Suga não sabia onde Tao morava. Estava sem o celular. E achar o lugar onde o agente morava não seria fácil. Por esse motivo que pediu ajuda à Jooheon.
-Pensei que você não queria...
-Pensou errado. Vai logo.
Jooheon voltou a olhar para a tela.
-Você podia muito bem só perguntar o endereço dele. Não precisava de tudo isso.
Suga bufou. Seu celular estava em seu quarto. E JHope estava lá. Não iria voltar. Já sentia vergonha suficiente de si mesmo para impedir de cometer o que tinha acontecido outra vez.
Jooheon fechou a boca.
E o notebook apitou.
No mapa, havia a localização do celular de ZTao, onde ele estava, onde provavelmente morava.
-Você quer que eu anote...
Suga já estava na porta do quarto do amigo.
-Cuide do JHope pra mim.
Jooheon nem pôde perguntar mais nada. Suga desceu as escadas correndo. Com as mesmas roupas a dias, sem pentear os cabelos, sem ver a luz do dia, Suga saiu as pressas de casa.
Tao estava em casa. Após uma noite de bebedeiras, teve de ser carregado por W. Era feriado. Folga. Ambos estavam autorizados a dormirem mais tarde. Quando insistentemente a campanhia tocou, ele levantou em um grunhido. A cabeça pesava. Seus pés desordenados foram até a porta.
-Já vai. - disse baixo, como se a pessoa do outro lado o ouvisse.
Abriu a porta.
Suga desviou o olhar para ele. Para o peitoral. Quando levantou o olhar, seus olhos brilharam.
Tao estava de olhos cerrados e coçou os cabelos.
-Yoongi?
-Oi.
-O que merda você tá fazendo aqui?
Tao colocou a cabeça pra fora, procurando por mais alguém.
-Tá sozinho?
-Tô.
-Merda.
Tao puxou ele para dentro e trancou a porta.
-Não pôde vir aqui desse jeito.
-Eu não avisei. Foi mal.
Tao coçou os olhos, bocejando.
-Que você quer?
Suga encarou-o com total certeza de que a explosão que sentia era culpa dele.
-Ficamos alguns dias sem nos ver.
-Sim, e daí? Tava com saudades?
-Não.
Sim.
Yoongi fechou-se. Cruzou os braços e olhou ao redor.
-Gostei do apartamento.
Tao ainda encarava o chão. Os problemas voltaram em um turbilhão. Sua cabeça piorou. Ele andou até a cozinha, procurando a aspirina.
-Tenho que te falar uma coisa. - o agente disse.
Suga o seguiu, sentando na mesa de quatro lugares, acomodando-se e verificando a cozinha americana de olhos atentos.
-Hã? Fala.
Tao encheu um copo d'água. Sentia um desespero urgente. Não queria vê-lo embora. Entretanto, estava passando por um crise. O agente novato Jaebum abriu uma investigação secreta contra ele e W. Estavam sendo vigiados. Provavelmente, haviam escutas em seus telefones. Localizadores em seus carros. Pessoas o seguindo à qualquer lugar... Já sabiam que Agust estava ali em seu apartamento. Era um ponto à mais para JB, que teria um argumento à mais para comprovar o caso dos dois.
Agente Z. sabia de suas obrigações. Não deixava Suga interferir em seu trabalho, na justiça que ardia em chamas em seu coração. Aquela era a sua vocação, o seu sonho de menino que tinha se realizado. Ele não estragaria por nada.
Ele precisava de tempo para respirar. Formulando as palavras em sua mente, ele apoiou-se no balcão. De cabeça baixa, os braços tensionados nas laterais da pia.
-Você está bem?
-Eu que deveria perguntar. - Tao disse, em um tom rouco, quase engasgado.
Ele queria chorar, no fundo. Queria chorar, pois sabia que o que iria fazer machucaria mais ele do que Suga.
Tao virou-se para Suga, que estava sentado na mesa e sentou-se à frente dele.
-Você não está nada bem.
-Eu? Você acabou de tomar duas aspirinas.
-Não é hora de falar de mim.
-Você sumiu.
-Você também.
Tao encarou os olhos profundos de Suga, as manchas escuras debaixo de seus olhos, a palidez severa que o atingia. Era anormal o abatimento daquele cara. Ele sempre parecia tão vivaz que encontrá-lo assim era sinônimo de decadência.
-Eu... passei por maus bocados. - Suga tentou explicar. - Fiquei sem comunicação.
Tao franziu o semblante. Pensava que ele estaria resolvendo de punhos e dentes a situação de suas boates. Ele olhou para baixo, para as próprias mãos que brincavam consigo mesmas.
-Também passei por maus bocados.
Suga estava na mesma posição, ereto, de cabeça erguida. Mas no fundo, queria dizer que estava se desarmando em saudades. Que queria beijá-lo. Pensar nisso lhe traria dor de cabeça. Suga massageou a lateral das têmporas, tentando aliviar a pressão.
-Você bebeu ontem. Parece que não foi tão ruim.
Tao sorriu leve, lembrando amargamente do motivo de ter bebido tanto.
-Eu não peguei ninguém. Se é o que quer saber.
Suga engoliu a seco.
-Vai falar o que aconteceu? - Yoongi quis desviar desse assunto.
Tao olhou para ele, para a camisa amassada e o pescoço vermelho.
-Acho que você se divertiu sem mim. - Tao falou, apontando para o começo de suas costas amostra.
Suga arrumou-se, engolindo a seco.
-Eu pensei que...
-Não foi nada.
-Foi sim. Eu vi. Tem um arranhão atrás.
Suga o encarou. Tao devolveu o olhar.
-Pensei que tínhamos...
-Alguma coisa?
E pensar que Tao tinha se livrado passado. Tinha desvencilhado-se de Kris para tentar começar algo com Yoongi, mesmo que fosse errado. Ele arriscou a própria carreira para estar ali.
Sua cabeça doeu ainda mais. Não podia contar com a lealdade de Suga. Questionava-se se era certo iludir-se daquela forma. Ele coçou os olhos, tentando achar uma solução para a dor de cabeça. Pelo menos isso.
-Não temos nada sério, Tao.
-Eu sei. É que eu pensei... - Suspirou. -Caralho, esquece. Esquece. Foda-se. Me dá mais um motivo.
-Motivo? Pra quê?
Tao abaixou a cabeça.
-Não podemos nos ver mais.
Suga endureceu a expressão.
-O quê? Por que?
Tao não queria. Era óbvio que amava aquele filho da mãe mesmo achando que o tinha traído. Entretanto, não podia ignorar ps sinais de que tudo estava desmoronando ao redor deles. Deveriam afastar-se, principalmente porque o tal Jaebum estava na cola deles.
-Porque sim.
-Não vou me afastar de você porque disse que sim. Me dê um motivo.
Tao bufou, apertando os dedos contra os olhos. Céus. Que dor de cabeça.
-Vai embora, Suga.
-O quê?
-VAI EMBORA, MERDA! Como você achou que eu ia me envolver contigo?
Suga o olhava, ainda não entendendo o que estava acontecendo.
-Que porra você tá falando?
-Você é um traficante e eu um agente. ENTENDEU AGORA? VOCÊ MERECE IR PRA PRISÃO. EU SÓ TAVA SOLITÁRIO QUANDO PEGUEI VOCÊ.
Yoongi levantou-se.
-OK.
JHope parou de soluçar. Com o coração despedaçado, a dor da cabeça pesada, fez com que ele procurasse o celular de Yoongi. Precisava telefonar para alguém.
Em um ato irracional, com a raiva consumindo o seu ser, JHope discou. Não era o que queria, era o que precisava. Suga o tinha usado durante todos esses anos e mesmo isso sendo normal em sua profissão, sentia-se especialmente traído pelo chefe. Ele levou a mão trêmula até o ouvido.
-Luizy?
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