História Amores proibidos - O beijo

O tempo ia passando e nosso grupo até que estava indo bem, considerando que nossa empresa era pequena, esperávamos fazer um sucesso mediano, o que de fato estava acontecendo. A amizade entre os sete membros também crescia a cada dia, pois morando juntos, a gente brigava várias vezes, mas fazíamos as pazes muito rápido, fortalecendo ainda mais nossos laços.

Quando começamos a ir em shows de variedades, eu fiquei bem empolgado, era muito divertido, acho que eu até extrapolava um pouco na minha loucura, mas o que posso fazer, eu sou assim! Quem também era tão doido quanto eu era o V, a gente fazia piada e ria o tempo todo. Eu ainda estava tentando me acostumar com a proximidade dele, me sentir menos incomodado, porque fugir dele fazia parecer que eu tava surtando sem motivo.

Essa semana a gente ia participar do programa Rookie king, e eu tinha certeza que faríamos vários desafios embaraçosos, mas eu nem ligava, me divertia pra caralho. Eu observava o comportamento dos meninos, e via que eu e o Tae sempre éramos os mais empolgados e desinibidos para esse tipo de coisa. O Jimin e o Kookie, apesar de serem tão brincalhões quanto nós dois, ficavam tímidos em público, acho que ainda vai levar um tempo para eles se acostumarem com as câmeras. O Suga era o melhor, porque tinha vezes que dava pra ler na mente dele que estava com vergonha e queria matar a gente, outras ele parecia tão entediado que o ambiente ao seu redor sequer lhe afetava, e outras ainda ele fazia as brincadeiras e era tão divertido, despojado e fofo, eu não conseguia mesmo entender a mente desse hyung, era fascinante! O Jin e o Namjoon eram os mais normais, não que entre nós tivesse qualquer pessoa normal, mas eles eram os menos piores, se envolviam e participavam de tudo sem reclamar, eram muito profissionais e sempre bem disposto.

Na gravação do Rookie king nós faríamos diversas brincadeiras diferentes. Primeiro fizemos um jogo no qual pegávamos cartas. Quem pegasse a carta premiada teria que pagar o castigo. Começou tranquilo, com V tendo que comer um ddeokbokki, eu achei muito engraçado as caras de sofrimento dele com a pimenta. Depois Jimin apanhou na planta dos pés, Jungkook tomou um líquido horrível, eu tive que tocar um gongo com a cabeça. Por último veio a fatídica missão de reinterpretar Frozen Flower, um filme para maiores de idade, depois do Namjoom se entregar que já tinha assistido, sorteamos as cartas e eu fui o escolhido. Como a cena era entre duas pessoas foi feito um novo sorteio e quem ganhou foi o TaeTae. Confesso que achei uma graça ele rindo de nervoso, eu estava com muita vergonha, mas fingi que estava de boa.

Os garotos passaram batom em mim, pra tornar tudo ainda mais constrangedor. Por mais que eu amasse ir nesses shows eu nunca imaginei que teria que tocar meus lábios nos de outro cara. Aish! Seguramos nossas mãos, e nos encaramos, era difícil para de rir daquele momento, e os outros faziam uma festa ao nosso redor, aparentemente empolgadíssimos, bando de filhos da puta, só porque não eram eles que teriam que fazer isso!

Quando nossos lábios se tocaram, senti que ele estava tremendo, provavelmente tão nervoso quanto eu, e senti também uma coisa diferente. Aquilo que o V sempre fazia comigo, como se eu estivesse levando um soco no estômago. Depois fizemos a maior festa, gritos e gargalhadas, mas por dentro eu estava me sentindo muito estranho.

Nas próximas etapas do programa tivemos outros desafios, e tudo correu bem. Tae estava animadíssimo inclusive, e quando eu via ele brincar e dançar não conseguia controlar minha própria empolgação, ele sempre era contagiante. Tivemos um jogo do “é claro” no qual a nossa dupla poderia falar qualquer coisa e nossa única reação tinha que ser responder “é claro”. Minha dupla novamente foi o Tae.

- Hey! – ele já começa tentando me desrespeitar, fofo.

- Ele está me provocando! – digo alto, enquanto V faz sinal para que eu me cale.

- Você gosta de mim certo?

- Isso me lembra uma cena do passado. – Rap Monster ri da nossa cara, enquanto eu sinto um misto de vergonha e aceleração nos batimentos cardíacos. Que tipo de pergunta era essa?

- Ah, minha resposta... é claro! – digo, sorrindo para ele. – Agora vou perguntar algo sério. – não consigo me conter, e nem sei porque perguntei isso. – Você, naquela hora, gostou do beijo né?- digo em tom de acusação. – Seus lábios tremiam!

Os outros estão se divertindo muito, e eu digo que os lábios dele pareciam um celular vibrando.

- Claro. – ele responde, conforme o jogo.

- Você gostou mesmo? – pergunto.

- Você sabe que tá falando demais sobre isso né? – Tae me pergunta.

- Claro! – agora é minha vez e quero ganhar logo essa rodada, então mando meu K.O. – Você... eh... colocou a língua não foi? – enquanto os outros gritam em surpresa V realmente desiste e eu ganho a rodada.

Nos jogos seguintes eu cumpro com meu papel normalmente, mas aquele beijo não sai da minha cabeça.

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Quando chegamos em casa no fim do dia, eu ainda estava me sentindo muito estranho, e fui direto tomar banho, para poder ficar um pouco sozinho. Deixei a água escorrer lentamente pelo meu corpo, desejando que ela lavasse aquelas sensações tão estranhas.

Hoje era dia do Jungkook e Suga ficarem responsáveis pela comida, e eu e Jimin pela louça. Então ficamos de boa no quarto, enquanto eles estão na cozinha. Tae também está lá, já que ele e o Kookie eram grudados.

Jimin era um grande amigo para mim, apesar do meu melhor amigo ser o Suga, o fato de dividirmos o dormitório nos aproximava bastante. Ele está na cama brincando com algum jogo no celular, e eu pensando se falo com ele ou não, tenho medo de ser mal interpretado, por mais que Jimin fosse gay, não sei se ele me entenderia.

- Hyung! – ele me chama, interrompendo meus devaneios, mas ainda olhando para seu telefone.

- Ahn? – respondo distraído.

- Posso te pedir um conselho?

- Claro Jiminnie.

- Quando eu vi você e o Tae naquela cena hoje, fiquei com inveja...

- Como assim doido?

- Fiquei imaginando como seria se fosse eu com o Jungkook... – ele suspira.

- Sério isso? – a confissão dele me surpreende. – Nunca imaginei que você era afim dele.

- Hyung, eu esfrego isso na cara da sociedade!

- Mas você é carinhoso e brinca com todo mundo, não achei que fosse diferente com ele.

- É verdade. Mas enfim, o conselho que eu queria era sobre isso. Eu sempre demonstro meu carinho por ele, e nós somos muito próximos, eu ele e o V, na verdade, só que o V é de boa comigo, não me rejeita e entende minhas brincadeiras. Já o Kookie foge de mim, como se tivesse medo. Isso me deixa triste. Você acha que devo me afastar dele?

- Não acho que essa seja a solução. Nosso grupo é muito unido e nós somos amigos. Continue tentando mostrar seu afeto, ou seja direto sei lá. Conte pra ele o que sente...

- Mas eu tenho medo, com toda essa rejeição às vezes acho que ele não gosta de mim nem como amigo sabe... Por que o V faz as mesmas brincadeiras e ele não foge. – Jimin diz tristemente.

- Ah então ele gosta de você também! É claro Jimin!

- Ué? Não entendi.

- Se ele foge e não aceita as brincadeiras que aceita dos outros membros, é porque deve sentir algo diferente por você, e tem medo desse sentimento. – quando digo isso, um estalo me vem na hora. Como aquelas HQs em que acende uma lâmpada na cabeça do personagem... Mas não, não podia ser isso que eu estava pensando. Se todos os membros brincam e me mostram afeto e eu não me importo, mas quando é o Tae eu fico desconfortável e faço de tudo pra fugir.. então... eu estava falando pro Jimin usando meu próprio exemplo? Meu medo era por que eu sinto algo pelo V?

- Nunca tinha pensado por esse lado hyung. – Jimin prossegue. – Ele é muito novo também né, vai ver ele nem entende direito o que sente... Acho que não vou contar nada não, só vou continuar agindo normal, quem sabe quando ele amadurecer um pouco eu possa falar do que sinto.

- Jimin – eu preciso ser franco com ele – Você sabe que mesmo assim não poderia ter nada com ele né? Isso poderia acabar com nossa carreira. – constatar aquilo me deixou triste. Se alguém no grupo se gostasse (e claro que eu estava me colocando no lugar desse alguém), seria um amor impossível. Proibido.