História Amor fraternal: Boko Makolin - Amanheceu

Observava o nascer do sol ao longe. Da sacada de seu apartamento o céu azul o olha de volta. Pensa que aquele é o inicio de um lindo dia. Mas mesmo depois de toda aquela vista não se sente melhor. Leva o copo cheio de café com leite á boca e toma um gole. O gosto amargo e doce invade seu paladar e o acalma.

—Oi.

Ouve um cumprimento.

—Bom dia.— Responde ainda olhando o horizonte.

—Bom dia.

De canto de olho vê Bolin se debruçar na grade de proteção da varanda. Ele usa apenas uma cueca, provavelmente por causa do calor que fez na noite anterior.

—Não acha que está um pouco cedo? Devíamos estar dormindo.

—Eu estava sem sono e vim ver o nascer do sol.

O mais novo segue seu olhar. O tom de vermelho contrasta com o azul celeste e o branco das nuvens. Aquele caleidoscópio de cores é tão belo que o faz suspirar.

—É lindo.

—É... é sim.

Ficam em silencio por um tempo. Apenas apreciando a beleza da natureza.

Os prédios ainda mantem sua luz acesa. Algumas estrelas ainda podem ser avistadas. A lua permanece no céu, esperando para ser substituída pelo sol. O portal aberto por Korra continua brilhando.

—Nossa vida foi bem acidentada nos últimos dias não é?

—O que quer dizer com isso?— Pergunta se surpreendendo com o questionamento repentino do namorado. Não entendendo sobre o que exatamente ele se referia.

—Pensa só: Enfrentamos Vaatu, Fui torturado por Koh... Você perdeu a memoria, tinha aprendido a dobra original de dobra de terra...

—Mas não foi assim sempre?

Mako fita incrédulo o rosto do irmão mais novo. Surpreende-se por aquela observação. Sorri quando percebe que é verdadeira.

—É... Acho que tem razão.

—Pensa só ,— prossegue Bolin.— Nossos pais morreram quando éramos crianças. Tivemos que viver nas ruas e passamos por muito mais coisas.

Mako sorri.

—Nossa vida foi bem acidentada.— Corrige. Porém não há tom de amargura em sua voz. Parece... orgulhoso. Orgulhoso por ter passado por tudo aquilo como se dissesse Eu sobrevivi.   

Bolin desvia seu olhar para os primeiros pássaros que passam cantando.

—Só que sempre estávamos juntos.

—É... algumas coisas realmente não mudam.

—Espero que não mudem.

Sorrisos ternos cortam a boca dos dois garotos.

Um vento gélido atinge seus corpos. Bo se arrepia e se contorce por causa do frio.

Mako se aproxima do irmão e o abraça.

—Vem.— Chama.— Eu te esquento.

O dominador também não usa camisa. Traja apenas uma calça de moletom. Contudo o calor que sua pele emana é o bastante para se manter aquecido e ao caçula.

—Obrigado.

Bolin leva uma de suas mãos e tira a xicara de café da mão do outro. Toma uma gole e a devolve.

Lá, além das montanhas, os primeiros raios de luz vindas do sol chegam para iluminar um novo dia.

—Se isso não fosse a história das nossas vidas daria um belo livro.— Bo diz, brincalhão.

—Aí não teria graça.— Mako diz, entrando na brincadeira.— Um livro precisa de um final e nossa história ainda não precisa ter fim.

Os dois amantes se aconchegam um no outro.

O cantar dos pássaros se aproxima. Os espíritos dançam no céu. Um fraca brisa sopra e ecoa. Sons da manhã.

—Sabe... Eu acredito, agora, que a vida não teria graça se não fosse tão conturbada.

Bo fita o rosto do irmão enquanto ele diz aquelas palavras.

—Acho que vai continuar conturbada. Por bastante tempo.

Mako assente.

—Zaheer... ele continua por aí. Está tramando algo.

Seus dedos se envolvem em um entrelaço folgado.

—E as tríades também.— Acrescenta Bolin.— E ainda temos que ajudar na recolocação dos refugiados que fugiram na guerra contra a Kuvira.

—Vamos estar juntos.— Promete Mako.

Nenhuma palavra é proclamada mas há um consentimento silencioso.

Cuidaremos um do outro.

O sol se ergue no céu.

Amanheceu.

O entrelaçar de dedo dos dois amantes se aprofunda.