- Eu tenho mesmo que ir pra escola? - perguntei cansada.
- Sim. - respondeu ríspida.
- E se não tiver aula?
- Eu perguntei para o Bruno e ele disse que tem.
- E se o professor não vier?
- Ele disse também que o professor nunca falta.
- Mas e se a matéria não for importante?
- Vai ter prova daqui a duas semanas. Você não vai escapar, Alice. Nem tenta.
- Droga - suspirei - tudo bem.
- Você tem vinte minutos pra se arrumar e tomar café. Nem pensa em se atrasar de novo.
~~**~~
- Hoje eu resolvi não passar matéria. - disse o professor - Eu sei que vocês têm que estudar para a prova, mas essa matéria é extremamente chata de aprender. Então nada melhor que praticar, porque a prática leva à perfeição. Trabalho em duplas, por favor.
Deuses, por que em dupla? Com quem eu vou sentar? Eu não tive tempo pra conhecer ninguém ainda. Droga, ninguém ta me chamando. Será que vou ter que fazer sozinha?
- Alice?
- Deuses, garoto. Qual é o seu problema?
- E você? Qual sua dificuldade em me chamar de Bruno?
- Ok. O que você quer, afinal?
- Quer fazer dupla comigo?
- Por que?
- Eu também estaria apavorado se não conhecesse ninguém.
- Senta e vamos fazer esse trabalho de uma vez. Não aguento mais você falando.
~~**~~
No caminho de volta pra casa resolvi ir sozinha. Precisava esfriar a cabeça depois do ocorrido. Pensar um pouco sobre o que aconteceu. Por que Bruno me ajudou? "Preciso de você". O que será que ele quis dizer com isso? Eu não sabia o que pensar olhando aquele céu cinzento e pensando naquelas palavras. Palavras não só ditas por ele, mas também ditas por Carlos.
Droga. Carlos. Ele adoraria ver a cor cinza do céu. Diria que está um lindo dia, e realmente está. Faria cada observação possível. Poria todos os meus pensamentos em ordem. Saberia que estou observando tanto o céu porque estou ferida. E essa ferida aberta vai demorar a fechar. Vai sangrar por muito e muito tempo, sem cessar. Vai doer cada segundo. Mas eu tenho que me manter. "Preciso de você", disseram eles, mas agora quem precisa de ajuda sou eu. E olhando aquele céu cinzento, lindo, mas sem nenhum sinal de vida, outra lágrima caiu.
Cheguei em casa e fui direto para a cama. Estava exausta, sem fome, com dor e eu sabia que o único lugar que encontraria paz era em meu quarto. Entrei e tranquei a porta ignorando completamente minha mãe que perguntava o que havia acontecido. Eu estava desgastada, então me joguei na cama, permiti que mais algumas lágrimas caíssem e acabei apagando.
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