História Alpha - Treinamento e Café

    -Não aguento mais isso... -Vênus se jogo sobre o chão acolchoado da sala de treinamento, enquanto Caesar ria.
    -Não devia estar tão alegre Cientista, você é o próximo. -Vough olhou feio para ele, enquanto estendia a mão para Vênus. -Vamos lá garota, você é melhor do que isso...
    -Tô cansada Vough... -ele a ajudou a levantar e entregou uma garrafa de água para ela.
    -Vamos fazer o seguinte, vou liberar você, mas precisa se exercitar um pouco mais a tarde. Acho que uma meia hora de esteira está bom. -Vough olhou para ela, sorrindo. Ele sabia que ela voltaria para o quarto, se isolando novamente. -Vê se evita se entupir de doces.
    -Obrigado. -ela se levantou, sendo seguida por Caesar.
    -Nada disso, você fica Cientista. -Vough se levantou, apertando os botões do controle, mudando as configurações da sala. -Precisa treinar...
    -Te vejo depois Raposinha... -ele deu um beijo nela, enquanto ela pegava a bolsa no chão. -O que quer conversar?
    -Você é esperto demais pro seu bem. -Vough pegou o saco de areia o pendurando e o segurando, enquanto Caesar o socava. -Devia falar com ela... Falar a verdade, sabe.
    -Do que está falando? -Caesar parou de bater, olhando para ele, através do saco.
    -Sério? -Vough olhou para ele, com um sorriso sarcástico no rosto. -A Amazona anda tanto no seu pé que falta só trancar você no laboratório com o resto dos malucos com quem você trabalha. E quanto a garota, ela está louca para a abrir e arrancar os nanites dela para descobrir como eles funcionam. Garoto, a vida é curta demais para se importar com o que as pessoas pessoas podem pensar ou algo assim.
    -Não é tão fácil. -Caesar voltou a socar o saco, com ainda mais força. -Eu não estava por perto no momento em que ela mais precisava. Eu... tirei ela da pequena bolha em que vivia, só para depois ela ser jogada lá dentro com toda a força. Não é tão simples assim...
    -Você fala como se fosse o culpado de tudo o que aconteceu a ela. -Vough olhava para Caesar com certo interesse. Ele não conhecia bem a história de Vênus, mas a conhecia o suficiente para saber do que Caesar falava. Ela era tímida, reservada, foi difícil para ele conseguir arrancar respostas com mais de duas palavras dela nas primeiras semanas.
    -Em parte... -Caesar se se jogou pesadamente no chão. -Se eu fosse um pouco menos distraído...
    -Duvido que isso fosse mudar alguma coisa garoto. -Vough deu uma risada nervosa. -Por que não muda logo pro quarto dela? Já passa a maior parte do tempo lá...
    -Acha que ela... -Caesar olhou para Vough, que tinha um sorriso no rosto, que respondia a pergunta dele.
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Vênus estava deitada na cama, cobrindo os olhos com um dos braços, com os headphones em tons pastéis de lilás e azul.
    -Raposinha... -Caesar entrou no quarto segurando algumas caixinhas de isopor e um par de copos do café favorito dela. -Está com fome? Trouxe um lanche e...
Ele olhou para ela, vendo os fones e rindo. A musica estava alta o suficiente para que ela não ouvisse, na verdade ela não ouviria nada, nem mesmo as escandalosas sirenes da Providência.
    -Oi... Desculpe. -ela piscou algumas vezes, deixando os olhos se acostumarem a luz. Ela gostava que a primeira coisa que via sempre que acordava nesses últimos dias fosse o rosto dele.
    -Trouxe para você alguns mimos. -ele abriu as caixas de isopor, deixando que o aroma dos folheados que trouxe preenchesse o quarto. -Tem também aquele café que você gosta... Ou gostava. Não te perguntei isso... Desculpe.
    -Você ainda se lembra. -ela sorriu, pegando o café e se sentando ao lado dele, na mesinha do computador. -Vou ficar mal acostumada se você continuar com isso.
Caesar riu, enquanto tomava um gole do café. O humor dela sempre melhorava um pouco quando ela comia besteiras.
    -Raposinha... -ele colocou o café de lado, pegando uma das mãos dela. -Você se sentiria melhor se eu conseguisse um lugar só para você? Para você deixar do seu jeitinho...
    -Acho que sim. -ela olhou ao redor, para o quarto. -Para ser sincera, essa brancura toda me irrita. Sinto falta da minha... bagunça.
    -Não é só uma simples bagunça, é sua confortável bagunça. -Caesar carinhosamente apertou a mão dela. -Vou providenciar um espaço para você, quase como um pequeno apartamento.
Vênus sorriu, apesar de não gostar de ter Caesar fazendo tudo por ela. Ela sentia como se estivesse abusando da bondade dele.
    -O que foi? -ele a encarou, preocupado. -Raposinha...
    -Por que eu sinto como se estivesse explorando você? Você está fazendo tudo por mim, inclusive pagar os atrasados do meu apartamento e eu também sei que não é a Amazona que anda comprando aquelas roupas para mim. -ela olhou para ele com uma expressão preocupada e triste. -Por que está fazendo isso?
    -Raposinha. -Caesar a puxou pela mão, a fazendo se sentar em seu colo. -Eu sei que você detesta quando as pessoas fazem coisas por você, principalmente quando é algo ligado a dinheiro... Mas você está aqui por minha causa e o mínimo que posso fazer é cuidar de você. Além do mais, no momento não ando tendo muito com o que gastar meu salário e você é o melhor investimento que eu tenho. Você fica linda em cada uma das roupas que eu comprei...
    -Bobo. -ela sorriu, lhe dando um soquinho no braço. Ele sorriu, enquanto enchia o pescoço dela de beijos. -Você sabe que não vou deixar você continuar com isso por muito tempo né?
    -Bem, você sabe que eu tenho meus métodos de convencimento... -ele a beijou, enquanto ela se levantava e voltava para a cama, riscando e rabiscando no caderno.
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Caesar entrou no quarto, se deparando com uma enorme quantidade de esboços espalhados pelo chão.
    -Raposinha? -ele procurou por ela pelo quarto, preocupado. -Vênus?
    -Já pensou em olhar na banheira? -Vough surgiu atrás dele, mexendo em alguns papéis. -A Amazona liberou as alterações para o quarto da garota, mas disse que ela precisa estar pronta para uma missão em uma semana...
    -E na sua opinião? -ele o encarou, parando por alguns instantes de recolher os papéis jogados no chão.
    -Bem, ela está fazendo bom progresso. -Vough olhou ao redor. -Está se saindo bem, é só manter ela longe de algo maior do que ela. O que tem de errado com o ar condicionado de vocês.
    -Nada. -Caesar correu para o banheiro, encontrando Vênus imersa na banheira, apenas com a cabeça para fora. -Raposinha! Céus! Que água gelada...
    -Minha cabeça está doendo... -ela mantinha os olhos fechados e vez ou outra tirava as mãos de dentro da água, massageando as têmporas. -Acho que é aquela sua coisa...
    -Alpha. -Caesar colocou as mãos na testa dela, medindo a temperatura dela. -Vou abaixar a temperatura dos ar condicionados e ver o posso fazer para deixar o mais frio possível.
    -Obrigado. -ela afundou ainda mais um pouco o corpo. -Acho que vou ficar aqui mais um pouquinho...
    -Bom, isso me dá tempo para me livrar do Vough. -Caesar sorriu saindo do banheiro. Apesar da água gelada estar a fazendo bem, ele sabia que ela preferiria mil vezes que aquela água fosse quente. -Ela não está se sentindo bem... Algo fez o Alpha... acordar.
    -Ela está bem? -Vough segurava alguns dos muitos papéis que haviam no chão.
    -Vai ficar. -ele pegou os papéis que Vough o entregava. -Acho melhor ela descansar por alguns dias... Acha que tem problema?
    -Não. Ela merece uma folga. -Vough pensou por alguns instantes. -Se precisarem de alguma coisa, me avise.
Ele saiu, os deixando sozinhos. Caesar começou a mexer no computador, regulando a temperatura do quarto a quase um digito. Ele começou a trabalhar no que poderia ter despertado Alpha e por mais que procurasse não encontrou nada que pudesse o ajudar.
    -Raposinha. -ele se sentou no chão, pegando a mão dela. -O que aconteceu?
    -Eu não sei. -ela abriu os olhos, encontrando o olhar preocupado de Caesar. Vênus soltou um pesado suspiro. -Acho que algo na TV, ou talvez em um livro, ou uma musica... Eu não sei o que foi, só sei que eu comecei a sentir aquelas dores e lembrei do que você havia falado sobre o frio.
    -Minha garota esperta... -ele beijou a testa dela e a pegou no colo. -Vou levar você para a cama, Vough te deu alguns dias de folga, aproveite...
    -Vou ver muita série policial e me encher de doces. -ela disse repousando a cabeça sobre o ombro dele. -Mas agora eu quero só dormir...
    -O que você quiser meu Amor... -ele a deitou na confortável cama de casal, a cobrindo com um lençol de linho. Caesar a deixou descansando, enquanto verificava como ela estava.
Ele odiava ver ela daquele jeito, assim como também sabia que ela odiava ficar assim, doente e dependendo de outros.
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    -E então, como ela está? -Vough entrou no quarto, com um trio de copos de café.
    -Dormindo. -Caesar nem mesmo levantou os olhos da tela do notebook. E eu estou bem, dormi algumas horas.
    -Não se algumas horas é um termo que eu queira ouvir, mas é melhor do que nada. -Vough puxou uma cadeira, colocando os copos sobre a minúscula mesinha de computador. -Bem, espero que ela melhore logo. Gosto da garota.
    -Fico feliz de ouvir isso. -Caesar fechou o notebook, pegando um dos copos de café. -O que anda ouvindo nos corredores?
    -Nada demais para ser sincero. -Vough tomou um gole do café, fazendo uma careta. -Como vocês tomam isso, é horrível.
    -O nome disso é mocaccino Vough. -Caesar riu. -É o que a Vênus gosta, tenho certeza de que você preferiria o café preto de lá.
    -Talvez. -Vough tomou mais um gole, pensando no que Vênus fazia com todo aquele açúcar que entrava no corpo dela. -Vou precisar de uma uma sessão de musculação depois dessa.
    -Espera até ir na Itália comigo, aí sim você precisar de uma sessão de musculação. -Vênus se sentou na cama, enquanto Caesar ia até ela com o copo de café. -Oba.
    -Presente do Vough. -ele colocou o robe dela ao lado da cama, voltando para a mesa. -Como está se sentindo?
    -Bem melhor. -ela tomou um gole do café, puxando o robe e lençol. -Acho que já pode voltar a temperatura ao normal.
Caesar riu, enquanto ajustava a temperatura do quarto para um clima mais agradável.