. Depois disso, Camila deitou sua cabeça no peito de Lauren, escutando seus batimentos cardíacos desesperados e assim ficaram até as respirações se normalizarem.

Elas não falaram nada, não queria estragar o momento com alguma palavra errada. Camila levantou a cabeça e ficou a observar o rosto sereno de Lauren, que tinha o olhar brilhante, capaz de iluminar aquele quarto inteiro se apagassem a luz do abajur.

Camila estava incrivelmente linda com os cabelos desgrenhados e parcialmente molhados, seu rosto maduro, o olhar sensual e o sorriso de menina deixaram Lauren mais encantada que já era por ela. As duas ficaram se olhando por um longo tempo, se acariciando, até que Lauren a puxou para um beijo calmo e cheio de carinho. camren não souberam quanto tempo perderam ali naqueles carinhos cheio de provocações.

— Eu quero mais… — Camila sussurrou.

— Mais?

— Mais!

— Hum… como você quer dessa vez? — Lauren perguntou, arqueando uma sobrancelha.

— Agora eu quero um 69, bem gostoso.

Lauren sorriu maliciosa, concordando com a cabeça.

— O seu pedido é uma ordem, senhorita Cabello.

Camila sorriu, depositando um breve selinho nos lábios da outra e logo ficando de quatro e virada de costas para Lauren, dando-lhe uma bela visão da sua bocetinha rosada e sua bunda enorme. Lauren abriu suas pernas e logo sentiu os lábios carnudos em seu clitóris. Lauren passou a língua no vale entre as nádegas de Camila, penetrando aquele lugarzinho sensível com a língua. Camila rebolava em sua boca, gemendo feito uma vadia, pedindo mais e Lauren enfiava a língua o mais fundo que podia. Enquanto Lauren a linguava, ela massageava a boceta molhada de Camila com a mão e a latina teve que se apoiar na cama para se equilibrar. Camila gemia tanto, mas tanto, que Lauren achou que havia encontrado o melhor e mais sensível ponto g dela. Com as mãos, Lauren afastou cada nádega de Camila, a deixando mais exposta ainda para sua língua fazer todo o trabalho. Camila movia os quadris, rebolando na boca de Lauren.

— Porra, Lauren…! — ela gemeu enquanto levava sua mão em seu clitóris e se massageava enquanto sentia a língua de Lauren no seu lugar sensível. Ela urrava e se masturbava e Lauren se perguntava se havia momento melhor que aquele de Camila  morrendo de prazeres com ela, chamando por ela. Lauren estava tão excitada com os gemidos de Camila que sentiu seu centro se contraindo e seus quadris se mexerem descontrolados também. Camila percebeu a agonia da outra e voltou a chupá-la com vontade, se lambuzando e enfiando sua língua em Lauren.

Elas não iriam aguentar por muito tempo. Continuaram a se estimular até que Camila deu um gritinho sofrido, e Lauren sentir o gozo escorrer da boceta gostosa de Camila e sugou tudo daquele líquido precioso. Camila abocanhou toda a boceta de Lauren e puxou o clitóris com força, a fazendo gozar em sua boca e logo sentir a boca e língua latina lhe “secarem”.

Camila, ainda de costas, se sentou em cima de Lauren e depois se deitou em cima dela. Lauren a envolveu em seus braços e beijou seu ombro, sentindo o coração da outra  extremamente acelerado e a respiração pesada.

~flashback off~

 

Camila estava deitada de barriga para cima e Lauren estava deitada em cima dela, entre suas pernas. Elas agora trocavam carícias, beijinhos, olhares e sorrisos apaixonados. Lauren acariciava o maxilar de Camila com a ponta dos dedos, olhando fixamente as gotinhas de suor da testa da latina. Já Camila estava sonolenta, pescando.

— Não dorme… — Lauren pediu com a voz mansa e carinhosa, fazendo Camila abrir os olhos rapidamente.

— Você sugou minhas energias… — Camila sorriu travessa e fechou os olhos.

— Não dorme, fica mais um pouco comigo… — a vozinha de Lauren soava mais fina e baixa agora, quase uma voz de dengo.

Camila abriu os olhos, respirou fundo, lutando contra o sono.

— Olha pra mim…

— Por quê? — a latina perguntou.

— Porque eu amo seus olhos, Camz… Eles têm cor de marte.

Camila franziu o cenho e a fitou confusa.

— Cor de marte?

— Sim! — Lauren sorriu lindamente. — Você sempre dizia que meus olhos têm cor de esmeraldas… E, durante esses anos, eu me pegava pensando em você, nos seus detalhes até reparar que seus olhos são de um tom castanho tão intenso como a cor de marte… Principalmente quando você está em ambientes claros ou no sol… Quando a luz bate em seus olhos, seus castanhos se tornam avermelhados, feito marte e isso me deixava fascinada. Por todo esse tempo, eu só pensava em quando eu iria ver essa cor que tanto amo novamente…

— Agora pode ver todos os dias, se quiser…

— Eu quero! — Lauren sorriu largamente, fazendo seus olhinhos se fecharem e seus dentinhos brilharem sob a meia-luz.

Camila ficou encantada com aquele sorriso que, automaticamente, sorriu também, levando suas mãos ao rosto pálido e puxando para um selinho demorado.

— Eu senti tanto a sua falta… — a latina sussurrou com os lábios grudados no da outra.

— Eu também, Camz, eu também…

Lauren mordeu o lábio carnudo inferior da outra e puxou levemente, fazendo Camila sorrir travessa com aquilo.

Elas engataram num beijo cheio de carinho e devoção. Lauren chupava os lábios latinos com cuidado e Camila enfiava sua língua na outra boca, as duas sentindo suas línguas se enroscarem de forma gostosa, excitante, ritmadas. As mãos de Camila passeavam pelas costas de Lauren, fazendo ora carinhos, ora círculos com os dedos. A cumplicidade de seus corpos parecia combinado de tão perfeita. O jeito delas se rimavam. O tom albino da pele de Lauren contrastava com a pele morena de Camila. Os toques pareciam terem se escolhido para fazer casa.

Elas finalizaram o beijo devagar e Lauren afundou seu rosto na curva do pescoço moreno, sentindo o cheiro único de Camila e se deixou viver ali, naquele mundinho que ela sempre pertenceu mas que teve que ir embora e que agora estava de volta.

Elas logo adormeceram em meio aos carinhos e adoração à outra.

 

Domingo, 29 de julho de 2029 - 09:15

Normani acordou cedo e não conseguiu mais dormir. Depois de fazer sua higiene matinal e sair do quarto, ela topou com Ally saindo do seu quarto e fechando a porta com cuidado.

— Bom dia, Allycat!

— Bom dia, Mani!

Elas deram um abraço e Normani beijou o topo da cabeça da baixinha.

— Dormiu bem? Julian dormiu bem?

— Sim, sim! Dormimos muito bem e você?

— Bem também! — Normani começou a caminhar pelo corredor. — Vamos montar a mesa de café da manhã.

Ally e Normani caminharam pelo corredor, desceram as escadas e foram para a cozinha, onde uma das empregadas estava passando o café preto.

— Bom dia, Lice! — Normani saudou a senhora.

— Bom dia, Normani! Como vai?

— Bem, e a senhora?

— Bem também! Bom dia, dona Ally!

— Bom dia! E sem o “dona” por favor! Somos todas amigas aqui. — Ally sorriu simpática.

Ally, que adorava mexer com cozinha, logo ajudou Lice a arrumar a mesa enquanto engatavam numa conversa pararela. Uma outra empregada, mais nova, de nome Dena, apareceu na cozinha com roupas em mãos.

— Bom dia, senhorita Normani… Estas roupas são suas? — a mulher se aproximou, esticando os braços para Normani, que franziu o cenho.

— Não, não são minhas…

— Essas roupas estavam à beira da piscina e lá tá um pouco molhado, acho que alguém deve ter nadado pela noite…

Ally olhava fixamente para as roupas nas mãos de Normani e de Dena.

— Antes de dormir, eu esbarrei com Lauren e ela estava usando essa calça… E vamos combinar que essa camiseta enorme cheia de bananas só pertence à uma pessoa… — Ally disse.

Normally se olharam desconfiadas, e suas caras estavam impagáveis.

— Dena, pode deixar essas roupas comigo, eu dou um fim nelas. — Normani saiu da cozinha e caminhou diretamente para as escadas quando esbarrou em Dinah, que estava descendo.

— Porra… Mulher, não está me vendo não? — Dinah fez caretas, pegando seu celular que havia caído no chão devido à pancada.

— Desculpa, só estou meio atônita…

— Que houve?

Normani respirou e pegou a enorme camiseta branca cheia de minúsculas bananas estampadas, mostrando para Dinah.

— De quem você acha que essa camiseta seja?

Dinah mal bateu os olhos na roupa e já disparou: — Obviamente é da Camila.

— Certo… — Normani jogou a camiseta em seu próprio ombro e agora segurava a calça moletom numa mão e a regata na outra. — E essas roupas, de quem é?

Dinah analisou e parecia pensar.

— Creio que são de Lauren… Ela ontem foi no meu quarto antes de dormir e estava usando essas roupas… — Dinah fez caretas. — Por que está me mostrando isso?

— Dena encontrou essas roupas na piscina hoje cedo e relatou que a borda da piscina estava molhada… Tendo em conta que elas são donas dessas roupas e essas roupas estavam jogadas no chão do jardim… — Normani olhou desconfiada. — Suponho que elas andaram fazendo alguma coisa de madrugada...

Dinah arregalou os olhos e ficou estagnada.

— Normani Kordei, você não brinca comigo!!!!

— Não estou brincando!

Dinah deu um gritinho e colocou as mãos na boca para abafar os gritinhos.

— Que essas roupas são delas, já sabemos. Agora vamos tirar a prova final!

Normani subiu as escadas correndo e Dinah a seguiu. A morena foi diretamente na porta do quarto de Lauren e a viu semi aberta, abriu e viu que estava vazio, sem nenhum sinal dela ali. Depois, elas se dirigiram para o quarto de Camila, que estava com a porta trancada. Dinah quase teve um surto mas conseguiu se segurar, mesmo explodindo por dentro de alegria. Dinah colou o ouvido na porta a fim de escutar algo mas nada era audível.

— Pelo amor de Deus, diz que tem uma chave mestra para todos os quartos desta casa! — Dinah sussurrou alto.

— Não, Dinah. Deixa elas quietas… Se for para sabermos algo, elas vão nos contar! — Normani tentou soar séria e ética mas estava se coçando por dentro também.

— Qual é, Mani!? Não estraga minha vibe!

— Não e não! — Normani caminhou até seu quarto, abriu a porta e jogou a roupa lá. — Elas vão nos contar quando for a hora de sabermos. Vamos! — ela pegou na mão da loira e puxou, à força, ela dali.

///

Tempos mais tarde, Dinah, Normani, Ally e o pequeno Julian, que havia acabado de acordar, estavam à mesa, começando a se servirem do desjejum. Camila foi a primeira aparecer, com um sorriso largo no rosto.

— Bom dia, garotas! — ela foi até cada uma e beijou, para depois se sentar.

Assim que se sentou, Lauren apareceu, com sorrisos e os olhos brilhando.

— Bom dia, gente! — Lauren se sentou na cadeira entre Camila e Normani, logo se servindo de suco de uva.

— Dormiram bem? — Dinah perguntou, fitando as duas.

— Eu dormi maravilhosamente bem e você? — Lauren perguntou ao olhar para Dinah.

— Eu também dormi muito bem. — Camila disse despreocupada ao morder, em seguida, um pedaço de biscoito.

— Hum… Que bom!

Dinah só conseguia pensar em “Por que essas vagabundas não me contam logo??”.

Elas passaram o café da manhã conversando tranquilas e sorridentes. Camila e Lauren trocavam olhares e sorrisos, deixando tudo mais evidente, até mesmo para Julian.

— Tia Mila, você está feliz? — a voz infantil perguntava.

Camila não sabia que tipo de pergunta era aquela, mas respondeu mesmo assim.

— Estou bastante! — ela sorriu para o menino.

— Eu sei, estou te vendo brilhando.

Todas franzir am o cenho.

— Brilhando? — Camila arqueou uma sobrancelha.

— Aham! Uma vez, vi num filme que, quando nós estamos felizes, a gente brilha… E seus olhos estão brilhando e você está sorrindo muito… Isso significa que você está feliz. — ele concluiu.

Camila ficou sem palavras e Lauren sorriu com o ponto de vista do menino.

— Você é muito esperto, moleque! — Dinah falou. — Mas essa felicidade aí só é causada por um motivo… — Dinah deixou a frase solta no ar e Ally resolveu mudar de assunto antes que Lauren se sentisse incomodada.

Enquanto as outras conversavam, Camila puxou seu celular e ligou a internet, vendo várias mensagens de Troye.

 

Troye Sivan, 27 de julho, 20:41

Cadê tu???

 

Troye Sivan, 27 de julho, 23:58

Camila!!!!!!!

 

Troye Sivan, 28 de julho, 15:17

Affff

 

Troye Sivan, 28 de julho, 22:02

Trate de me responder logo!!! Rolou?

 

Troye Sivan, 28 de julho, 23:55

ME RESPONDE, PORRA!!!!!! ROLOU?

 

Camila sorriu ao ler as mensagens e então respondeu:

 

Camila Cabello, 29 de julho, 10:30

ROLOU DEMAIS!!

 

Camila sorriu ao mandar a mensagem e imaginou a cara que Troye iria fazer ao ler. Ela deixou o celular em cima da mesa para ver se ele iria responder logo.

— Sabe Normani, eu vi umas roupas jogadas na beira da piscina, você sabe de quem são? — Dinah alfinetou ao dar um gole no café doce.

Ally deu um risinho baixo e abaixou a cabeça, tapando a boca. Normani balançava a cabeça, rindo. Lauren olhou desconfiada para elas e Camila nem parecia se ligar nas indiretas da amiga, já que se encontrava centrada demais no celular.

— Roupas? — Normani entrou no joguinho de Dinah.

— Sim, encontrei uma camiseta bem grande com estampas de bananas e uma calça de moletom e uma regata na beira da piscina… — Dinah se fez de desentendida, colocando uma mecha dos cabelos louros cacheados atrás da orelha.

— Acho que deve ser de algum intruso… é bem normal aparecer gente estranha invadindo aqui e mergulhando na minha piscina… pode jogar fora, Dinah… ou taque fogo...

— Não!! — Lauren quase gritou. — Vocês não vão queimar minhas roupas.

Dinah fez cara de surpresa.

— Ah… são suas? — ela cruzou os braços.

Lauren não queria assumir que ela e Camila passaram a noite juntas, pelo menos não no momento.

— Camila? — Dinah chamou a atenção de Camila, que retirou os olhos da tela do celular e a fitou.

— Sim?

— Uma camiseta grande, branca e cheia de bananas são suas?

— Sim, são… por quê?

— Porque elas estavam jogadas na beira da piscina… a gente não sabia quem era o dono e a gente ia jogar fora.

— Não!! — Camila disse alto. — Pelo amor de Deus! Minha camiseta de dormir não!!!

— Então por que deixou a camiseta largada lá?

— Porque… porque eu quis nadar, ué.

— Lauren também nadou? — Normani arqueou a sobrancelha. — Porque as roupas dela também estavam lá.

Camila olhou para Lauren, que a olhava com uma cara pedindo silêncio.

— Se ela nadou, eu não sei… — Camila se fez.

— Hum… — Dinah fitava as duas como uma mãe brava esperando o filho confessar que fizera arte. — Vocês não têm nada para me contar?

Lauren e Camila se olharam com cara de quem não sabia o que estava acontecendo e negaram com a cabeça. Dinah e Normani reviraram os olhos, Ally repreendia um riso observando a cara de pau das outras quatro.

— Por que está rindo, mamãe? — Julian perguntou.

— Nada não, filho… só essas suas tias que são cínicas demais.

— Nunca me senti tão ofendida antes! — Camila disse ao pousar sua mão no peito.

Ally balançou a cabeça. Camila e Lauren já sabiam que as outras sabiam que elas passaram a noite juntas, mas continuaram caladas.

Depois do café da manhã, Julian quis ir na granja que tinha ali ao lado e Normani e Ally foram juntas levar o pequeno. Dinah estava no quarto, numa ligação importante com sua irmã Regina. Camren estavam na sala, onde Camila estava deitada na ponta do sofá preto em formato L e Lauren estava na outra ponta, extremamente focada num livro intitulado Vtopia. Camila não fazia ideia do que se tratava aquele livro, então, pegou o celular, jogou no Google o título e logo veio a informação:

“De Optimo Reipublicae Statu deque Nova Insula Utopia (ou Sobre o Melhor Estado de uma República que Existe na Nova Ilha Utopia) ou simplesmente Utopia é um livro de 1516 escrito por Thomas Morus (1480-1535). Escrito em latim, foi sua principal obra literária. O nome da obra, se originou do grego: onde ‘u’ é um advérbio de negação e ‘tópos’ significa lugar, portanto, refere-se a um ‘Não lugar’, portanto, um lugar inexistente, foi esse o modo irônico como o pensador batizou sua sociedade perfeita. A partir dessa obra, a palavra ‘utopia’ tornou-se sinônimo de uma sociedade ideal, embora de existência impossível, ou uma ideia generosa, porém, impraticável, dando uso mais amplo do então neologismo ‘utopia’.”

Camila fez careta ao ler aquele breve trecho de apresentação do Wikipédia e já soube de cara que o livro se tratava de Política, assunto da qual Lauren entende bastante. Camila saiu da página do Wikipédia e desligou o celular, fitando Lauren: ela estava sentada, usando uma calça jeans rasgada nas coxas, chinelos nos pés, uma blusa vermelha que mostrava sua barriga, de pernas cruzadas e o pé se mexendo constantemente. Lauren segurava o livro com as duas mãos, próximo ao rosto, como se quisesse adentrar na história do livro e viver naquele mundinho. Camila achou extremamente fofo a forma como o óculos de grau redondinhos estavam escorregando constantemente pela ponte do nariz de Lauren, fazendo-a levantar o óculos para o começo do nariz com a ponta do dedo mas o mesmo insistia em cair, tanto que Lauren desistiu de arrumar o óculos e deixá-lo na ponta do nariz. Os lábios de Lauren estavam ora comprimidos, ora sussurrando algum trecho. O cenho estava franzido e os olhos mal piscavam. Os cabelos estavam presos num rabo de cavalo. Camila estava maravilhada com a cena, achando incrível em como Lauren só sabia ficar mais linda a cada dia que passava. Era desses pequenos detalhes de que Camila sentia imensa falta. A latina ligou o celular e foi logo na câmera, focando em Lauren e tirou algumas fotos, usando uma em especial como lookscreen.

— Lauren?

Ela não respondeu.

— Lauren?

Novamente não respondeu. É, a história devia estar muito boa mesmo…

Camila sorriu e se levantou de onde estava, indo até Lauren, retirando o livro de suas mãos. Lauren olhou confusa para a outra e, quando abriu a boca para protestar por ter atrapalhado sua leitura, Camila se sentou em seu colo e a tomou para um beijo cheio de urgência. As mãos de Lauren, automaticamente, pararam diretamente na cintura fina e deslizou para baixo, para a enorme bunda. Camila chupava os lábios rosados da outra com gosto e carinho, enfiando sua língua quente na outra boca. Lauren passava sua língua na de Camila e alisava suas costas enquanto isso, depois uma mão parou na nuca de Camila e a outra ficou parada numa das coxas. Os estalos dos beijos e a respiração pesada delas inundavam aquele local. Dinah descia as escadas olhando para o celular mas logo viu a cena das duas se beijando no sofá e não pode deixar de sorrir. Ela abriu o twitter e postou “You don't understand that THEY ARE better together!”, fazendo uma adaptação da música de Fifth Harmony. Depois de postar a indireta, ela se aproximou silenciosamente das duas e logo gritou:

— Bonito!!! Que bonito hein!!!?

Camila e Lauren se assustaram, olhando desnorteadas para Dinah.

— Que cena mais linda! Será que estou atrapalhando o casalzinho aí? — Dinah fingia cara de brava e se sentou ao lado delas e as fitou. — Vocês não têm nada para me contar? — ela cruzou os braços.

Lauren pigarreou e Camila olhava para sua amiga com cara de paisagem.

— Isso foi só um acidente… — Lauren disse séria.

As três se olharam brevemente e caíram na gargalhada.

— Lauren e seus acidentes! — Camila riu, logo dando um beijo na bochecha da outra.

— Qual é, Dinah!? Vai me dizer que não sabia? — Lauren arqueou uma sobrancelha. — E aquelas indiretas no café da manhã?

— Só queria que vocês confirmassem…

— Bom, agora você viu com seus próprios olhos. — Lauren rebateu.

Dinah sorriu de lado.

— E aí? Como vocês estão?

— Bem demais…

— Eu estou ótima! — Camila sorriu.

— Que bom, meninas… — Dinah tinha os olhos brilhando para as duas. — E aí… vocês estão juntas…?

Lauren respirou fundo e Camila não tinha expressão alguma no rosto.

— Estamos só vivendo o presente, apenas isso. Sem cobranças nem obrigações. — Lauren foi direta.

Dinah assentiu.

— Entendi… mas fico feliz por terem se acertado. — Dinah sorriu sincera.

— É, a gente também! — Camila disse ao olhar para Lauren e as duas sorrirem e logo darem um sorriso.

 

///

 

Mais tarde, depois do almoço, elas acompanharam Normani, pilotando quadriciclos e indo para a beira do lago dentro das propriedades da fazenda, onde havia um deck na beira do lago. Ally, Julian ficaram sentado no deck enquanto Lauren e Dinah tomavam distância e corriam em direção ao lago, se jogando com força na água. Camila estava com seu fiel violão, tocando algumas notas de olhos fechados e cantarolando algum verso que viera em sua mente. Ela achou o verso e a melodia boas e puxou o celular para anotar as palavras que vinham em sua mente, isso se tornaria uma bela música mais tarde. Normani tirava fotos de todas e do ambiente. Dinah saiu do lago e pegou Normani pelo colo, a jogando no lago também. Ally e Julian mergulharam também, ficando mais ali na beirada e não arriscando a irem para o meio. Camila seguia compondo uma música. Lauren saiu do local que estava nadando e foi parar no deck, onde Camila estava.

— Camz? — ela chamou. — Não vai vir?

— Depois… fui pega pela música e não posso escapar quando letras e melodias vêm em minha cabeça, tenho que compor urgentemente antes que a ideia vá embora. — Camila sorriu.

— Entendi…

Elas trocaram um sorriso cúmplice e Lauren voltou a nadar, dessa vez, colocando Julian nas costas e tentando nadar com ele. O pequeno gargalhava e adorava as vozes e as brincadeiras que Lauren fazia para ele. Camila ficou de longe observando a interação dos dois, principalmente nos sorrisos que Lauren possuía estampados naquele rosto tão bem feito que parecia ter sido esculpido por deuses, e, logo uma frase veio à sua mente e ela fez logo questão de escrever na sua composição: “Às vezes, acho que devia te dizer mais vezes que te amo e que te quero mais que qualquer coisa…”. Depois de escrever o verso, ela largou o celular e o violão e mergulhou de cabeça no lago, indo em direção à Lauren e a puxando para um beijo urgente. Julian, que estava nas costas de Lauren, se soltou dela e se afastou um pouco, vendo as duas. Ele não entendeu a princípio mas achou normal ver as duas se beijando, pois Ally, uma vez, disse para ele que, quando duas pessoas se gostam, elas se beijam, independente se forem duas mulheres, dois homens, ou uma mulher um homem. Julian só sabia pensar que elas se gostavam muito e, observando um pouco, sorriu ao ver como as duas eram bonitas juntas. Ally, Normani e Dinah também sorriam com a cena. Era como se elas tivesse vendo um filme de romance que, no final, o casal protagonista finalmente se beijasse, fazendo todo o drama valer a pena.

— Eu te amo e te quero mais que qualquer coisa! — Camila sussurrou entre beijos.

Lauren sorriu tímida.

— Eu também te amo e você é a minha pessoa favorita no mundo inteiro.

 

///

 

Depois de passarem o dia no lago, depois de Camila e Dinah inventarem de subir em todas as árvores existentes naquela fazenda, depois de várias gargalhadas das outras e de várias fotos, Camren subiram no quadriciclo e decidiram ir para o campo de girassóis que tinha na divisa da fazenda de Normani com outra fazenda. Ao estacionarem, notaram o céu tornar-se alaranjado e, de longe, puderam ver os raios solares dando adeus ao dia. Elas ficaram sentadas no morro, onde tinham uma visão privilegiada do campo e do sol se pondo. Camila estava entre as pernas de Lauren, enquanto a mesma raspava seus dentes na nuca da  morena à sua frente, depois, depositou um beijo no rosto de Camila e as duas fixaram o olhar para o sol. Não era necessário falarem nada, aquele silêncio era confortável e já dizia tudo. Camila, pela primeira vez na vida, depois de tanto tempo, sentiu paz consigo mesma e com a vida. A loucura do showbizz, a briga com Lauren anos atrás e o afastamento com as outras a fez passar um belo tempo infeliz e depressiva, e a única coisa que lhe fazia bem era seu melhor amigo Troye. Mas sempre parecia faltar algo e aquilo que ela precisava, estava bem ali, grudada no pescoço dela e lhe causando as melhores sensações. Ela fechou os olhos e sorriu, agradecendo aos céus por ter se encontrado depois de tanto tempo e fazer Camren acontecer novamente. De repente, ela começou a sussurrar palavras que vinham feito tiros de metralhadora pela mente:

 

Ô amor, me fala tudo sobre o mundo

Que eu não consigo debater

Me apresenta tuas opiniões

Deixa eu lhe convencer

Que tu é o ser mais bonito

Que eu tive a sorte de conhecer

E agora que tá aqui comigo

Não vai mais não

 

Ô amor, se tu prometer ficar

Te canto todos os dias

Todas as alegrias

Que você me presentear

Juro café da manhã preparar

Dar-te mil beijos pra te acordar

Me deixa cumprir

É só não ir

 

É que amor

Em você encontrei o meu melhor, e não

Consigo amarrar um outro nó com alguém

Além de ti, meu bem, não sei por que

Meu dengo

Eu consigo planejar todo um futuro

Do teu lado e parece tão seguro

Me envolver

E sentir

E querer

Teu amor

 

Se tu não quiser ficar

Te canto todos os dias

Todas as alegrias

Que não vamos compartilhar

Juro não mais tentar te encontrar

Dar-te o espaço pra me apagar

Não me deixa cumprir

É só não ir

 

É que amor

Em você encontrei o meu melhor, e não

Consigo amarrar um outro nó com alguém

Além de ti, meu bem, não sei por que

Meu amor

Eu consigo planejar todo um futuro

Do teu lado e parece tão seguro

Me envolver

E sentir

E querer

Teu amor.

 

Lauren escutava a letra e sorria. Camila se virou para ela e lhe olhou nos olhos. A tonalidade do verde estava clarinho e a pupila pequenininha devido à claridade. Camila se permitiu mergulhar naquele imenso verde e tomou os lábios da outra para um beijo calmo e lento. Elas se deitaram no gramado daquele morro e ficaram trocando carícias, tanto que que perceberam que a noite já estava presente e o céu iluminado pela lua e estrelas também. Lauren queria dormir ali mas Camila não, tinha receio de algum bicho ou animal aparecer. Então, as duas montaram no quadriciclo e Lauren pilotou de volta para a fazenda de Normani, estacionando o mesmo na enorme garagem e entrando pela cozinha, onde as empregadas preparavam o jantar. Elas subiram para o quarto de Camila e decidiram tomar banho juntas sem malícias mas com muitos beijos.

Um tempo depois, desceram e foram jantar com as outras, conversaram sobre tudo e todos. Normani começou a contar sobre o lançamento da coleção da sua marca NK e convidou as meninas para o desfile que seria no mês seguinte. Dinah também resolveu contar que logo iria gravar o piloto da série que iria protagonizar e Ally dizia que o novo álbum das Flowers Girls iria ser lançado no final do mês seguinte. Lauren e Camila estavam em silêncio, apenas degustando da comida e trocando carinhos o jantar inteiro.

Ao terminarem a refeição, todas foram parar no futon da varanda da enorme casa, engatando em outros assuntos. Lauren estava deitada no colo de Camila, recebendo carinhos no cabelo parcialmente molhado enquanto a latina estava mexendo no celular, logo rindo para a tela do objeto.

 

Troye Sivan 22:45

ROLOU??? PORRA DO CARALHO!!!!!!!

 

Camila Cabello 22:46

SIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIM!

 

Troye Sivan 22:50

LIGA ESSE SKYPE AGORA!!!!!!!! QUERO TE VER!!!!!!!

 

Camila deu uma gargalhadinha, clicando no ícone do Skype e logo recebendo a chamada do seu melhor amigo.

— Ei, Príncipe! — Camila sorriu.

“Ei, Mila!!” — Troye sorriu. Ele estava usando o capuz do moletom na cabeça mas os cachinhos da sua franja estavam em sua testa. Os enormes olhos azuis brilhavam e o sorriso também. — “Já estou com saudade!”

— Príncipe, fala oi para as meninas! — Camila virou a câmera para as outras que começaram a saudá-lo.

— Ei, Troye!! — Ally sorriu e deu tchau.

— Oi, lindo!! — Dinah sorriu.

— Tudo bem, Troye? — Normani sorria largamente.

— Fala, Troye!! — Lauren o saudou.

“Oi, meninas! Saudades de vocês!!” — a voz rouca e grave de Troye ecoava. — “Gostaria de estar aí com vocês!”

— Deveria ter vindo! — Normani disse.

“Tive e tenho bastante compromissos por esses dias… na próxima eu vou!”

— Vem mesmo! Vamos marcar já!

Troye sorriu e concordou com a cabeça. Camila virou a câmera do celular para ela e se levantou do futon, indo para seu quarto.

— Pronto, agora podemos fofocar! — Camila sorriu.

“Tô com saudade de você, sapatão!”

— Sinto sua falta também!

“Agora me conta tudo, quero detalhes!!!”

Camila revirou os olhos sorrindo.

— Ok… a gente transou ont…

“ALELUIA!!!!” — Troye gritou, interrompendo-a. — “Lauren comeu o pãozinho?”

— Para com essa porra de pãozinho! — Camila riu. — Mas sim, Lauren comeu demais… e eu também comi bastante.

Troye comemorou.

“E aí, como vocês estão agora?”

— Então… não sei. Estamos bem, mas não estamos juntas. A gente tá só… curtindo.

Troye assentiu.

“Entendo perfeitamente.”

— Mas é diferente dessa vez, sabe? Sinto que estamos bem, que estamos conectadas… é como se as mesmas sensações que ela me causava antigamente voltassem com força e mil vezes mais intenso… acho que, se a gente for com calma dessa vez, pode dar certo…

“Então vão com calma!”

— Já estamos indo. — Camila sorriu.

“Boa garota!”

— Mas me conta, como estão as coisas por aí?

Os dois começaram a conversar por um tempo, até que Lauren bateu na porta e entrou, se sentando atrás de Camila e beijando-lhe a curva do pescoço. Troye sorriu ao ver a cena.

“Não acredito que Camren is real!”

Lauren deu um risinho.

— Camren foi real, é real e sempre será real. — Lauren disse com convicção.

Troye, num ato dramático, se jogou no chão e começou a gritar:

“Oh, meu Deus!!!! Finalmente Lauren assumiu Camren!!! Oh, meu Deus!!! Eu sabia que esse dia chegaria!! CAMZ DA LOLO!!!” — ele fazia caras e bocas para a câmera, fazendo as duas rirem.

— Que cena! — Lauren sorriu.

“Desculpa, é que esperei isso por muito tempo!” — ele se levantou do chão e se sentou em algum lugar. — “Agora falando sério… estou feliz por terem se acertado… você nem sabe, Lauren, mas esse tempo todinho Camila sofreu demais por sua causa. Agora é sua obrigação consertar os pedaços dela e já deixo um recado que, se você fizer ela se foder de novo, eu mesmo te caço e acabo com sua vida!”. — ele disse muito sério.

Lauren assentiu com a cabeça.

— Pode deixar, Troye, a gente vai seguindo juntinha, se acertando aos poucos até chegarmos no mesmo denominador. Eu a amo e quero fazer certo dessa vez. — Lauren disse sincera enquanto Camila arregalou os olhos animada e surpresa para a câmera.

“Acho ótimo!”

As duas sorriram.

“Agora eu preciso sair, só liguei mesmo para dar um oi”.

— Tchau, Príncipe, amanhã a gente conversa. — Camila se despediu.

— Tchau, Troye, fica bem.

“Tchau, meninas, e esfreguem muito essas bocetas uma na outra. Paz e amor”. — ele encerrou a chamada.

Lauren deu uma gargalhadinha com a frase dele e balançou a cabeça.

— Comédia demais esse cara.

— Mas se bem que, o que ele disse, eu quero fazer mesmo. — Camila disse enquanto desligava o celular e deixava de lado, se virando para Lauren, cruzando suas pernas ao redor do corpo da outra.

— Fazer o quê? — Lauren franziu o cenho.

Camila sorriu, jogando seu cabelo de lado e fitando a outra.

— Quero esfregar nossas bocetas.

Lauren deu uma gargalhada alta, fazendo seus dentinhos brilharem e seus olhinhos se fecharem. Camila sorriu e ficou encantada com o riso de Lauren.

— Nem sei quantas vezes eu já perdi o ar em te ver sorrir… — ela sussurrou, acariciando o rosto branco com a ponta dos dedos e deu um beijinho demorado. — Amo o fato das nossas bocas caírem tão bem uma na outra.

— É que fomos feitas sob a mesma moldura… nos pertencemos. — Lauren concluiu ao apertar a cintura de Camila.

Elas sorriram uma para a outra, se admiraram com o olhar e caíram em beijos e seus corpos, agora nus, se aninharam um no outro da forma deliciosa que deveria ser. Depois de se amarem intensamente, os corpos quentes, suados, as pernas emboladas e os cabelos bagunçados, depois de se mergulharem na imensidão da outra, elas perceberam que tem coisas que estão programadas para acontecer. Elas perceberam como a ironia do destino é interessante e as fizeram enxergar que como é lindo a forma como o céu começa a se limpar depois de uma tempestade… como se dissesse que, depois que aquelas nuvens cheias se esvaziam, tudo voltava a ganhar cor.

O mundo antes estava em tempestade e agora Camren era feito de cores.