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História Ameno - XVI - Uma flor em meio ao caos


Escrita por: RunningDevil

Notas do Autor


Esse é um daqueles capítulos que você se pega dizendo: "Vou diminuir, preciso tirar algumas coisas pra manter a constância" e no fim não consegue apagar nada porque ama todos os pedacinhos de interação.
Fiquem com a continuação mais amorzinho da vida desse nascer do sol na casa de Min Yoongi, e nos vemos nas notas finais.
Eu quero dizer de novo que eu amo cada um dos comentários de vocês, são tão enormes e elaborados e cheios de sentimento que eu nao podia pedir por leitores melhores pra minha história. Obrigada por tudo <3

Capítulo 16 - XVI - Uma flor em meio ao caos


 

 

 

 

“Uma flor nasceu na rua!

Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.

Uma flor ainda desbotada

ilude a polícia, rompe o asfalto.

Façam completo silêncio, paralisem os negócios,

garanto que uma flor nasceu.

 

Sua cor não se percebe.

Suas pétalas não se abrem.

Seu nome não está nos livros.

É feia. Mas é realmente uma flor.”

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O calor fora a primeira coisa da qual tomara consciência ao acordar.

"É óbvio', Jimin, repreendeu-se mentalmente por ainda ter esperado o clima suave e primaveril, 'é quase verão". Os dias seriam mais quentes daquele momento em diante.

Seokjin ficaria triste com o fim da primavera tanto quanto o próprio garoto ruivo, mas ficaria feliz – o ruivo também ficaria − por finalmente poder visitar Jimin como amigo durante a estação quente. Era o único momento em que Seokjin tinha uma pausa da vida de Seokjin e podia aproveitar plenamente como o jovem adulto brincalhão e amigo que era, e nada mais que isso.

Precisaria cozinhar coisas gostosas para quando ele chegasse − ou ao menos comprar o necessário para que se tenham ingredientes para preparar coisas gostosas, e esperar que Seokjin fizesse o trabalho duro.

Como sempre.

Ainda que se oferecesse para ajudar, o outro nunca lhe deixava fazer as coisas sozinho.

E sempre oferecia-lhe comida por dizer que Jimin parecia magro demais.

E sempre aparecia com algum produto para que cuidasse melhor dos cabelos descoloridos.

Sempre lhe trazia protetor solar – ainda que fosse quase outono.  

Riu. Seokjin nunca lhe deixava sobrecarregar.

Decidiu-se por criar uma nota mental que o dizia para entrar em contato com o mais velho assim que chegasse em casa, para que pudessem acertar os detalhes do verão e aproveitar a companhia um do outro.

A palavra “casa” pareceu despertá-lo do que teriam sido os melhores minutos entre um amanhecer e um piscar de olhos de quem está, consciente do mundo ao redor.

 Lentamente abriu os olhos, sentindo a luz solar incidindo sem piedade e, finalmente, situou-se.

Sua mãe jamais lhe deixaria tão à vontade a ponto de ter seu quarto tão desorganizado quanto estava o ambiente ao seu redor.

Bem, sua mãe jamais sonharia em vê-lo dormindo numa varanda.

Riu. E no momento em que seus pensamentos passearam até chegar na genitora que o esperava em casa, dera-se conta de duas coisas importantes: da promessa de que voltaria da festa antes da meia noite, e do peso acima de seus fios alaranjados.

Não precisaria virar-se naquela direção para saber que Min Suga estava ali, ressonando adormecido, o queixo apoiando-se no topo de sua cabeça.

Jimin relaxou.

Ainda que desesperado, e com sua sentença de morte já quase completamente escrita,  estava feliz.

Sorriu.

O horizonte não estava a vista e não havia visto o amanhecer, a posição não era a mais confortável do mundo − já que dormira jogado no chão da pequena varanda −, mas fizera o máximo de esforço para não acabar movendo-se em seu despertar e terminar por ser um estorvo que poderia impedir o sono do mais alto.

Os prédios que cobriam sua visão já não eram mais capazes de prender, por detrás de suas paredes de concreto, o sol que se erguia imponente no céu de Busan.

Havia algo sobre as manhãs. Talvez o modo como o sol aparecia sem pedir licença, como que fazendo todo sistema solar lembrar que era ele quem conseguia, em toda a sua massa e plenitude, distorcer o espaço e atrair os pequenos corpos que passavam por seu campo no espaço – assim como Suga parecia ter o poder de fazer com Jimin.

Talvez fosse o amarelo, que vinha como a cor dos cabelos desbotados do garoto, e que agora parecia constantemente lembrá-lo da presença forte, presunçosa e, à seu modo, ensolarada do novo amigo.

Jimin imaginou como seria o rosto adormecido de Suga naquele momento, e sentiu-se corar. Quis poder vê-lo.

Não que não visse seu rosto adormecido quando debaixo da árvore que agora compartilhavam, ou que não o visse cochilar durante as aulas, mas havia alguma coisa sobre estar ali. Em sua varanda, recostado em seu peito magro, enquanto o mais velho repousava a cabeça na sua.

Sentia algo como paz. E tinha quase certeza de que, se pudesse olhá-lo adormecido naquele momento, veria paz refletida também naquele rosto bonito.

Ainda que Suga estivesse longe da calmaria de uma maré vazia.

Ainda que se assemelhasse mais com uma tempestade em mares desconhecidos.

Ainda que fosse território não desbravado e fossem precisos guias e intérpretes para que pudesse avançar a passos lentos rumo a algo que desse sentido à sua permanência.

Ainda assim sentia a paz que vinha apenas do existir ao lado dele.

Do calor, do sol, do abraço desajeitado do garoto que o envolvia naquele momento.

Era bom.

Confortável.

Tinha gosto de algo novo.

Tinha gosto de aventura.

Tinha o gosto dos sorvetes em tom pastel que vinham junto do verão.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Quando despertou pela segunda vez, não sentiu mais o peso do queixo de Suga apoiado no topo de sua cabeça.

E achou estranho que, de todas as constatações possíveis de serem feitas – tais quais seu atraso para voltar pra casa, a pouca bateria do seu celular, os rastros de destruição causados pela briga com Jungkook que, provavelmente, já haviam tomado proporções maiores no momento ou o fato de que o sol estava quase a pino apontando o meio dia −, fora justamente a falta de Suga a primeira coisa processada por seu cérebro.

Claro, depois de alguns segundos todas essas preocupações atingiram-no de uma vez, como um soco no estômago, e xingou a si mesmo por ser tão imprudente.

Num súbito, ergueu o corpo e deixou-se procurar por uma posição mais confortável, para que assim pudesse pôr os pensamentos em ordem e traçar um plano de ação. Tentou levantar-se, mas teve seu corpo apertado contra um peito quente que subia e descia de forma ritmada.

Sentiu então que, ainda que Suga não estivesse mais adormecido acima de si, ainda permanecia abraçando-o daquele jeito desengonçado de quando caíram no sono.

Jimin não tinha a mínima noção do que fazer a seguir.

Quer dizer, entendia de abraços, e entendia de noites que terminavam apenas no nascer do sol do dia seguinte. Entendia de carinho e, quando Hoseok precisava de consolo por qualquer besteira que fizera ou tristeza que existia, era sempre naquela exata posição que acabavam.

No entanto, não entendia do carinho que poderia ter para com o outro.

 Sequer entendia por que a vontade de olhá-lo nos olhos naquele momento se confundia e se mesclava com o desejo louco de sair correndo e enterrar a cabeça em qualquer lugar que lhe servisse de esconderijo, até que seu peito parasse de querer expulsar seu coração pela boca.

Não entendia de Min Suga.

Não conseguira ler seus manuais.

Talvez fosse medo o que estava fazendo-o tremer tanto naquele momento. Medo de ter atrapalhado o garoto ou de ter sido invasivo demais. Ou qualquer outro medo.

Talvez fosse o ambiente estranho? Não sabia.

Só sabia que tinha plena consciência da existência de seu coração, como nunca antes, dado o número de vezes que batia.

Estava descontrolado.

− Park? – ouviu a voz rouca de quem também havia acordado há pouco.

Rezou para que Suga não tivesse ouvido seu coração sambista. Ou para que, caso houvesse ouvido, que lhe oferecesse um remédio.

Só podia estar doente.

− Park? Park Jimin? – Suga repetiu, depois de ser belissimamente ignorado pela mente de Jimin. 

Dessa vez Jimin virou-se para ele.

Sentiu o coração falhar uma batida.

"Por favor, quem quer que controla o universo. Não me deixe morrer na casa do meu novo amigo. Eu juro que irei ao médico assim que sair daqui."

Suga tinha a pele branca um tanto avermelhada perto das bochechas e na pontinha do nariz, provavelmente pelo tempo exposto ao sol forte acima deles. Jimin teve vontade de rir dos olhos caídos inquisidores que o encaravam, mas deteve-se no brilho molhado que parecia vir.

Depois de piscar algumas vezes e de acostumar-se com a claridade por completo, pensou ter visto um prenúncio de chuva no rosto de Suga, e inclinou a cabeça como se lhe perguntasse o que havia de errado.

Parecia querer chover. Parecia prestes a se desmanchar num dilúvio de sete dias e sete noites.

Jimin não conseguia lê-lo. 

Nem conseguia perguntar o que havia de errado.

E mais do que tudo, não conseguiria ajudar alguém quando passava tão mal a ponto de sentir o coração na boca.

Estava doente, tinha certeza.

Precisaria de um copo d’água e de um remédio.

Não, não cabe a nós, leitor, julgar as atitudes ingênuas do garoto ruivo. Você e eu sabemos bem, a juventude vem acompanhada dos piores pensamentos e das cegueiras mais absurdas. Enquanto nós, como observadores da trama que se seguiu entre os dois, podemos dizer com propriedade que o coração inquieto de Jimin é uma clara demonstração de que seus sentimentos começaram a ser desenvolvidos por Yoongi − e que o cuidado que o loiro começa a demonstrar também é uma demonstração de afeto das mais profundas quando se trata da alma antiga e maltratada do rapaz mais velho −, para ambos tudo não passa de um punhado de doenças cardíacas, abraços e mal-entendidos. Não cabe a nós a tarefa de interferir nos sentimentos ou a de dar um outro rumo para a história.

Aconteceu como aconteceu, e não há muito que possa ser feito.

Estes são relatos com início, meio,

e fim.

Um relato que iniciou-se na primavera.

Naquela belíssima primavera que pareceu envolver o coração de Min Yoongi lentamente, como se seu próprio peito fosse o chão onde se alojavam, uma por uma, as pétalas das flores de cerejeira, transformando o peito devagar em algo que pudesse ser chamado de colorido, depois de anos inteiros de inverno rigoroso.

Que teve meio no verão.

Esse verão que acaba de se iniciar para nós, e que nos leva a banhos de praia, conversas às escondidas, janelas abertas, distâncias e proximidades.

Não está em meu poder a autorização para dar mais detalhes, leitor, então espero que não faça pouco caso desta breve explicação, ou que sinta-se magoado por estar-lhe escondendo o que vem a seguir.

O depois é o depois. Nós todos temos que aprender isso.

Eu.

Você.

Park Jimin.

Min Yoongi.

Principalmente Min Yoongi.

E bem... quanto ao fim...

Todas as histórias tem um fim, certo?

Não há nada mais que possa falar.

Por enquanto só posso lhe dizer da ingenuidade e pedir-lhe que tenhamos calma com o jovem garoto.

Ainda assim, é perfeitamente razoável rir do menino Jimin neste exato momento. O leitor ainda não mergulhou profundamente nas razões de Park Jimin ou no profundo de Min Yoongi, então é normal que se ria de alguém que confunde paixão com problemas do coração.

 Além disso, o leitor com certeza já deve ter sentido a paixão e, por isso, veio em busca desta história.

 Deve saber que paixão é um sentimento único que lhe faz correr frio por toda a corrente sanguínea e que lhe direciona cada vez para mais perto do descontrole total. Deve ser familiar com cada fase das mãos suadas e dos sussurros em formato de promessas, então com certeza lhe parecerá um tanto ultrajante que o rapaz não reconheça o sentimento quando este lhe começa a brotar.

Lhe parecerá um tanto injusto, também, que ele não a conheça.

Mas não sou eu quem faz as regras. Eu apenas as executo.

− Que horas são? – Jimin lhe questionou esfregando as pálpebras, ainda sem tirar os olhos grandes do rosto avermelhado que lhe encarava.

− Meio dia, mais ou menos. Eu acho. – Ele respondeu, enquanto esticava-se, rindo −Você tá esmagando o meu braço há mais de sete horas.

Jimin conseguia sentir a vergonha lhe subir pelo corpo inteiro.

− Ah meu deus! Me desculpe, Suga! Eu dormi sem querer! – afastou-se num salto, podendo ver o loiro remover o braço direito do espaço entre Jimin e a parede, rindo do papel ao qual o ruivo se prestava.

Jimin gostava de vê-lo sorrindo, e acabava por sorrir junto.

Tal como se fosse contagioso.

Uma reação em cadeia.

Suga sorria porque era Jimin, e Jimin sorria pura e simplesmente por ser Suga.

− Tá tranquilo. Se estivesse me incomodando de verdade, eu não teria conseguido dormir. – Suga disse, encarando os olhos castanhos do outro garoto – Na verdade, se estivesse me incomodando, eu teria te dado um chute e te acordado.

− Você é um doce. – Jimin rolou os olhos, sentindo o olhar do outro repousando sob si, divertido.

Cabe, nesse momento, fazer um adendo, caro leitor, sobre as percepções de Park Jimin para o que quer que estivesse acontecendo ali:

Park Jimin era uma porta.

A este ponto tanto eu, quanto o leitor já estamos enfadados por todos os sinais e todos os sorrisos que começavam a nascer e que, convenhamos, Jimin nunca soltara em tanta quantidade como quando estava com Suga.

Mas a porta ainda considerava que a felicidade que brotava aos pouquinhos vinha da habilidade de ter conseguido tocar, por pouco que fosse, a vida do garoto que, à sua frente, sorria, alheio às suas mãos suadas e ao seu coração palpitante.

Suga também sentia algo diferente ante o olhar de Jimin. Definitivamente sentia — e sabia que sentia —, ainda que também não fosse um dos mais espertos e fosse teimoso o suficiente para negar que seu peito tomava novamente as cores do outono laranja.

Eu juro que não consigo entender como as relações humanas se demoram para ter um desenrolar.

O leitor deve saber mais do que eu, então abra um adendo e também não julgue esta pobre narradora que entende tanto de descrever e ler sentimentos, mas tão pouco das ações e das pessoas que os acarretam.

Trate de perdoá-los também, a Suga e a Jimin. 

− Tá com fome? – Suga perguntou, depois de alguns segundos de olhos fixos e de pequenas simulações de ataques cardíacos no peito de Jimin. O mais novo sentiu sua barriga reclamar e, sem se dar conta de todos os poréns que o obrigariam a declinar, naquele momento, um convite do loiro para passar mais tempo em sua casa, apenas acenou com a cabeça de forma veemente. Suga riu, levantou-se e esperou que o outro fizesse o mesmo.

Sua mãe teria que esperar um pouco mais. Jungkook teria que ser paciente. O mundo lá fora poderia se virar sem ele por mais algumas horas.

E Jimin guardou na mente aquele sorriso do loiro, como um pequeno pedaço de um bloco de notas.

Como se fosse algo realmente importante e que merecesse o memorando.

Foi a primeira nota que tomou

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

− Você nunca pensou em dar o fora?

Ele tinha uma xícara de café entre as mãos, os dedos longos e finos − que Jimin passou a invejar quando comparados à sua mão diminuta de dedos cheinhos – envolviam o recipiente como se fossem tentáculos, como se temessem derrubar sequer uma gota do líquido.

Era bonito o modo como Suga falava, mesmo que nunca realmente cruzasse o olhar com os olhos atentos do ruivo sentado à sua frente. Falava manso, como se os anos lhe pesassem nas costas e a correria juvenil já lhe atingisse há tempos o corpo.

Pausadamente.

Como se quisesse fazer de cada palavra uma flecha certeira em quem quer que lhe ouvisse.

Ou como se estivesse constantemente, drasticamente e irremediavelmente bêbado.

Fica a cargo do leitor, que bem conhece a manha das palavras dançando nos lábios de Yoongi, a decisão de encaixá-lo numa dessas comparações. Eu, particularmente, ficaria com a segunda.

O que a voz bêbada sugeria a Jimin naquele momento, no entanto, não era algo que gostasse de discutir. Era a maior das suas inseguranças, e incomodava o peito.

Sair.

Como em “encarar o mundo lá fora”.

Como em “precisar ser de ferro e suportar a tempestade”.

Ah! Jimin era apenas um pequeno torrão de açúcar, molenga e sensível.

Como poderia ser páreo para a ventania?

− Hobi quer ir para Seoul e ser um dançarino grande. – Sorriu pequeno, vendo que a atenção do mais velho estava voltada para si. – Jungkook vai cantar, eu sei disso, onde quer que haja um público e alguém que deseje ouvi-lo. E ele ama a América. Vai pra lá em breve.

− E quanto a você? – Jimin tremeu novamente com a pergunta. Bebeu um gole de sua própria caneca, torcendo o nariz para a bebida amarga demais e levemente passada do ponto de fervura. Suga voltou os olhos triangulares para si e sorriu minimamente ante ao claro desgosto de Jimin por seu café, mas esperou-o continuar seu raciocínio.

Um suspiro.

− Ah... Eu não sei se tenho o que é necessário, como eles têm, pra viver e ser alguém lá fora. Eu não sei se eu sou o suficiente.

− Entendo.

O loiro bebeu mais um gole e manteve-se em silêncio.

Jimin estranhou. Seria apenas aquilo? Normalmente essa pergunta viria com um discurso sobre aspirações, e todos os outros que conhecia lhe teceriam dissertações inteiras sobre como sabia dançar muito bem, sobre como cantava tão bem quanto Jungkook, sobre como era talentoso – ainda que nada fosse convencê-lo verdadeiramente, diziam.

De Suga recebera apenas um menear de cabeça.

Percebeu os olhos escuros do outro encarando a careta que, involuntariamente, estampara, e irritou-se por esperar algo.

Irritou-se, também, ao perceber que Suga apenas virou-se na direção da varanda, contemplando a chuva que começara a cair, e riu.

Riu de Jimin.

− Jimin, você esperava que eu começasse um discurso motivacional e cheio de elogios, né? – Arqueou uma sobrancelha para o mais velho que apenas lhe jogava as palavras sem cuidado. – Nem sonhando.

− Eu não... – até tentou retrucar, mas viu-se sem palavras.

Era exatamente o que queria ouvir.

E, estranhamente, era o que queria especialmente por partir dos lábios de Min Suga.

Formou um bico nos lábios. Suga riu novamente e abaixou a xícara de café, levando a mão até os cabelos ruivos de Jimin e despenteando-os num carinho singelo.

− Te dizer algo assim não vai resolver absolutamente nada, Jimin. Você vai continuar sendo essa bolotinha de insegurança que é. A diferença é que vai ser uma bolotinha de insegurança com ego amaciado.

Jimin abriu a boca numa careta indignada. 

− Como pode conseguir dizer algo assim?

O mais velho deu de ombros, tirando os dedos longos dos cabelos de Jimin.

− Eu sou sincero.

− Está certo. Mas você podia tentar ser mais gentil, não? Fala comigo como falou na época em que me odiava.

− Gentil é pra quem tem medo de não agradar com a sinceridade, Park. Você quer o gentil ou a verdade?

− O gentil às vezes cai bem – retrucou, ouvindo novamente um riso de Suga.

− Às vezes. Mas só quando é de verdade.

− Eu acho que estou diminuindo de tamanho nesse exato momento. Você é péssimo. – tentou argumentar, mas acabou sorrindo um pouco.

Ele era sincero, exatamente como achava que seria.

E aquilo não machucava.

Era melhor que qualquer um dos elogios forjados que recebia.

− Jimin, eu só digo o que sei que posso ter cem por cento de certeza que é a verdade. − Suga falou pausadamente, mais que o normal, dessa vez encarando profundamente os olhos do ruivo – Dizer as coisas da boca pra fora é a pior merda que um ser humano pode fazer.

O ruivo demorou um pouco olhando para sua xícara, mas sim, entendia. No fim das contas, gostaria de ser mais como Suga.

Mais sincero consigo mesmo.

Talvez assim pudesse viver sem as amarras que o prendiam ao chão.

− Você é inacreditável, Min Suga. – disse, encarando-lhe e mostrando uma careta de quem, mesmo não gostando, tinha que concordar com algo. Suga rolou os olhos e bebeu mais um gole de seu café.

− É o lógico a se fazer. – voltou a falar pausadamente, como que para assegurar-se de que o outro prestaria atenção em cada palavra. – Não sou eu quem vai te dar a segurança que você precisa pra ser alguém e parar de ter tanto medo das coisas. Nem é o seu amigo hiperativo, ou o seu amigo cara de coelho, nem os colegas todos que ficam te paparicando no colégio. É você quem deve dar a cara a tapa e aceitar que precisa mudar de atitude se quiser que as coisas melhorem. É você quem precisa dizer pra si mesmo o quão bom é ou não. Se você me pergunta a minha opinião, eu dou, mas se você fica se lamuriando sobre não ser bom? Aí eu não posso fazer nada.

− Pensei que você tinha dito que seríamos amigos. – Jimin deixou um bico infantil tomar conta de seu rosto.

− Amigos servem pra isso, Park. Pra nos salvar de nós mesmos. – atirou a caneca num canto do balcão, o riso divertido em sua feição oscilando por um momento, a expressão e parecendo sofrida. Era quase como se o tempo nublado de fora refletisse os olhos ali de dentro, o ruivo percebeu. − E pra dizer a verdade. Mesmo que ela doa.

E saiu em direção à pequena pia no lado oposto, tomando no caminho a xícara com o liquido quase intocado das mãos de Jimin e levando-a consigo para a área mais afastada da pequena cozinha.

A verdade mesmo que doa.

Seokjin lhe dissera a mesma coisa, e com as mesmas palavras, certa vez. Para ser mais sincero com seus sentimentos e com todos à sua volta para que assim pudesse tomar responsabilidade por seus atos.

Mas ah! Como lhe parecia exaustivo, às vezes.

Bem, deveria aprender, ponderou enquanto observava as costas de um Suga absorto na tarefa de tentar encontrar um espaço para as canecas de café na pequena pia abarrotada de pratos sujos.

Se quisesse estar ali com Suga, deveria ser sincero consigo.

E com ele.

Decidiu-se por fim. Não esconderia nada de Min Suga.

− Eu vou te dizer a verdade. Sempre. − ele disse, arrancando a atenção do mais velho da louça para si. − Nunca vou mentir pra você.

E o jeito que Suga olhou para Jimin? Ah...

Ainda que eu tentasse vasculhar na mente todas as palavras do meu vocabulário, em todas as línguas e dialetos que conheci em minha longa vida, leitor... Aquele olhar não teria uma definição exata.

Só consigo dizer que era um olhar feliz, como Jimin percebeu.

Era um olhar de quem conseguia a segurança de um guarda chuva depois de dias de tempestade.

Era um olhar de quem consegue o antídoto para um coração quebrado.

− Obrigado, Jimin. – disse, sorrindo minimamente.

Sorrindo como se sentisse-se plenamente feliz.

Seguro.

 Em casa.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Se, em algum momento, pensara que Min Suga era um mocinho seguro e indiferente saído de alguma história de heróis, arrependia-se profundamente.

− Você não pode dizer isso. É heresia.

Teve muita vontade de rir, mas se conteve. Cruzou os braços e encarou o loiro que estava a beira de um ataque de nervos.

− Nem todo mundo gosta de Slam Dunk, Min Suga. Você precisa aceitar isso.

− HERESIA! – Berrou, chocado. – Park Jimin, eu retiro tudo o que eu disse. Saia da minha casa neste exato momento. E na chuva!

O ruivo riu desesperadamente. Suga segurava um mangá que encontraram perdido pelo quarto – mangá esse que havia dado a partida para toda a discussão que se seguia.

− YAH! – o mais velho reclamou – Eu não estou brincando, Park! Você não tem bom gosto nenhum? Slam Dunk é, de longe, o melhor mangá e a melhor animação de todos os tempos, e você – apontou acusadoramente, um bico se formando nos lábios – não sabe nada sobre as coisas boas da vida.

− Eu sou uma coisa boa da vida. – Jimin disse, e o maior silêncio de constrangimento da história tomou lugar entre os dois. Suga o encarava perplexo, como se não acreditasse na cara de pau de Park Jimin.

Encarava.

Encarava.

Então começaram a rir descontroladamente e, enquanto Jimin batia em seu ombro para que parasse de rir às suas custas, o almoço esfriava e a barreira entre eles diminuía e diluía-se em conversas aleatórias, ironias e reprimendas.

Como deveria ser.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

− Qual foi a coisa mais feliz que aconteceu na sua vida?

Jimin olhou-o, intrigado com a pergunta aleatória.

− Por que quer saber isso?

− Você sabe muito das pessoas quando sabe qual foi o momento mais feliz da vida delas. − Suga deu de ombros, encostando-se na parede do quarto − E alem do mais, eu ainda posso fazer duas perguntas das cinco combinadas. 

− Isso não é justo. Você me deixou dormir porque quis, perdeu a oportunidade.

O outro apenas deixou um sorriso ladino bordar seus lábios.

− Você me pediu as cinco perguntas porque quis, perdeu a oportunidade de ficar argumentando.

Aigo. 

Rolou os olhos. Podia não saber muito sobre o Min, mas sabia que ele adorava lhe contrariar

Se era uma tática para afastá-lo no começo, agora parecia ter se tornado um hobby para o rapaz mais velho. 

Park olhou-o desafiadoramente como gostava de fazer. Dessa vez fora Suga quem rolara os olhos, contrariado pela demora. Jimin riu, feliz.

Nao entendia como e nem em que velocidade, proporção, departamento, área ou qualquer outra unidade de medida, mas estava mudando. 

Sabia disso.

Talvez aquela antiga parte de seu cérebro − a parte que o empurrava  para o comum e atirava-o do abismo de não ser tão maleável quanto Hoseok ou belo como Jungkook − tenha assimilado, finalmente, o que tanto relutara em aceitar.

Que nem sempre somos nós os responsáveis pelo fardo de carregar o peso de ser alguém. 

Que devia deixar-se falar.

Que devia deixar-se ouvir.

E ouvindo a si mesmo conseguiria a permitir que as batidas de seu coração tivessem a frequência que realmente desejavam, sem freio, a galope, o sangue quente correndo e, pela primeira vez em muito tempo, realmente sendo sentido.

Ser alguém viria como parte do pacote de ser apenas ele mesmo.

Se sentia vivo. 

Sem muito esforço para continuar existindo, sem aspas ou parênteses que o fizessem ser apenas uma citação descartável e clichê em sua própria história, como se pudesse gravar em cada muro os dizeres "Eu tenho vontades", "Eu penso", "Eu existo".

Sentia-se beijar a liberdade no cantinho dos lábios, só porque a adrenalina lhe caía bem.

Sentia-se compelido a dizer o que quisesse, só para que as palavras revelassem as asas que tanto custara em aceitar fazerem parte de seu corpo. 

Devia ser livre, como as folhas caídas das arvores de cerejeira. 

Devia ser Park Jimin. Isso devia bastar.

E bem, se nao bastasse, nao seria o fim do mundo, certo?

− Acho que fui mais feliz quando vi as flores de cerejeira na estrada Dalmaji pela primeira vez − disse, e Suga transformou o semblante em uma tentativa falha de segurar o riso ao ouvi-lo, trazendo por alguns segundos a tão comum expressão humana em que os olhos brilham e os lábios se contraem num sorriso apertado. Jimin gostou de vê-lo daquele jeito. Aquilo deixava-o bonito. 

− Você é definitivamente um clichê, Park. − voltou à pose de antes, a cabeça apoiada na mão direita, o braço direito apoiado na cabeceira da cama. Os olhos, no entanto, permaneciam fixos em Jimin.

− Não há nada de errado em ser um clichê. 

Suga suspirou, parecendo ponderar entre soltar ou não um peso que lhe apertava o peito naquele momento. 

− Não. Realmente não há.

E mais uma vez, leitor, não se pode julgar a falta de tato de Jimin. Ele não sabia da ligação entre Seokjin e Namjoon, entre Namjoon e Yoongi, e muito menos do peso que arrastava Yoongi para as quedas e espelhos quebrados, árvores e despedidas. 

Park Jimin não sabia que Kim Taehyung também amava a primavera.

Tampouco sabia que suas flores, não as de Taehyung eram o que, pouco a pouco, faziam Yoongi conseguir respirar aliviado naquele quarto pequeno e alugado.

Duvido até que Yoongi já soubesse naquele momento.

Mas posso apostar que estava próximo de saber. 

− Conte-me sobre as flores − Yoongi pediu, e assim fizera Jimin. 

Contou-lhe sobre a primeira lembrança das árvores rosadas lançando-lhe de presente flores de cerejeira que grudavam em seu cabelo conforme pedalava estrada abaixo. 

Contou-lhe das pétalas, e de como pareciam dançar no ar, do mar ao fundo abraçando a montanha. 

Contou-lhe do mirante de onde podia ter a visão de todo o oceano à sua frente, e das flores atrás de si.

Contou-lhe tudo, e foi como se Jimin pudesse ter o poder de trazer a primavera de volta, mesmo que esta estivesse chegando ao fim. 

− Qual foi a sua lembrança mais feliz? − atirou ao loiro, assim que terminou de descrever seu melhor momento. Suga encarou-o por um momento, hesitante. 

E Jimin sabia que ele estava cogitando se permitiria que fossem tão fundo no mistério que era. 

Estava decidindo se confiava em Jimin o suficiente para deixá-lo entrar.  

Foi em Daegu. − O loiro remexeu-se, dando um pequeno sorriso daqueles que crescem de um lado só, e encarando os dedos entrelaçados das próprias mãos, como se olhasse para um passado distante, mais calmo, mas ameno, mais feliz. − Eu trabalhei feito um cachorro de rua por seis meses inteiros e não comprava comida para o jantar. Acabava sem comer e acordado a madrugada inteira, compondo. Depois dessa época eu consegui juntar o dinheiro pro meu primeiro sintetizador*. E pra blocos de notas. Pros vários blocos de notas. A partir daí foi o meu momento mais feliz. Parecia que eu tinha tudo nas mãos, e que o tudo não terminaria nunca.

− Você tinha uma casa?

− Oh sim. – os olhos caídos vagaram, triste. Respirou fundo, e encarou o menor no fundo dos olhos. – Era a melhor de todas as casas.

− Parece bom. – foi tudo que conseguiu dizer. Estava preso em tudo que o outro dizia, em sua vida desorganizada e em seu passado distante.

− Você tem alguma coisa assim, Jimin? Alguma coisa que não quer que termine nunca? – O Park pensou por um instante, mas não soube como respondê-lo. Seus olhos prendiam-no, e pareciam sugar tudo que havia dentro do ruivo. Suga pigarreou. − Eu te digo uma coisa, Jimin: Se você não quer que termine, nunca seja um covarde e dê pra trás. Nunca.

− Você é profundo demais. 

− Eu não sou. 

− O que você quer dizer com tudo isso? 

− Exatamente o que eu disse, sem tirar nem pôr. 

Jimin bagunçou os cabelos, com dor de cabeça. Suga parecia falar mais para si mesmo do que para o ruivo, e, ao contrário do que fora aconselhado, queria descobrir. 

Queria ser parte.

− Aigo, você é complicado.

"E parece ter tanta dor no peito, batendo em ritmo junto ao coração..."

− Eu só sou problemático, Park.

− Você parece ser um pouco triste. − jogou as palavras no Min, como se tivesse medo de revelar-lhe aquilo. 

Ainda que Yoongi já soubesse há muito tempo. 

− Todo mundo é um pouco triste nesse mundo. 

Um silencio se instaurou por alguns minutos. Era sufocante a forma com que Suga pensava em sua vida, sempre restrito a si mesmo, sempre cobrando de si o máximo de frieza.

Perguntou-se se o melhor dia da vida do garoto algum dia fora simples como passear e ver as flores brotando numa manhãzinha calma. 

E perguntou-se como tudo teria mudado. 

Como teria se tornado o Suga que conheciam. 

"Se você não quer que termine, nunca seja um covarde e dê pra trás. Nunca.".

Parecia um bom conselho, certo?

Se não se decidisse por caminhar montanha acima, jamais encontraria seu mirante, sua árvore, seu momento mais feliz do mundo.

Se não decidisse por aquela cerejeira nos fundos do colégio, jamais o teria encontrado.

Se decidisse por começar algo, não poderia voltar, desistir, dar para trás. 

E já havia decidido por Min Suga. 

Havia decidido por ele Ha muito tempo. 

- Eu não vou desistir. - disse, encarando-lhe nos olhos de forma séria. - Seja qual for a minha decisão, eu não vou deixar ir. 

Suga sorriu, e acenou positivamente com a cabeça. 

- Então estamos acertados. Nada de dar uma de covarde. 

— Nada de dar uma de covarde. 

— Nós ficamos.

— Sim. Ficamos.

Suga sorriu. 

"Eu não vou desistir."

Quem quer que houvesse deixado-o ir, e criado o abismo entre a chama morna de Jimin e a tempestade gelada do Min, não seriam nem ele, nem suas memórias, nem sua sombra a impedir que a chama de Jimin aquecesse, mesmo que aos poucos, o peito do rapaz que sorria à sua frente.

Park Jimin decidira-se.

E sua decisão era Suga.

 

 

 

 

 

 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

− Qual a sua cor favorita?

− Você vai gastar sua ultima pergunta com isso?? Inacreditável, Park.

Jimin riu, o casaco por cima do ombro, à porta da casa do rapaz.

Já era noite. Estaria mais que fodido quando chegasse em casa.

− Preciso de qualquer desculpa para adiar essa ida para casa. Se eu não aparecer no colégio amanhã, saiba que eu morri.

− Você é muito dramático. – Suga riu para si, entregando-lhe um guarda chuva logo depois. – Eu não aguento mais ver a sua cara. Vá logo pra casa.

− Eu sou dramático e você é um péssimo mentiroso.

− Calado, Park. – viu quando os olhinhos triangulares se apertaram seguindo o sorriso que se abriu.

− Ainda não me disse a sua cor favorita.

− Posso te dizer isso a qualquer hora. Use melhor essa ultima pergunta. Vai ser a sua última chance.

Jimin deteve-se, concordando mentalmente.

O que poderia perguntar?

Céus, eram tantas coisas.

Queria saber o que havia acontecido com a família que ele afirmava ter tido.

Queria saber por que o chamavam de Agust na festa do dia anterior.

Queria saber se algum dia havia amado alguém.

Queria entender como cada peça daquele garoto funcionava, mas, deus! Como parecia uma tarefa impossível.

Ateve-se então, num súbito, à informação mais preciosa, o que realmente gostaria de saber por todos os anos em que estivera na sala do rapaz de cabelos descoloridos.

A fonte de todos os seus questionamentos.

A resposta.

− Suga, − ele ditou com cuidado, como se pudesse assustá-lo caso fosse brusco demais. – Você... pode me dizer seu nome?

O loiro engoliu em seco.

Jimin poderia perguntar-lhe por que escondia seu verdadeiro nome. Ou elaborar melhor a frase para que o outro não tivesse saída e acabasse por responder todas as suas dúvidas, mas no fundo não queria.

Queria apenas isso.

Apenas um nome.

Algo que mais ninguém soubesse.

Apenas os dois.

Apenas Jimin.

E então sentia que poderia fazer qualquer coisa.

Yoongi. – O outro lhe disse calmamente, saboreando a palavra como se descesse agridoce entre memórias boas e dores excruciantes. – É Min Yoongi.

Min Yoongi.

Jimin sorriu grande.

Yoongi fez uma careta.

Combinava com ele, aquele nome.

Min Yoongi.

− É bonito.

− Se você sequer pensar em me chamar assim, eu te mato. Da pior maneira possível. Agora vá embora.

− Estou indo, estou indo. – virou-se para ir embora e, antes que desaparecesse na rua pouco asfaltada, voltou-se para a casa, onde o loiro observava-o da porta, e gritou a plenos pulmões − É um prazer conhecê-lo, Min Yoongi!!

O que Suga fez? Mostrou-lhe o dedo do meio e entrou, batendo a porta.

Jimin riu para o ar, no meio da rua.

Naquele instante, gostaria de voltar ao mirante da estrada Dalmaji.

Gostaria de voltar para o momento mais feliz de sua vida.

E dessa vez, não sozinho.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde

e lentamente passo a mão nessa forma insegura.

Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.

Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.

É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.”

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Notas Finais


EU AMO.
AMO.
ESSE CAPITULO.
MEU DEUS.
AHSFKSDNAJSDKManfsnasklfnauskjnm
Gente eu amo muito Yoonmin voces não tem noção do quantoe u amo Yoonmin ai senhor. asbdnaklm
Agora passou o ENEM. Eu não sei como vai ser daqui pra frente, ou se vou continuar morando em São Paulo, se minha mae vai me deixar fazer o curso de teatro musical, não sei sobre nada. Mas estou tentando.
E vou continuar tentando.
Obrigada por estarem comigo <3
Mandem a fic pros amigos, pra todo mundoq ue ces acham que vão gostar, porque a coisa ta ficando boa,. asnjaskldsa


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