História Amnésia - Capitulo três.

Harry Styles:

Já havia terminado de me arrumar e agora lutava contra meus monstros internos para poder criar algum tipo de coragem para encarar a minha “família” novamente. Confesso que estou loucamente ansioso para saber o motivo o qual minha avó havia me convocado aqui e espero que seja um bom motivo e que justifique toda essa urgência. Enquanto seguia o caminho até a sala de jantar observava atentamente tudo, ensaiava até mesmo meu tom de sarcasmos quando encarar a cara de Melissa e o desprezo ao tratar aquele homem que muitos diziam que era meu pai e provavelmente procuraria algum motivo para brigar com Caleb afinal seu jeito perfeitamente “certo” de ser me irritada profundamente. Ou simplesmente os ignoraria afinal assim que descobrisse o motivo que me trouxe aqui eu voltaria para onde nunca deveria ter saído.

Aproximei-me um pouco enquanto encarava a porta de onde encontraria sombras do meu passado e por mais que eu quisesse fugir daquilo tudo eu não poderia. Eu não iria falhar, não iria ser um covarde como havia sido anos atrás. Então ignorei os embrulhos do meu estomago e coloquei o sorriso mais sínico que consegui e a empurrei a mesma.

— Acho que deveríamos dá uma festa para apresentar o novo membro da... — Melissa falava animadamente quando alguém lhe interrompe

— Alguém falando em festa? Acho que cheguei na hora certa. — Os olhares de todos que estavam na mesa seguiu em direção à porta onde se encontrava o dono da voz

Enquanto todos, ou quase todos, olhavam assustados para o dono da voz. Sendo aquele mesmo garoto que havia visto no álbum de fotografia, aquele que até mesmo parecia ser um assunto totalmente proibido nesta casa. Ele continuava olhando os membros que estavam com sentados naquela mesa de uma maneira que até mesmo eu poderia considerar sínica enquanto todos ali mantinham uma reação diferente no rosto. Melissa mesmo mantinha uma feição de assustada. Caleb mantinha a sua postura de superioridade e Robert mantinha uma surpresa. Exceto os mais velhos que até mesmo pareciam felizes.

— Eu sei que vocês sentem emoção pela minha presença, porém podem dizer alguma coisa. — Sorriu. — Eu permito.

— Querido, – Rose levantou-se — Como eu sentir sua falta.

— Harry? Como assim? – Levantou-se a loira.

— Vovó também sentir falta da senhora. – Despediu-se do abraço — Oi para você também Melissa — disse o nome da mulher com certo tom de desdém.

— Fico feliz que esteja de volta, Harry. – Levantou-se o senhor Klaus e apertou a mão do garoto.

— Também fico feliz por estar de volta. – Sorrir de lado, afinal quando eu queria era um ótimo ator.

— Harry assim como qualquer outro membro da nossa família, merece participar da felicidade imensa a qual estamos vivendo. – Intrometeu-se a mais velha.

— E confesso que estou totalmente curioso para saber o motivo disso. – Sorriu

Permiti-me a pensar, será que eu sou tão invisível assim? Aquele garoto era tão idiota ao ponto de não notar minha presença ali? Tudo bem que o garoto mal havia tido tempo de se sentar com tanto falatório e perguntas. Agora se eu chegasse a qualquer outro lugar com pessoas as quais conheço e notar outra pessoa eu iria perfeitamente estranhar. Apesar de aquele garoto ser parecer ser um assunto tão “proibido” vê-lo na vida real, longe de qualquer algo que indicasse ser uma fotografia. Ele me parecia ser tão vulnerável. Claro ele tinha um jeito tão rebelde e isso de longes todos poderiam perceber. Lembrei-me de quando peguei aquela foto e fiquei imaginando como ele seria.

Agora o observando poderíamos notar claramente que não era o mesmo, digo ele havia mudado né? Aquela foto só poderia ser antiga. Permiti-me sorrir um pouco, afinal sempre havia me perguntando como era ter um irmão mais velho e agora por culpa do destino descubro que tenho dois primos. Ainda não tive nenhum contato, na verdade nem meias palavras havia trocado com Caleb e agora chegou esse garoto. Será que iriamos ser amigos? Será que poderíamos ter uma relação boa? Será que seriamos uma família como aquelas que por muito tempo fiquei idealizando. Tudo bem uma família “normal” até que não iria conseguir ter afinal minha mãe havia morrido da noite por dia e o meu pai esse nem se quer conheci.

Os olhos de Robert estavam sérios, firmes, enquanto os de Melissa permaneciam obscuros, Caleb por sua vez foi o responsável por soltar uma gargalhada alta, sonora e cruel. Era isso que preenchia o silencio daquela sala enorme toda vez que eu ouvia o nome do garoto. E atentamente olhava as feições de cada membro sentado naquela mesa um calafrio me subia a espinha. Ódio era aquilo que o garoto demostrava ao encarar quase todos ali. Gotas geladas de suor brotaram em meu pescoço. Meu rosto ficou quente e, naquele instante, eu queria correr daquele hospício que constantemente fui obrigada a conviver.

— Não vai falar com seu filho Robert? – Agora os olhares que antes eram dedicados ao rapaz viraram-se contra o homem.

— Você... – ele começou a falar. O homem cortou contato visual que mantinha antes com sua esposa e pela primeira vez, levou o mesmo até o garoto. — O-o que v-você está fazendo aqui?

— Eu chamei Harry aqui – Disse a mais velha — Ele assim como qualquer outro membro dessa família, merece perfeitamente saber o que estava havendo conosco.

— Afinal se não fosse seu convite vovó, creio que o Harry nunca lembraria que tem uma família. – Caleb comentou de forma canalha – Não é verdade irmãozinho?

— Fico feliz que tenha sentido minha falta, – Sorriu – irmãozinho.

— Vocês ainda vão ter vários momentos para matar a saudade, – ela respondeu de forma educada. — Mas o momento agora é outro certo? – Os dois assentiram.

— E confesso que estou bastante curioso para saber o motivo o qual me fez voltar. – Ele sorriu.

— Ela é o motivo que lhe fez voltar. – A mais velha acenou para o garoto enquanto olhava diretamente para mim. — Laecy Spittle, ou melhor, Laecy Spittle Parker.

Nossos olhares se encontraram e eu senti meu rosto corar. O garoto me olhava de uma maneira totalmente engraçada ele mantinha dúvida no olhar assim como qualquer outra pessoa iria manter se fosse pega de surpresa sem nem antes saber do assunto.

— Ela é algum parente distante? Filha de alguma tia avô? – Disse o garoto sem ter muito mais o que dizer.

— Não, querido. – Sorriu. – Eu sei que agora é muito confuso, porém Laecy é sua prima. – Sorriu novamente – Uma maravilhosa herança de Richard.

— Uau! – Fora a única coisa que o garoto conseguiu dizer depois da novidade

Todos os outros membros da família agora nos olhavam, seria até engraçado se não fosse totalmente cômica aquela situação. Eu nunca gostei de apresentações, nunca quis ser o centro das atenções em nada mesmo e agora a vida estava sendo totalmente irônica comigo pregando uma peça atrás de outra e sem dúvidas com aquilo que sempre temi.  Sabe quando você entra em um lugar e sente que todos os olhares se voltam para você? Como se você fosse um alienígena?

Aqui não estava sendo muito diferente todos ainda me olhavam como se eu estivesse cometido um erro terrível e pior, aquele silencio era terrível, era como se eu estivesse num filme e todos só estavam esperando a sua reação.  Sem rodeio dessa vez foi a minha hora em tomar atitude naquela conversa. E assim o fiz, levante-me e seguir em direção aos mesmos.

— Olá, – disse quando finalmente me aproximei. – Prazer! – Levantei a mão em forma de um cumprimento.
 

O mesmo ainda me olhava totalmente atônico e só voltou a prestar atenção na minha mão agonizantemente “suspendida” quando a senhora pigarrou.

— Desculpe! – Ele tentou disfarçar apesar de eu estar bem ali, mas só acenou com a cabeça para cortar a fala dele. Então ele entendeu e se virou para mim. – Perdão, mas eu não imaginava que meu tio havia tido uma filha! – Ele exclamou e eu sorri timidamente. – Então... Prazer! – Ele falou e eu não pude deixar de arquear uma sobrancelha quando finalmente nossas mãos se juntaram.

— Nem eu imaginava isso. – Murmurei com um sorriso antes de voltar a encarar os outros membros. O garoto ainda me encarava de uma maneira estranha quando voltei a me sentar no mesmo lugar de antes.
                    

A pergunta que eu pensava em fazer, no entanto, era diferente. “Quando, como e onde” aquilo parecia uma grande loucura. Não que não pudesse ser real, mas mesmo assim ainda era uma grande e mística loucura. Eu sabia que o motivo de Rosie me chamar novamente seria forte demais, afinal minha saída desta casa não havia sido nada “fácil” e do jeito que fui embora era motivo dela não me querer aqui nunca mais.

Os cabelos negros, compridos. A cor levemente pálida, a boca rosada, os olhos negros assim como o cabelo e o sorriso tímido. Não que eu estivesse a observando e sim, eu estava observando durante o jantar.

Eu imaginava a tortura que iria ser adentraria a mansão Parker. Estar novamente no lugar que eu jurei nunca mais voltar não estava sendo nada agradável, porém essa novidade estava me deixando totalmente longe de qualquer tipo de lembrança ruim do passado. Ridículo mesmo estava sendo Melissa fazendo papel de “agradável” e simpática enquanto conversava com a garota.  Pobre Laecy não sabe com qual espécie de cobra está lidando.

O jantar até permaneceu tranquilo, sinto até que pela primeira vez em anos estava dando motivos para Rose sentir-se nunca verdadeira família. E pelo sorriso que a senhora dava era realmente um sonho para a mesma. Tudo se confirmou mesmo quando a senhora levantou tomando para si os olhares de todos.

— Irei ser breve em minhas palavras prometo. – Sorriu. — Na verdade só quero agradecer a vocês por essa noite tão agradável que estou tento a oportunidade de viver em anos. Sempre foi meu sonho ter minha família reunida. Ter meus filhos presentes e de alguma forma sinto que Richard em qualquer lugar que esteja está feliz com esse momento. Em ter Laecy aqui conosco é como ter uma parte dele aqui. De ter Harry novamente nesta casa e ter os outros que também tanto amo. Obrigada por esse momento e espero de verdade poder ter outros momentos assim.

•••

Caleb, que tinha se dirigido a mim, olhava-me com um sorriso esperto no rosto. Os cabelos perfeitamente arrumados, a roupa social que denominava sua postura típica daqueles mauricinhos de Holywood. Apesar de sermos irmãos e algumas pessoas falarem que parecíamos uma quase cópia um do outro.  E isso era uma bobagem, afinal de parecido não tínhamos nada. Caleb era o típico filho dos sonhos, neto dos sonhos, irmão dos sonhos, namorado dos sonhos e sim ele era o sonho de qualquer um. Ele era estudioso, inteligente e extremante focado quase não havia imperfeições naquele garoto e por um lado eu o admirava. Na verdade, eu admirava qualquer pessoa que fosse diferente de mim. Harry Styles é a famosa fruta podre que estragava qualquer ambiente e eu não me sentia mal com isso. Não mesmo!

— Fico feliz, Harry, que você esteja aqui. – Caleb se aproximou de mim. Seus lábios estavam curvados em um sorriso malandro, – É bom o delinquente da família novamente. – Ele envolvendo-me em um abraço. Chegou próximo ao meu ouvido e sussurrou: — Senti falta de ver você se dando mal.