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História Alpha - Flores e Tintas


Escrita por: Diamond_Queen

Notas do Autor


Mais um pedacinho do passado da Vênus e do Caesar... <3 Espero que gostem... ^_^

Capítulo 6 - Flores e Tintas


Fanfic / Fanfiction Alpha - Flores e Tintas

Aproximadamente 6 anos e meio antes...

Vênus estava sentada na arquibancada do ginásio, esperando pelo ultimo sinal, enquanto rabiscava alguns esboços para o novo abajur. Apesar do dia de sol, ela usava um moletom cinza claro com capuz, que lhe escondia o rosto. 

O sinal tocou, fazendo assim uma multidão de alunos encher os corredores. A semana de prova que se aproximava significava que a maioria iria para a biblioteca, tornando-a assim mais um dos lugares que Vênus evitaria. O pequeno grupinho de garotas populares cochichou algo enquanto Vênus passava rapidamente por elas em direção ao familiar carro prata. 

-Oi Raposinha. -Caesar estava no banco do motorista com um olhar cansado. Vênus precisou piscar algumas vezes. 

-O que está fazendo aqui? -a voz dela saiu como um sussurro, efeito de se passar as ultimas horas calada. Ela olhou para o banco de trás a tempo de evitar jogar a bolsa sobre Rex. -Oi Rex. Tem bala no bolsinho lateral... 

-Enzo me pediu para buscar você... -ele olhou para o irmão rapidamente pelo retrovisor, parando no sinal. -E também preciso de um favor seu. 

-Quer que eu cuide do seu irmão? -ela sorriu para Rex, enquanto ele se esbaldava com os doces. Caesar apenas acenou com a cabeça, dando um longo bocejo. -Você precisa dormir... Está acordado há quanto tempo? Entrada errada... 

-Desculpe... -ele pegou a direção para o desvio, quase o perdendo. -Para ser sincero não sei, mas não posso dormir ainda... Preciso terminar uma coisa... 

-Termina depois... -ela disse pescando a chave do apartamento no bolso da calça. -Se você não dormir pelo menos um pouco, coloco sonífero no seu café. 

Caesar riu, enquanto entrava no estacionamento subterrâneo do pequeno prédio de quatro andares. O apartamento de Enzo possuía decoração minimalista, todo em tons de branco, cinza e preto. O único cômodo que fugia a regra era o quarto de Vênus, com o carpete branco cheio de pequenas pintas de tinta e as paredes em tons claros de verde-água e com os móveis cheios de lindos e delicados desenhos coloridos, em sua maioria ramos de flores. 

-Fiquem a vontade. -ela largou a bolsa ao lado da escrivaninha. -Computador ou filme? 

-Filme. -Caesar respondeu no lugar de Rex, o que fez Vênus rir. Ela pegou a pasta da mão dele a colocando sobre o pequeno criado ao lado da cama. -Onde posso trabalhar? Quanto mais cedo eu terminar, mais cedo eu vou dormir... 

-Está bem. -Vênus bufou enquanto ligava a TV e puxava uma caixa cheia de filmes para Rex escolher. -Senta aí na cama, enquanto eu faço alguma coisa pra gente comer. Depois você vê onde é melhor. 

Caesar concordou com um aceno, enquanto ela ia para a cozinha. Alguns minutos depois ela voltou, trazendo alguns pedaços de bolo, sanduíches e a garrafa de café. 

-Voltei. Café não faz bem pra você. -ela colocou a bandeja sobre a escrivaninha, entregando a Rex uma caixinha de suco. Ela olhou para a cama e viu Caesar dormindo em uma pose engraçada. -É, eu nem precisei colocar sonífero no café dele.  

Ela colocou a bandeja sobre um banquinho, espalhando os cadernos e livros sobre a escrivaninha, começando a estudar. 

-❀- 

A ultima coisa que Caesar espera encontrar quando abriu a porta do apartamento de Enzo era Vênus dançando alegremente pela cozinha, com um pano de prato no ombro ao som de um música eletrônica em volume quase ensurdecedor. 

-Sem fazer barulho. -ele olhou para Rex, com um sorriso maroto, colocando os dedos sobre os lábios. Eles se aproximaram sorrateiramente da bancada que separava a sala da cozinha, se sentando nos banquinhos. 

Vênus deu um pulo e um gritinho quando se virou e os viu, parando de dançar e abaixando drasticamente o volume da música. 

-Continua... Estava tão bonitinho... -Caesar apoiou os cotovelos sobre a bancada, se abaixando quando o pano de prato passou voando por ele. 

-Não tem graça. -Vênus tinha as bochechas vermelhas, envergonhada. Ela olhou para Caesar por cima do ombro enquanto olhava algo em uma panela, ele parecia estar falando sério. -Não vou fazer isso com vocês aqui. Por falar nisso, hoje é sábado, o que está fazendo aqui? 

-Estou de babá e preciso de ajuda. -ele olhou rapidamente para Rex, que esvaziava sua mochila no chão. -Preciso terminar umas coisas e pensei que você poderia me ajudar... como vem fazendo a semana inteira... Vou ter que começar a pensar em um jeito de te pagar. 

-Se consertar os meus fones estamos quites. -ela disse tirando a mistura do fogo. Caesar não pode evitar sorrir ao perceber que ela ainda mexia os quadris no ritmo da música. -Além do mais, quase não dá trabalho cuidar dele. 

Ela colocou um pedaço de bolo com cobertura, ainda quente na frente dele, junto com uma xícara de café. Vênus aumentou mais um pouco o volume da musica, indo para o quarto pegar seus materiais de desenho se sentando de frente para Caesar na enorme mesa de vidro. 

-O que está desenhando? -Caesar largou seus cálculos de lado por alguns instantes, puxando a cadeira para perto de Vênus.  

-São só esboços. -ela mostrou os desenhos para ele um pouco envergonhada, mas estava começando a se acostumar com a presença de Caesar. -Preciso de um desenho para meu novo abajur, mas não sei o que fazer ainda... 

-Só uma pergunta... -Caesar olhou para ela e para os esboços. -Todos os desenhos no seu quarto são ramos de flores, né? 

-Sim. Tem rosas, orquídeas, flores de cerejeira, lírios e flores de lótus... -ela citou cada uma orgulhosa. -Por quê? 

-Que tal um ramo dessa aqui? -ele se abaixou, pegando uma foto, onde no fundo havia um jardim florido. -Se chamam dália, vi um jardim cheio delas uma vez e as achei muito bonitas. O que você acha? 

-São lindas... -ela olhava com cuidado as flores, criando um pequeno e rápido esboço, o comparando com a fotografia. -A fotografia é boa, mas seria muito melhor se eu pudesse ver uma pessoalmente. 

-Isso não é problema. -ele se levantou, ajeitando a camisa. -Tem uma floricultura a algumas quadras daqui, se você quiser podemos ir dar uma olhada e passear um pouco. 

-Ótima ideia. -ela se levantou em um pulo, correndo para o quarto e trancando a porta. Vênus arrancou a blusa pela cabeça, enquanto chutava o shortinho jeans para um canto e entrava a mil no banheiro. 

Caesar ajudou Rex a juntar suas coisas, mantendo o apartamento arrumado e dando um pequeno lanche para ele. Vênus saiu alguns minutos depois, o cabelo preso em uma trança, calça jeans, uma camiseta simples e usando uma sandália de salto grosso não muito alta. 

-Só preciso pegar minhas coisas... -ela olhou de relance para eles antes de voltar para dentro do quarto. -Ele quer comer alguma coisa? 

-Não, já dei alguma coisa pra ele. O que você está fazendo? -ele riu ao ouvi-la praguejando. 

-Minhas coisas de desenho. -ela jogou um pequeno estojo dentro da maxi-bolsa em um tom pastel de rosa, enquanto saía do quarto. -Prontos? 

-Sim. -Rex respondeu por eles, passando a mão pelo cabelo, enquanto olhava o próprio reflexo na televisão. Vênus riu pegando as chaves sobre a mesinha. 

Caesar observava Vênus e Rex sentados lado a lado na cafeteria, enquanto ele pegava algumas flores para ela. Ele não pode evitar um sorriso ao ver quanta atenção ela dava a seu irmão, que tagarelava sobre qualquer coisa. 

-Mais alguma coisa senhor? -ele se virou de repente para a mulher que segurava as flores presas por um delicado laço.  

-Não, obrigado. -ele sorriu, pagando pelas flores e saindo. -Para a senhorita... 

-Obrigado. -Vênus pegou as flores, as cheirando e sorrindo. Ela as colocou sobre a mesa, recomeçando a fazer os delicados traços. Caesar olhou para ela do outro lado da mesa, sorrindo, enquanto Rex o pedia para comprar um doce qualquer do cardápio.  

-❀- 

Caesar olhou para Vênus, sentada ao seu lado, enquanto Rex os olhava com os olhos curiosos, mas sem dizer nada. Vênus secou uma lágrima, enquanto cobria a cabeça com o capuz, não que ele estivesse em situação melhor do que o cabelo ou o resto da roupa dela. 

-Desculpe. -foi a única coisa que ele conseguiu dizer antes de ligar o carro. 

Apesar das muitas vezes que Vênus deixou claro que ele não tinha nenhuma obrigação de a buscar na escola, ele fazia questão, dizendo que era o mínimo que podia fazer por ela. Por isso ele se sentia tão culpado por ter se atrasado naquele dia. 

-Vênus... -Caesar tentou segurar o braço dela enquanto ela corria para o quarto, batendo a porta com força. Ele ficou parado no meio da sala, sem ação, enquanto Rex fechava a porta. -Droga... 

Rex foi para a cozinha, sumindo da visão de Caesar que o olhava com certa curiosidade do sofá. Ele viu a geladeira ser aberta e a pequena mão de Rex pegar um pote no fundo da geladeira. Alguns minutos depois ele passou pelo irmão carregando uma bandeja com um pedaço de bolo em um pratinho, uma xícara e a garrafa de café. 

-O que está fazendo? -Caesar se levantou, enquanto Rex ia até a própria mochila, escrevendo algo em uma folha de papel, arrancando do caderno e a dobrando cuidadosamente. 

-Se ela ficar com fome... -ele bateu na porta, voltando para sua mochila e se sentando na mesa para fazer suas tarefas. Caesar se sentou de frente para o irmão. -O que aconteceu? 

-Eu não sei... -ele mentiu. Na verdade ele sabia o que tinha acontecido, apesar de se recusar a pensar que poderiam haver pessoas tão cruéis e que elas sairiam impunes. -Acha que ela vai me perdoar? 

-Por que ela estaria brava com você? -Rex olhou para o irmão, os olhos negros cheios de curiosidade. -Você fez algo errado? 

-Talvez. -ele pegou uma das canetas coloridas do irmão, desenhando qualquer coisa em uma folha de caderno. -Eu devia ter saído mais cedo... Assim não teria me atrasado e isso não teria acontecido. 

Rex deu ombros, voltando para suas tarefas, enquanto Caesar se levantava e andava de um lado pro outro na sala. Já tinha mais de uma hora que Vênus estava trancada no quarto, enquanto Caesar ficava cada vez mais nervoso. 

-Céus! -Vênus deu um passo para trás quando abriu a porta e deu de cara com ele, o que fez Rex rir. Ela tinha uma toalha enroscada no cabelo e usava um roupão azul-claro. -Pode me ajudar? 

-Com o que precisar... -ele a seguiu para dentro do quarto, mantendo a porta aberta para ficar de olho em Rex. Vênus tirou a toalha, deixando as mechas negras lhe cobrirem as costas. -Raposinha... 

Caesar olhava para o cabelo, cortado de modo brutal e grotesco. Ele passou os dedos pelo cabelo dela, sentindo um aperto e uma raiva crescente.  

-Não diga... -a voz dela estava baixa, apenas o suficiente para que ele a ouvisse. -Não diga que eu deveria contar para alguém, por que ninguém vai fazer nada. Só... me ajude a tirar o que ainda tiver de sujeira. 

-Enzo vai perguntar o que aconteceu... -ele olhava minuciosamente o cabelo dela, procurando por qualquer vestígio que fosse. 

-Não vai... Só vai achar que me deu a louca de novo para mudar de visual. -ela brincou com as cordinhas do roupão. Rex apareceu no campo de visão dela, segurando a bandeja e com um sorriso doce no rosto. -Obrigado... 

Ele se afastou, voltando saltitante para a mesa e Vênus sorriu. Ela fechou os olhos ao sentir os dedos de Caesar lhe acariciarem os cabelos. 

-Não tem nada. -ele afastou o cabelo dela quando viu uma marca vermelha na nuca dela. -Vênus... 

Ela puxou as mangas do roupão mais para baixo, expondo os ombros e parte das costas cheios de arranhões avermelhados. Caesar passou as pontas dos dedos por eles, preocupado com ela. 

-O que quer fazer? -ele se levantou, ficando de frente para ela, a fazendo olhar para ele. 

-Preciso ir dar um jeito no cabelo... -ela foi até a porta, sorrindo para Rex, antes de a fechar. Ela abriu a porta do armário embutido na parede, tirando algumas roupas e as jogando sobre a cama, um jeans, uma camiseta larguinha rosa pastel e um moletom preto. 

Caesar foi para o banheiro dela, olhando ao redor, a banheira ainda cheia de água, a lixeira cheia de papéis manchados de amarelo, uma sacola, ainda aberta, com as roupas que ela usava rasgadas em tiras prontas para serem descartadas e o celular quebrado sobre a pia. Ele percebeu que ela tentou salvar o aparelho, mas havia sido inútil. 

-Posso sair? -ele não precisou de resposta, ela apareceu na porta do banheiro, olhando o reflexo no espelho, jogando água no rosto e esfregando os olhos. -Você está bem? 

-Vou ficar... -ela dando um sorriso que cortou o coração dele. -Vamos... É bom que seu irmão passeia um pouquinho. Vocês não merecem ficar nesse climão chato por minha causa. 

-É verdade, não merecemos... -Caesar pegou as mãos dela, as apertando carinhosamente. -Mas fazemos questão de ficar e apoiar você. 

Vênus sorriu, secando uma lágrima teimosa e o puxando para fora, cobrindo antes a cabeça com o capuz.  

No dia seguinte, Caesar fez questão de se arrumar, da melhor forma que pode com Rex ao seu lado dizendo que se eles não saíssem em dez minutos ele não ficaria para as aulas extras de musica da escola. 

-Pronto pequeño... -Caesar saiu, passando a mão pelo cabelo mais uma vez antes de entrar no carro, enquanto Rex o olhava com curiosidade. 

-Você está usando perfume? -ele revirou os olhos, o que fez Caesar rir. 

Vênus saiu da sala, caminhando o mais rápido que podia na pequena multidão de alunos, desviando da maioria deles. Ela mantinha a cabeça baixa, com o cabelo, agora curto, lhe cobrindo o rosto, tentando em vão limpar as manchas de tinta óleo dos dedos enquanto ia em direção a saída. 

-E aí gata... -um garoto a segurou pelo braço assim que ela chegou ao pé da escada. Ela tentou se soltar, mas ele apertou o braço dela com um pouco mais de força. -Que isso, quero só conversar... 

Caesar sorriu ao ver Vênus passar como um raio pela porta da escola. Com cabelo curto e a falta do usual moletom cinza ela quase parecia ser outra pessoa, mas aquilo não fez diferença para ele, o que o surpreendeu e o encantou foi a força dela ao passar pelo grupinho de garotas com a cabeça erguida e as ignorando, mesmo que ainda estivesse quase correndo.  

E apesar da pontada de ciúmes que sentiu ao ver um garota se aproximar dela, ele pensou que aquilo poderia ser uma coisa boa. Pensamento que durou apenas alguns instantes, no momento em que percebeu que ela estava desconfortável, ele se saiu do carro, pisando duro. 

-Oi Raposinha. -ele colocou a mão no ombro dela, a fazendo olhar para cima. O garoto soltou o braço dela, dando um passo para trás. -Algum problema? 

-Claro que não senhor... -o garoto se afastou, rindo, enquanto Vênus encarava o chão. 

-Tudo bem? -ele segurou o rosto dela com ambas as mãos a fazendo olhar para ele. 

-Agora está. -ela sorriu, o seguindo até o carro. 

-Quase esqueci... -ele parou de repente, pegando uma rosa de delicado tom lilás do bolso de trás da calça e a entregando a Vênus. Ela sorriu e ficou vermelha quando ele pegou a mão dela. 


Notas Finais


Eu sei, ficou enorme... Desculpem, me empolguei um pouquinho... Espero que tenham gostado. <3


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