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História Incerto - Não posso perdê-la


Escrita por: Anne015

Notas do Autor


Olá pessoas! Espero que gostem desse cap. Se puderem comentar se estão gostando eu ficaria muito feliz, acho que me guiaria melhor com as opiniões de vocês.
💜💜

Capítulo 39 - Não posso perdê-la


Não conseguia tirar os olhos da carta. Ele tinha deixado todos nós. Foi ainda mais difícil saber de tudo vindo de suas palavras. Estava ofegante, era muita coisa para processar. Ainda estava com raiva dele, com raiva por ele ter ido embora sem se despedir pessoalmente. Imagino como Eadlyn está lendo a sua carta, lendo o que ele disse dela. Como ele tem coragem de ir embora e ainda apontar os defeitos de alguém? Nunca pensei que ele fosse fazer isso, nem imaginava.

Fui consumida por outro ímpeto selvagem de raiva. Peguei a primeira coisa quebrável que vi e joguei contra a parede com toda a minha força.

Estava tremendo. Como estaria a minha mãe? E meu pai? Ele nos abandonou por ela. Acabou com todos nós por ela. Nos deixou por causa daquela princesinha metida.

Não percebi que Anabelle ainda estava lá. Seu susto me trouxe de volta à realidade. Havia me esquecido completamente que ela ainda estava ali.

Ainda ofegante disse:

- Me desculpe.

- Pode deixar que eu limpo.

- Eu ajudo, não queria assustar você. - engoli em seco e contei para ela - Ele... ele foi embora. Ahren foi embora. - disse me abaixando e pegando alguns cacos de vidro.

- O quê? - disse claramente surpresa também pegando os cacos.

- Fugiu com Camille.

Depois que terminamos, comecei a andar de um lado para o outro no quarto. Estava inquieta, não conseguia pensar e nem sabia o que fazer. Não poderia impedir, era isso que eu não poderia fazer. Estava feito.

Me sentia sem chão.

- Ainda não sei como a rainha autorizou - continuei - Como ela iria autorizar uma coisa dessas?! Como iria deixar o mari...companheiro de sua filha largando a própria família, sem nem ao menos sem despedir?! 

- Ele se casou com ela? - perguntou e eu assenti. - Então quando Camille assumir o trono ele se tornará rei? Vai comandar o país ao seu lado? - perguntou ainda surpresa.

- Não, ele não será rei. Com Camille na linha de sucessão, Ahren é príncipe-consorte, agora seu dever é com a França. Illéa não passa do país onde ele nasceu.

- Como estão seus pais? Desculpe a pergunta.

- Chocados, principalmente minha mãe. Ela está muito abalada - Acho que devo ir ver os dois, não vai adiantar nada ficar aqui.

Ela ajeitou o meu cabelo todo bagunçado, e desamassou o vestido. Sequei os últimos requisitos de lágrimas, parecendo forte de novo. Algo que jamais estaria em um momento como esse.

- Pronto. Precisa parecer forte. - disse me abraçando.

- Só pareço mesmo. O que estou com voltade de fazer agora é chorar até inundar o quarto. - ela deu um risinho fraco -  Você é muito boa pra mim, sabia?

- Fique calma, sua família precisa de você.

Assenti e saí do quarto meio derrotada. Fui em direçao ao quarto dos meus pais e vi Eadlyn sair do mesmo. Seu rosto estava um pouco inchado, mas parecia forte. Às vezes queria ser como ela, mesmo sabendo que ela estava destruída com tudo isso. Tentava lidar com tudo ao mesmo tempo.

- Eles não estão aqui, acabei de ver - sua voz estava engasgada. Meus olhos começaram a marejar de novo, mas tentei ao máximo não deixar que aquelas lágrimas caíssem. Ele não merecia minhas lágrimas.

Ela me abraçou e percebi que estava chorando baixinho no meu ombro. Apesar de tentar aparentar que estava tudo bem, que não se importava, ela não conseguia. Acho que nesses aspectos nós éramos bem iguais.

Depois de se recompor ela disse: 

- Preciso contar pros nossos pais sobre a carta que Ahren me escreveu. Ele fez isso por amor, queria pelo menos tentar viver uma fração do amor dos nossos pais. - Não acreditava no que ela estava dizendo.

- É sério que está protegendo ele? Que perdoa ele? Ele nos abandonou e você fala que é correto só porque ele quer viver uma "aventura de amor?" - fiz sinais de aspas nas últimas palavras.

- Estou tão decepcionada com ele quanto você, mas entendo uma parte disso. - ela ficou quieta por um tempo - A parte que foi a minha culpa.

Não conseguia dizer nada. Ela estava defendendo ele? Bufei, mas não falei nada. A última coisa que eu queria fazer hoje era brigar com alguém. Nem se fosse com Ahren eu teria forças para isso.

Os dois não estavam na sala de jantar nem no escritório do meu pai nem no quarto da minha mãe. Os corredores estavam estranhamente vazios. Não havia um único guarda à vista.

- Oi? - Eadlyn gritou para a pouca luz no corredor - oi?

Por fim, um par de guardas apareceu no fim do corredor.

- Graça a Deus! - disse um deles - Vá até o rei e diga que a encontramos.

O segundo guarda disparou pelo corredor, enquanto o primeiro nos encarou e respirou fundo antes de dizer. 

- As senhoritas precisam me acompanhar até a ala hospitalar, Altezas. Sua mãe teve um ataque cardíaco.

Fiquei sem fôlego. Não sabia o que fazer. Ele falou baixo, mas parecia que estava gritando nos meus ouvidos. Não sei como, mas disparei o mais rápido possível até a ala hospitalar. Não sabia aonde estava Eadlyn, provavelmente fazendo o mesmo.

Não não não não não não não não não não não não não não não não não não não não não não não não não não não não não não não não não não não não não não não não não não não não não não não não não...

Era só o que eu conseguia pensar. Não podia perder mais ninguém. Não poderia perde-la. Uma das pessoas que eu mais amava no mundo. A pessoa que me acolheu quando eu mais precisava, cuidou de mim desde o momento que me pôs os olhos, me amou mesmo não me gerando. 

Não conseguia me lembrar da última vez que diz que a amava. Precisava dizer a ela, precisava dizer a ela mais uma vez.

Na entrada da ala hospitalar, tia May estava sentada ao lado da Madame Marlee, que parecia orar. Osten não estava presente, ainda bem, mas Kaden estava lá, esforçando-se muito para parecer corajoso. A srt. Brice, que é a assesora e secretária de meu pai, também estava lá andando em círculos em um canto. Mas toda a gravidade do momento estava personificada no meu pai.

Ele estava agarrado ao general Leger, segurando-o como se sua vida dependesse daquilo. Chorava escancaradamente, eu nunca tinha visto algo tão doloroso.

- Não posso perdê-la. Não sei... Eu não...

General Leger segurou seus ombros.

- Não pense nisso agora. Temos que acreditar que ela vai ficar bem. E você precisa pensar nos seus filhos.

Meu pai concordou com a cabeça, mas acho que ele não seria capaz de obdecer.

- Pai? - Ealdyn o chamou vacilando a voz.

Meu pai se voltou para ela e abriu os branços. Ela o abraçou e chorou sem se preocupar em parecer forte.

- O que aconteceu?

- Não sei querida. Acho que a partida de Ahren foi demais para ela. Problemas cardíacos são comuns em sua família, ela estava muito ansiosa nos últimos dias...

Não consegui ouvir o resto. Me apoiei na parede e fui deslizando até o chão. Chorei como nunca, nem na morte de Isaac eu chorei tanto. Foi um choro doloroso, parecia um animal ferido, não conseguia me controlar. Não poderia perde-la, nós não podíamos perde-la. Nesse momento senti mais raiva de Ahren, se não fosse por ele...

Não conseguia nem manter uma linha de pensamento sem ser interrompida por um soluço, ou por mais choro. Balançava tanto os meus ombros que parecia que estava tento uma convunção. Fiquei pensando se mesmo ela lá dentro daquela sala, inconsciente, podia ouvir o meu choro. 

Sempre para mim o amor era como se fosse uma cela. Que me prenderia a ela e não me faria pensar direito. Talvez fosse mesmo, mas eu precisava dessa cela. Senti a dor da partida de Ahren, a dor de ver meu pai sentindo dor, a dor de perder um irmão por mais que ele me odiasse, a dor de ser abusada, a dor se estar perdendo minha única mãe. Essa coisas me deixava enfraquecida, parecia que eu estava morrendo um pouquinho por todas as pessoas à minha volta. Todos que sofriam eu me extilhaçava um pouco mais. Sabia que tinha que ser forte, assim como Eadlyn, mas nesse momento não queria pensar mais em nada. Só na dor que não cessava.

Ouvi passos, ciente que uma multidão se aproximava. Quando levantei os olhos, olhei o rosto de cada selecionado surgindo no corredor.

Kile olhou para Eadlyn e disse:

- Viemos orar.

Os olhos de Eadlyn se encheram de lágrimas, e ela assentiu com a cabeça. Os rapazes se espalharam pela sala de espera.

Kile chorava abraçado com Erik pela minha mãe. Ean estava firme, Hale roía as unhas, Henri inclinou-se para a frente do banco com os cachos pendendo sobre os olhos. Fiquei feliz por eles estarem aqui nos dando apoio, de alguma forma ele aproximaram ainda mais nossa família.

Meu olhos passaram por todos os rostos, mas se fixou em um. Fox vinha na minha direção e se sentou ao meu lado. Me abraçou meio sem jeito, mas foi o suficiente para me desmanchar ainda mais. Não me importava de abraçar ele aqui, todos estavam muito abalados para perceber alguma coisa.

Já perdia a conta por todas às vezes que ele me consolara. Ficava acariciando o meu cabelo enquanto estávamos desintegrados no chão. Quando ele me largou percebi que ele tremia um pouco, ele queria mais contato. Não queria que fosse só um abraço sem jeito. Eu também queria estar chorando em seu ombro por mais tempo.

Observei meu pai e o modo como estava desesperado e inconsolável. Os dois continuavam profundamente apaixonados, isso era algo que nem o tempo cessou. Era evidente em tudo: do quarto que compartilhavam, o modo como se preocupavam um com o outro, além de estarem sempre se provacando e se paquerando, mesmo depois de tanto tempo juntos.

Não sei se um dia eu vou sentir o que eles sentem um por outro ou o que Ahren sente por Camille. Mas eu quero sentir alguma coisa. Quero poder ter alguém para me ajudar a dormir sem pesadelos, quero alguém que massageie os meus ombros depois de um longo dia de trabalho, que não se importe com a minha aparência ou o modo como meu nariz escorre enquanto eu choro. Sei que estou pedindo demais, mas não quero me esconder sob uma máscara, quero poder contar os meus sentimentos para alguém sabendo que vai me entender. 

Olhei para a pessoa que estava ao meu lado esperando por respostas, assim como eu. Não o sentia como um estranho, sentia que ele estava mais próximo de mim do que qualquer pessoa. E isso não me assustava mais. Não mais.

Entrelacei nossas mãos, discretamente, desejando desesperadamente que esse sentimento aumentasse cada vez mais em mim.


Notas Finais


Espero que tenham gostado! Comentem aí o que acharam, ok? Até o próximo 💜💜


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