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História Algo a Temer - O Desaparecimento


Escrita por: LFAL

Notas do Autor


O grupo começa a se reerguer depois do ataque.
As preocupações crescem quando outro problema surge.
E agora? Como eles vão lidar com outra situação complicada tão recente?

Capítulo 9 - O Desaparecimento


Capítulo Nove

 

“O Desaparecimento”

 

 

 

       

Isaac não sabia mais o que fazer.

Luiz não conseguia ficar de pé, e mesmo se conseguisse, eles não fugiriam a tempo.

Paulo estava desacordado com a cabeça no volante.

A munição da Glock tinha acabado, e as únicas esperanças do militar era correr e salvar sua própria pele.

Porém ele não era um covarde, e preferia morrer junto com os amigos a ter que conviver com a culpa martelando sua consciência.

— Fique aqui! — ordenou Isaac, deitando o debilitado amigo no asfalto.

— Não... Isaac... vá embora... — pediu Luiz, segurando de leve o antebraço do homem.

— Nem fodendo que vou deixar vocês aqui! — respondeu ele, pegando o martelo que estava no chão.

Isaac sabia que eram muitos.

Na frente vinham seis infectados, correndo desesperadamente na direção dos sobreviventes.

E atrás do pequeno grupo, tinham mais uns doze ou treze.

A quantidade não era absurda, comparada quanto ao que tinha no centro da cidade, porém era uma situação em que um homem sozinho não conseguiria lidar, nem se estivesse armado.

Ele segurou firme o martelo e simplesmente esperou, alguns passos na frente de Luiz Araújo.

O suor estava molhando sua camisa como se tivesse acabado de sair de dentro de uma sauna, as dores no ombro esquerdo eram dilacerantes. O nervosismo fazia suas mãos tremer e o seu coração batia como se fosse explodir a qualquer momento.

O primeiro pequeno grupo de inimigos estava se aproximando rapidamente.

Ele sabia que iria morrer.

Mas levaria no mínimo cinco consigo mesmo.

“BANG! BANG! BANG!”

Três tiros foram disparados, acertando dois infectados fatalmente.

— ISAAC! PEGA! — gritou Amanda Nakamura, acompanhada por Carla e jogando uma espingarda calibre ponto 12 o mais perto do militar que ela conseguiu.

A espingarda caiu no solo cimentado e deslizou um pouco para longe dele.

“BANG! BANG!”

Mais tiros foram disparados por Amanda e Carla, derrubando outros dois maníacos.

E os que restaram partiram para cima de Isaac.

O militar ainda tentou correr atrás da espingarda, porém não dava mais tempo de alcançá-la.

Os dois monstros que sobraram atacaram-no.

“THUD!”

Isaac acertou em cheio a cabeça de um deles com o martelo, fazendo o sangue espirrar na sua camisa e estourando os miolos do infectado.

Durante o combate, o inimigo restante agarrou o braço do militar, tentando morder seu pulso.

— SAI PORRA!

Assustado por quase ser mordido, o rapaz, meio que por instinto, afastou o braço e golpeou com o martelo, atingindo a clavícula do maníaco e derrubando-o no chão.

Sem dar tempo de o infectado reagir, Isaac pisou várias vezes no crânio dele, quebrando e fazendo os miolos se espalhar pelo asfalto.

Amanda e Carla continuavam atirando no outro grupo de infectados que vinha logo atrás.

Isaac correu até o calibre ponto 12 e segurou-a firme com as duas mãos.

Ele aproximou-se da entrada do condomínio novamente e foi exterminando os inimigos restantes.

“BAM! BAM!”

O coice da arma era extremamente forte.

Ele, por ser robusto e treinado, conseguiria lidar facilmente com aquilo, porém se uma mulher como Amanda ou Carla tentasse disparar com aquela arma, teriam sérios problemas.

Isaac deu cinco tiros no total, esperando os inimigos se aproximarem o suficiente para disparar.

A cada tiro, as balas da espingarda se espalhavam e dilaceravam os membros dos infectados, fazendo com que eles explodissem em nuvens de sangue e carne.

Amanda e Carla também ajudaram muito, e se não fosse por elas...

— Tudo certo? — perguntou Carla, apontando uma Beretta para a entrada do local.

Silêncio.

Isso foi o que se sucedeu por alguns segundos.

As duas mulheres caminharam lentamente até chegar perto do militar, que ainda apontava a espingarda para o lado de fora do condomínio.

Não tinha mais nenhum infectado vivo.

Talvez aquele combate tivesse matado todos os monstros das redondezas.

Talvez...

— Eliminamos todos. — disse, por fim, Isaac.

— Sim... Mas não vamos dar bobeira... Não acho que seja seguro ficar com isso aqui aberto. Precisamos de alguma coisa para tapar este buraco! — falou Amanda, guardando a pistola atrás da calça.

— Ainda tivemos muita sorte... Nos esquecemos de trazer munição para a espingarda...Iria dar uma merda do caralho se caso as balas acabassem e os infectados não! — afirmou Carla, passando a mão direita no cabelo longo enquanto que a esquerda guardava a pistola na parte traseira da calça também.

— Foi... A pressa sempre é inimiga da perfeição. Sorte que trouxemos mais pentes de munição para as pistolas... Enfim, vamos conferir se Luiz e Paulo estão bem!

— Antes de tudo eu quero agradecer a vocês duas. Eu só estive perto da morte assim uma vez, e foi lá no centro da cidade, quando fugi da imensa horda. Hoje, quando estava sem munição e ninguém para me ajudar, pensei que era meu fim... — ele confidenciou, deixando de apontar a arma para a parte de fora do condomínio.

— Não iríamos deixar vocês na mão. Os três ajudaram muito a manter tudo isso aqui, e nós queremos participar! Agora não vamos mais perder tempo, Luiz e Paulo podem estar gravemente feridos! — finalizou Amanda, caminhando rapidamente até Luiz Araújo.

— Você está bem? — perguntou Carla, tirando a cabeça do rapaz do chão e colocando no seu colo.

— Sim... Nunca estive melhor... – ironizou ele, esboçando um sorriso.

— Palhaço... Vamos te levar de volta, tá? E eu quero conversar com você, sério! Mas antes preciso de você vivo, consegue andar? — perguntou a mulher, tentando levantá-lo.

— Não... Não aguento andar. Meu tornozelo dói muito... Mas prefiro que Amanda... Veja se Paulo está bem... Eu não vou morrer... Não agora! – falou ele, com o rosto muito machucado e um pequeno corte nos lábios superiores.

— Tá certo! — disse a médica, correndo até Isaac e Paulo.

O militar estava retirando Paulo do carro acidentado quando Amanda chegou.

— Ele não aparenta ter tido algum ferimento grave, acho que só bateu a cabeça... Você pode conferir? – perguntou Isaac, encostando a calibre ponto 12 no veículo com a frente destruída, e deitando o rapaz no chão.

Paulo tinha alguns cortes na cabeça e no rosto.

Mas a maioria proveniente da briga com Cláudio.

— Precisamos levá-los de volta. Luiz não consegue andar e Paulo está desmaiado. Eu não posso analisá-los aqui no meio do nada com riscos de monstros aparecerem! Faça o seguinte: volte para casa, pegue o Golf e venha para cá. Lá estaremos mais seguros! — pediu ela, agachada do lado de Paulo.

— Mas e vocês?

— Ficaremos bem! Você não vai demorar, vai?

Isaac negou e voltou correndo o mais rápido que podia.

O ombro dele ainda latejava, porém era a vida de seus amigos que estava em jogo.

...

 

Todos tinham voltado bem.

Luiz repousava em uma das suítes junto com Paulo.

O grandão dormia em um colchonete no chão, enquanto que o outro descansava no beliche.

Amanda, Carla e Isaac estavam reunidos na área gourmet, conversando sobre o ocorrido.

— Vamos ter que passar a noite sem o portão principal do condomínio, e torcer para que nenhum dos infectados entrem, mas depois desse tiroteio, eu acho bem provável que mais deles chegarão. O melhor a se fazer agora é esperar escondidos aqui. O portão dessa casa já foi colocado de volta, o buraco foi remendado com uma placa de ferro, e de tudo o que aconteceu nós podemos ter uma certeza: os infectados não entrarão aqui. Não hoje. Amanhã de manhã iremos lá fora e daremos um jeito de, ou substituir o portão principal, ou colocar algum obstáculo na entrada. O que acham? — perguntou Isaac, que já tinha trocado suas roupas por outras limpas.

Amanda e Carla estavam abatidas e preocupadas.

As mulheres não sabiam atirar direito, porém tiveram que aprender na marra de manhã (com exceção de Carla, que teve algumas aulas com o pai antigamente).

— Eu acho que devemos trocar o portão. O infectado grandão o amassou todinho! Não dá para recuperar aquilo naquele estado! — comentou Amanda Nakamura, descascando uma laranja com um canivete e sentada ao redor da imensa mesa rústica.

Já eram quatro horas da tarde, e até agora nenhum dos dois rapazes tinham acordado, mas eles mereciam aquele descanso depois de tudo o que fizeram.

— Vamos esperar Luiz e Paulo acordar... Eles estão bem, não estão? — indagou Carla, com os cotovelos encostados na mesa e as mãos apoiando o queixo.

— Vão sim. Luiz teve algumas fraturas leves, nada com o que se preocupar. Além disso, ele teve vários cortes no corpo todo, principalmente no rosto, que está um pouco inchado. Já Paulo se machucou muito durante a briga com Cláudio, e somado a isso veio a pequena concussão na cabeça. Deve ter sido proveniente da pancada no volante, quando ele atropelou o infectado especial. E caramba... Pelo o que vi aquele monstro passou por uma mutação bem estranha... Nada na natureza tinha sido como aquilo! Ele cresceu muito! Ficou surreal, e de acordo com o que vocês me relataram, ele é bem agressivo! Eu sei não, viu... Mas acho que não é o único que existe... Deve haver outros... Mas quantos? E será que essa é a única mutação? O que será de nós? — Amanda tinha razão. As preocupações e perguntas do grupo eram infinitas. Se a situação já estava ruim com os infectados comuns, o que seria deles se descobrissem mais mutações? Algo de muito errado estava acontecendo com o mundo.

— Devemos nos preparar melhor para a próxima vez. Porque haverá uma próxima vez. Esse não será o último ataque que sofremos, e se quisermos sobreviver, precisamos jogar as diferenças no lixo e se unir. Se unir pra valer! — disse Isaac, sentando ao redor da mesa também, e deixando os pensamentos inundarem a sua cabeça.

Os três ficaram ali por um instante, pensativos.

Alguns minutos se passaram e Maria veio até eles.

— Boa tarde, pessoal... Eu soube do que aconteceu, e quero dizer que estou muito feliz por ter vocês por perto, o que os cinco fizeram foi algo heroico! Deus abençoe vocês! — falou a mulher, sorrindo, mas aparentando estar nervosa.

— Bem... Não foi nada. Nós só tivemos sorte...

— Foi muito importante sim. E antes de ir embora... Vocês viram Milena? Já faz algum tempo desde que a vi pela última vez... — ao terminar de falar, Maria expressou toda a sua preocupação, deixando as sobrancelhas arquear de nervosismo e pondo as mãos na cintura gorda.

— Milena? Ela não está em um dos quartos? — perguntou Isaac, levantando lentamente.

— Não. Já procurei pela casa inteira e nenhum sinal da garotinha... Eu não quero alarmar todo mundo, mas ela também perdeu o almoço... Você poderia procurá-la comigo? — pediu Maria.

— Ela não almoçou? Porra, só tem um lugar em que todos nós estamos seguros, e esse lugar é aqui. Se ela não está aqui... Onde caralho ela foi? — ele indagou, começando a se preocupar de verdade.

— Talvez esteja no primeiro andar, nos quartos. Ou então está no banheiro, ou... Sei lá. Ela deve estar brincando em algum lugar, e vocês vão ver que estão se preocupando à toa! — exclamou Amanda, comendo a última parte da laranja mimo.

— Talvez... Eu vou procurar com Maria, daqui a pouco volto, tá bom? — afirmou o militar, caminhando junto com a mulher.

As duas que ficaram ao redor da mesa passaram um breve período em silêncio e, logo após, decidiram quebrar o gelo e se conhecer melhor, pois não tinha nada para fazer mesmo.

— Você fazia o quê antes de tudo? — perguntou Amanda Nakamura, em um tom agradável.

— Bem... Eu era nutricionista... Nada que sirva muito para os tempos atuais! — respondeu Carla, dando um sorrisinho.

— Caramba... Parece que faz séculos que estamos nessa, porém mal tem uma semana... Porra!

— Verdade... Que merda...

As mulheres desviaram o olhar para o chão e começaram a ter um flashback de suas vidas passadas: lazer, emprego, família, amigos...

— Não quero mais me lembrar de antes. Eu iria chorar litros e acabar me suicidando. Sei que todos nós perdemos nossas famílias... E eu... É que... — Amanda não se segurou e deixou a primeira lágrima cair.

Carla não conseguiu olhar para a cena e começou a chorar também.

Tudo era muito recente, e o perigo constante não deixava com que a ficha caísse, porém naquele momento de calmaria, a saudade bateu.

— Era tudo tão bom... Nós tínhamos tudo nas mãos e não demos valor... Eu amava tanto meus pais, meus queridos parentes... Seria bom que tudo fosse um sonho... Um sonho bem ruim! Eu queria muito acordar e poder ver minha mãe e meu pai... Os dois sempre calmos... Sorridentes... Caramba... Eu daria minha vida se pudesse ter um único dia com eles! — citou a médica, deixando as lágrimas rolarem.

— Eu digo o mesmo que você... Queria muito ter a chance de ver minha família de novo... Sinto muita falta deles... E estar presa aqui, com um monte de estranhos... Me faz sentir carente e sozinha. A única pessoa que me traz segurança daqui é o Luiz... Se Deus quiser ele vai melhorar. Sempre gentil, sempre preocupado... Luiz é um bom homem, e o Isaac também... Espero que tudo isso não passe de um sonho, exatamente como você disse, Amanda... A ficha está caindo somente agora... E amanhã... Amanhã já é natal. Um dos dias mais lindos do ano, em que toda a família se reúne e conversam juntos... Porém esse ano nós estamos em meio a uma tragédia... Deus tenha piedade de nós! — comentou ela, enxugando os olhos com o pulso.

Elas continuaram chorando por alguns minutos, e isso era compreensível, pois ninguém tinha tido tempo de lamentar pelos seus parentes ainda.

Logo depois de enxugar as lágrimas, Carla e Amanda voltaram a compartilhar do terrível silêncio constrangedor.

...

 

Gilberto estava sentado no luxuoso sofá da casa.

Ele folheava um livro que tinha encontrado na estante, ao qual se chamava “Guia de Sobrevivência na Floresta!”.

Daniel sentou-se ao seu lado, um pouco abatido.

— Bem... Acho que nunca tivemos a oportunidade de nos conhecer, estou correto? — falou o homem mais velho, tentando ser gentil com o adolescente, que estava de cabelos presos como sempre.

— Está sim. Eu também nunca me aproximei de muitas pessoas, sabe... Não faz o meu estilo... — disse Daniel, tímido.

— Acho que está sendo difícil segurar a barra sozinho, sem pai ou mãe por perto... Mas você ainda tem sorte de ter sua tia e Luíza. Elas são bacanas! — ao terminar de ouvir isso, Daniel se sentiu abatido.

— Ei garoto... Eu não quis magoar ninguém! — falou calmamente Gilberto, colocando o livro no braço do sofá.

            — Não é sua culpa... É que... Que... Eu queria muito meus pais de volta! Eles me entendiam e me protegiam de tudo! Eu daria qualquer coisa pra que essa doença fosse embora!

— Eu também... Tenha certeza disso. Mas a vida é assim, ou você se acostuma, ou ela te joga em um buraco sem fundo! Aprenda isso desde cedo! — aconselhou o homem, voltando a prestar atenção em seu livro.

Daniel percebeu que Gilberto não queria conversar mais e foi para o primeiro andar, apreciar a vista do pôr do sol.

No meio do caminho ele se deparou com Isaac e Maria.

— Boa tarde. Você por acaso viu Milena? Uma garotinha galeguinha, que vive desenhando e não costuma falar muito? — perguntou Isaac, quase que implorando por um “sim”.

— Eu conheço ela, porém não a vi. Qualquer coisa eu digo! — respondeu o rapaz tranquilamente, dirigindo-se às cadeiras da varanda.

Isaac e Maria procuraram pelo andar inteiro e não encontraram nenhum vestígio de Milena.

— Mas que merda... — resmungou o militar, preocupado.

— Onde ela foi parar?

— Eu não sei, mas acho que tá na hora de tomar alguma atitude! Vou reunir todo mundo na sala imediatamente... Eu acho que ela fugiu! Só pode ter sido isso! Nos quartos só tem os três que estão dormindo... Que porra será que houve? — indagou Isaac, passando a mão nos cabelos e deixando Maria nervosa.

...

 

A noite tinha chegado.

Paulo e Luiz continuavam dormindo e não faziam ideia do novo problema que o grupo tinha que lidar.

Todo mundo estava reunido na sala, com exceção de Milena.

— Bem pessoal, todos nós sabemos que temos três feridos e uma criança desaparecida! Mas antes de entrarmos em desespero, vamos recapitular! — pediu Isaac, sentado em um banco de frente para todos.

Ele ainda não tinha se dado conta, mas suava de tão nervoso.

O dia já estava acabando, e a iluminação se dava por velas que colocaram por toda a casa, transformando a antes luxuosa e bela residência, em um lugar tenebroso.

Luíza, Júlia, Amanda e Carla se espremiam no sofá, olhando atentamente para o militar, enquanto que todo o resto dos sobreviventes (com exceção de Paulo, Cláudio e Luiz) estavam de pé, com expressões preocupadas.

— Quando foi a última vez que viram Milena? — perguntou.

— Ela estava comigo na cozinha, preparando o arroz e a carne do almoço, e do nada desapareceu! Eu lembro que ela tinha dito que iria ao banheiro logo cedo... Acho que umas dez pra onze horas, até que Júlia disse que estávamos em apuros, pois infectados tinham invadido o condomínio! Com isso nós trancamos as portas e ficamos no primeiro andar... Eu me sinto tão culpada... Em nenhum momento me lembrei da coitadinha! Ah meu Deus... — falou Maria, quase caindo no choro.

— Para com isso mulher, nós vamos encontrar a pirralha, ela deve tá escondida em uma dessas casas! Toda criança é bisbilhoteira! Você vai ver que eu tinha razão depois! — afirmou Carlos, pálido e aparentemente cansado.

— A questão aqui é que de manhã Milena estava dentro de casa, e ela não iria sumir como vapor! ALGUÉM a sequestrou, ou senão, trancaram as portas com ela fora de casa e a coitada se escondeu em alguma das residências nas redondezas! — opinou Luíza, dando ênfase na palavra “Alguém” e encarando Maria, fazendo-a se sentir mais culpada do que deveria.

— Não podemos julgar uns aos outros! Maria não tinha obrigação nenhuma de cuidar de Milena o dia inteiro! Todos que estavam na casa deveriam estar atentos, mas não adianta chorar pelo leite derramado! Estamos por um fio aqui dentro! Passamos pelo maior perrengue de manhã e se safamos por causa de sorte, e eu discordo da opinião de Luíza. Me desculpe garota, mas Milena não é burra o suficiente para sair de casa assim! Sabe o que eu acho? Que foi um dos nossos. Realmente estou começando a acreditar que um de nós sequestrou a menina... Mas quem faria uma coisa dessas? Ela era tão meiga, calma, boa... Milena nunca tinha ofendido nem uma mosca! Precisamos encontrá-la! Precisamos urgente! — comentou Carla, agoniada.

— Milena NÃO saiu de casa. Eu e Carlos recolocamos o portão de volta de acordo como Luiz pediu, e em nenhum momento ela passou por nós, pois estávamos lá para ver se caso saísse, e a chave do portão pequeno até hoje ninguém encontrou! — disse Júlia.

— Só me resta pensar uma coisa...

— O quê?

— Que alguém levou Milena. E creio que não foi para fazer algo de bom! — exclamou o militar, cerrando os punhos com raiva.

— É a única alternativa! Nós não nos conhecemos aqui! Não convivemos tempo o suficiente uns com os outros, e se tivermos bandidos aqui na casa? Estupradores? Psicopatas? Que Deus nos proteja... — falou Carla, obviamente se referindo aos novos membros.

Sarah e Gilberto sentiram-se ofendidos com o tom dela.

— Quem você acha que é pra sair nos julgando assim? Só porque está há mais tempo aqui não significa que seja peça boa também! — alfinetou Sarah, desencostando da parede e começando a ficar vermelha de raiva.

— Dos que vieram com vocês só um prestou! Paulo foi o único que até agora fez algo de útil, salvando a pele de todo mundo ao ter matado aquele infectado grandão! Agora, e vocês? O que fizeram demais? Trouxeram junto consigo um assassino e agressor feito Cláudio?

            Os ânimos estavam saindo do controle.

— SUA VADIA! VOCÊ NÃO SABE UM TERÇO DO QUE PASSAMOS LÁ FORA PARA CHEGAR AQUI! — Sarah xingou, apontando o dedo indicador para a outra mulher.

Carla levantou revoltada e partiu para cima da baixinha.

— PORRA! PAREM COM ISSO AGORA! ORA CARALHO! — reclamou Isaac, separando as duas mulheres antes que entrassem em conflito.

— NÃO ADIANTA SE XINGAR! NÃO ADIANTA SE MATAR! TEMOS MUITOS PROBLEMAS AQUI! NÃO PRECISAMOS DE MAIS OUTRO, PORRA! ENTÃO SENTEM AS PORRAS DAS BUNDAS NO SOFÁ E SE ACALMEM! — ordenou ele, assustando todo mundo com o jeito ignorante.

Amanda arregalou os olhos e tentou acalmar a amiga, puxando ela de volta para onde estava sentada.

— O Cláudio foi um caso à parte! Ele é um assassino? É. É um idiota filho da puta? Também! Mas não é por isso que vocês devem nos julgar! Somos pessoas boas. O que precisamos agora é pensar! Descobrir o que aconteceu URGENTE antes que seja tarde demais, porque para mim já é tarde demais! — falou Sarah, revoltada pela acusação.

Os sobreviventes estavam entrando em pânico.

A invasão ao condomínio, a tentativa do assassinato de Paulo, os infectados e agora isso.

Uma menina de dez anos desaparecida.

— O que está acontecendo aqui? — indagou Luiz Araújo, descendo as escadas com dificuldade.

Seu olho esquerdo estava inchado e tinha um corte de raspão na pálpebra roxa. O nariz tinha sido fraturado e um pequeno corte ganhava destaque no osso nasal, além de vários outros ferimentos pelo corpo.

Ele ainda precisava descansar, porém aquela gritaria o acordou.

O silêncio tomou conta da sala e os ânimos se acalmaram.

— Eu ouvi gritos. Não vou perguntar de novo... O que está acontecendo aqui?

Ninguém teve coragem o suficiente para relatar o desaparecimento da menina, mas era necessário ele ficar sabendo.

Contudo, a ficha do grupo ainda não tinha caído ao ver que uma pequena garota estava perdida no perigo das ruas.

— Vou ser bem direto contigo: estamos com outro problema. Dessa vez um problema pior! — alarmou Isaac, cruzando os braços.

— São os infectados? Invadiram o condomínio? Precisamos nos armar! Quantas armas trouxeram pra cá? Estão todos bem? — a preocupação invadiu os pensamentos do rapaz, que mancava enquanto caminhava até a multidão.

— Não é isso...

— Então que outro problema pode ser maior que esse?

— É a Milena. Ela... Ela sumiu. Do nada. Ninguém sabe pra onde foi e o que aconteceu! — disse o militar, finalmente.

Tudo parecia um pesadelo.

Um pesadelo que piorava a cada vez que tentavam acordar.

A fraca iluminação amarelada do fogo das velas contribuía para aumentar o medo entre eles.

A tensão entre o grupo estava instalada.

Ninguém mais era confiável.

O que já estava ruim, ficou ainda pior.

 


Notas Finais


Muito obrigado por acompanhar o livro!
E para ajudar na divulgação, favorite e comente!
Boas ideias sempre serão bem vindas!!!


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