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História Algo a Temer - O Reencontro


Escrita por: LFAL

Notas do Autor


Leia o sexto capítulo do livro "Algo a Temer"!!!
Boa leitura!

(Capítulos adicionados semanalmente).

Capítulo 6 - O Reencontro


- Capítulo Seis

 

“O Reencontro”

 

 

 

       

Estava tudo muito escuro.

O barulho tinha cessado depois de algumas horas e o calor era algo insuportável naquele lugar.

“Eu preciso sair daqui!” Pensou Isaac, segurando o ombro deslocado.

Ele conferiu o relógio de pulso e viu que já eram onze horas da manhã.

“Merda...”

O silêncio predominava.

A imensa horda furiosa que partiu para cima dele tinha desaparecido misteriosamente.

Definitivamente os sobreviventes precisavam estudar o comportamento dos infectados, pois aquilo não era normal, e seria de grande uso no futuro.

Mas não agora e nem ali.

Isaac precisava dar um jeito de voltar para o condomínio.

A mão direita dele encostou na maçaneta da porta e pela primeira vez desde que entrou ali, o homem decidiu ver o que estava acontecendo do lado de fora.

O colégio estava absolutamente vazio.

Ele abriu a porta o mais devagar que pôde e viu que nenhum infectado perambulava pelo lugar.

— Mas o que...

Isso era sobrenatural.

Centenas de monstros correram atrás dele e depois de algumas horas eles se dissiparam.

Será que tinham inteligência o suficiente para se esconder?

Ou até mesmo formar uma emboscada?

Provavelmente não, pois eram notoriamente agressivos e irracionais, mas porque fugiram dali? Por qual motivo os infectados desapareceram e desistiram de caçá-lo?

Talvez o militar nunca soubesse a resposta dessas perguntas.

Mas isso não vinha ao caso nesse momento. A única coisa que interessava era voltar pra casa.

Isaac caminhou por entre alguns dos corredores do pequeno colégio (que se chamava Escola Motivação e tinha somente até o nono ano) e decidiu dar uma olhada nas ruas.

“Talvez eu pudesse voltar até o Siena e levar os suprimentos pra casa... todos devem estar preocupados comigo, que droga!”

Ao chegar na entrada, ele reparou que as ruas também estavam limpas.

Nenhum sinal de infectado ou seres vivos.

— Acho melhor não fazer mais barulho... — cochichou ele para si mesmo, lembrando do recente ocorrido.

Isaac sentou-se por alguns instantes em um dos bancos de praça da entrada da escola e tentou reunir forças para continuar sua jornada.

As dores que ele sentia no ombro esquerdo eram dilacerantes, e iria durar algum tempo para aquilo se recuperar.

Mesmo assim ele se levantou e andou até a esquina, vendo várias casas e algumas lojas saqueadas. Tudo estava uma verdadeira bagunça.

Parecia mais que um tornado tinha passado no centro de Palmares e levado todos os habitantes para longe dali, além de ter destruído tudo.

O silêncio era aterrorizante, e junto com aquele visual apocalíptico projetava uma tensão nunca antes sentida pelo rapaz.

Isaac atravessou a rua do colégio e foi para o outro lado, se apoiando na parede de uma pequena loja de doces.

Ele respirou fundo três vezes, tentou esticar o braço esquerdo com cuidado, e quando decidiu voltar até o carro de Luiz, foi surpreendido.

“THUD!”

Uma forte pancada atingiu a cabeça de Isaac, fazendo-o desmaiar na hora.

— Aqui! Peguei ele! Vamos arrastá-lo para dentro! – falou o rapaz que golpeou o militar, segurando-o por debaixo dos braços.

— Eu não acho que ele seria perigoso, cara... não tinha pra quê uma abordagem tão violenta! – comentou o outro homem ali presente, ajudando a arrastar Isaac pela rua.

— Os vivos são piores que os doentes! E ele estava armado!

— Se você achou melhor... beleza! – os dois homens levaram o militar até uma pequena casa amarela de primeiro andar, com um portão cinza escuro na frente.

— Sarah! Abra logo, antes que aquelas coisas voltem a acordar! – disse o mais alto dos dois homens, tentando manter a voz baixa.

Uma mulher abriu a porta e deixou os três indivíduos entrar.

É como todos dizem: tudo o que está ruim, ainda pode piorar.

...

     

Os sentidos de Isaac foram voltando lentamente.

A pancada na cabeça doía muito, porém não superava a dor do ombro deslocado.

— Onde... onde eu estou? Quem é você? — perguntou o militar, deitado em uma cama de solteiro em um apertado quarto mofado, com um homem sentado ao lado da beliche, segurando uma faca imensa.

— Bem... você não está em posições de fazer perguntas aqui! As coisas vão ser assim, pelo nosso bem: eu pergunto, você responde e eu não te mato. Ok? — o tom de voz do homem era um pouco ameaçador, mas Isaac conseguia compreender o porquê daquilo, pois ele deveria ter família e amigos para proteger.

— Ok...

O forte homem de cabelos loiros na altura do ombro aconchegou-se na cadeira onde estava e olhou diretamente nos olhos de Isaac.

— Quero saber seu nome completo e sua profissão antes de tudo virar essa bosta que está! – começou ele, aparentemente calmo.

— Me chamo Isaac Afonso, e sou militar. Eu estava viajando quando tudo aconteceu. E foi muito rápido. Eu bati o carro acidentalmente perto da cidade e andei até um posto de gasolina próximo. Depois fui para o centro de Palmares, mais precisamente no supermercado Boa Vista, e foi ali que tudo aconteceu. Vários infectados invadiram o estabelecimento, muitas mortes e o resto você já imagina... — respondeu Isaac, percebendo somente agora que estava com o braço direito algemado no pé da cama.

— Eu te algemei por precaução. Vai que você era um ex-prisioneiro ou alguém perigoso... vamos fazer um acordo: você me responde tudo o que eu quiser, e se eu julgar verdadeiro, te solto. Combinado?

— Que outra escolha eu tenho? Eu estou fodido mesmo...

O homem que sequestrou Isaac não se aguentou e deixou um pequeno risinho escapar, mas rapidamente voltou à postura anterior.

— Vamos continuar... o que aconteceu depois?

— Eu encontrei uma garotinha chamada Milena e também um pequeno grupo de sobreviventes, todos pessoas legais. Eles me guiaram até um condomínio fechado, à uns seis ou sete quilômetros daqui. O rapaz que me acolheu, Luiz, é meio que o “cabeça” deles, entende? Estamos morando na casa dele por enquanto, até sabe Deus quando. Porém ele foi atacado por um dos infectados, e eu o resgatei. Amanda Nakamura, a médica que nós temos, pediu para que eu viesse até uma farmácia e pegasse vários medicamentos para nosso estoque. Eu fui até o centro achando incrível o fato de não ter um único infectado sequer pelas ruas, mas rapidamente acabei vendo que me enganei... — o homem parecia incrédulo, e abriu um pequeno sorriso.

— Você falou Luiz? Eu conheço um Luiz que mora em um condomínio fechado, ele é meu amigo. Por acaso esse rapaz se chama Luiz Araújo? — perguntou o interrogador.

— Sim, de onde você o conhece?

— Meu Deus... meu Deus... Luiz está vivo! Eu sou amigo dele! Meu nome é Paulo! Paulo Alcântara! Eu trabalhei junto com ele no INSS! Nós éramos servidores públicos... — ouvir aquilo deixou Isaac aliviado, pois depois dessa a tensão diminuiria.

— Eu vou te soltar... espero que entenda que eu precisava fazer isso! Nós temos cinco pessoas nessa casa e precisamos ter cautela com estranhos! — disse Paulo, pegando a chave das algemas no bolso e soltando o militar.

— Sem problemas, eu entendo totalmente.

A dor ainda incomodava o rapaz, que decidiu continuar deitado.

— É o ombro, não é? Eu já desloquei uma vez. Dói pra caralho! Mas sei como colocar de volta. Eu posso te ajudar, aceita?

Isaac não suportava mais aquela agonia, e qualquer coisa que a fizesse parar era bem vinda.

— Sim! Faça o que for preciso!

...

 

“ARGH!!!”

Isaac sofreu muito durante o procedimento em que colocaram seu ombro esquerdo novamente no lugar.

Paulo precisou somente de uma cadeira para isso, e da ajuda de Sarah.

Sarah era uma mulher baixinha e um pouco gorda. Ela era bonita, usava óculos, tinha cabelos ruivos, sardinhas no rosto e olhos verdes.

Seu corpo não era atlético, mas também não era gordo.

A mulher vestia um suéter verde claro (que realçava seus olhos), uma camisa listrada de cor azul e branco por dentro, uma calça jeans preta rasgada na parte dos joelhos e sapatos azuis com cadarços desamarrados.

Ela deveria ter na faixa de uns trinta anos, mas se vestia como uma adolescente rebelde.

Além de tudo isso, era uma pessoa bem reservada. Só falava quando alguém dirigia-se diretamente à ela.

As três pessoas restantes do pequeno grupo de Paulo eram Gilberto, Alana e Cláudio.

Os cinco sobreviventes estavam desde o primeiro dia nessa pequena casa de primeiro andar.

A localização era muito perigosa, pois estava praticamente dentro do centro da cidade, onde tinham os maiores focos de infectados, porém nada eles puderam fazer, pois na hora do desespero entraram na primeira casa aberta e lá começaram a pensar em planos de sair dali.

Somente alguns dias de epidemia e a desordem já estava instalada na cidade e provavelmente no mundo inteiro também.

— Isso... realmente doeu... — reclamou Isaac, mexendo aos poucos o ombro recém ajeitado.

— Vai ficar dolorido por muitos dias, mas a tendência é melhorar! — falou Paulo, entregando um copo com água para o militar.

A casa em que estavam era apertada.

No térreo tinha uma sala, uma pequena suíte e uma cozinha.

No primeiro andar, tinha somente uma grande varanda, ao qual dava para ver todo o lado de fora com relativa segurança.

— Bem, acho que você me contou toda a verdade, já que me depositou tanta confiança, devo retribuir. Queremos nos unir à você e ao seu grupo. Está difícil viver aqui na cidade... poucos suprimentos, muitos infectados, lugar apertado e entre outros infinitos problemas... — disse Paulo, tentando ser o mais breve possível.

— Poderíamos conversar lá em cima? Eu tenho várias perguntas que talvez você possa me responder... — pediu Isaac.

— Ok, então! Vamos...

Paulo e Isaac subiram a pequena escada que dava acesso ao primeiro andar e sentaram ao redor de uma pequena mesa perto da varanda.

— É o seguinte... eu não sei o que está acontecendo com esses doentes, mas de uma coisa eu tenho certeza: não tinha NENHUM deles quando eu cheguei na farmácia. NENHUM. Eu vim de carro, com o barulho normal do motor, e sem acelerar muito, bem devagar e desviando dos obstáculos, mas mesmo assim, era pra no mínimo um ou outro aparecer e tentar atacar! Eu realmente não sei como essa doença funciona, e se você sabe de coisas que eu não saiba, peço que me conte! — Paulo estava com uma expressão séria, organizando as ideias na cabeça.

— Vou começar do começo... pelo o que eu pude ver, eles gostam mais de sair à noite. Toda noite tem milhares nas ruas. Eles ficam bem ativos e violentos. Alguns desses infectados chegam até mesmo a se empurrar! É algo muito assustador de se ver, eu não consigo ficar mais do que meia hora aqui fora pela noite. Mas de dia... de dia não aparece nenhum! Eu tenho uma teoria... de que eles não gostam da luz do sol, ou que de alguma forma a claridade machuca eles ou não os agrada, raramente um ou outro aparece... além disso, teve uma vez que alguém disparou algum projétil nas ruas de trás dessa casa, e vários doentes saíram desses pequenos prédios, casas e lojas e foram correndo até o local do barulho. Eu não pude ver muita coisa, porém foi o suficiente pra perceber que eles não gostam da luz solar. Só saem de dia quando algo os chama a atenção... — ao terminar de ouvir Paulo falar, Isaac começou a encontrar nexo na explicação e na teoria do homem.

Os monstros só saíram da toca quando Isaac atirou.

O barulho do tiro chamou a atenção de todos perto dali, e quando perceberam que perderam a presa de vista, eles correram de volta para locais escuros.

— Você tem razão... eu me deparei com três deles dentro do estoque da farmácia. Eles meio que estavam “hibernando” e só atacaram quando eu abri a porta! Mas que merda...

Os dois homens passaram alguns segundos em um silêncio constrangedor, e depois decidiram debater sobre outros assuntos.

— Foi bom saber disso... significa que se precisarmos de suprimentos, devemos sair logo cedo pela manhã, e recolher o máximo possível, visando mais os locais abertos que estão na segurança da luz solar, e sem fazer muito barulho. Entendi... — disse Isaac, olhando para um ponto fixo e deixando seus pensamentos se perder nas várias teorias.

— Bom... tem outra coisa que me deixou intrigado também... — começou a falar Paulo, com as sobrancelhas arqueadas.

— Fale.

— Eu vi uma vez um infectado diferente...

— Diferente como? — perguntou o militar, ficando cada vez mais curioso.

— Ninguém de nosso grupo tem coragem o suficiente para vir aqui na varanda assistir ao que os infectados fazem. Eu mesmo fui o único, e só vim três vezes. Porém... voltando ao assunto... tem um dos infectados que é muito diferente dos demais. Ele é grande e forte. Tem pele cinzenta e é completamente careca, sabe? Ele definitivamente não é normal. Parece que sua aparência humana está se esvaindo. Esse infectado tem aproximadamente uns três metros de altura e é visivelmente forte. Eu não vi muito bem de longe, porém creio que os outros temem a ele. De alguma forma... eu posso estar maluco... mas de alguma forma, o grandão é intocável. Nenhum dos outros doentes comuns se atrevem a chegar perto dele, e os que chegam são empurrados ou agredidos... eu sei que parece loucura, mas eu vi! E não tem pra quê mentir com uma coisa dessas! — Paulo conseguiu a confiança de Isaac, e também pôr medo no militar.

— Aqui não é seguro. Precisamos voltar ainda hoje, durante a tarde. Vocês não só podem como devem vir comigo. O condomínio tem muros altos. Dá pra se sustentar, entende? E aí? O que me diz?

Paulo abriu um leve sorriso.

— Eu já fui lá algumas vezes, sou amigo de Luiz Araújo, lembra? Eu vou falar com todo mundo e daí vou trazer meu carro. Depois disso nós partimos... combinado?

— Só mais uma coisa... antes eu preciso que você me leve na farmácia. Será jogo rápido: vou pegar a chave do Siena que deixei cair no chão e com isso nós partimos para o condomínio. Ok? — Isaac precisava daqueles suprimentos, e não iria deixar essa oportunidade escapar.

— Vamos ser rápidos então, já são quase três horas da tarde, e não quero sair quando começar a anoitecer, você não imagina o quanto que essas ruas ficam cheias deles! — falou Paulo, levantando da cadeira.

— Já ia me esquecendo... toma! — o grandalhão tirou a Glock ponto 40 da parte de trás da calça e entregou para Isaac.

— Valeu... agora vamos sair daqui!

...

 

Gilberto, Sarah, Alana e Cláudio se espremiam na parte de trás do Golf de Paulo, enquanto que Isaac ia no banco do carona, conferindo de instante em instante a sua pistola.

— Por acaso você ficou com o pequeno revólver que eu trouxe? — perguntou Isaac, procurando pela arma nas suas vestimentas.

— Sim, me apossei indevidamente dela, posso ficar? — pediu Paulo, mostrando o pequeno revólver.

— Tudo bem, só não o mostre lá no condomínio, pra evitar pânico entre o pessoal. — respondeu ele, roendo as unhas de ansiedade.

— Beleza.

Gilberto Pedrosa era o tipo de homem que não machucaria nem uma mosca.

Ele era negro, careca, aparentemente tinha uns quarenta anos e era bem sábio.

Adorava poesia e tocar violão, além de ter uma voz agradável e tão calma quanto a si mesmo, e o seu maior defeito era a preguiça.

Cláudio Paiva era totalmente o inverso dele.

Um boxeador famoso da região mata sul, que não tinha se dado bem na vida por causa do consumo exagerado de álcool e maconha, e que era extremamente explosivo.

Carlos Nogueira parecia um santo perto desse homem.

Cláudio era agressivo e na maioria das vezes sempre estava errado.

Era uma pessoa complicada de se conviver, e jogou sua carreira no lixo depois que agrediu a ex-mulher e pegou alguns anos de prisão.

Já Alana era uma mulher bem tranquila, que estava no auge dos seus vinte e sete anos. Ela era professora de matemática e física, e trabalhou por muitos anos em diversos colégios da região.

Seus cabelos são castanhos e ondulados, e sua pele bem bronzeada.

Ela trajava um vestido azul escuro bem colado ao seu corpo, e era bem magra.

Alana carregava consigo um imenso trauma: ela perdeu seu filho de seis anos no primeiro dia em que os infectados começaram a surgir.

Durante o surto ela estava em uma loja de brinquedos com ele, esperando escolher seu presente de natal, e pouco tempo depois viu ele ser assassinado por uma daquelas criaturas.

— Estão todos prontos? Pegaram tudo? — indagou Paulo, olhando para o banco de trás.

— Algumas mochilas com roupas e utensílios necessários, além do resto de comida que tínhamos... podemos ir! — respondeu Gilberto.

— Então tá. Eu realmente espero que Luiz ainda esteja vivo, vai ser bom rever um velho amigo!

...

 

Realmente não tinha nenhum infectado perambulando pelas ruas.

Era incrível isso, pois significava que rapidamente as coisas poderiam sair do controle, exatamente como aconteceu com Isaac.

— Para perto, mas não desliga! — aconselhou Isaac, apontando para o Siena.

— Sem fazer barulho, cara! Vai lá!

O militar desceu do veículo de Paulo, andou discretamente até o Siena, pegou a chave que estava no chão e entrou no carro.

Ele deu a partida, abaixou os vidros e acenou positivamente.

— Vamos embora antes que chame atenção demais!

Paulo concordou e eles saíram cortando caminho pela cidade até alcançar a rodovia.

Isaac mal podia esperar para poder contar a todo mundo o que aconteceu e como ele conseguiu salvar sua pele.

Sorte ele tinha tido, mas até quando?

Precisava ser mais cauteloso.

Agora tinha aprendido mais coisas com Paulo, e planejava usar disso para o bem do grupo.

Mas porque os infectados saíam com mais frequência à noite?

Por qual motivo tinha um monstro maior e diferente?

Será que eles tem algum tipo de consciência ou é somente “a lei do mais forte”?

Nenhuma dessas perguntas tinham respostas naquele momento, e aquilo só fez deixar Isaac mais ansioso e preocupado ainda.

Ele pensou em seus pais, e imaginou que à essa altura do campeonato nenhum dos dois estariam vivos.

Não conseguiu segurar e deixou algumas lágrimas rolarem, pois a sensação de não ter dito “adeus” à tempo é terrível.

O lado bom disso tudo é que isso servia para motivá-lo.

Isaac iria lutar até o fim de suas forças para manter seu grupo vivo.

E se ele não conseguisse, morreria tentando.

...

 

Ele abriu o portão do condomínio com o controle remoto e entrou junto com o Golf de Paulo.

Percebeu que não tinha ninguém na casa de Luiz, e em poucos segundos conseguiu ver que na terceira rua do condomínio tinha uma casa de primeiro andar com algumas pessoas conversando na varanda.

Ele guiou os novos convidados até lá e, ao se aproximar da residência, percebeu que já estavam à sua espera.

Luiz Araújo avistou Isaac e deixou algumas lágrimas de felicidade cair.

Ao perceber aquilo, o militar estacionou o veículo, desceu e foi até o amigo.

— Você levou uma baita surra e em menos de vinte e quatro horas está em pé? Do que você é feito? Aço? — ironizou Isaac, brincando com o amigo e dando um abraço nele.

— Porra, cara! Não faz mais isso! Sair sozinho por aí é suicídio! — disse Luiz, começando a perceber somente agora que o pessoal do outro carro estava descendo.

— MAS QUE MERDA!?

Luiz avistou Paulo e foi o mais rápido que pôde em sua direção.

— VOCÊ ESTÁ VIVO, PORRA! MAS QUE NOTÍCIA BOA! — exclamou Luiz, sorrindo ainda incrédulo.

Os dois velhos amigos se abraçaram e Paulo ainda não conseguia encontrar as palavras certas para dizer.

— Porra, cara... eu nunca imaginei que fosse ver alguém conhecido novamente, não depois dessa epidemia... como é bom ver um amigo! — falou ele, dando dois tapinhas amigáveis no ombro de Luiz Araújo.

— É... não quero ser um idiota, mas já sendo... você não vai nos mostrar o lugar não? — perguntou Cláudio, encostado no capô do Golf 2018 de Paulo.

— Sim, sim! Eu ainda estou incrédulo, mas vamos lá! Sejam bem-vindos! Meu nome é Luiz Araújo, quem são vocês?

— Esse pessoal está comigo, eles são tranquilos. Cláudio é meio ignorante às vezes, mas na maior parte do tempo é na dele. Então perdão por ele ser tão “direto ao ponto”... Como eu já disse anteriormente, esse é Cláudio Paiva, aquela mulher ali é Alana Ribeiro e esse senhor se chama Gilberto Pedrosa. Isaac me disse várias coisas sobre aqui, e eu acho que realmente pode dar certo! — falou Paulo, apontando para cada um dos novos membros.

— Bem... se estão com você, estão comigo! Podem entrar! E Isaac... temos muita coisa pra conversar. Aconteceram coisas enquanto você estava fora... coisas boas tipo a mudança de lá para cá, e coisas ruins. Você tem um tempinho depois? — indagou Luiz, olhando para o portão e vendo que Carla ainda estava tentando atravessar pelo buraco feito.

— Claro que sim! — respondeu ele, admirado com a beleza da casa.

Todos os sobreviventes entraram na casa pelo desconfortável buraco e Luiz fez questão de mostrar cada um dos aposentos.

Depois de alocados todos os novos membros, Luiz atualizou Isaac dos ocorridos, percebendo que o militar não gostou nada do que ouviu.

— Eu sei que você exagerou com ele, mas o Carlos é um pé no saco! Insuportável! E se eu fosse você ficaria mais atento... pessoas assim são perigosas porque agem sem pensar! — informou Isaac, encostado no parapeito varanda do primeiro andar.

— Entendo... amanhã vou ter uma conversa franca com ele, e hoje estou pensando em organizar uma reunião para apresentações e planejamentos do nosso grupo, o que você acha?

Isaac estava com um copo de água nas mãos, olhando para o líquido enquanto que deixava seus pensamentos voarem para longe dali.

— Eu não sou bom com esses tipos de coisas... eu não nasci pra ser um líder, entende? Eu sou forte, inteligente, ágil... reconheço isso. Mas não sou bom pra liderar ninguém, e você é. Eu percebo que você consegue lidar facilmente com situações complicadas e que também gosta disso. Só tenho uma coisa a te dizer: o que você decidir eu assino embaixo. Mostre o melhor caminho e vamos por ele, estamos juntos! — disse Isaac, constrangendo Luiz.

— Cara... eu não gosto de ser chamado de líder. Sei que tem situações que eu me desenrolo bem, porém é uma responsabilidade muito grande... vamos debater isso hoje na reunião, tá bom? — definiu Luiz, dirigindo-se às escadas.

Isaac realmente tinha razão.

Ele não nasceu pra liderar. Ele nasceu pra seguir.

Sentia que estava sob o controle de sua vida sem ter essa imensa responsabilidade nas costas.

Tudo estava indo tão bem...

Até que as luzes se apagaram.

“Puta que pariu...”

E o maior temor de todos aconteceu: a energia elétrica acabou.

Agora se estava difícil, iria ficar ainda mais.

Eles ganharam outro problema para se preocupar.

E com toda certeza, aquele não seria o último problema deles.

            

 


Notas Finais


Aproveitem a leitura desse capítulo e preparem-se para novas situações complicadas do grupo!
Muita coisa ainda está por vir!
Se possível deixe seu comentário e seu favorito!
Muito obrigado!!!


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