História Amor Além do Tempo - Um Novo Começo - Silêncio

Havia poucas coisas em sua vida com que Chloe não era capaz de resolver. A maioria, ela solucionava por conta própria, sem se dar o trabalho nem de cogitar pedir ajuda. Algo que inclusive lhe trazia algum orgulho, embora ela nunca ousasse admitir.

Entretanto, se tinha algo que sempre deixava a punk completamente no escuro, mesmo depois de tantos anos, era o tratamento de silêncio que Max lhe concedia quando tinham uma discussão mais séria e acalorada em que ela se deixava levar pela própria impulsividade e perdia a razão.

E, embora soubesse que o caminho mais simples e mais óbvio para uma reconciliação imediata seria pedir desculpas, seu orgulho sempre acabava tomando a frente em todas as ocasiões e adiando o momento por tanto tempo que tornava situação mais complicada do que deveria.

E foi assim que ela tomou a decisão menos racional, se mantendo o mais distante possível da nerd até a hora de dormir e não encontrando por parte desta qualquer interferência em relação a seus planos. Pelo contrário, Max parecia empenhada em dar a ela o mesmo tratamento.

Não demorou muito para a raiva que ela sentiu de inicio se tornar apreensão e inquietude, a fazendo vivenciar uma noite intranquila após a reunião forçada das duas no quarto e o apagar das luzes sem a troca de um simples “boa noite”. 

Deitada de lado, de costas para a garota de sardas, Chloe arriscou dar uma espiada discreta, apenas para se confrontar com as costas imóveis de sua esposa e, logo em seguida, voltar à sua posição original, fechando os olhos e aguardando imóvel o sono tomar o controle de si e afastar os milhares de pensamentos ilógicos ou absurdos que, em conjunto, a impediam de dormir.

Mas, quando o sono finalmente veio, trouxe com ele os pesadelos, que rapidamente a fizeram desejar nunca ter dormido, ao despertar ao fugir de um deles, desejando com todas as suas forças poder fumar um cigarro. Algo que ela nunca havia feito naquela linha do tempo, mas que faria sem pensar duas vezes, se tivesse um maço com alguns deles à mão naquele momento.

Dessa forma, sem muitas alternativas, sua única solução para tentar relaxar, foi ir até a varanda do quarto e passar horas refletindo até chegar num consenso em seu monólogo interno e decidir pedir desculpas à fotógrafa na manhã seguinte, assim que acordasse.

Entretanto, seus planos foram frustrados mais uma vez, já que acordou atrasada e sozinha na cama no dia, encontrando Max apenas mais tarde, no andar de baixo, tomando café com a pequena Ellie, ainda parecendo firme em sua decisão de permanecer a ignorando.

Então, a teimosia e orgulho de Chloe tomaram conta de suas ações novamente e ela esqueceu seus medos, pesadelos e decisões para comer seu próprio café e deixar tudo como estava, adiando mais uma vez a resolução do problema para o fim do dia.

Assim, as únicas palavras trocadas durante o trajeto de carro para seus respectivos trabalhos foram direcionadas à Ellie, fazendo com que o momento em que a garota se despediu das duas ao chegar na escola, trouxesse ao automóvel um clima de velório quase insuportável, que durou agonizantemente até a hora em que Max chegou ao seu destino e saiu do carro sem sequer olhar para Chloe.

E o restante do dia não foi muito melhor para a punk que não conseguiu afastar de sua cabeça os mais diversos cenários que poderiam surgir daquele desentendimento, mal a permitindo se concentrar em seu trabalho ou em desempenhar qualquer outra atividade que não em imaginar os piores desdobramentos possíveis daquela briga.

Quando o dia já estava quase acabando e ela contando os minutos para finalmente ir buscar Max e Ellie e voltar para casa, recebeu uma mensagem inesperada da nerd e não resistiu a checar o conteúdo antes mesmo de a aula acabar, imaginando que se tratasse de um pedido de trégua ou um convite para uma conversa franca entre. Entretanto, para sua frustração, a leitura do texto curto só a deixou ainda mais preocupada.

[Max]: Não precisa vir me pegar. Vou voltar de carona com um colega do trabalho.

Um colega? Quem é esse idiota? E por que ele decidiu dar carona de uma hora pra outra? É muita coincidência isso acontecer agora.

Eu deveria aparecer lá de surpresa e confrontar os dois… não… não seja impulsiva, idiota! Foi isso que iniciou toda essa confusão. 

Ahhhhhh! O que eu faço?!

Esses e muitos outros pensamentos, que não podiam ser convertidos em perguntas, infernizavam Chloe quando ela chegou na sua segunda parada costumeira de todo dia e foi cumprimentada por Ellie, que também parecia surpresa com a ausência de Max no carro e não tardou expor sua curiosidade.

- Cadê a mamãe?

- Vai voltar de carona com algum fi… um colega do trabalho dela… - Chloe respondeu, tentando se controlar, enquanto manobrava o carro para fazer o caminho de volta para casa.

- Mas por que? Ela sempre vem com a gente…

- Eu não sei. Você pode perguntar pessoalmente a ela quando chegarmos. - Chloe sugeriu, tentando induzir a garota a fazer as perguntas que ela não podia.

E foi exatamente o que a garota fez ao entrar na casa e correr pelos cômodos, chamando por Max e a abraçando ao encontrá-la na cozinha.

- Por que você não voltou com a gente, mamãe?

- Eu ganhei carona de um cara do trabalho, que vinha por esse caminho, e resolvi vir com ele porque achei que seria mais fácil pra todo mundo.

Chloe quis contestar, quis iniciar uma nova discussão ali mesmo já que, de seu ponto de vista, aquela justificava não passava de uma grande mentira. Para a punk, a intenção verdadeira de Max era apenas evitá-la e nada mais.

- Mas você vai vir com ele todo dia? - A garota insistiu no questionário com uma expressão descontente, interrompendo o monólogo interno de Chloe, que observava a cena à distância.

- Não. Foi só hoje mesmo. - Max cuidou de afastar a preocupação da garota, enquanto bagunçava o cabelo dela e, por tabela, aplacava a irritação de Chloe.

- Ótimo. - Ellie respondeu com um sorriso - A mãe fica muito brava com os outros motoristas quando você não tá por perto.

Max não conseguiu evitar esboçar um sorriso ao ouvir o comentário inocente da filha e automaticamente procurou Chloe com o olhar, enquanto esta tentava disfarçar o próprio constrangimento, observando atentamente a tela do celular e fingindo checar as notificações.

- Depois falamos mais sobre isso… - Max disse, evitando prolongar o assunto - Você quer me ajudar a preparar o jantar?

- Pode ser… - A garota respondeu de imediato andando até a cozinha - Mãe, você também vem?

A pergunta despretenciosa pareceu pegar Chloe de surpresa e deixá-la sem reação por alguns minutos, olhando de Ellie para Max sem saber como responder até recobrar o controle total de suas ações e recusar o convite contra a própria vontade.

- Eu tenho umas provas pra corrigir - Ela mentiu, se odiando internamente pelo fato - Mas desço mais tarde pra jantar e te ajudar com a lição.

- Ok. - A garota respondeu visivelmente desapontada para uma Chloe que subia as escadas de cabeça baixa e praguejando quase inaudivelmente.

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- Mãe, você tá me ouvindo?

- Ahn… sim. Claro… 

Chloe respondeu vagamente, se recuperando de seu momento de devaneio, que durava desde a hora em que voltou para casa, piorou drasticamente durante o jantar e, agora que deveria estar ajudando a filha com o dever de casa, parecia ter se tornado insustentável. 

- Eu só me distraí pensando sobre essa última questão.

- Você tá fazendo errado… - Ellie devolveu, confundindo Chloe.

- Ahn? 

- Você esqueceu a divisão, olha…

A garota explicou, indicando com um lápis o trecho do problema que Chloe havia ignorado completamente. 

- Tem razão… desculpa. Mas, pelo menos isso significa que você já consegue se virar sozinha e talvez nem precise mais de mim. - Chloe respondeu num tom mais melancólico que o pretendido, levando Ellie a observá-la longamente.

- Mãe, você tá estranha. Aconteceu alguma coisa?

Antes que Chloe pudesse dizer qualquer coisa ou mesmo dar um jeito de fugir do assunto, as duas tiveram seu início de conversa atrapalhado pelo surgimento repentino de Max, trajada em seu pijama, avisando que iria dormir diretamente para Ellie e concluindo sua despedida com um beijo de boa noite na cabeça da garota.

Observando a fotógrafa se afastar e rapidamente sumir de vista pelas escadas, a garota não tardou a fazer a conexão entre os fatos e externar suas suspeitas para a punk.

- Vocês brigaram? - Ellie perguntou encarando Chloe, mas sem esperar uma resposta, reformulou a pergunta - Por que vocês brigaram?

- Foi só uma discussão boba que fugiu do controle e deixou sua mãe chateada comigo, mas nada com que você precise se preocupar. - Chloe garantiu afagando o cabelo da garota ao final, mas isso não a intimidou a continuar o interrogatório.

- Se foi uma discussão boba, por que vocês não resolveram ainda?

- Porque adultos tomam decisões estúpidas e sem sentido. - Chloe respondeu com sinceridade, deixando a garota ainda mais confusa - E assim se encerra o assunto, já que eu nem ao menos deveria estar conversando sobre isso com você.

- Por que não?

- Porque isso só diz a respeito à sua mãe e a mim e porque você é só uma criança.

- Isso é meio injusto, mas tudo bem… - A garota deu o braço a torcer, mesmo contrariada, pois sabia que insistir com Chloe era sempre perda de tempo.

- E desculpa, mas não tô com muita cabeça pra te ajudar com sua tarefa agora. - Chloe confessou em meio a um suspiro de cansaço, esfregando o rosto e tentando ficar mais alerta. - A gente termina amanhã cedo antes de você ir pra aula, tá?

- Tá... - A garota respondeu desolada, fechando o caderno, o livro e guardando todo o material escolar restante na mochila, antes de levantar e se juntar à Chloe no percurso silencioso rumo ao andar de cima. 

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Depois de colocar Ellie para dormir, Chloe caminhou sem nenhuma pressa até o próprio quarto, abrindo a porta sem fazer barulho e a fechando atrás de si com o mesmo cuidado para manter o ambiente silencioso.

Mesmo com o cômodo na penumbra, ela conseguiu visualizar, sem maiores esforços, Max deitada na cama na mesma posição em que estivera na noite anterior, parecendo já adormecida. Por isso, a punk soltou outro suspiro cansado, esfregando o rosto insistentemente e depois afastando os cabelos de sua frente com as duas mãos para, logo em seguida, se dirigir até o armário, se despindo das roupas que vestia e as substituindo por um conjunto formado por um regata preta antiga e uma calça de pijama de listras transversais.

Então, a punk se dirigiu até a cama, se deitando de costas para Max e, assim como da última vez, se virou parcialmente para conferir se a fotógrafa não havia esboçado uma mínima reação à sua presença. Mas, como da primeira vez, ela não demonstrou. Ela apenas permaneceu como uma estátua, se mexendo quase imperceptivelmente apenas devido ao ritmo constante de sua respiração tranquila.

Daquela vez, a sucessão de pensamentos que se revezavam pela cabeça de Chloe não lhe deram sequer a opção de tentar dormir e aguardar mais um dia naquela situação incômoda. Devido a isso, movida pela própria inquietude e por uma ação impulsiva e inesperada, ela respirou fundo, voltou a girar na cama até ficar de frente para as costas da Max e subitamente se moveu reduzindo sua distância para a fotógrafa em apenas alguns centímetros para abraçá-la com firmeza no minuto seguinte.

Chloe conseguiu sentir com precisão a reação que Max demonstrou a sentir o contato inesperado. Percebeu, com clareza, a tensão crescente no corpo dela, que se tornou rígido e assumiu uma postura defensiva quase automática, como se um campo magnético as separasse.

O silêncio incômodo permaneceu pelo que pareceram horas, mas a frase que o interrompeu não foi nada animadora.

- Chloe… eu não tô conseguindo me mexer…

Embora estivesse relutante após ouvir as palavras de Max, Chloe permaneceu no mesmo lugar, no mais completo silêncio, com o rosto escondido no ombro da nerd, a respiração atribulada pelo nervosismo e o coração acelerado pela adrenalina, com um medo crescente das próximas reações de sua esposa.

- Chloe… me solta, por favor.

E com aquele pedido simples e em tom de urgência, toda a determinação da punk foi pulverizada, a levando a desfazer o enlace ao redor de Max quase automaticamente e se afastar cabisbaixa, enquanto murmurava um pedido de desculpas numa voz baixa, quase inaudível.

Max aproveitou a liberdade recém conquistada para se virar de frente para a punk e estudar a expressão culpada dela por um breve momento para, logo em seguida, se aproximar novamente, conquistando uma expressão intrigada, que logo se transformou numa surpresa quando, após esboçar algo parecido com um sorriso, Max extinguiu completamente a distância entre as duas, puxando o rosto de Chloe com uma das mãos em direção ao seu e a beijando profundamente.

Mesmo pega de surpresa pela atitude da fotógrafa, Chloe levou menos de um segundo para corresponder ao gesto, aprofundando o beijo e voltando a abraçá-la com a mesma instensidade de minutos antes. 

- Me desculpa. - Chloe murmurou ao fim do beijo, enterrando o rosto no contorno do pescoço da garota de sardas antes de prosseguir. - Desculpa ter falado que você se importa mais com seu trabalho que comigo e com a Ellie. Eu sei que não é verdade. Eu só tava frustrada e descontei em você.

- Acho que já te desculpei antes mesmo de você pedir. - Max respondeu num tom de voz complacente, afastando o rosto de Chloe de seu ombro com o único objetivo de encará-la antes de prosseguir - Mas por que você demorou tanto?

- Porque eu sou estúpida, teimosa e estava com medo.

- Medo…? - Max repetiu confusa - Medo de que?

- De você ficar cheia de mim, das minhas explosões… de querer me deixar…

Ela confessou, voltando à sua posição anterior, aninhada no pescoço de Max, suspirando pesadamente ao se calar.

- Chlo… por que eu te deixaria? Só por causa de uma discussão boba? Isso não faz o mínimo sentido. - Max questionou, tentando entender qual linha de raciocínio teria levado a punk àquela suposição. - Isso não é por conta de eu ter vindo de carona hoje, é?

- Não… não é. Embora eu tenha ficado bem irritada com os dois acontecimentos coincidindo… - Chloe disse, sem tentar disfarçar seu descontentamento com o fato. - E eu duvido que tenha sido coincidência.

- Desculpa… eu não tava tentando te irritar. Só fico desconfortável com essa situação em que ficamos no mesmo ambiente sem nos falar. - Max se defendeu, enquanto afagava os cabelos da punk. - Mas, se não foi isso que te fez pensar besteira, o que foi então?

Chloe suspirou pesadamente, se mantendo alguns minutos em silêncio, fazendo sua escolha de palavras antes de expor claramente o que vinha a assombrando o dia inteiro.

- Eu tive um pesadelo com você indo embora pra Seattle ontem… - Chloe confessou agora encarando a nerd com o cenho franzido.

- Chloe…

- Não, Max. Eu sei tudo o que você vai dizer, mas não to te acusando de nada… eu juro. - Chloe a interrompeu para poder dar continuidade ao próprio discurso - Não é algo consciente. Simplesmente acontece nessas situações. E, nesse sonho específico, você ia embora com a Ellie e eu ficava aqui sozinha. Eu chegava em casa e vocês tinham sumido do nada, sem deixar rastros… era horrível.

Max voltou a abraçá-la apertadamente após o desabafo, a notando tentar reprimir as próprias emoções enquanto respondia ao gesto com a mesma intensidade.

- Ninguém vai sumir. Eu nunca faria algo assim com você, nem que eu estivesse com muita raiva, entendeu? - Chloe apenas balançou a cabeça afirmativamente em meio ao abraço - Eu te amo… aliás, nós te amamos e isso nunca vai mudar.

Max pontuou sua frase final com um beijo no rosto da punk, que já exibia ânimo renovado. Por isso, a fotógrafa decidiu prosseguir com sua fala com os olhos fixos nos dela.

- Além disso, você fez muitas promessas pra mim. - A nerd acrescentou, segurando o cordão da punk e trazendo a bala, que o adornava como pingente, ao nível do olhar das duas. - Vai ter que cumprir cada uma delas.

Chloe abriu um sorriso, beijando Max brevemente e, em seguida, a puxando para cima de si para depois observá-la em silêncio durante vários minutos antes de voltar a falar.

- Então parece que você está presa aqui comigo pra sempre. - Ela finalmente declarou, enquanto acariciava os cabelos da nerd.

- “Até que a morte nos separe” e nem ela parece ser capaz. - Max acrescentou com seu próprio sorriso, devolvendo o beijo, mas logo voltando ao assunto - Mas eu quero fazer outro acordo, uma promessa que vale pra nós duas.

- Nessa posição, você pode me pedir tudo o que quiser e vai conseguir. - A punk provocou, piscando para Max.

- Pelo visto, você já voltou completamente ao normal… - A fotógrafa comentou com um olhar crítico, arrancando risadas e uma confirmação silenciosa de Chloe - Bom, mas falando sério, eu quero propor que, quando tivermos outra briga, por mais feia que seja, procuremos nos entender no mesmo dia e nunca deixar pra depois em nenhuma hipótese, porque é horrível  quando isso acontece.

- Estou totalmente de acordo, mesmo sabendo que serei eu a ter que pedir desculpa 90% das vezes.

- Otimista. Gostei de ver. 

Max ironizou e, antes que Chloe tivesse tempo de protestar, a silenciou com um novo beijo, mais demorado que os anteriores e que teria evoluído naturalmente para algo a mais, se não houvesse sido interrompido por batidas inesperadas na porta do quarto do casal.

- Eu posso entrar? - A voz familiar perguntou do outro lado.

- Só um minuto, Ellie. - Chloe respondeu de imediato e, então, se dirigiu a Max - Você vai ou eu vou?

- Deixa comigo. -  Max respondeu, beijando a punk no rosto e indo até a porta para abri-la, dando de cara com a filha exibindo uma expressão preocupada. - O que houve, querida? Pesadelo?

- Não… na verdade, eu não tava conseguindo dormir… e decidi vir falar com vocês duas.

Max arqueou as sobrancelhas curiosa e, ao mesmo tempo, surpresa com o comentário, enquanto Chloe, antes apenas observando a cena à distância, resolveu se levantar para se juntar às duas após ouvir Ellie.

- Você quer dormir aqui? - Max tentou adivinhar o que a garota pretendia, mas ela prontamente negou com um movimento de sua cabeça.

- Eu quero que vocês conversem e se acertem… afinal foi só uma discussão boba. Vocês só precisam pedir desculpas uma pra outra. - A garota declarou, levando Max a arregalar ainda mais os olhos e se virar para encarar Chloe.

- Você contou a ela sobre nossa briga? - Ela questionou incrédula.

- Em minha defesa, ela é bem esperta e descobriu sozinha. Eu só tentei tranquilizá-la em relação à nossa reconciliação.

- Não é pra vocês brigarem por um motivo diferente… é pra se entenderem. - A garota interferiu no debate preocupada.

Chloe suspirou, olhando de Max para Ellie, em seguida, se aproximando desta com um sorriso reconfortante e afagando seus ombros como reforço ao gesto.

- Filha, eu agradeço seu esforço e preocupação, mas a gente já se entendeu.

Em vez de se dar por satisfeita, a garota franziu a testa, olhando de Chloe para Max com uma expressão desconfiada, pronta para contestar a veracidade daquela afirmação.

- Você não tá mentindo só pra me tranquilizar não, né, mãe?

- Por acaso eu já fiz isso alguma vez? - A garota apenas balançou a cabeça em negativa - Pois você já tem sua resposta. Mas, caso não seja suficiente…

A punk acrescentou e, sem completar a frase, foi até Max e a abraçou, a erguendo alguns centímetros e a beijando brevemente antes de devolvê-la ao chão.

- Se eu fizesse isso com ela estando com raiva, provavelmente levaria um soco no estômago. - Chloe falou ao final, se dirigindo a uma Ellie que agora sorria. - Convencida agora?

- Tô...

- Então, conselheira de casais mirim… - Chloe começou a falar se reaproximando da garota, a pegando no colo e a carregando em direção à saída do quarto - vamos te devolver à sua cama porque já passou da hora de você dormir. - Ellie apenas balançou a cabeça em resposta - Eu já volto. - A punk disse para uma Max que lhe deu um beijo de despedida antes de se dirigir para a cama.

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- Cara, eu não gosto de me gabar…

Chloe começou a falar logo que voltou ao quarto, fechando a porta atrás de si, mas foi interrompida no mesmo instante por uma Max sorridente e que estava quase completamente envolvida pelo cobertor.

- Você não gosta de se gabar?

- Tá... Eu adoro me gabar e vou fazer isso agora, se você permitir. - Chloe se corrigiu, enquanto se aproximava e sentava na cama. - Nós provavelmente somos as melhores mães da história.

- Modesta...

- Tá bom, tá bom… talvez não as melhores… tem muitas competidoras no páreo, mas com certeza estamos fazendo um excelente trabalho… - Max acenou positivamente com um novo sorriso, quando a punk deitou na cama, se agasalhando com a parte do cobertor que pertencia a ela. - Eu certamente vou me gabar disso no trabalho assim que surgir a oportunidade.

Ela concluiu ao se deitar confortavelmente, conquistando novas risadas de Max e lhe fazendo um convite silencioso para que se aconchegasse, ao qual a fotógrafa rapidamente atendeu.

E apenas o contato sutil de seus corpos disparou um alarme na cabeça da punk, deixando-a imediatamente ciente de que a fotógrafa não estava vestindo nenhuma peça de roupa naquele momento.

- Uou, Max! - Chloe falou após uma avaliação mais detalhada do torso nu da nerd - Onde suas roupas foram parar? - Ela perguntou ironicamente, fazendo Max rir.

- Acontece que, além de ótima mãe, você também é a melhor esposa. E eu quero me certificar de que você não esqueça e seja recompensada por isso sempre.

Chloe sorriu empolgada, se inclinando para beijar a fotógrafa, ao mesmo tempo em que invertia as posições das duas na cama.

- Vai ser um pouco mais difícil me gabar disso no trabalho. - Chloe brincou antes de se aproximar de Max para um novo beijo que foi atrapalhado pelas risadas da nerd. - Quem poderia imaginar que um dia de merda acabaria com você sem roupa nos meus braços?

- Verdade… e o dia nem acabou ainda… - Max completou, contornando o pescoço de Chloe com os dois braços e a envolvendo com um novo beijo.

- Você nunca esteve tão certa como agora…