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História Ai no kotoba - Epílogo II - Amo


Escrita por: Airu-

Notas do Autor


Olá :3
Nesse dia chato e morno de votações, cá estou para o segundo e penúltimo (mas já não tinha rolado? -q) epílogo de Ai. Uau, esse foi um desafio, mas acho que consegui dar conta do recado.

Eu tenho uma política de postagens de acordo com visualizações e tempo. Mesmo que essa meta não tenha sido atingida, estou postando porque não sei quando irei postar o próximo outra vez. Admito que fiquei super chateada com o retorno do primeiro epílogo, mas é como se isso realmente estivesse previsto, o pessoal pensou que teria lemon no final e desde o começo. Não escondo de ninguém meu real interesse em fazer isso. A esse pessoal, apenas um aviso: segundo as regras do site, yaoi e yuri é obrigatoriamente +18, com ou sem lemon.

Eu queria agradecer aos comentários do último capítulo, juro que vou arrumar tempo pra responder! Muito obrigada!

No mais, esse capítulo tem uma passagem de tempo de alguns meses, não chega a ser um ano. E tem música recomendada: Epik High - Habit.

Capítulo 20 - Epílogo II - Amo


- É nesse momento que você diz “deveria ver como está o outro cara”?

- Só... só me deixe entrar...

Assenti, abrindo espaço na minha porta para que ele entrasse. Não só na minha porta, mas em outros lugares também.

Droga.

Passei mais algum tempo refletindo na porta, o que significava aquilo. O que estava significando aquilo para mim, e para ele também. Eu pensava por nós dois.

Eu estava perdendo o controle da situação. Outra vez.

Com a mente ocupada por pensamentos, fechei a porta e voltei para a sala. Akira – ou Reita, como ele havia me mandado chama-lo, desde aquele dia -, estava sentado no sofá, com a cabeça entre as pernas. Era tarde da noite, e com certeza eu teria que me explicar com o porteiro sobre a política de pessoas desconhecidas sem autorização no prédio pela manhã. Droga, só sobrava para mim.

Takanori, seu coração por acaso tem o radar quebrado?

- Você deveria parar de correr atrás daquela garota, sabe que digo a verdade quando falo que ela não gosta mais de você. – falei, passando para a cozinha. Vasculhei nas gavetas um pano para usar como bolsa de gelo. Fui até a geladeira, sentindo a presença dele no cômodo. Enquanto eu usava a pia para colocar o gelo no pano, Reita puxava uma cadeira e se sentava. – O que foi dessa vez?

- Não fui atrás dela. – ele murmurou quando lhe entreguei a bolsa de gelo improvisada. – Eu caí de moto.

Minha expressão caiu drasticamente. Agora era um marmanjo rejeitado pela namorada e trapalhão o bastante para sofrer um acidente sozinho.

- Droga, Reita, por que não me avisou antes?! – subitamente desesperado, desci o olhar sobre si, examinando seu rosto ligeiramente arranhado, indo para as mangas de seu casaco fino procurando por machucados. – E ainda esse casaco horrível. Está chovendo e frio lá fora, até quando vai ficar se negligenciando?

- Tudo bem, mãe, estou bem.

- Grande coisa, seu bosta. – dei um tapa fraco em sua cabeça. Ele resmungou, fazendo uma careta de dor e fechando os olhos. – Sabe que eu me importo contigo o bastante para não te querer machucado por aí.

Só me dei conta da burrada que tinha dito quando notei que estava sendo observado por tempo demais. Reita me encarava com uma expressão ligeiramente confusa.

- Quer dizer – me apressei a dizer -, você só me dá trabalho quando chega desse... – seu olhar continuava preso em mim, minando minha vontade de falar e me estimulando a desviar o olhar. - ... desse jeito. E-eu vou pegar u –

- Espera. – disse, fazendo meu peito dar um súbito disparo. Droga, droga.

Não era daquele jeito que eu esperava finalmente me declarar com Akira, mas na minha vida, nada saía exatamente do jeito que eu planejava. A experiência com Yuu tinha sido dolorosa o suficiente, mas era claro que meu coração gostava de me fazer praticamente implorar por um olhar mais digno de um homem. Meu coração claramente gostava de me fazer sofrer por pessoas que eu não tinha a absoluta certeza de que valiam a pena.  

- O que?

Ele me encarou por algum tempo. Mesmo que meu olhar implorasse para que ele deixasse aquele comentário passar batido – como os tantos outros que já deixei no ar -, parte de mim queria dar um basta em toda a história.

- Lie, não é nada. Desculpe.

- Pelo quê?

- Por... Por ter vindo aqui à essa hora.

- Não sei porque está se desculpando, sempre volta a aparecer no mesmo horário. – dei de ombros, me afastando em direção a sala. Um pouco de TV não cairia mal.

Liguei a TV e sentei no sofá, buscando o controle remoto. Suspirei, trocando os canais de forma rápida e indiferente. Eu estava tentando me manter calmo e pensar como um ser humano racional e calculista.

Quando minha vida havia virado um capítulo de Super Nanny?

Primeiro, Yuu, me fazendo bem e alimentando meu amor cultivado por anos, seu jeito encantador e hábito cruel de sempre correr atrás das pessoas erradas. Não era atoa que ele era ídolo de tanta gente no colégio. Pessoas que fazem esse tipo de coisa existem aos montes por aí. Ele poderia até montar uma escola, e eu seria seu aluno mais aplicado.

Agora, a bola da vez era Akira.

Voltando até pouco tempo atrás, quando ver a felicidade de Aoi e Shima sufocava meu peito e trazia uma amargura latente em minha boca, acabei – por desespero – num bar onde encontrei Reita acompanhado de seu chefe, Uke Yutaka. Eu queria beber até perder os sentidos, mas o loiro havia me reconhecido e ocupou meus ouvidos de desculpas a noite toda. Eu sei que tinha seu número há mais tempo, mas nunca cheguei de fato a encontra-lo no restaurante. Não tive coragem o bastante para demonstrar meu interesse por ele, até que...

Até que ele viesse ao meu encontro quase todos os dias.

Havia tantas questões nos envolvendo, mas eu não conseguia responder nenhuma. Enquanto isso, meu sentimento por ele se desenvolvendo cada vez mais e mais. Não era mais aquele clima de flerte barato e sem envolvimento. Eu estava me perdendo em Suzuki Akira, e não sabia o que poderia resultar daquilo.

Eu estava... gostando dele, de verdade.

Droga, droga. Não, não podia ser. Tinha que ser Yuu, desde o início. Tinha que ser Yuu. Nenhuma outra pessoa poderia tomar o lugar que ele possuía dentro de mim. Por isso... por isso que doía tanto vê-lo feliz com outra pessoa.

Tinha que ser ele. Tinha que ser eu.

- Sabe, acho que temos muita coisa em comum.

- O que está dizendo, bastardo idiota? – o encarei com irritação.

- Só estou dizendo que temos muita coisa em comum. – ele me devolveu o olhar, se endireitando no sofá. – Inclusive, em questões sentimentais.

- Não achei que tivesse levando meus conselhos a sério. – Reita deu de ombros, mas desviou o olhar para frente. – Esqueceu mesmo daquela garota?

- Não. – sorri, irônico. – E você, esqueceu o Yuu?

Meu sorriso morreu na mesma hora. Meu peito bateu violentamente perante a menção do nome de Yuu. Encarei-lhe com os olhos estreitados.

- O que você quer dizer com isso?

A conversa havia chegado a um nível perigoso. Nunca falávamos de mim. Reita chegava decepcionado, triste, falante, mal-humorado, sarcástico ou contente, mas nunca entrava em algo que se referisse a mim. E falar de Yuu como se soubesse de tudo – quando não sabia, não pela minha boca -, era uma novidade essencialmente desagradável.

Ele continuou com aquela postura descontraída e irritante. Eu estava quase o xingando quando ele subitamente se inclinou na minha direção, praticamente colado ao meu corpo.

- Acha que eu sou idiota?

- Você bebeu vindo pra cá? – agradeci mentalmente por minha voz não ter saído tremida ou assustada. Ser encurralado no seu sofá é algo excitante, mas não quando não existe consentimento por parte alguma. – Você...

- Acha mesmo que eu não sei que você estava correndo atrás de mim por causa do Yuu? – ele inquiriu, aumentando o tom de voz. Seu hálito de bebida estava me causando náuseas. O que ele pretendia fazendo algo como isso? Como eu não tinha notado que ele tinha bebido?

Eu estava suando. Precisava tomar uma atitude. Meu controle, meu controle estava...

- Vai embora, Reita. – fechei os olhos, tentando conter meu corpo tremulo de medo. – Vai embora, vai embora agora!

Ele hesitou, afastando o rosto do meu. Ficou me encarando, talvez porque não tivesse entendido direito. Parecia ter acordado de um transe.

- Você não me ouviu?! – gritei, erguendo-me e levantando. – Vai embora!

Reita me encarou assustado por mais alguns segundos, até que levantou desajeitadamente e um tanto lento demais. Ficamos frente a frente. Ele abriu a boca para falar, mas não saiu nada. Abaixei a cabeça, ainda tremendo.

- Ruki, eu –

- Meu nome é Matsumoto Takanori. – murmurei, cortando-o. – Por favor, vá embora daqui.

Não estava olhando quando ele se afastou, e nem quando ele alcançou o corredor, abriu a porta e saiu. Ao ficar novamente sozinho, olhei para o sofá, peguei o controle remoto e mirei para a TV.

- O show acabou.

[...]

- Tem certeza de que não quer vir com a gente?

- Sim, tenho. – Yume assentiu, sem fazer mais perguntas. Apenas abaixou a cabeça, voltando a ler o livro que estivera arrastando consigo uma semana inteira. Suspirei, coçando a nuca. – Eu sei que estava te devendo essa, mas e –

- Tudo bem, Taka, eu sei. – não, ela não sabia. Ninguém sabia. – Poderia ao menos se esforçar para contar uma bela mentira.

- Droga, Yume, sabe que eu não estou mentindo. – me defendi, atingido e irritado. Minha cabeça estava latejando, e a tentativa de Yume de se passar por vítima estava me irritando o suficiente. – Não acha que está na hora de resolver seus próprios problemas?

Ela ergueu a cabeça do livro, me encarando com uma expressão indignada.

- É assim que você me vê, como uma criança? Eu só queria que me acompanhasse na entrega do diploma, estupido insensível. – disse, se levantando subitamente. Socou o livro com violência na bolsa, jogando-a sobre o ombro. – A criança vai resolver seus problemas de agora em diante.

- Tomara que na recepção da cerimonia tenha um calmante te esperando.

- Vá à merda. – ela grunhiu, recolhendo a cadeira e saindo.

Soltei um risinho, mesmo que rápido. Minha cabeça estava nas nuvens, eu não teria condições de ir a lugar nenhum que não fosse meu trabalho ou para casa. E no trabalho, eu lutava para conseguir finalizar meus relatórios e documentos relacionados à projetos sem erros; evitando pensar muito e focalizando em uma coisa por vez. E mesmo assim, eu continuava pensando naquele dia.

Amanhã seriam duas semanas sem as rotineiras visitas de Reita, e daquela noite tumultuada e confusa para ambos os lados. Não era culpa dele ter se excedido na bebida – não de um todo -, e não era exatamente aquilo que tinha me atingido. A verdade era que seus questionamentos entravam justamente num campo que eu não queria entrar.

Será mesmo que meus sentimentos estavam tão bagunçados a ponto de usá-lo para chegar a Yuu? Não, não, eu não era desse tipo. Eu não faria algo do tipo com ele.

Mas... por que isso o incomodou tanto? Será que ele se sentia usado? Usado como eu me senti após ver Yuu voltar para os braços de Kouyou mesmo que eu tivesse o orientado para não voltar?

Você sabe. Você sabe que está sendo egoísta.

Levantei do assento, pegando minha mochila e recolhendo a cadeira. Fui até o caixa, paguei pelos cafés e deixei a cafeteria sob pingos grossos de chuva. Ao olhar para o céu, praguejando baixinho por ter esquecido o guarda-chuva, senti meu celular vibrar no bolso. Pegando-o rapidamente, vi que eram duas mensagens. Uma de Yume, e outra de Reita. Meu coração batia tão forte que podia senti-lo na boca. Ansioso, abri a mensagem.

“No ZiZ hoje à noite? Precisamos conversar. ”

Revirei os olhos, mas na verdade sentindo minhas pernas praticamente pesarem. Não era preciso ser muito inteligente para saber do que se tratava aquela conversa. Mas...

“Tudo bem, depois do meu expediente. E nem pense em inventar alguma. ”

Guardei o celular, mas antes que eu pudesse andar, ele tocou de novo.

“Já aprendi a lição, mãe. ”

- Babaca.

[...]

Não tinha sido minha melhor ideia, provavelmente eu me arrependeria depois. Quer dizer, eu já estava arrependido de ter topado o maldito convite. Mas se isso fizesse o aperto no meu peito e a ansiedade desaparecerem num passe de mágica, até para beber eu estaria disposto.

ZiZ era um pub que ficava na parte menos agradável do bairro. Olhando para a fachada onde o letreiro piscava menos no “i”, fiquei pensando no que tinha dado em mim para ter ido. No que tinha dado em mim naquele dia em que conheci Reita e seu chefe gracioso. E ter me sentido atraído por ele, perdendo minha paz.

Suspirei, decidindo de uma vez acabar logo com aquilo e entrar.

Não foi muito difícil localizar o loiro. Ele estava numa mesa mais afastada, próximo a mesa de sinuca vazia. Lembrei num estalo de que estávamos em plena quarta, e isso explicava o fraco movimento. Além da mesa ocupada por Reita, só havia um cara bebendo na bancada em frente ao painel de bebidas, nem o garçom estava presente.

- Pensei que você não fosse mais vir. – comentou assim que me sentei. Haviam dois copos vazios a sua frente.

- Só você mesmo para ter escolhido esse lugar. – revirei os olhos, largando minha bolsa na cadeira ao lado.

- Eu gosto daqui. – ele passou a olhar em volta, quase sonhador.

Não respondi, ainda o encarando.

- Tudo bem, já entendi. – Reita sorriu de canto. – Vai beber alguma coisa?

- Hm, não. Na verdade, eu tô meio cansado. Se puder ser breve. – vi Reita assentir, talvez um pouco desapontado. Em outra ocasião, eu não teria sido tão duro, mas não via outra escapatória. Eu tinha que agir assim, e dar tudo como terminado.

- Tudo bem... eu... eu queria pedir desculpas por aquele dia.

Assenti, não deixando de me sentir tocado pelo pedido. Mesmo que Reita gostasse de bancar o durão – e eu já tive provas suficientes disso -, seus olhos e sua expressão demonstravam uma sinceridade absurda e genuína. Reita era o tipo de cara que se expressava de uma forma limpa, ainda que as vezes fizesse rodeios irritantes ou jogasse frases no ar.

Suspirei, encarando-lhe.

- Eu sei que... eu sei que não tenho o direito de me meter na sua vida. Eu fui rude e impensado. – ele uniu as mãos na mesa, brincando com os dedos. – Acabei misturando tudo e verbalizando meus pensamentos na hora errada.

Continuei calado, sem saber o que responder. Takanori, seu coração mole. Mole, estupido, sem senso de direção e totalmente desprovido de inteligência.

- Se você pensa assim de mim, então temos um baita de um mal-entendido aqui, não é? – ele assentiu, sem dizer nada. – Eu não estava te usando ou algo do tipo.

- É, eu sei.

- Então por que pensou? Acha que pode vir me jogando insinuações vazias quando não temos absolutamente nada? Aliás, por que disse aquilo? O que sabe sobre mim?

Droga, eu tinha bancado o papagaio de novo. Reita se remexeu na cadeira, desconfortável. Eu tinha essa capacidade.

- Foi o Yuu que me contou. Ele me fez jurar que eu não contaria pra mais ninguém, nem pro Kai. Sei que não é da minha conta toda essa história, mas eu comecei a juntar alguns fatos e... – Reita voltou a ficar ereto, passando as mãos pelo rosto. - ... só... só me desculpe.

O silencio que se sucedeu era estranho e incomodo. Eu estava confuso à medida que tentava entender por que Yuu ainda não tinha comentado com Kouyou a verdade. Senti uma pontada de ciúmes direto no meu estomago. Por que Akira?

- Não fique com raiva dele por isso, fui eu quem perguntei. – voltou a falar, me tirando do transe.

- Quando... por... por que fez isso?

- Porque eu queria saber mais sobre você. – comecei a ficar desconcertado pelo olhar intenso que me era direcionado. A droga do lugar não tinha um ar condicionado mais potente? – Desde quando você apareceu no restaurante, de repente, eu não paro de ficar curioso a seu respeito.

Curiosidade. Ele não cansava de me surpreender. Eu só não sabia se podia dar aquilo como algo positivo.

- No início, eu só queria me desculpar por ter sido idiota na sua frente, mas... – ele olhou para mim, dando um sorriso sem jeito. Eu estava quase me jogando nele, tamanha fofura. Como eu era um estupido. – Eu não sei explicar, só não quero ficar brigado com você.

Passei as mãos no rosto, lutando contra meu coração acelerado. Nenhuma grosseria ou arrogância conseguiria desfazer o sorriso de Reita. E o pior: eu não queria ser mais grosseiro.

- Sabe, eu sou um grande idiota. Tanto te critiquei por estar amarrado naquela garota, mas quando se trata do Aoi, eu não consigo andar dois passos sem pensar que ele deveria estar comigo, não com o Shima. – sorri, amargurado. – Será que é assim que as coisas tem de ser? Viver com tantas sombras, isso não faz meu tipo. Mas... não é algo que você pode facilmente lutar.

De repente, aquela sensação outra vez. Era um misto de irritação, decepção e um pouco de tristeza. No fundo, eu queria ser melhor que aquilo. Queria poder encarar a felicidade de Yuu como algo bom, porque ele estava cada vez mais empenhado em melhorar e fazer Uruha melhorar. Por que aquele lance de “amar é ver a pessoa feliz, mesmo que não seja com você” não estava funcionando? O que tinha de errado comigo para não me conformar com a felicidade do cara que eu mais amava?

Por mais que eu quisesse, não conseguia odiar Shima, porque também gostava dele. Era um bom homem, apesar de ter feito Yuu sofrer. Talvez fosse por isso que eu ainda não me conformasse completamente. Havia sempre um “ele não te merece” pronto para sair da minha boca quando Aoi me ligava.

- Não tem nada de errado com isso. – ele sorriu, estendendo o braço na mesa. Olhei aquele gesto, perguntando-me o que ele queria que eu fizesse. – Eu já me senti assim por muito tempo, mas no fim foi uma coisa boa. Posso enxergar outras pessoas, pessoas bem melhores do que ela.

Que meu rosto não esteja vermelho. Que ele não esteja entregando meu estado. Droga, eu estava sorrindo. Eu estava constrangido e sorrindo.

- O que é isso? Uma cantada?

Seu braço continuava estendido na mesa, a palma virada na minha direção.

- Só se você quiser que seja.

[...]

- Olha a hora. Cacete, eu tenho uma reunião as 9h! – Reita estava rindo, andando mais adiante na rua. – Reita, do que diabos está rindo? A ideia da loja de conveniência foi sua!

- Eu estava com fome, e você também. – ele parou de andar, esperando que o alcançasse. Tudo estava deserto, a madrugada fria fazendo meu nariz pinicar e meus olhos lacrimejarem.

- É, mas são 3 da manhã. – resmunguei, cruzando os braços. – Yutaka-san deve ser muito compreensivo com você, pra ter esses hábitos.

Ele não respondeu, mas seu sorriso não desmanchou. Continuamos andando lado a lado até o final da rua, o silencio agradável somado ao barulho das sacolas na mão de Reita. A imagem da sua mão estendida para mim na mesa do ZiZ não saia da minha cabeça. Isso significava que ele também estava sentindo aquela mudança que eu tanto temia?

Yuu, estou errado em tentar superar você?

- Oe.

- O que foi?

Ele estava de frente para mim, sorrindo daquele jeito outra vez. Nos encaramos, e só pude ouvir o barulho das sacolas caindo no asfalto antes de sentir seus lábios colados nos meus. Eram gelados, me causando um arrepio desconcertante e inesperado. Eu estava com os olhos abertos de choque, mas acabei os fechando, entreabrindo os lábios para sentir mais daquilo.

O beijo se aprofundou, suas mãos subiram dos meus ombros para meu rosto quente. Quando abri os olhos novamente, sorri cúmplice, encantado com o sorriso sem jeito de Reita.

Na minha imaginação, qualquer pessoa que eu passasse a gostar, veria Yuu; porque eu o queria mais do que a mim. Se a beijasse, estaria beijando Yuu. Se estivesse sorrindo, seria Yuu sorrindo para mim. Se me amasse, estaria amando Yuu, um pedaço de mim.

Mas quando os dedos finos tocaram meu rosto mais uma vez, eram os dedos quentes de Reita no meu rosto. Quando aquele sorriso se mostrou, era Reita sorrindo, aquecendo meu peito. E quando se inclinou para me beijar outra vez, era ele que eu estava vendo. E de repente, era como se sempre fosse ele quem deveria estar fazendo aquilo.


Notas Finais


O que dizer aqui? Wah, não sei. Habit é uma ótima música -qq

Pelo menos ninguém esperava que o coração do nosso baixinho fosse tão cheio de espinhos, né? Ninguém é tão compreensivo quanto parece.

Só pra constar, ZIZ é uma banda e é do Kozi (ex-Malice Mizer). Peguei emprestada por um tempinho, mas a banda é boa e vale a pena ouvir.

Nos vemos no final?


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