Quando as pessoas completam 20 anos geralmente se preocupam em tirar a certeira de motorista, em arrumar um emprego. Bolin se preocupava em sobreviver em um túnel escuro e cheio de armadilhas.
O primeiro ataque da caverna fez Bolin se sentir um pouco deprimido. Várias facas de metal foram lançadas contra ele. Ele conseguiu desviar mas foi por muito pouco. As facas não paravam. Bolin começou a correr loucamente pelo túnel escuro, oque certamente não foi uma boa ideia.
O chão e as paredes eram cobertas por cobre, ou seja Bolin não poderia dominar nada por ali.
Uma faca passou zunindo pelo ouvido de Bolin. Ele se abaixou bem a tempo de quase ser atingido na testa por uma adaga. Cabos de metal surgiram para tentar segura-lo mas ele conseguiu desviar rolando no chão. O treinamento de pró-dobra o estava ajudando a sobreviver mas por quanto tempo?
Bolin parou. Subitamente o túnel havia terminado. Ele continuava logo a frente mas havia um grande vão entre essas partes, e nada as conectava exceto duas colunas se ferro, mas as colunas estavam muito afastadas e eram de ferro. Não dava para andar sobre elas no estilo mulher da corda bamba. E também não existia terra por ali, nada dominável para Bolin.
Uma grande nuvem de poeira se formou perto de Bolin. A poeira era tão expeça que ele sequer conseguia enxergar o próprio corpo. Uma faca o atingiu de raspão na bochecha. Um fio de sangue escorreu pelo seu rosto.
Bolin mais do que nunca na vida quis poder ter a habilidade de dominar o metal. Não tê-la naquele momento o deixou um pouco deprimido. Mas ele sequer tinha tempo pra isso, precisava achar um jeito de sobreviver e rápido.
Mas não tinha terra ali. Oque fazer? Tudo que tinha era uma grande nuvem de poeira Peraí, Poeira?
Aquela era uma tentativa fadada ao fracasso mas Bolin tentou assim mesmo. Começou a movimentar os braços de forma leve e calma, como um dominador de ar. — Felizmente tinha muita prática observando Opal, sua ex-namorada, enquanto ela treinava sua dobra. — Conduziu a poeira pra frente, a fez se aglutinar nas colunas de metal em horizontal que ligavam as duas extremidades do túnel. Assim que a ponte estava pronta começou a correr loucamente por ela. Assim que chegou ao outro lado a ponte se desfez.
Bolin olhou em todas as direções, esperando por mais armadilhas ou ataques mas isso não ocorreu.
Quando olhou para a parede conseguiu ler uma antiga inscrição: “Parabéns. Você passou pelo primeiro desafio.
Se conseguir provar o seu valor receberá o conhecimento que deseja.”
Não fazia muito o estilo de Bolin ser pessimista ou de se colocar pra baixo mas ele abriu uma pequena exceção naquele momento. Mas não podia deixar se abater, precisava continuar em frente. Respirou fundo e pôs-se a andar.
No dia anterior Bolin recebeu uma pequena mensagem escrita em um papel que foi colocado sobre a sua cômoda. “Siga a trilha, você precisa provar o seu valor e então receberá o poder e o conhecimento para deter Vaatu.”
E lá estava Bolin seguindo a trilha que lhe foi dita.
A imagem de uma toupeira-texugo verde surgiu em uma das paredes da caverna. A toupeira mantinha suas garras sob o símbolo da dobra de terra. Um brilho verde iluminava o desenho esculpido na parede da caverna. Abaixo do desenho da toupeira tinha outra inscrição: “Você está seguindo para o segundo desafio. Está preparado?”
Bolin respirou fundo e tentou conter o ritmo de seus batimentos cardíacos. Começou a caminhar na direção que o túnel que se estendia a sua frente.
Bolin passou por um grande arco natural de terra. De certa forma esse arco deu uma estranha sensação a ele, parecia que tinha sido esculpido por alguém e que estava prestes a desabar sob sua cabeça.
Não foi oque aconteceu mas oque veio a seguir também não foi nada maneiro. Uma grande porta de metal deslizou por aquele arco e selou Bolin ali dentro. Quando o metal colidiu com o chão um grande estrondo se espalhou pelo lugar. O chão inteiro tremeu.
Bolin correu até a porta e a empurrou na tentativa de faze-la abrir. Claro que não conseguiu.
Areia começou a escorrer pelo teto do lugar. O nível da areia já estava em seu tornozelo. Bolin começou a se desesperar e tentou a todo custo dominar a terra para quebrar as paredes e conseguir escapar, mas é claro que não funcionaria, era tudo selado por metal.
—Ahhrg eu sou dominador de terra mas não domino areia ou metal. Me dá algo que eu possa dominar. Cacete!
A areia já estava atingindo o joelho de Bolin. Ele tentou domina-la mas não teve muito sucesso.
Movia a cabeça e os olhos de forma compulsiva para tentar procurar uma saída. Não encontrou nada, apenas um buraco por onde a areia era atirada, mas este era pequeno demais para que ele conseguisse passar.
Uma ideia louca começou a passar pela cabeça de Bolin.
Ele deu um enorme salto. Provavelmente o maior de sua vida. Cravou seus dedos na parede. Sangue escorreu de sua s mãos, ele havia se machucado ao agarrar a parede mas não tinha tempo para se preocupar com isso. Logo a areia subiria até o teto e ele seria incapaz de respirar, isso supondo que a areia não o esmagasse primeiro.
Foi escalando até estar bem a frente do local por onde a areia era lançada para dentro do “cômodo” aonde se encontrava. Se apoiou somente com uma das mãos. Usou a outra para dominar precariamente a areia. Mas Bolin não precisava ser mestre em dobra de areia, só precisava de o básico. Fez a areia se acumular na entrada da parede. A manteve firme.
Quanto mais mantinha a areia imóvel mais a pressão interna da parede aumentava e com isso tornava cada vez mais difícil manter o controle sobre a dobra.
Mas Bolin se manteve firme. Sentiu o seu estomago arder e seus braços doerem mas uma onda de adrenalina o percorreu e o manteve estável.
Fechou os olho bem a tempo. Um enorme BUM fez toda a caverna sacudir. A parede que prendia Bolin tinha sido estourada.
A mão de Bolin começou a ceder e ele escorregou. Foi deslizando pela parede até cair em uma pilha de areia que amorteceu sua queda. Infelizmente a areia não o protegeu de seus ferimentos e cortes. Sangue escorria de todo o seu corpo.
Bolin se permitiu deitar de barriga pra cima por um instante. A adrenalina tinha baixado em seu sangue, agora passando a sonolência. Sentiu os olhos pesarem e então... adormeceu
[...]
Quando acordou mal sabia se tinha dormido por algumas horas, ou se tinham sido por dias.
Se levantou um pouco tonto e levou a mão a testa. Sentiu algo molhado escorrer de sua testa e impregnar sua mão, quando a recolheu e a colocou em sua frente viu que oque escorria de sua testa era sangue. Ele devia ter batido a cabeça na queda e desmaiou.
Bolin se assustou com aquela contestação, podia ter ficado inconsciente por dias.
Se levantou com dificuldade e fitou o grande buraco que havia criado na parede que o prendia. Passou por aquele buraco e se viu em outro grande túnel. Uma inscrição pendia bem abaixo da marca da toupeira.
“No primeiro teste sua capacidade criativa foi testada quando você usou a poeira para criar uma ponte para chegar ao outro lado do túnel. Nesse, segundo teste você precisou de suas habilidades dedutivas para encontrar a passagem secreta. {...}”— Bolin parou de ler a inscrição nesse momento Como assim tinha passagem secreta? Soltou um gemido de desaprovação. Mas então aceitou que aquilo já tinha passado e que precisava seguir em frente. — “[...]Nesse terceiro teste você precisará de sua vontade e virtude para conseguir passar. Boa sorte.”
Bolin suspirou. Tentou manter o desânimo e as dores longe de seu pensamento e pôs-se a andar.
Enquanto caminhava Bolin perdeu a noção de tempo. Não sabia que horas eram, que dia era e nem mesmo se era noite ou dia. Estava cansado daquele túnel. Não havia nada ali. Não que sentisse falta das armadilhas mas estava cansado de apenas ficar seguindo em frente. Mas para sua alegria algo surgiu em sua visão.
Um monte de estatuas de mármore branco formavam um circulo.
Uma inscrição na parede dizia:
“Parabéns. Você chegou ao seu destino. Essa é a sua recompensa.”
Bolin olhou para as estatuas. Elas deviam ter no mínimo três metros cada. Eram de mármore. Sem dúvida grandes e pesadas demais para se carregar.
—Ué? Mas e o terceiro teste?— Perguntou para si mesmo em voz baixa.
Caminhou até o centro do circulo formado pelas estatuas. Analisou cada uma delas. Elas faziam movimentos específicos, pareciam movimentos de dobra de terra. Bolin imitou a primeira. Abriu as pernas e flexionou os joelhos, se moveu para o lado e se virou, ficando de costas. Depois moveu as mãos como as estatuas ensinavam e concluiu tudo com um salto. Assim que aterrissou seu calcanhar bateu com tudo no chão.
—Parabéns.— Uma voz chamou a atenção de Bolin. Ele se virou, pronto para bater
—Não precisa se preocupar. Não vou lhe fazer mal.— Alertou o dono da voz. Um homem de meia idade, cabelos grisalhos e uma túnica vermelha.— Só vim lhe parabenizar por sua conquista. São poucos aqueles que conseguem chegar a esse nível. Você é um dos poucos a conseguir o conhecimento da dobra de terra dos príncipes de metal.
—Príncipes de metal?— Perguntou Bolin.
—Somos um pequeno grupo de dominadores de terra que mantemos a lembrança da primeira forma de dobra de terra viva. Os dois amantes Oma e Shu criaram a dobra de terra para poderem ficar juntos. Você agora pode saber o quanto o amor é poderoso.
Bolin assente levemente.
—Olha, não que eu esteja reclamando mas e o terceiro teste?
—Você passou por ele. O terceiro teste mostra que você preferiu aprender com as estatuas e aceitar a recompensa que lhe foi dada do que sucumbir a ganancia como tantos fizeram.
—Certo, mas como eu faço para deter Vaatu?
—A única forma para deter Vaatu antes da convergência harmônica é ataca-lo com os elementos originais. A água do oásis espiritual, onde os espíritos do mar e lua nadam; O Fogo da Fênix; A primeira forma primordial de dominação de terra e por ultimo o sopro de um vento que não toca o chão.
—O ar de um...
—Agora você deve ir.— O homem interrompe Bolin.— Isso pode lhe ser útil. —Ele entrega uma aljava cheia de flechas para o garoto.— Derrote Vaatu e acabe com o caos que foi liberto no mundo.
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