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  3. 09, maio 2018

História A.m.o.r - 09, maio 2018


Escrita por: KimMinRyong

Notas do Autor


voltei hehe.





Boa leitura ;u;

Capítulo 15 - 09, maio 2018


Fanfic / Fanfiction A.m.o.r - 09, maio 2018

Capítulo – Quatorze

09, maio 2018...

Eu não faço ideia do que aconteceu hoje, mas eu estava torcendo muito para que o dia acabace logo. Jornalismo realmente é o meu curso dos sonhos, mas ele consegue me aterrorizar na mesma proporção que me encanta cada dia mais.

Quando eu cheguei em casa, tudo o que eu queria era só tomar um banho, comer alguma coisas, dormir por algumas horas e começar uma dissertação monstruosa que eu tenho que entregar no fim da semana, então eu comecei a colocar tudo em prática. Fui para o meu quarto assim que cheguei, tomei um bom banho e fui atrás de comida na cozinha.

Provavelmente os meus pais já estão se preparando para irem trabalhar e eu estou tentando me acostumar com esse clima de primavera sozinho, tenho que regular o termostato o tempo todo, mas fiquei surpreso por ele já estar na temperatura certa e ainda ter sopa ainda quente no fogão esperando por mim.

Não quis abusar da sorte e só me servi, com essa vida corrida, são poucas as vezes que eu consigo almoçar com os meus pais.

- Filho? – Minha mãe chamou e eu fiquei surpreso, não sabia que eles estavam em casa ainda. – Podemos conversar? – Ela e o meu pai estavam na porta da cozinha, isso me deixou preocupado.

- Aconteceu alguma coisa? – Eles se sentaram comigo à mesa.

- Nós temos uma coisa para contar para você. – O meu pai começou a dizer e eu fiquei nervoso. – A sua mãe está grávida.

- O... O que? – Eu deixei a colher cair dentro do meu prato de sopa e acabou espirrando na minha roupa. – O merda! – Me levantei, estava quente.

Andei até a pia para limpar e eles se viraram para me acompanhar com o olhar, estavam preocupados.

- Isso, foi uma reação ruim? – Minha mãe perguntou e eu me virei para eles, agora com uma mancha enorme no meu moletom cinza.

- Não! – Falei um pouco mais alto. – Desculpem eu só... Fiquei muito surpreso, mas... Isso é muito legal! – Eu ri e eles fizeram o mesmo, se olhando. – Eu sempre fui filho único e não sei bem como cuidar de um irmão, mas... Eu acho que vai ser incrível.

Me sentei de novo.

- Nós estávamos muito preocupados em te contar. – Minha mãe começou a explicar. – Nós nunca falamos sobre ter outro filho e não sabíamos o que você acharia de ser irmão mais velho.

- É estranho, mas parece muito legal. E sabe? Agora que eu vou me mudar, vocês não vão ficar sozinhos.

- Sim. – Meu pai sorriu e apertou a mão da minha mãe. – Só que filho, nós temos mais uma coisa para dizer. – Ele respirou fundo. – Isso vai ser incrível e é uma coisa maravilhosa, mas temos que nos preparar para algo muito grande.

- Como o que?

- A minha gravidez é de risco. – Puta merda... – Até agora não sabemos o quão arriscado é, mas não podemos ignorar.

Eu não queria pensar nisso, não hoje. Na verdade, nunca! Que merda é essa que de repente todo mundo na minha vida começou a correr risco de vida? O que vai ser agora? A minha mãe vai morrer e deixar uma carta se despedindo? Ou uma carta pro bebê? Isso é ridículo!

Eu mal perdi alguém e agora... Eu não sei, seria muito egoísmo pedir para que ela não tivesse o bebê? Eu não quero perder a minha mãe, era isso que eu não queria, foi assim que as coisas começaram a dar errado na vida do hyung e eu não tenho estruturas para...

- Namjoon. – Minha mãe chamou a minha atenção e foi só então que eu percebi que estava chorando. – Querido, me deixa conversar com ele. – Ela disse para o meu pai. Ele se levantou, deixou um beijo no meu cabelo e saiu da cozinha.

A minha mãe se levantou e se sentou na cadeira ao meu lado, segurando a minha mão enquanto eu tentava segurar o meu choro. Ela ficou calada por um tempo, fazendo carinho no meu cabelo e isso só me deixou com mais vontade de chorar, se ela morresse, eu não ia mais ter isso.

- Hey Joon, don’t make it bad. – Eu ri. – Take a sad song and make it better. – Ela forçou um sotaque britânico que se enrolou com o próprio sotaque coreano.

- Para... Isso não tem graça.

- Não é para ter graça. É para tirar o seu medo.

- Eu não sou mais criança, mãe.

- Mas está com medo. – Olhei para ela. – Você nunca vai ser grande demais para eu cantar para você. – Eu respirei fundo. – Perder alguém não é fácil, não é?

- Nem um poco. – Segurei o choro.

- Eu sei... Detesto que você teve que passar por isso tão cedo. Perder um amor e ainda por cima melhor amigo é algo que acaba com a gente.

- Como a senhora sabe? – Ela sorriu.

- Cada vida é um filme, filho. Nós temos diferente começos e fins, existe quem pense que a vida é chata, mas o mais importante é saber como filmar bem todos os dias.

- Seu primeiro amor não foi o papai? – Ela riu, negando com a cabeça.

- Não mesmo. O seu pai foi alguém que me iluminou quando eu mais precisei. – Respirou fundo. – O meu primeiro morreu há muito tempo.

- O que?... – Ela sorriu de novo. – Por que você nunca me contou sobre isso?

- Algumas histórias têm que ser contadas em momentos certos, como agora, se você quiser ouvir, é claro. – Concordei com a cabeça e ela riu. – Certo.

Ela se levantou e foi até o filtro, enchendo um copo com água e trazendo para mim, nesse hora, eu nem queria mais saber da minha sopa, eu estou tão confuso que nem consigo pensar direito, para mim é muito melhor deixar a minha mãe falar do que pensar em alguma coisa.

- Quando eu estava na faculdade, eu morava no centro com os seus avós. Eu tinha acabado de voltar de Busan e estava ajustando a minha vida aos poucos, era o meu último ano de faculdade e eu não lembrava muito bem de onde as coisas ficavam por aqui. – Ela se sentou do meu lado outra vez. – Eu estudava de noite e nesse dia, no caminho, eu passei na frente de um prédio antigo e vi um garoto tentar abrir o portão do prédio com o pé. Ele estava segurando vários sacos de papel com pães dentro. – Ela riu, se lembrando. – Uma dessas sacolas caiu quando ele conseguiu abrir o portão e eu me abaixei para pegar para ele. Ele me agradeceu e eu fui embora.

Ela deu uma pausa longa e suspirou.

- Quando eu terminei a faculdade, comecei a trabalhar em uma empresa que ele fazia parte, eu era assistente do chefe dele e bom, eu me interessei por ele e ele por mim. Só fomos descobrir que tínhamos nos conhecido bem antes quando saímos para jantar. Ele gostava muito de cantar músicas bregas para mim e me escrevia bilhetes todos os dias, deixava na mina mesa toda manhã. Eu tenho alguns até hoje.

- Isso é muito bonito. – Eu sorri sincero, mas o sorriso dela foi sumindo.

- Sim, é sim, mas um dia ele não deixou e eu achei estranho. Descobri que ele não tinha ido trabalhar e ele não atendia o telefone. No outro dia, descobri que ele teve uma overdose de remédios para dormir. Ele não me falou nada, então eu não sabia que ele tinha problemas para dormir.

Eu fiquei calado. O que passou na minha cabeça foi o quanto a minha mãe era apaixonada por esse homem e que, mesmo assim, ela se casou e teve filho... Bom, filhos, não é? Eu fiquei ansioso só em pensar que daqui há alguns anos esse talvez seja eu, me casando com outro homem e adotando um bebê ou bebês.

Eu pensava nessas coisas com o Jin? Eu não me lembro de pensar em casar com ele e ter filhos, ou em estar com ele para sempre desse jeito. Eu sabia que queria ele para sempre comigo, mas agora eu não sei se sempre foi com esse intuito. Eu me sinto um idiota agora, porque eu e o jin estávamos juntos, e se ele soubesse que agora eu estou questionando tudo o que falamos que sentíamos?

- Você se apaixonou por ele e simplesmente o esqueceu?

- É claro que não, meu amor. – Falou assustada, eu estava assustado. – Eu o amava e eu ainda o amo.

- Mas... O meu pai. – Ela riu.

- Filho, o seu pai é o meu marido, é o homem que eu escolhi para viver comigo e constituir uma família, é claro que eu o amo também.

- Mas você não acha que... Que o outro cara se sentiria mal por isso? – Ela respirou fundo.

- Isso é o que você sente agora? – Eu abaixei o rosto. – Por um acaso você está se colocando no meu lugar e no do seu pai, eu não sei... O Mark talvez? – Fechei os olhos com força.

- Mãe... A conversa não era sobre isso.

- Não, mas pode ser agora. – Ela se aproximou um pouco mais. – Filho. – Levantou o meu rosto e fez olhar para ela. – O seu pai não teve culpa do que aconteceu no meu passado. Ele também já amou outras pessoas.

- Mas o amor da vida é um só!

- O amor da sua vida é alguém que você amou mais do que todos os outros, não o único que amou. Você só vai descobrir quem ele é amando outras pessoas.

- Mas... – Desisti de falar.

- Amor é amor filho. Você pode nunca mais amar alguém como você amou o Jin, mas pode amar mais. – Eu ri sem acreditar. – Você não precisa fazer isso agora e nem daqui há dois, três anos. Você vai no seu tempo.

- E se eu nunca deixar de amar ele?

- Você pode amar outra pessoa e ele também. O ser humano é complicado demais para ter só um sentimento.

- Isso é muito difícil mãe... Perder alguém é horrível, é confuso! Eu não quero passar por isso de novo. – Ela me abraçou e eu respirei fundo, não queria chorar mais.

- Eu também não quero que você passe por isso de novo, mas se acontecer, eu conto com você para cuidar do bebê e do seu pai. – Eu a apertei mais forte e dessa vez não consegui segurar.

Ela me soltou aos poucos e me ajudou a arrumar o meu cabelo. Eu sou mesmo um desastre ambulante; acabamos rindo disso. Ela deu um beijo barulhento na minha bochecha e dessa vez eu deixei. Eu ia deixar tudo! Tudinho mesmo.

- Não vamos pensar mais no pior, tudo bem? – Eu concordei sorrindo e ela se levantou para ir embora da cozinha primeiro.

Ela sabe o que dizer, sempre soube, isso me deixa tão sem fala! Com isso de pensar em futuro, eu pensei em como eu vou ser com os meus filhos, quer dizer, se eu os tiver.

- Mãe... – Chamei antes dela sair. – Como a senhora sabia que eu pensei no Mark? – Ela riu.

- Nós não somos tolos, meu amor. Todo mundo já percebeu a semelhança dele com o Jin.

- É claro... – Falei baixinho.

- Não pense muito filho. Eu não acho que o Jin ia querer isso, sem contar que o Mark não tem culpa de se parecer com ele, ele é um bom rapaz.

- Eu... Acho que sei disso. – Respirei fundo. – Obrigado.

- Não tem o que agradecer. – Ela se virou para ir de novo.

- Mãe! – Chamei outra vez e ela se virou rindo.

- O que?

- Eu amo você. – Ela sorriu e abaixou o rosto. Eu sou um filho carinhoso, mas eu acho que não tenho tanto assim o costume de dizer, não como eles.

- Eu também amo você.

Sabe quando as pessoas dizem que você só dá valor quando perde? Eu nunca cheguei a me identificar totalmente com isso, quando se fala das pessoas que eu perdi, só há uma e nós sabemos muito bem o quanto eu o valorizava.

Acho que esse é o tipo de coisa que eu nunca vou precisar aprender, porque eu sempre pensei mais no copo meio cheio, então eu sempre tentei dar valor para não perder, mas quando a perda não é bem uma escolha, eu dou valor enquanto ainda tenho.

Com os riscos que a minha mãe corria com a gravidez, eu decidi adiar um pouco mais a minha mudança, eu queria passar mais tempo com os meus pais e principalmente com a minha mãe. Eu queria ajudar a cuidar dela e fazer cada instante valer mais a pena do que já valia.

Nós agora estávamos sentados na sala de estar. Minha mãe estava deitada no peito do meu pai, eles dividiam um sofá juntos e eu estava em uma poltrona perto da porta. Eu deveria estar trabalhando em uma dissertação para a faculdade, mas assim que eu cheguei em casa e minha mãe me chamou para conversar enquanto eu comia, eu refiz minhas prioridades e agora estamos escolhendo nomes para o bebê.

- Ele não vai se chamar Kim Pan Da, Yungjoon, isso é ridículo! – Eu já estava rindo dessa mesma discussão há uns vinte minutos.

- Por que não? Pode ser tanto para menina quanto para menino.

- Olha, eu apoio nomes unissex, mas pai, o bebê vai sofrer bullying!

- Pan Da vai ser alguém muito forte. – Minha mãe revirou os olhos e bateu em meu pai com uma almofada. – AI!

- Se puxar ao pai, forte é a última coisa que ele vai ser. – Eu comecei a rir outra vez.

- Então vamos fazer assim, eu escolho se for menina e você escolhe se for menino. – Ele disse cheio de segundas intenções e eu fiquei muito curioso.

- Por que esse interesse se for uma menina?

- Eu sempre quis ter uma filha. – Deu de ombros. – E imaginem a pequena Pan Da com uma roupinha de panda! – Os olhos dele brilharam, foi assustador! Mas... Me fez gostar do nome.

- Tudo bem, mas não chore quando ela fizer dezoito anos e quiser mudar de nome! – Ela se sentou no sofá e se esticou para pegar um salgadinho na mesa de centro.

- E se for menino? – Eu perguntei, minha mãe parou para pensar.

- Não tenho certeza, vou ter que pensar melhor nisso. – Voltou a se deitar com o meu pai e ele deu um beijo nela.

- Não importa o nome, vamos ser muito felizes. – Ele falou baixinho e minha mãe respirou fundo.

Ele está tentando, ele quer que pensemos em um futuro com quatro membros na família, mas agora pelo menos, é difícil. Minha mãe está com medo, eu sei disso, o pior é saber que o maior medo dela é que o bebê sofra, não a morte.

Eu queria ter pelo menos uma parte da coragem que ela tem, mas eu puxei o lado completamente frouxo do meu pai. Agora eles estavam brigando para colocar alguma música na caixa de som da sala e eu só ria das escolhas cafonas de cada um.

Eu passaria mais tempo vendo ou escolheria uma por eles, mas a campainha tocou e eu fui abrir, eles continuaram no sofá, concentrados no mundo deles.

Eu me levantei, olhei pelo olho mágico e sorri quando vi quem era.

- Oi Mark.

- Oi... – Ele estava nervoso, vestia o uniforme dos correios e brincava com a bolsa lateral sem saber direito o que fazer.

- Trouxe cartas para os meus pais? – Ele respirou fundo e sorriu meio que sem graça.

- Bem... Não. – Olhei para os meus pais e eles estavam bem distraídos. Saí de casa e deixei a porta encostada para falar com ele melhor.

- Então o que é? –  Estava começando a ficar preocupado. – Você está estranho, aconteceu alguma coisa? – Ele respirou fundo.

- Eu sei que eu não deveria ficar prestando atenção nesse tipo de coisa. – Ele riu nervoso. – Mas eu tenho que ver os endereços e bom... – Ele pegou uma carta e me entregou. – É para você.

Uma carta para mim...

Eu fiquei com medo de ver. Mark me parece tão sem graça para me entregar que me faz pensar que são notícias ruins, mas quando eu vi que na verdade era outra carta do Jin, o meu mundo caiu completamente.

- Isso é uma grande merda impossível. – Falei baixinho, já estava começando a ficar com raiva.

- Impossível? – Me perguntou com muito receio e eu tive vontade de chorar. – Você sempre fala dele e ele te manda cartas, acho que está bem longe.

- Você nem imagina o quanto. – Ironizei e comecei a andar na varanda, fui até uma cadeira de jardim e me sentei nela.

- Eu... Vou indo então. Parece ser bem pessoal. – Ele sorriu sem mostrar os dentes.

- Espera, eu tenho uma pergunta. – Ele se aproximou um pouco mais. – Como isso é possível? – Perguntei como se ele soubesse de tudo e ri quando ele me olhou sem entender.

- Como é possível ele te mandar uma carta ou...

- Kim Seokjin! – Falei mais alto sem querer. – Se suicidou há um ano e cinco meses.

- Ele o que? – Perguntou sem acreditar.

Não sei qual foi a expressão que ele teve, eu estava mais focado em olhar para o envelope bonito igual ao outro com mais pensamentos do Jin. Diferente do que eu senti quando a primeira carta chegou, eu só queria entender, queria me preparar e talvez chorar depois.

Com uma carta eu consegui entender porque ele quis se matar e o que ele estava sentindo de verdade, uma segunda carta talvez fizesse muito mais e isso me deixou cheio de coragem para contar para o Mark quem foi o garoto no qual eu fiquei lhe chamado enquanto estava bêbado demais para achar que eles eram a mesma pessoa, quando claramente não eram.

- O Jin e eu estávamos juntos. – Comecei a falar sem nem ter certeza de que ele ainda estava em pé ao meu lado. – Nós nos conhecemos quando eu me mudei para Seoul, quando eu tinha treze anos. Ele foi o meu primeiro amor, eu nem sabia que podia gostar de garotos quando eu o conheci então a princípio ele era só meu amigo.

- Você não precisa...

- Eu quero entender como isso é possível. – Olhei para Mark e ele se sentou na cadeira ao lado da minha. Respirei fundo. – Foi... Foi ele que me fez perceber que eu era diferente. Ele era a pessoa mais importante para mim, sempre me ajudava em tudo e eu lembro de ficar desesperado quando se assumiu para mim e disse que gostava de um menino da nossa sala. – Eu ri emocionado. – Eu odiei o Taehyung sem nem saber por quê.

- Taehyung? O Jin era o menino que você ia dizer na festa?

- Todos os espaços em branco que eu, o Jungkook, o Jimin e o Taehyung deixamos quando estamos conversando com você são sobre ele. – Mark segurou uma das minhas mãos. – A vida dele começou a desandar quando os pais dele morreram. – Voltar no assunto me fez soltar lágrimas, elas simplesmente desciam pelo meu rosto e Mark tentava limpar. – Ele teve que morar com os tios e eles transformaram a vida dele em um grande inferno, tão grande que ele não aguentou. – Ele apertou minha mão com força e ficou emocionado. – Nós não éramos só amigos... Estávamos juntos.

- Vocês namoravam?

- Eu não sei dizer. – Funguei e comecei a rir. – Nós nos declaramos, nos beijamos e só nos víamos quando ele conseguia fugir. Nós tivemos nossa prima vez de baixo da arquibancada do colégio, ninguém podia nos ver juntos. – Eu pressionei os olhos com força e Mark apertou mais ainda minha mão. – Ele morreu em dezembro de 2016. Três dias antes do aniversário dele de dezoito anos. – Mostrei o envelope para ele com a minha mão livre. – Como isso é possível?

- Algumas... Algumas cartas têm datas marcadas. – Ele enxugou algumas lágrimas que ele também deixou escapar. – A pessoa pode escrever quantas ela quiser e pedir para serem entregues em datas específicas.

- Então pode ter mais? – Ele concordou com a cabeça e eu respirei fundo. – Ele sempre me surpreende.

- Você quer que eu fique aqui com você? Para você ler? – Eu alternei o olhar entre os dois e eu não tenho certeza se deveria ler com o Mark ali.

- Não, você já fez o bastante, obrigado por me ouvir. – Ele sorriu e encostou as nossas testas, esmagando mais as nossas mãos juntas.

- Eu sempre vou estar aqui por você. – Ele beijou minha testa e se levantou para ir embora, me deixando cheio de emoções diferentes.

Mark é a pessoa mais compreensiva que eu conheço. Ele nunca hesita em demonstrar o quanto gosta de mim e o quanto está aqui para me ajudar a passar por tudo o que o meu passado me causou. É, minha mãe tem razão, eu não posso culpá-lo por já ter me apaixonado por outra pessoa e muito menos pelo o que aconteceu.

Será que é isso o que eles chamam de “a pessoa certa na hora errada”? Eu tenho esse questionamento, mas não tenho certeza se a hora é errada. Hoje eu me sinto muito mais dono de mim mesmo, tanto ao ponto de não precisar de uma longa reflexão para abrir aquela carta e lidar sozinho com o que Kim Seokjin tem para me dizer.

 

 

" É, sou eu outra vez, oi.

Me desculpe, eu sei que você não esperava por isso. Eu acho que que resolvi escrever mais de uma carta porque eu queria fazer parte da sua vida por mais tempo, talvez te ajudar com algum problema, eu não tenho certeza.

Mas acho que você deveria saber que eu tinha mais coisas para falar, já como passamos por muitos mentos juntos. Agora quero escrever sobre o dia em que nos beijamos no banheiro da escola. Desde aquela conversa eu soube que em algum momento você se culparia pela minha morte quando, na verdade, isso estava completamente fora do seu alcance. Esse é um defeito seu que eu sempre tentei te ajudar a melhorar, a entender que você pode ajudar os outros, mas não pode dar a sua vida por todos eles. Naquele dia eu tentei te dizer, eu queria que você pensasse que não era para você mudar a sua vida e as suas necessidades para que a minha funcionasse.

Não importa se partindo o seu coração para me dar uma parte, ou se sentando no fundo da sala quando você precisa se sentar ao meu lado na frente.

Eu não quero mais que isso aconteça, Namjoon. Eu fiz essa escolha assim como todo mundo na sua vida fará as próprias escolhas. Não pense que eu fiz o que fiz por sua culpa quando a única certeza que eu tinha em dez meses era que sou amado por você.

 Naquela manhã, antes do velório dos meus pais e toda a confusão, você me provou isso, cada segundo que passei com você, eu me senti amado e sabe? Talvez seja egoísmo demais você decidir não deixar que outra pessoa saiba o quanto você sabe amar alguém.

Por estar com você eu consegui esquecer por um momento a morte. Quando te disse que não conseguia segurar o meu choro, você disse que eu não precisava, você me queria perto não importava o humor. Me pediu para ser forte e de fato eu tentei ser, mas não consegui. Eu quero muito que você entenda tudo o que passou por minha cabeça para que não ache que eu ignorei o seu pedido. 

Eu estava sozinho. O tempo passava e eu não sabia o que fazer, o que pensar ou como parar de chorar. Tudo estava confuso, como se eu estivesse em um buraco completamente sem luz, como se não tivesse escolha. Meu peito doía, eu nunca tinha sentido uma dor tão forte. Nam, doía muito e ainda me sentia no escuro, mas eu ainda estava lá... Nos momentos mais dolorosos nossas memórias guardam cada detalhe, completamente diferente dos felizes em que precisamos de algo material para lembrar... Eu lembro... De tudo. 

Eu comecei a ouvir vozes, me diziam coisas tão tristes, eu estava com muito medo e com muita dor. Não importa como me senti depois disso e também não importa como eu fiz, já estava feito.

Mas eu posso te dizer que nada do que eu passei sozinho em casa naquela noite me deixou mais triste do que ouvir a sua voz chorosa e desesperada me pedindo para aguentar firme, dizendo que ainda precisava de mim e que ia ficar tudo bem mesmo que tivesse sangue demais para que qualquer um acreditasse nessas palavras.

Eu também me desesperei porque, naquele momento, eu não queria que tudo ficasse bem.

Você havia voltado, você me salvaria e foi o que você fez, você me salvou e mesmo que no momento a minha vontade fosse outra, eu te agradeço por isso, se não tivesse sido assim, nós não viveríamos o que vivemos, mas...

Você já tentou se matar Namjoon? Já ficou internado por conta disso? As enfermeiras te tratam com carinho e compreensão, mas com pena e medo de você tentar fazer alguma coisa com elas perto. Foi assim com todas, menos uma em especial, ela não me disse o seu nome, mas me disse outra coisa.

Foi quem me disse que você passou todos aqueles dias esperando que eu acordasse e cuidando de mim. Disse que eu tenho sorte por ter o melhor namorado do mundo e eu fiquei confuso, mas é, ela estava falando de você. Seu namorado... Cansei de contar quantas vezes sonhei com esse título. Devo dizer que eu não acreditei quando ela falou que eu era o seu mundo.

Isso me emocionou tanto que eu não tirei isso da cabeça tão cedo. Eu comecei a perceber que quando você faz de tudo por alguém, quando você ama alguém e não consegue pensar em outra pessoa. Quando você só quer fugir com ela e ela te faz tentar, essa pessoa é o seu mundo e bom... Você também é o meu.

A.M 

-Kim Seokjin."

 

 

Eu não faço ideia se isso foi algum tipo de brincadeira do destino, mas eu posso dizer que eu sempre vou aprender algo novo com ele. O meu eterno primeiro amor. Outra vez eu estava apertando a carta contra o meu peito e chorando a saudade que eu senti só de ler algo com a letra dele, algo que fez especialmente para mim.

Jin conseguiu escolher a data certa para me mandar, logo agora que eu pensei em dar amor para um outro alguém, logo agora que eu tive dúvidas se consigo cuidar de um ser vivo tão pequeno quanto o bebê que virá. Ele vem, passa a mão na minha cabeça, sorri, diz que eu consigo fazer tudo o que eu quiser e me beija nos lábios assim como eu beijei a sua carta.

A dobrei e me levantei, queria ver os meus pais e conversar um pouco mais sobre como eu estava me sentindo, queria que eles soubessem sobre as cartas e o que elas me faziam sentir, acho que ficariam orgulhosos de mim quando soubessem que eu finalmente falei dele com o Mark, eu não sei.

Eu entrei em casa cheio de expectativas e quando o fiz, encontrei os dois abraçados, eles arredaram os móveis e estavam dançando juntos ao som de Can’t help falling in love.

Minha mãe ria e o cabelo preto comprido balançava ao que meu pai a girava e puxava para seu peito outra vez, cantando bem desafinado junto com o Elvis Presley. Eles se beijaram e começaram a rir quando meu pai travou as costas por alguns segundos.

Minha mãe tinha razão, Jin tinha razão. Eu estou vendo como minha mãe é feliz apesar de tudo, como ela ama o meu pai mesmo que o primeiro amor dela esteja tão longe quanto o meu.

A minha vida ainda pode ser cheia de amor.

 

 

 

 


Notas Finais


CONTATO DO CVV:
https://www.cvv.org.br/

MÚSICAS CITADAS:
https://www.youtube.com/watch?v=bDRBLKUXj8U

https://www.youtube.com/watch?v=FeDakbkxkcc

E estamos oficialmente nos meus capítulos favoritos hehe, vamos começar a ver o verdadeiro lado e medos de Kim Namjoon. Gostaram da história do pão? Ela é real e foi como os meus pais se conheceram kakakak, se eles souberem que eu usei na fic eles choram, certeza.

Bom, por hoje é isso. Comentem pfvr ;u;

Ah! Mais uma coisa!

VIEWS EM DYNAMITE, O NOVO HINO DOS PATRÕES!
https://www.youtube.com/watch?v=gdZLi9oWNZg

Até segunda.
BJS DA KIM ;u;


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