- Capítulo Quinze
“Novo Grupo”
Luiz e Paulo continuaram caminhando por entre as ruas inundadas.
Eles precisavam continuar até chegar à rua da rádio, onde talvez encontrassem pessoas vivas... ou não.
A correnteza da enchente estava começando a ganhar força, chegando a incomodar a caminhada.
A água batia na metade da coxa de Luiz Araújo, e isso começou a preocupá-lo.
As ruas de frente para o pátio de eventos da Sulanca eram espaçosas e compridas. Algumas chegavam a ser tão longas que mal dava para se ver direito o que tinha do outro lado.
Palmares tinha crescido muito com o tempo, e se modernizado em alguns aspectos também.
As moradias começaram a aumentar com as facilidades adquiridas, quase todas as ruas foram asfaltadas e a cidade finalmente tinha voltado a crescer, mas a doença que havia surgido destruiu tudo.
A Lyssadyceps arruinou a raça humana no pouco tempo de vida que teve.
Talvez a doença fosse uma resposta da natureza às intensas agressões humanas ao meio ambiente.
Talvez simplesmente fosse o destino dos seres humanos sofrer tanto, ou então... só Deus saberia.
O que mais importava naquele momento para Luiz e Paulo era encontrar a sede da rádio.
Eles já haviam passado da terceira rua, tentando se manter ao máximo em silêncio.
A maioria das casas que tinha ali era de primeiro andar ou até mesmo segundo. Várias delas tinham belas varandas com vidro e outras eram rústicas.
Contudo, boa parte era de moradias simples.
- Estamos chegando perto... – cochichou Paulo, começando a ter dificuldades de se locomover rapidamente na água barrenta.
- Tenha cuidado! Sei que não dá pra ver onde se pisa, mas tente arrastar seus pés o máximo que der, pois já vi vários casos de pessoas que caíram em buracos em enchentes. Arrastando os pés dá pra perceber se tem chão na frente ou não! Mas se pisar com tudo, pode ser sugado pelos bueiros! – avisou Luiz, mantendo a voz baixa.
Paulo acenou com a cabeça e tirou a franja loira molhada da frente do rosto.
A chuva tinha aumentado ainda mais.
As trovoadas continuavam incessantes.
Mesmo que falassem alto não seria tão fácil de os infectados rastrearem eles, pois o barulho das gotas das chuvas batendo na água era ensurdecedor.
- Se ainda tivesse eletricidade estávamos fudidos... e os infectados também! – afirmou Paulo, segurando firme o pé de cabra que tinha trazido consigo.
- Não me diga! – ironizou Luiz Araújo, abrindo um leve sorriso.
- Ah cara... não enche!
Os dois rapazes continuaram andando até chegar na frente da quinta rua.
A placa na esquina já anunciava: “RUA ANTÔNIO RIBEIRO”.
- Chegamos... deveríamos esperar o Isaac ou...
“BANG!”
Paulo foi interrompido pelo barulho de um disparo de arma de fogo.
- Puta merda... isso vai atraí-los! – afirmou Luiz, sacando a sua pistola com a mão esquerda e segurando firme o facão com a direita.
Ele tinha razão.
“ROAAAARGH”
O barulho do tiro ecoou por entre as ruas vazias, se distinguindo do som da chuva e atraindo a atenção de qualquer monstro em vários quilômetros.
A Cohab I sempre foi muito populosa.
E se tinha algum lugar em que eles definitivamente NÃO deveriam fazer barulho, esse local era ali.
Mas a merda já tinha batido no ventilador.
- OLHA ISSO... MEU DEUS! – avisou Paulo, perplexo com o que via.
Parecia surreal.
Um calafrio tremendo varreu o corpo inteiro de Luiz Araújo, indo da espinha até o último fio de cabelo.
Ele sabia que nunca mais veria uma cena daquelas.
Depois que o tiro foi disparado, passou-se um segundo e nada aconteceu.
Mas logo após isso, a gritaria começou.
Centenas de infectados começaram a pular das casas de todas as ruas.
Seria impossível contar de um por um, mas de uma coisa os dois homens sabiam: aquela horda era a maior que já viram em toda a sua vida.
Os gritos desesperados e assustadores dos monstros começaram a ecoar, e de repente vários deles já tinham se reunido pelas ruas alagadas.
Eram muitos.
Alguns pulavam do primeiro e segundo andar, outros saíam de vielas escuras e outros apareciam do nada de dentro das casas, correndo na direção do som que escutaram.
Definitivamente tinha sido Isaac o autor do disparo.
Aquela merda que ele tinha feito talvez fosse impossível de ser consertada.
Agora os sobreviventes estavam com um problema gigantesco nas mãos.
Eles tinham que improvisar.
“ROARG, ROOOOAR”
Os infectados mais próximos perceberam a presença dos dois seres humanos que estavam ali e partiram para cima deles.
Três monstros atacaram Luiz, enquanto que Paulo lidava com outros dois.
- NÃO ATIRE NELES OU CHAMAREMOS A ATENÇÃO DA MAIORIA! NÃO ATIRE! – ordenou Luiz, desesperado e guardando sua pistola na parte traseira da calça.
Mas não adiantava.
Quanto mais eles matavam, mais chegava.
Luiz Araújo golpeou com o facão três vezes, acertando duas no rosto de um dos monstros, que caiu sangrado.
Paulo acertou um belo golpe no pescoço de uma infectada, decepando metade do membro e matando ela na hora.
E a batalha continuou.
Os dois rapazes golpeavam e socavam incessantemente os infectados que apareciam.
Sorte deles que a maioria estava correndo na direção de onde Isaac tinha atirado.
“BANG! BANG! BANG!”
- AQUI! AQUI, SEUS PORRAS! – gritou Isaac, bem distante de onde estava Luiz e Paulo.
O militar estava tentando atrair a atenção do máximo de infectados que pudesse para poder salvar a vida dos amigos que ele mesmo tinha colocado em risco.
Luiz entendeu a manobra do amigo na hora.
- E AGORA? – indagou Paulo, acertando a clavícula do último infectado perto dele com o facão.
- AGORA A GENTE CORRE PARA A SEDE! – respondeu Luiz, empurrando o quinto infectado que o atacava para o lado.
O cansaço era mais um inimigo deles.
Os ombros de Luiz Araújo queimavam de tanto golpear, e seus braços também.
Ele já estava quase sem forças.
- VAMOS! VAMOS! – disse Paulo, acertando em cheio o infectado que tentava morder Luiz.
Uma imensa horda de doentes desesperados corria até o estabelecimento em que Isaac estava.
O militar deveria saber muito bem o que estava fazendo, pois tinha no mínimo mais de mil monstros correndo para lá.
Por sorte Luiz e Paulo estavam passando despercebidos da maioria, mas de vez em quando um ou outro enxergava a presença deles.
- ESTAMOS QUASE LÁ! – falou Luiz, apontando para uma placa enorme no fim da rua que dizia “RÁDIO CIDADE NOVA”.
Nessa rua tinha bem menos infectados do que tinha na principal da Sulanca.
Isaac estava literalmente fodido se não fugisse a tempo.
No fundo Luiz Araújo confiava no militar, e torcia para que ele desse um jeito de escapar.
Mesmo assim... eram mais de mil infectados!
Isaac teria que ter algum “Plano B”, ou então...
- MEU DEUS... – disse Paulo, parando bruscamente.
Agora não teria mais Isaac para salvar ninguém.
Eles estavam sozinhos.
- E agora?
Os dois homens tinham entrado na quinta rua, mas o que eles não esperavam era que no final dela havia outra horda.
E essa horda também estava correndo atrás do barulho do tiro.
Contudo, para a horda passar para a Sulanca, teria que passar pelo mesmo caminho que Luiz e Paulo.
Eles não tinham muitas alternativas: se voltassem, dariam de cara com a horda anterior, com mais de mil inimigos. Se continuassem, teriam que lidar com mais uns quinhentos monstros sedentos de sangue.
As chances não eram nada boas.
A fraca correnteza conseguia atrapalhar e muito os doentes, que tentavam correr desesperadamente e caíam uns por cima dos outros.
Luiz e Paulo não sabiam o que fazer.
E para piorar, a água barrenta do rio já estava batendo na cintura deles.
- JÁ SEI! VEM COMIGO! – falou Luiz Araújo, puxando a manga do moletom de Paulo.
- MEU DEUS... MEU DEUS... VAMOS MORRER... VAMOS MORRER... ELES ESTÃO CHEGANDO... NÃO TEMOS SAÍDA! – choramingava Paulo, sem parar.
“SLAPT!”
Ao ver o desespero do amigo, Luiz deu uma tapa no rosto dele.
- PARE COM ISSO E ME SIGA! DESESPERO NÃO VAI AJUDAR EM PORRA NENHUMA AGORA!
As ruas estavam alagadas e a horda se aproximava a cada instante.
Os monstros estavam a mais ou menos uns sessenta metros deles.
- O QUE VAMOS FAZER? O QUE VAMOS FAZER? – perguntou Paulo, se tremendo por completo.
Luiz também estava uma pilha de nervos, mas ele não podia se dar o luxo de entrar em desespero. Não ali, não naquele momento.
- A ÁGUA ESTÁ SUBINDO A CADA MINUTO QUE PASSA! E TEMOS DUAS HORDAS DE INFECTADOS CHEGANDO, UMA NA NOSSA FRENTE E OUTRA MAIOR AINDA NA RUA DE TRÁS! TEM SOMENTE UMA ÚNICA CHANCE DE SOBREVIVER! – falou o rapaz, segurando o braço do amigo com força.
- SÓ ME DIGA O QUE FAZER!
- ESTÁ VENDO OS CARROS? VAMOS PARA DEBAIXO DELES AGORA! NÃO PODEMOS RECUAR NEM AVANÇAR! E SE ENTRÁSSEMOS NAS CASAS CHAMARÍAMOS MUITA ATENÇÃO! – disse Luiz, finalmente.
Paulo entrou em desespero de vez.
- NÃO! VAMOS NOS AFOGAR! NÃO TEM SAÍDA! VAMOS MORRER! VAMOS MORRER! – gritava ele, atraindo mais atenção ainda.
- NÃO VAMOS MORRER PORRA! SEGURE FIRME NA MINHA MÃO! E VAMOS ESPERAR A HORDA PASSAR! É NOSSA MELHOR CHANCE!
Paulo não sabia o que fazer.
Ele começou a chorar, mas seguiu Luiz assim mesmo.
O tempo perdido com a discussão só fez com que a horda se aproximasse ainda mais.
Agora os monstros estavam a poucos metros deles.
- DESÇA! – ordenou Luiz, encostado ao lado de uma Chevrolet S10 com água enlameada batendo nas portas.
Não tinha outro jeito.
Ou eles iam para debaixo da caminhonete ou então morreriam estraçalhados pelos infectados.
- NÃO ME SOLTE! – pediu Paulo, prendendo a respiração e descendo para debaixo do veículo.
Luiz deu uma última olhada para a horda violenta e implorou a Deus para que eles não fossem inteligentes o suficiente para procurar ali embaixo.
Ele puxou o máximo de ar que conseguiu para os pulmões e desceu de olhos fechados.
“Deus nos ajude...” pensou Luiz Araújo, deitando de bruços debaixo do carro e segurando no pneu dianteiro da direita.
O rapaz sentiu a mão de Paulo segurar firme na sua, e não pôde deixar de perceber o quanto o amigo tremia.
Luiz tentou abrir os olhos, mas não conseguia enxergar nada naquela água barrenta e escura.
A correnteza parecia fraca quando se estava em pé, mas ali embaixo era desesperadora.
A qualquer momento um dos dois poderia se soltar e ser levado para longe.
E foi o que começou a acontecer com Paulo.
O rapaz começou a puxar cada vez mais forte a mão esquerda de Luiz.
“MEU DEUS... ME DÊ FORÇAS PARA AGUENTAR!” implorava Araújo, desesperado.
Paulo começou a ser arrastado pela correnteza da água e segurou com as duas mãos na camisa de Luiz.
Luiz tentou segurá-lo de todo jeito, mas ele escapou.
“NÃO!!!”
A única coisa que Luiz conseguia pensar era a frase que Paulo disse: “NÃO ME SOLTE!”, e aquelas palavras queimavam o interior dele como se tivesse engolido água fervente.
Contudo ele precisava continuar.
Mesmo se Paulo tivesse morrido ele tinha tentado ajudá-lo, e o que mais importava naquele momento era se salvar.
Luiz Araújo segurou com as duas mãos no pneu dianteiro da caminhonete e implorou para que a horda já tivesse ido embora.
Só tinha se passado pouco mais de quarenta segundos e ele já estava ficando sem fôlego.
O desespero começou a invadir o sistema nervoso do rapaz, que não aguentaria ficar mais tempo ali embaixo e decidiu subir.
“GAAASP!!!”
Luiz finalmente subiu à superfície para buscar oxigênio.
Mas seus problemas não tinham acabado.
Só estavam começando.
...
“BANG! BANG! BANG!”
- AQUI, AQUI, SEUS PORRAS! – gritou Isaac, atraindo a atenção da imensa horda.
Ele sabia que aquele plano daria errado, mas precisava ajudar seus amigos.
Depois de atirar na direção das centenas de monstros, o militar correu para dentro da loja de conveniência e fechou a porta de aço de enrolar.
“TUMP”
Isaac não conseguiu fechar a porta totalmente, pois alguns pedregulhos no chão inundado atrapalhavam.
Mesmo assim ele deixou do jeito que estava e correu para os fundos.
“CLANG! CLANG!”
Os infectados começaram a esmurrar o portão de aço, desesperados para entrar no local e encontrar a presa.
Isaac sabia que tinha pouco tempo até eles invadirem ali.
Perto do corpo da infectada que ele tinha matado havia uma escada de cimento bem apertada, que dava para o primeiro andar da loja de conveniência.
- Graças a Deus! – cochichou ele, subindo a escadaria.
Porém a porta que dava acesso ao primeiro andar estava trancada.
“TUMP! TUMP! THUD!”
O militar deu três pancadas na frágil porta de madeira e a arrebentou.
Ele pôde perceber que ali em cima era somente um pequeno depósito, com um beliche sujo, várias caixas de papelão e diversos objetos espalhados.
Por sorte havia também uma janela sem grade virada para o lado direito do estabelecimento.
Isaac foi até ela e viu que daria para pular dali e cair no telhado da loja vizinha.
Ele precisava escapar, e os infectados estavam chegando.
“CLANG!”
O portão de aço arrebentou-se, e o barulho dos pés ansiosos batendo na água e no portão era assustador.
Agora ele tinha menos tempo ainda para pensar em alguma coisa.
Isaac quebrou o vidro da janela, subiu no parapeito e pulou.
- AAH!
O muro da loja vizinha era quase da altura da janela, com cacos de vidro no topo, mas o militar conseguiu passar por ele facilmente e alcançar o telhado.
O problema foi quando caiu ali.
“TLAK”
- Ugh...
No momento em que tocou na superfície, Isaac quebrou algumas telhas e sua perna direta entrou em um buraco recém formado por ele.
- Fudeu... – resmungava o rapaz, nervoso.
Isaac puxou a perna com força e tirou ela da cavidade, arranhando a coxa por entre as ripas de madeira.
“ROOOARG”
Os monstros já haviam dominado o depósito, mas agora o militar estava seguro.
Por enquanto.
Vários dos infectados da horda começaram a pular na direção do telhado.
Alguns caíram na viela entre os estabelecimentos e outros se arrebentaram no muro divisório das propriedades.
Não era um pulo tão complicado para uma pessoa inteligente fazer, porém, quando se tratava de seres irracionais, era praticamente impossível conseguir alcançar o telhado.
Os monstros tentaram de tudo para pegar o militar, porém foram pulando de um em um sem sucesso.
- E agora? – indagou ele, tirando o excesso da água da chuva da frente do rosto.
Isaac sabia que não conseguiria sair dali tão cedo.
Ele estava com mais problemas ainda do que antes.
Na outra vez foi necessário somente esperar a pequena horda passar, dessa vez ele teria que esperar tanto a imensa horda passar, como a enchente diminuir.
A multidão de monstros era absurda.
Milhares de infectados ainda desciam das casas da Cohab I, fixados no som dos tiros.
Muitos deles estavam nas ruas, perambulando, se agredindo, tentando invadir a loja de conveniência onde antes estava o militar e pulando da janela.
Um ou outro monstro era gigante, com mais de dois metros e meio de altura e com a aparência do infectado especial que anteriormente Paulo tinha matado atropelado.
O melhor que Isaac podia fazer era deitar no telhado, ficar fora da visão dos doentes e esperar.
A paciência tinha que ser sua aliada agora.
E a sorte também, como de costume.
...
“GAASP!”
Luiz Araújo emergiu a superfície quase sem fôlego.
Ele olhou para trás e percebeu que a imensa horda já havia passado, porém ainda estava muito perto.
O rapaz, que tinha emergido do lado contrário do veículo em que tinha se escondido, estava somente com a cabeça de fora da água, tentando fazer o mínimo possível de barulho.
Ele procurou por Paulo enquanto estava escondido, mas não encontrou nada.
“Paulo... me desculpe...”
Luiz decidiu evitar pensar no amigo que havia morrido.
Eram tantas as possibilidades... Paulo poderia ter sido sugado por uma galeria de esgoto ou arrastado por algum infectado.
Ter visto aquilo sem poder fazer nada foi o que abalou Luiz Araújo.
Ele se lembrava constantemente da mão do amigo soltando a dele.
“Não pense nisso agora... você tem que se salvar!” pensou o rapaz, esperando a horda se distanciar para se levantar e continuar caminhando em direção à sede da rádio.
A água barrenta do rio Una já alcançava o abdômen dele.
Ela estava aumentando rapidamente, e se Luiz não encontrasse ninguém na rádio, deveria procurar por um abrigo alto o bastante para se salvar.
De uma coisa ele tinha certeza: era impossível voltar agora.
A mochila de Luiz Araújo estava completamente ensopada.
As comidas que ele tinha trazido provavelmente estavam estragadas, tirando as latas de sardinha e atum.
Os pentes de munição estavam molhados também, e ele se perguntava se aquilo ainda funcionaria.
Luiz pegou a pistola na parte de trás da calça, que por sorte não havia se perdido como o facão dele, e a guardou novamente.
O rapaz deveria se manter abaixado, evitando que a horda percebesse sua presença.
- É agora... – cochichou ele para si mesmo, andando até a entrada da sede da rádio.
A rua estava vazia.
Nenhum infectado tinha sobrado, todos foram atrás de Isaac.
“Se Deus quiser ele vai estar vivo... tem que estar...”
A casa que abrigava a rádio era de primeiro andar.
Aparentemente não havia ninguém, e aquilo frustrou as expectativas do rapaz.
- Eu não acredito... que merda!
Luiz tentou girar a maçaneta da porta de madeira da entrada, mas não obteve sucesso.
Ele percebeu que o muro era relativamente alto, mas dava para pular.
O rapaz procurou à sua volta por alguma coisa que ajudasse e encontrou pilhas e mais pilhas de entulhos jogados na água.
Luiz Araújo arrastou uma cadeira velha até encostar ao muro, subiu nela e pulou.
“SPLASH”
A parte da dentro da sede também estava inundada.
Por sorte tinha uma pequena escadaria que dava até a entrada da residência, com portas duplas.
- QUEM É VOCÊ? – perguntou uma voz masculina desconhecida do primeiro andar, em tom ameaçador.
Luiz sacou sua pistola e apontou para o homem.
O rapaz era negro, muito musculoso e tinha cabelos pretos.
Ele também apontava um revólver de cano curto para Luiz.
- Calma! Meu grupo veio resgatar vocês! Ouvimos o pedido de socorro na rádio, estou certo? – disse Luiz, abaixando a pistola.
- Graças a Deus! Mas... que grupo?
- Eu e mais dois amigos viemos juntos até aqui, porém um de nós morreu e o outro está em apuros... você vai me deixar entrar agora? – pediu ele, guardando a arma na cintura.
O musculoso acenou com a cabeça e desapareceu.
Alguns segundos se passaram até ele aparecer no térreo, abrindo as portas duplas.
- Venha! – chamou o rapaz, evitando se molhar na chuva.
Luiz Araújo estava mais tranquilo depois de ter encontrado aquele grupo.
Mas o resgate daquelas pessoas tinha custado as vidas de dois amigos seus.
Isaac foi irresponsável e Paulo deixou-se cair em desespero.
Quem mais ele iria perder?
Quantas vidas mais teriam que ser sacrificadas?
Disso Luiz não sabia, mas uma coisa ele tinha certeza:
Iria lutar até o fim, pois desistir não era uma opção.
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