Marina POV
Já fazia uns quatro dias que não via nenhum dos amigos do meu irmão. Eu ficava praticamente o dia todo em casa fazendo qualquer coisa pra passar o tempo.
Mas hoje o dia seria difícil se eu ficasse em casa. Marco não teria treino, o que o faria ficar a manhã e a tarde toda em casa; o que faria que nós brigássemos o dia todo. Então, resolvi passar o dia longe dali.
Desci as escadas e fui direto para porta.
-Marina? - ele saiu da cozinha.
-O que é? - perguntei seca.
-Você pode vir aqui um minuto?
Revirei meus olhos e fui até a cozinha. Cheguei lá e tinha uma linda mesa de café da manhã.
-Sei que você que é a cozinheira aqui, mas temos algumas coisas. - ele falou sorrindo.
-Me poupe. - falei com raiva e saí dali.
-Eu to tentando. - ele veio logo atrás de mim.
-Tentando o que? - eu me virei pra ele.
-Fazer as pazes?
-Pra fazer as pazes com alguém é preciso que se faça o mínimo esforço de pedir desculpa, e não uma mesa de café da manhã.
-Eu não vou pedir desculpa. - ele me olhou com um sorriso na cara.
-Então me esquece. - peguei minhas coisas e saí da casa.
Fui novamente ao parque que tinha ido outro dia. Lá estava se tornando o meu lugar favorito naquela cidade. Ou melhor dizendo, o que eu menos odiava.
Eu realmente achei que eu poderia viver bem em Dortmund novamente, mas Marco me fez ver que eu estava redondamente enganada.
-Pequena? - ouvi uma voz conhecida atrás de mim.
Virei-me e vi Mats.
-Oi Hummels. - sorri para ele.
-Posso me sentar aqui? - ele apontou para o lugar ao meu lado.
-Claro.
Ele se sentou ao meu lado e apoiou as mãos em sua perna. Pude ver que sua mão direita estava levemente machucada.
-O que aconteceu com sua mão?
-Ah, isso? - ele olhou para os dedos - Acho que foi no treino.
Fiquei desconfiada porque o machucado não parecia o tipo de machucado que se consegue jogando ou treinando. Mas não falei nada.
-Mas e você? Tá meio sumida. - ele comentou.
Lembrei-me de Marco me "proibindo" de ver seus amigos.
-Não tenho feito nada demais. - sorri tímida pra ele.
-E o que te traz aqui? Achei que ia passar o dia com Marco.
-Isso é a última coisa que quero fazer.
Ele me olhou em dúvida.
-Eu não suporto viver com ele. - continuei.
-Ele já mencionou que vocês brigam de vez em quando.
-De vez em quando?- sorri irônica - Todos os dias. Ele não quer que eu veja vocês.
-Ele proibiu? - ele riu - Isso aqui é tipo um crime?
-No mundo de Reus, com as leis de Reus, sim.
-Ele se preocupa com você.
-Isso não é preocupação, isso é doença.
-Ele tem ciúmes da irmã, isso é normal. Se você fosse minha irmã, eu também não gostaria que você ficasse rodeada por homens.
-Isso é algo bem machista de se dizer. - disse revirando os olhos - E vocês não tem tipo uma regra contra isso?
-Regra? - ele riu.
-É. Que não pode pegar irmã de amigo.
-Isso não existe.
-Claro que existe. É um código. - ele começou a rir de novo.
-Mas pensa comigo, e se um de nós se apaixona por você? - ele me olhou - Você acha que esse suposto código serviria pra alguma coisa?
Eu fiquei olhado para ele.
-E mesmo se o cara respeitasse esse código. Não te pegaria, mas como ele ficaria? O cara não vai deixar de sentir algo por você só porque um "código" existe.
-Então você realmente acha que ele tá certo?
-Eu se fosse seu irmão, não te apresentaria pros meninos. Alguns são ótimos, mas outros nem tanto.
Eu olhei para frente e fiquei quieta.
-Mas como a gente já te conheceu. Marco não vai conseguir o que quer.
Olhei para ele com um sorriso tímido na cara.
Robert POV
-Você ta exagerando Marcinho.
Reus me ligou cedo pedindo que fosse até sua casa e me contou sobre suas brigas recentes com sua irmã.
-To? Cadê ela então?
-Não sei Marco, ela é sua irmã.
-Como ela consegue me enlouquecer assim?
-Cara, o que ela fez de errado? Conheceu os meninos que você apresentou?
Ele me olhou com cara de quem ia me matar.
-Marco, ela é sua irmã e já é crescidinha. Para de tentar mandar nela.
Nesse momento ela entrou em casa.
-Oi Robert. - ela falou surpresa.
-Oi Marina, tudo bom? - falei simpático.
-Aham e você?
-Tudo certo.
-Podemos conversar? - Marco perguntou a ela.
-Não é educado deixar a visita sozinha Marco. - ela respondeu sorrindo.
-Eu já to de saída. - falei.
-Imagina Robert, pode ficar. Eu só vim pegar um papel e já vou sair.
-Marina... - Marco começou.
-Desculpa Marco, eu to ocupada agora. - ela falou mais uma vez - Depois conversamos.
Ela pegou o tal papel e tornou a sair.
-Ela ainda vai me matar enquanto eu durmo. - Marco sentou no sofá e comecei a rir.
-Irmãos cara, é sempre assim.
-E como você e Anna estão?
-Ah...
-Tão mal assim?
-Se um dia eu aparecer morto, você já sabe quem foi.
-Como isso tudo começou?
-Ciúmes, eu acho. Qualquer mulher que se aproxima, ela fica louca.
-E você vai fazer o que?
-O que eu posso fazer?
Marco fez uma cara estranha.
-Hm. - ele deu de ombros.
-Que houve?
-Ah cara, não entendo como vocês conseguem sentir essas coisas. - o encarei confuso - Mats pareceu um zumbi com o término do relacionamento, você deixa de sair porque fica em casa brigando com Anna. Isso tudo é desgastante e vocês continuam procurando o "amor".
-Eu não to procurando nada, eu amo Anna. E não tem nada de errado em amar alguém. Quando acontecer com você, vai ver que não é tão ruim assim.
-Sem ofensas Robert, mas eu não sou otário. - eu ri.
-E eu e Mats somos?
-Pra caralho. - ele riu.
Fiquei ali pensando sobre o que Marco falava e eu tinha certeza de que ele estava errado. Claro que estar em um relacionamento não é fácil. Você tem que cultivá-lo todos os dias. Mas também não tem nada melhor do que ter alguém que você ama, ao seu lado, cuidando de você.
Nós tínhamos nossos problemas e diferenças, mas Anna era essa pessoa para mim.
Marina POV
Fui em casa pegar o número de Caroline e logo estava no parque de novo com Mats.
-Falou com seu irmão?
Eu comecei a discar e esperei.
-Aham, ele tá lá com Robert.
Mats fez uma cara estranha, mas não tive tempo de perguntar o motivo porque Caroline atendeu.
-Alô?
-Caroline? É a Marina, a alemã.
-Oi Marina, como vai?
-Vou bem e você?
-Também, o que me conta de novo?
-Você tá livre hoje à noite?
-Olha você tá com sorte. Meu namorado acabou de me dar um bolo.
-Ah que bom. Não que ele te deu um bolo. - ela riu - Um amigo meu conhece um bar legal por aqui e vou conhecer hoje. Vamos?
-Onde é?
-Só um minuto que vou ver com ele. Onde fica o bar? - perguntei para Hummels.
-É na rua do estádio do Borussia. Fica na esquina com a principal.
-Sabe o Iduna Park? - perguntei para ela.
-Sei.
-Então, é naquela rua, fica na esquina com a rua principal.
-E que horas vocês vão?
-A gente tá marcando umas 21h lá.
-Por mim tá ótimo. Te vejo de noite.
-Até mais. - encerrei a ligação.
-Ela vai. Vai chamar os meninos?
-Como sabe o nome do nosso estádio? - ele me olhou surpreso.
-Por que não saberia?
-Porque você não gosta de futebol.
-O que não me obriga a ser completamente ignorante sobre o assunto. - respondi direta.
-Desculpa, não queria ofender. Só achei... curioso.
-Não me ofendeu. - ri pra ele - Mas e os meninos?
-Quem você quer que eu chame?
-Ah, não sei. Subotić? Schmelzer?
-Vou falar com eles.
Meu celular começou a tocar e vi que era Marco.
-É meu irmão. Melhor eu voltar pra casa.
-Eu te levo lá.
-Não precisa, é aqui perto.
-Eu to de carro, vamos. Não vai ser trabalho nenhum.
Aceitei a carona e não demorou para chegarmos na casa de Marco.
-Obrigada pela carona. E pelo dia. - dei um beijo em Hummels e saí do carro.
-Disponha pequena. - ele sorriu e deu partida com o carro.
Entrei em casa e logo Marco veio falar comigo.
-Onde você tava? - revirei os olhos e respirei fundo.
-No parque.
Reparei que Robert já tinha ido embora.
-E ficou lá esse tempo todo sozinha?
-Não falei que estava sozinha. - ele ficou me olhando esperando uma explicação - Encontrei Mats lá e ele me trouxe.
-Hm, pelo menos não voltou sozinha.
-É. Vou tomar um banho.
Subi as escadas e deixei ele pra lá. Eu não iria brigar com ele de novo.
Eu tinha bastante tempo até o horário marcado com Caroline e Mats, então resolvi demorar um pouco mais do que o normal no banho.
Fiquei ali sentindo a água quente batendo na minha pele que estava congelando. Dortmund era extremamente fria. Eu tinha esquecido disso.
-MARINA?
Ouvi Marco gritando e batendo na porta.
Desliguei o chuveiro, me enrolei na toalha e abri um pouco a porta para falar com ele.
-Eu to tomando banho.
-Vai sair hoje?
-Talvez, por quê?
-Neven acabou de ligar falando que vai encontrar Mats e Marcel num bar aqui perto.
Merda, Subotić convidou logo quem eu não queria: meu irmão.
-E daí?
-Quer ir?
-Eu vou sair com uma amiga pra um bar na rua do estádio.
-É pra lá que vamos.
Que surpresa, pensei sozinha.
-Bem, nos encontramos lá então.
Fechei a porta e voltei para o meu banho.
Marco POV
Era sempre assim. Eu falava várias coisas para Marina ficar com raiva de mim e depois fazia de tudo para falar com ela.
Isso é coisa de irmão. Eu sei que temos a mesma idade, mas mesmo assim sinto a necessidade de protegê-la. Ela estava muito feliz na Itália, se virando sozinha. E de repente isso acabou e ela não teve escolha a não ser morar comigo.
Eu sei que a maior parte do tempo eu não ajudo ela como deveria. Mas eu me importo com ela. Demais.
Mandei mensagem para Neven avisando que ela iria com uma amiga e liguei pra convidar Robert.
-Tá livre hoje? - ele não demorou para me atender.
-Estaria se não estivesse brigando com Anna. - ele falou chateado.
-Sério cara?
-Clima nenhum para sair. Tenho que me resolver com ela. Ou pelo menos tentar.
-Que merda. Qualquer coisa aparece lá no bar do Iduna. Os meninos vão pra lá e minha irmã deve ir também.
-Beleza, qualquer coisa te ligo.
-Boa sorte aí.
-Valeu irmão.
Encerrei a ligação, joguei o celular em algum canto e deitei em minha cama.
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