13.10.2016
- Cella, acorda! Cella! Você tá atrasada, são 06:37 AM. - Frank estava gritando e batendo na porta pra me acordar.
- Marcella Fadil, acorda porra! - ele gritou e bateu ainda mais forte na porta, tanto que eu acordei.
- Que foi, caralho?! – Droga, dormi de novo. Odeio quando me acordam desse jeito, a dor de cabeça é instantânea.
- Você tá atrasada. 10 minutos pra descer, pronta. - ele estava puto da vida comigo, mas ainda não estava consciente o suficiente pra descobrir o porquê. Levantei correndo da cama, entrei no chuveiro pra dar um choque e acordar um pouco. Saí do banheiro com uma toalha enrolada no cabelo e com a outra secando o corpo enquanto ia procurando uma calça jeans. Troquei-me, penteei o cabelo e deixei molhado mesmo, não tinha vinte minutos pra secar, né. Peguei minha mochila e desci. Frank estava na sala me esperando com um copo, uma cartelinha de Tylenol e uma tigela de Sucrilhos na mão.
- Toma isso e come no carro. Vamos. - peguei o comprimido e tomei com a água, ele me entregou a tigela e descemos.
Ele continuava bravo. Acho que é por causa de ontem, mas nem vou perguntar. Saímos de casa. Eu esperava que não tivesse trânsito, mas meus desejos nunca são bem vistos pelo Universo e ainda tenho que ficar aqui do lado do Frank que provavelmente ouviu a minha diversão ontem à noite e hoje está puto porque ele deve achar que eu estava bêbada. Tomara que ele não me pergunte nada. Estávamos quase na metade do caminho quando ele virou e perguntou:
- Caio dormiu lá em casa ontem?
- Nossa, nem amacia o terreno, vem com essas perguntas logo cedo. – Comentei e ri um pouco junto com ele. Ficamos em silêncio o resto do caminho.
Eu cheguei no cursinho quinze minutos atrasada, e tive que entrar na segunda aula, o Caio tinha guardado o meu lugar, como sempre, entre ele e a Nathalia.
- Nossa, você dormiu? - eu estava com uma cara péssima – porque você está com uma cara péssima.
- Bom dia, meu bem. Como vai? – eu disse num tom de ironia – Sempre bom perguntar antes.
Ok, não dormiu e está de mau humor. Todo mundo saiu ontem e me ignoraram.
- Não ignoramos, o carro tava cheio. – dei uma desculpa qualquer.
- Na verdade, éramos todas meninas e seus namorados. – Eu já tinha visto a Nath mais cedo, e não sei como, mas ela parecia muito melhor do que eu.
- A Cella não namora, e você também não. – Ele tinha um ponto.
- O carro estava cheio. – Ela respondeu e bem na hora o nosso professor de química Israel adentrou a sala. - Olha aquele cara. Como ele consegue ser tão gato a essa hora da manhã?
- Salva pelo gongo, ou pelo Morzê. Você que sabe. – eu comentei e todos rimos.
As aulas seguiram normais. Eu estava quebrada, até o Professor Ivan percebeu e perguntou se eu estava bem, e olha que pra ele ter notado alguma coisa, eu estava bem mal mesmo. Anotei todas as aulas do dia em um rascunho e ainda bem, pois minha letra estava horrível, eu não conseguia escrever na linha, porque eu abaixava a cabeça pra escrever e dormia escrevendo. Ainda bem que o dia passou rápido. Quase no fim da última aula eu recebi uma mensagem do Frank:
Frank
Vamos fazer um treininho de piscina hoje? 40 chegadas.
Cella
Isso dá quase 2KM!!!!!!! E eu to bem mal. A gente pode fazer isso depois?
Ele com certeza tentaria me convencer a contar tudo sobre ontem. Que saco.
Frank
Vai fazer oq então?
Cella
Vou pra casa, dormir um pouco e estudar mais tarde.
Frank
Sua vida é bem legal.
Cella
A sua nem tanto.
- Ele nunca para de encher o saco? – Nath tinha lido minha conversa de canto de olho.
- Não, ele não para. – Olhei pra ela com um meio sorriso.
- Vai dormir mesmo? Ou ele vai estar lá pra te irritar?
- Não, ele vai pra academia e depois provavelmente vai pro biotério.
- Então, você vai ficar sozinha? – Ela tinha um tom malicioso, e um olhar excitante. Decidi entrar no jogo.
- Não vou se você vier comigo. – Não custava tentar.
- Ok, não vai ficar sozinha. O sinal tocou, saímos do prédio. Entramos no primeiro taxi disponível.
- Vai mesmo esperar chegar em casa, ou já quer começar agora? – Ela queria, eu queria. Por que não?
- Temos plateia.- E apontei pro motorista.
- Com licença, senhor, você por um acaso se importa se eu der uns amassos na minha namorada? – Ela disse namorada com uma naturalidade pro motorista, que até eu me impressionei com a pergunta.
- Não, claro que não. Fique à vontade, estamos num país livre. – o motorista foi realmente simpático, mas ele não teve tempo de terminar sua fala. Nah já tinha me puxado pra mais perto.
- Me beija. – ela estava tão próxima que eu senti o movimento dos lábios dela nos meus.
Começamos um beijo calmo, e tranquilo. Minha mão estava entrelaçada no cabelo dela, e a outra estava apertando sua cintura enquanto ela me puxava mais pra ela. Nossa respiração estava sincronizada e entrecortada. Nos separamos, e ficamos olhando fixamente, uma pra outra, durante alguns segundos até ela soltar o cinto e passar a perna esquerda por cima de mim e sentar no meu colo. Ela estava de vestido. Eu a abracei, puxei seu vestido um pouco mais pra cima, e acariciei seu púbis por cima da calcinha de renda preta que ela estava usando e…
- Meninas, desculpa, eu adoraria continuar assistindo, mas chegamos. - o taxista estava meio sem jeito.
- Desculpe, senhor. Nem percebemos. - eu respondi, paguei o táxi e entramos em casa. Abri as portas, desliguei o alarme e fomos pra cozinha.
- Eu cozinho, ou pedimos uma pizza? - perguntei pra Nah, que estava sentada na ilha da cozinha.
- Pede uma pizza que é mais seguro e mais rápido.
- Mais seguro, né? Ok, então. - peguei o telefone da pizzaria e liguei.
Enquanto chamava, ela desceu da bancada, me empurrou contra os armários e me beijou, um beijo lascivo e cheio de desejo, enquanto ela tirava minha blusa. Uma mulher atendeu do outro lado da linha
- Pizzaria 24 horas, boa tarde.
- Boa tarde, eu gostaria de uma pizza dois sabores. - ela abriu meu sutiã, e libertou meus seios, e distribuiu mordidinhas pelo meu pescoço enquanto massageava os dois e me observava segurando gemidinhos e a puxava mais para mim.
- Quais sabores? - a atendente perguntou.
- Metade portuguesa e a outra metade catufrango. - Nathalia estava me tirando de mim, eu estava no telefone com uma estranha enquanto uma das minhas melhores amigas estava abocanhando meu mamilo em um gesto possessivo e eu estava com a mão entrelaçada no cabelo dela, puxando mais e mais pra mim, incentivando-a a chupar mais forte.
- 35 reais, forma de pagamento?
- Di… Ah. - eu não aguentei e gemi quando ela colocou a mão por dentro da minha calça e alcançou meu clitóris. – Desculpa, Dinheiro.
- Molhada - ela sussurou - gosto assim.
- 30 minutos de espera. Obrigada pela preferência. - e a atendente desligou o telefone.
Ela continuava a me estimular lá em baixo com a mão e em cima com a boca, me deixando completamente entregue aqueles arrepios na espinha e aos sons que saiam involuntariamente da minha boca. Ela intensificou os movimentos circulares no meu clitóris, meus músculos começaram a ficar tensos, eu colocava meus seios ainda mais fundo dentro de sua boca e puxava mais seu cabelo, minha respiração acelerava, até que eu atingi o meu ápice, meu corpo amoleceu por completo. Ela empurrou sua mão mais profundamente dentro do meu sexo, tirou e colocou o dedo na minha boca.
- Se experimenta, vc está deliciosa. Eu chupei o dedo dela com pressão e ela sorria.
- Você me deve um orgasmo.
- Vou te pagar agora, temos mais meia hora e isso é tempo de sobra.
Eu a puxei pra sala, tirei o vestido do corpo dela e surpreendentemente ela estava sem sutiã. Ela era uma cena maravilhosa de assistir. 1,65m de altura, ela é magra, mas tem uma bunda e seios grandes, olhos castanhos claros, cabelo loiro até a cintura e tão branca quanto qualquer descendente de alemão. Fiquei observando-a durante alguns instantes. Ela se jogou no sofá com as penas abertas, me convidando pra entrar ali no meio. Não hesitei, me posicione entre as pernas dela, me curvei e a beijei, depois fiz uma trilha de beijos até seus seios, deixei uma mão massageando um dele e a outra colocava o outro seio na minha boca, fiquei um tempo intercalando entre um seio e outro, ouvindo ela ofegar e gemer baixinho. Me ajoelhei, encostei minha testa na sua barriga e beijei seu púbis antes de tirar sua calcinha. Ela tinha um cheiro adocicado.
- Você é maravilhosa.
Passei as pernas dela por cima dos meus ombros, beijei o interior das coxas dela com delicadeza e a sentia estremecendo de desejo. Afastei as pernas dela e passei uma delas por cima do meu ombro. Ela estava sedenta. Passei levemente o dedo pela sua entrada algumas vezes, fazendo a gemer. Segundos depois decidi dar mais prazer a ela, uma lambida em toda a sua vagina, mais uma e outra. Fui recebida com um sobressalto e gemidos mais intensos, ela massageava os próprios seios e me observava de cima pra baixo. Me concentrei em seu clitóris que já estava inchado, o puxava com os lábios, estimulava e chupava-o. Ela estava ofegante, a única coisa que ouvíamos eram as nossas respirações altas e aceleradas. Intesifiquei o ritmo, e a pressão e instintivamente a mão que estava no seio dela veio parar no meu cabelo.
- Cella, não para. Por favor, não para. - A voz dela era rouca. Sensual. Eu não ia parar, essa era a minha deixa pra fazê-la gozar pra mim.
Passeei pela sua vagina com o dedo, sem parar de estimular seu clitóris. Fui colocando devagar um dedo dentro dela, e tirei. Mais uma vez, e outra. Ela estava tão molhada que manter um ritmo lento era difícil, acelerei os movimentos e coloquei dois dedos dentro dela, me apoiei sobre seu corpo, dei-lhe um beijo na boca e coloquei mais um dedo. Eu queria vê-la gozar na minha mão. Os olhos delas estavam fixos nos meus, e estavam tão escuros de desejo que pareciam um túnel infinito. Continuei ainda mais forte com a penetração até que ela chegou ao seu ápice, e um gemido incontrolável saiu da boca dela. Eu a beijei. Ela me beijou de volta, mas agora não foi um beijo carregado de desejo, foi um beijo calmo e apaixonado. Eu deitei do lado dela no sofá, e ficamos por alguns instantes em silêncio até a nossa respiração voltar ao normal.
- Puta que pariu, eu estou morrendo de fome. - ela disse e rimos. Liguei a televisão, ficamos assistindo Scorpion até a pizza chegar. Comemos, e depois fomos pro quarto pra continuar a brincadeira. Gozamos mais algumas vezes e dormimos. Eu gostava da companhia dela, era leve não tinha obrigação. Por volta das 06:00PM, eu acordei com algumas batidinhas na porta, mas me mantive de olhos fechados e a voz de Frank:
- Cella, tudo bem por aí? Vim trazer seu sutiã que estava na cozinha. Droga, eu tinha esquecido. Não sei o que passou pela cabeça da Nah, mas ao invés de me acordar ela levantou da cama e foi atender Frank. Sem roupa. Ela abriu metade da porta, e disse:
- Ops, erro nosso.
- Caralho. - provavelmente ele estava observando o corpo dela - Eu estava preparado pra um cara abrir a porta, não a menininha que eu considerava quase minha irmã. Ela dormiu?
- Sim, ela está apagada agora - não, não estou.
- Enfim, a hora que ela acordar lembra pra ela que hoje é quinta e a gente tem que compromisso e qualquer coisa eu estou na banheira.
- Na banheira? Que delícia. Já vou acordá-la, eu tenho que ir. Tchau, Frank. - ela fechou a porta, e voltou pra cama. Continuei fingindo que estava dormindo. Ela subiu em mim, e destribuiu beijinhos delicados pelo meu pescoço, rosto e peito.
- Descansou? - eu perguntei pra ela a hora que abri os olhos. Ela balançou a cabeça confirmando, e me deu um beijo. - Que jeito delicioso de acordar.
- Também acho. Cella, você perdeu sua virgindade com o Frank, não foi? - Eita, lá vem bomba.
- Foi. Por quê? - essas lembranças ainda vão me trazer problemas.
- Será que ele tira a minha? Eu queria saber como é a sensação de ter outro alguém dentro de mim.
- Mas esse tipo de coisa tem que ser com alguém que você gosta, que se importa com você. Tem certeza que o Frank é o cara que você quer?
- Sei lá, estava pensando. Caralho, ela estava me propondo um menage com meu irmão. Isso é muito ilusório.
- Não, ele tirar a sua virgindade sozinho com você ele aceita, mas comigo junto ele não vai querer. Eu conheço meu irmão.
- Tudo bem, mas pergunta pra ele pelo menos. Quando você quiser. - ela levantou da cama e começou a recolher as coisas dela. Ficamos em silêncio, até ela terminar de se trocar. - Pensa nisso, ok. Ela me deu um beijo na testa e foi embora. A imagem de Frank nu na minha frente comendo minha melhor amiga era uma cena deliciosa, porém ele não aceitaria uma coisa do tipo. Não foderia com outra pessoa na minha frente. Enfim, vou tentar. Entrei no chuveiro quente, lavei o cabelo e o corpo. Eu ainda estava excitada, qualquer toque na minha pele já me deixava em chamas. Saí, me sequei e escolhi um hidratante. Decidi me aproveitar do meu irmão, peguei o pote de hidratante, coloquei o roupão e fui pro quarto dele Bati na porta, não tive resposta. Entrei, estava tocando Amado da Vanessa da Mata.
”Como pode ser gostar de alguém
E esse tal alguém não ser seu
Fico desejando nós, gastando o mar
Pôr-do-sol, postal, mais ninguém
Peço tanto a Deus
Para lhe esquecer
Mas só de pedir me lembro
Minha linda flor
Meu jasmim será
Meus melhores beijos serão seus
Sinto que você é ligado a mim
Sempre que estou indo, volto atrás
Estou entregue a ponto de estar sempre só
Esperando um sim ou nunca mais”
Ele sempre ouve essa música, é uma das favoritas dele. Bati na porta do banheiro e entrei e lá estava ele dentro da banheira cheia de espuma. Quando ele conversou com a Nathalia me deu a impressão de estar bem, mas não tenho mais tanta certeza assim.
- Frank, preciso de ajuda.
- Eu também. Meu dia foi uma merda. - suspeitas confirmadas.
- O que aconteceu? - sentei na borda da banheira de frente pra ele.
- Você não quer saber, princesa. - ele colocou a mão por cima do meu roupão. O celular dele tocou, eu me levantei e fui pegar. Era minha mãe, ela devia ter ligado no meu e eu não atendi, atendi o telefone.
- Oi, mã.
- Oi. Por que você está com o celular do Frank?
- Ele está tomando banho.
- Tudo bem. Seu pai e eu vamos ao cinema com amigos. Vamos chegar tarde. Se virem aí pra comer. - meus pais saem mais com os amigos do que eu.
- Tudo bem, tem pizza do almoço.
- Pizza? Você almoçou pizza, sozinha?
- A Nathalia veio pra cá hoje.
- Ah, tudo bem. Tchau e não me liguem. - nem esperou eu responder pra desligar o telefone. Ele saiu da banheira enquanto eu estava no telefone, se secou e colocou um roupão também.
- Vamos assistir série, vai. Assim eu melhoro.
Me aproximei dele, dei um abraço, e acariciei sua barba
- Fran, melhorar assim não vale a pena. Você só vai esquecer até amanhã. Ele segurou minha mão no seu rosto.
- Cella, você é a melhor quase irmã do mundo, mas eu magoei uma amiga. Eu transei com ela dentro de um carro, e no final disse o nome de outra menina. Isso não se faz, e eu fiz. – Ele deu um beijo na palma da minha mão.
- Você é um babaca. Pediu desculpas?
- Pedi, mas ela já estava magoada. Vamos mudar de assunto, no que você precisa de ajuda? - Ele foi andando em direção a porta.
- Massagem. Preciso de alguém pra me fazer uma massagem e aproveitar pra passar hidratante. - eu abri um sorriso, enquanto ele me olhava de cima a baixo tentando decifrar os meus pensamentos.
- Cadê sua namorada? – ele sorriu ironicamente.
- Primeiro: ela não é minha namorada, ela te quer. Segundo: eu queria um tempo com o meu irmão. -Ele respirou fundo e disse:
- Quase irmão e o que você quer dizer com “Ela te quer”? - ele estava confuso, nada mais justo, joguei a informação na roda do nada. Eu não teria momento melhor do que esse pra perguntar.
- Então, eu achei que isso fosse ser menos estranho. - eu sentia meu rosto queimando - Nós estávamos conversando hoje e ela me perguntou se eu poderia te perguntar ser você, hã… - eu não sabia bem o que dizer, eu nem tinha pensado direito como eu ia falar isso pra ele.
- Se eu? Por favor, não seja o que eu acho que é. – ele me incentivou a continuar falando.
Eu sentei na borda da banheira, ajeitei o meu roupão, criei coragem e disse:
- Transaria com ela. - Ele começou a balançar a cabeça negativamente enquanto sua boca abria e fechava, mas não saia som algum. Ele sentou na poltrona que tinha logo à minha frente.
- E comigo. Ela queria que você mostrasse pra ela como é sexo com um cara e que eu estivesse junto.
- Ah, piora. - foi o que ele conseguiu dizer.
- Sempre. - Ficamos alguns segundos nos encarando, tentando encontrar palavras pra aquele momento estranho entre nós dois.
- Olha, eu disse que ia perguntar, eu já sabia que a resposta era não. Eu só precisava cumprir uma promessa. - eu senti a necessidade de justificar.
- Tem certeza que é só porque você prometeu pra ela que ia perguntar ou você por algum instante achou que isso seria interessante e valia a pena tentar? - ele parecia calmo.
- Frank, eu só perguntei porque eu prometi. - Eu estava mentindo descaradamente.
- Ah, achei que você quisesse. Então, eu não acho que seja uma boa ideia eu sair por aí transando com as suas amigas. Primeiro porque não é assim que sexo funciona e segundo que eu não sou um brinquedo qualquer que você chama, fode e abandona. - ele estava decepcionado.
- Eu não acho que ela pense isso de você, você não é um brinquedo pra ela. Ela também cresceu aqui em casa e se ela quer é porque ela acha existe um interesse. Você nunca pensou em nada com ela? – eu sabia que sim, dava pra ver pelo jeito que ele olhava pra ela, pelo jeito que ele falava com ela às vezes.
- Já, já pensei, mas existe uma diferença bem grande entre pensar e fazer. Por exemplo, eu lembro muito bem daquela sexta-feira de outubro em 2012, mas eu não repeti aquela noite. Eu quis, eu quero, mas não fiz.
- Fran, a gente prometeu. – eu me levantei e fui andando em direção à porta, enquanto ele falava vindo atrás de mim.
- Eu sei, mas você lembra? Você gostou? Você ficou um mês sem falar comigo e só voltou quando a gente prometeu não falar mais nada sobre isso. Isso assusta qualquer cara, Cella. E eu gosto tanto de você.
Eu não queria responder àquelas perguntas, eu não queria dizer que lembrava. Eu não queria quebrar a barreira que eu criei naquela noite, eu tinha medo de dizer à ele como eu me sentia. Eu saí do banheiro e fui pro quarto. Ele veio logo atrás de mim. Ficamos em silêncio. Ouvindo a música. Tocava Your Body Is A Wonderland do John Mayer. Sem tirar o olho um do outro. Ele estava muito perto. Eu estava muito perto. Eu sentia a respiração dele em mim. A música estava no fim.
“Damn, baby
You frustrate me
I know you’re mine, all mine, all mine
But you look so good it hurts sometimes”
Nossa respiração estava sincronizada. Ele cantarolava a música, olhando nos meus olhos como se a música fosse pra mim. A tensão entre nós dois era muito grande e eu acabei cedendo, passei meus braços entorno do pescoço dele e o beijei. Parecia que tínhamos entrado em uma bolha, o quarto desapareceu, a música abaixou, todas as minhas preocupações haviam desaparecido. Éramos só nós dois envolvidos em um beijo de saudade e desejo. Eu me sentia flutuando com as mãos fortes do Fran fazendo desenhos nas minhas costas e me puxando mais pra perto dele. A sensação era boa, até eu sentir a bolha estourar. A angústia crescia dentro de mim, eu não queria mais estar ali, eu sabia que era errado, eu sabia que isso poderia trazer problemas pra nós dois. Eu tinha que sair dali. Eu o empurrei pra longe de mim.
- Que foi, Cella?
Eu não respondi, corri pra fora do quarto. Ele veio atrás de mim, me segurou pelos braços.
- Marcella, fala comigo. Não faz isso de novo.
Eu me desvencilhei das mãos dele, entrei no meu quarto e tranquei a porta. Eu não queria sair. Eu ouvi Frank voltando pro quarto e jogando alguma coisa na parede. Eu sou uma idiota, o que eu estou fazendo aqui? Eu deveria estar com ele, na cama, em cima dele. Mas eu estou aqui, trancada no meu quarto com medo. Com medo de ficar com um cara que me conhece melhor do que eu mesma me conheço. Eu sentei no chão com a costa apoiada na porta, abracei os joelhos e deixei as lágrimas descerem por horas.
Meu choque já tinha passado. Eu já estava bem. Eu me levantei do chão, coloquei um conjunto de lingerie que eu tinha ali por perto, sem escolher muito, um moletom da GAP e um short jeans. Minha cabeça doía. Meu corpo inteiro doía. Eu precisava de um abraço dele. Nós precisávamos conversar. Eu precisava dizer a ele como eu me sinto e ouvir o que ele tinha pra me dizer. Abri minha porta e fui pro quarto dele. Bati na porta, não recebi respostas.
- Fran. Sou eu.
Nenhuma resposta.
- Posso entrar?
Nenhuma resposta. Eu entrei, a TV estava ligada e tinha cacos de vidro do lado do raque, mas ele não estava na cama. O frigobar dele, que geralmente era cheio, estava aberto, vazio e tinha em cima um copo cheio até a boca de alguma coisa aparentemente alcoólica e um bilhete do lado.
“Eu já estou bêbado. Se decidir falar comigo, beba também.”
Eu precisava de coragem, olha aí onde eu vou achar. Peguei o copo, dei dois goles, era Big Apple ou a ‘Apaga Memória’ como eu a chamava há alguns anos. Virei mais da metade do copo e fui atrás dele que não estava no quarto. Olhei no banheiro e ele também não estava lá. Desci, olhei na sala, na cozinha, vasculhei todo o andar e ele não estava lá. Desci pro subsolo, o carro dos meus pais já estava na garagem, ou seja, eles já estavam em casa. Havia música vindo da piscina, achei onde ele estava. Puxei a porta, o vapor quente do aquecimento bateu no meu rosto, o roupão dele estava em cima de uma das espreguiçadeiras do lado da garrafa vazia de Big e de uma garrafa de Contini True, pelo menos o teor alcoólico era menor do que o de Big e o gosto mais agradável. Frank estava fazendo o que eu e ele fazemos quando estamos com problemas, ele estava nadando. Ele fazia uma chegada atrás da outra, não sei se ele percebeu que eu tinha entrado, mas ele parecia estar aumentando o ritmo a cada chegada que ele fazia. E pra um bêbado até que ele estava nadando bem. Eu peguei a garrafa, peguei o controle do som e deitei no sofá do lado das espreguiçadeiras. Conectei meu celular no sistema de som e coloquei uma música mais animada do que Coldplay, já que era pra ficar bêbada, eu ia ser uma bêbada feliz. Virei o resto do copo e enchi com Contini. Coloquei Safari do J. Balvin e aumentei o volume, nada melhor do que um Reggaeton pra relaxar.
Aparentemente, ele estava me ignorando e decidiu continuar nadando e ouvindo as minhas músicas. Nada melhor do que provocar, certo? Troquei a música, Pour It Up. Ele continuava nadando. Cake by the Ocean. Ele continuava nadando. M.I.L.F. $. Ele parou, respirou fundo e mergulhou de novo. As músicas que ele não gostava não estavam fazendo efeito, eu tinha que conseguir fazê-lo olhar pra mim. Uptown Girl do Billy Joel, ele gosta dessas músicas antigas. Ele não parou. You Give Love a Bad Name – Bon Jovi. Nos primeiros acordes da música, ele parou, saiu pelo outro lado da piscina, pegou o roupão, colocou e veio na minha direção. Pelo menos ele estava de sunga. Eu estava rindo um pouco, um frio tomava conta de todo o meu corpo. Ele não disse nenhuma palavra pra mim, ele deitou em cima de mim pra pegar a garrafa de Contini, virou alguns goles, pegou meu celular pausou a música. Eu não tinha reação. Eu nunca tinha-o visto tão bravo. Eu não sabia bem o que fazer. Eu continuei deitada e ele me observava de cima. Alguém tinha que quebrar o silêncio. Durante alguns minutos o único som no ambiente, eram as nossas respirações até que ele decidiu dizer alguma coisa.
- Que droga, Marcella.
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