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História Anjo de Saia - Capítulo Único


Escrita por: taozing

Notas do Autor


EHEYHEYHE
jesus cristo eu to atrasadíssima pra postar essa fic mAS CHEGUEI AMÉM KYUNGSOO MEU GRANDE LORDE SALVADOR
eu, além de relapsa com a data, ainda mudei uma ou outra coisa no plot e sÓ FUI PERCEBER DEPOIS DE JÁ TER TERMINADO GRRRRRRRRR a pessoa que doou quis ficar em anônimo, mas, quem quer que seja, eu espero de verdade que me perdoe e que ainda assim consiga gostar da fanfic. demorei e troquei uns pauzinhos, mas tomara que esteja de seu agrado <3
(((also que plotão da porra viu adorei que é um plot muito complexo altas discussão social e ao mesmo tempo altos kinky do caralho É BEM ASSIM QUE EU GOSTO @ que mandou favor se identificar p eu te dar um abraço

boa leitura e espero que gostem~~

Capítulo 1 - Capítulo Único


Fanfic / Fanfiction Anjo de Saia - Capítulo Único

Um jovem estudante de Medicina tem direito a um hobby... certo? A faculdade é puxada, passar no vestibular foi um parto, várias matérias e coisas para aprender durante longos seis anos... sim, tá permitido ter hobbies! Cantar, dançar, praticar esportes, usar saia e ficar famosinho no Tumblr, escrever...

Pera.

Park Chanyeol era um jovem estudante de Medicina com um hobby peculiar. Ele tinha vergonha, nunca admitiria para ninguém, mas adorava usar saias e vestidos e roupinhas fofas e “femininas”. Não, não era trans, nem um tarado; só gostava de cobrir os trinta metros de perna com sainhas... tá?

Por isso que na universidade, Park Chanyeol era Park Chanyeol, estudante de Medicina, aplicado e bem-humorado, sempre numa das mesas cheias do almoço; na internet, porém, Park Chanyeol era Loey, provavelmente uma menina, fofa e simpática, que nunca mostrava o rosto — dizia que era por vergonha, olha que gracinha. Chanyeol bem sabia que vários de seus seguidores tinham segundas — e terceiras, e sextas, e quinquagésimas — intenções consigo, e, apesar de ficar morrendo de raiva e desgosto das fotos de pau que recebia sem ter pedido, Chanyeol não se importava muito; qual é, não era como se ele nunca tivesse notado que tinha umas pernas tortinhas e magrelas, muito das bonitinhas.

Naquele momento, parado frente ao espelho, Chanyeol dava risadinhas contentes e pulava de um lado a outro, dando voltinhas; vestia meias seis-oitavos de coelhinhos e uma saia rosa bebê que havia comprado quando estava voltando da universidade, as bochechas ruborizando de leve quando a moça do caixa, já conhecida de Chanyeol, lhe lançou um sorriso e um “você gosta de dar presentes à sua namorada, hein?”.

— Que namorada o quê... — Chanyeol balbuciou, conferindo se a saia estava grande o suficiente para não mostrar as bordinhas da bunda. — Gosto de presentear a mim mesmo.

Sacou o celular de cima da cama e pôs-se a tirar fotos, aproveitando a luz natural que entrava pela janela aberta. Após uma longa sessão de fotos, Chanyeol se jogou sobre seu edredom e escolheu as quatro melhores, postando-as no Tumblr depois de botar um filtro suave e uma legenda bonitinha. Estava prestes a se perder na dashboard quando uma mensagem no grupo da turma fez seu celular tocar uma musiquinha de notificação.

 

(número não-salvo 1): ô gente, alguém tem o número do professor Do? Tô com altas dúvidas na matéria dele

(número não-salvo 2): ele tá no grupo sua anta

(número não-salvo 1): tá?????

Professor Do: tô, mas não sei como você está com dúvidas na minha matéria, ninguém explica melhor do que eu.

(número não-salvo 3): verdade!!!! kkkkkk (coração)

 

Seguiu-se várias mensagens na mesma linha desta última, com todo mundo amando e idolatrando o professor Do. De fato ele era um dos melhores professores da universidade, mas Chanyeol duvidava que aqueles elogios eram pela aptidão do Do para dar aula: ninguém negava que o professor Do era bonito pra caramba, do tipo que fazia os pescocinhos de todo mundo estralarem ao virarem para olhá-lo nos corredores. Fora que ele era mais jovem que a maioria dos outros professores — devia ter no máximo uns trinta e uns, enquanto que o restante do corpo letivo tinha de cinquenta para cima — e era um carinha muito bom de papo e inteligente.

 

Professor Choi: não estou entendendo essa puxação de saco com o Do...

Min-hyung: é só que a gente gosta muito dele, sabe, profe?

Professor Do: eu agradeço os elogios, mas já vou avisando que não vou dar nota extra pra ninguém.

Professor Do: e quanto a você, @número não-salvo 1, pode me encontrar na sala dos professores amanhã depois da aula, tiro suas dúvidas.

(número não-salvo 268): nossa!!!! Eu tô com dúvida também, prof!!!

(número não-salvo 302): eu também, eu também!!!!

Professor Do: acabaram de dizer que explico bem e de repente estão todos com dúvidas? Ora, acho que vou pedir pra reitoria incluir umas aulas de coesão e coerência na grade de vocês...

 

Chanyeol — assim como todo mundo — adorava o professor Do... mas sua adoração ia um pouco além dos motivos alheios: Chanyeol morava perto do professor, então esbarrava nele vez ou outra; cumprimentavam-se e tal, nada demais. Só que, nesses esbarrões, Chanyeol já tinha visto o professor dar comida a um cachorro de rua, ajudar uma velhinha a carregar as sacolas de compras, dar sapatos e um cobertor a um mendigo — “tá esfriando, né?” —, e até já tinha o olhado socorrer uma menininha que havia ralado o joelho e só parou de chorar quando o professor afagou seus cabelos tigelinha e lhe fez um curativo improvisado — certeza que o Do foi o primeiro crush dela. Para Chanyeol, o professor Do não era só lindo-gostoso-inteligente-legal, ele era um exemplo.

 

(número não-salvo 841): prof do, você namora?

(número não-salvo 705): BERRO quanta sutileza hein minah

(número não-salvo 841): eu sou comprometida, só fiz a pergunta que todo mundo quer fazer e não tem coragem rs

Professor Do: gostei da atitude, Minah. Entretanto, acho que minha vida pessoal não precisa ser discutida aqui, no grupo da universidade.

Professor Do: mas quem quiser me chamar no privado pra gente marcar de bater um lanche cem por cento solteiro tá aí o meu número rs

 

O grupo explodiu num coro de “MELHOR PESSOA” — Chanyeol até contribuiu também, rindo divertidamente. Realmente, o Do era a melhor pessoa do universo.

 

*

 

O professor Do estava fazendo as considerações finais de sua aula quando Chanyeol se deixou levar pela curiosidade e meteu os dedos no bolso para futricar no celular; no começo da aula, havia recebido uma ask de um Tumblr que gostava muito, e desde então estava se remoendo para saber o que a ask dizia. Sorriu abobalhado ao ver que eram apenas elogios fofinhos, falando que o blog de Chanyeol era uma graça e que suas roupinhas eram muito bonitas.

— Tá fazendo o que aí? — Minseok, um dos melhores amigos de Chanyeol, entortou a cabeça para tentar espiar o celular alheio. Chanyeol escondeu o objeto contra o peito. — Ih, tava vendo pornô, é? Vou contar tudo pro profê.

— Não é nada disso — Chanyeol se defendeu. Não pôde evitar pensar “bom, às vezes é...” e acabou corando de levinho. Minseok riu às suas custas enquanto os outros alunos se levantavam e saíam da sala.

— Nem precisa ver pornô quando é aula dele, na real... — Minseok sussurrou, olhando malicioso para o professor Do, que conversava com algumas meninas enquanto arrumava suas coisas na mochila. — Que homão da porra, puta que pariu... por que mesmo cê nunca tentou nada com ele? Cê curte uns boy, ele mora perto de ti e às vezes até senta pra lanchar na nossa mesa, e a universidade não tem nada contra romance de professor com aluno, desde que seja fora do ambiente universitário...

— Porque eu sou bi — Bateu de leve com o caderno na testa de Minseok, rindo quando ele reclamou. —, não desesperado.

— Cara, até eu que sou hétero fico acanhado quando ele entra na sala. — Minseok se levantou e jogou a bolsa estilo carteiro sobre um ombro. — Um puta homem desses e cê nem pra dar uma secada.

— Quem disse? — falou com um sorriso travesso, arrancando umas risadas do amigo.

— Park Chanyeol! — Minseok apontou enquanto deixavam a sala pela porta da frente. — Quem diria, hein? Nunca achei que cê era do tipo que seca profess—

Chanyeol tapou a boca de Minseok, corando violentamente ao sentir o olhar do professor Do sobre si. O mestre deu um sorrisinho de canto e uma arqueada de sobrancelha, e um grandão muito vermelho e um baixinho risonho correram para longe daquela sala.

Chanyeol estava bem tarando o professor Do à distância, tudo bem?

 

*

 

A vida é engraçada, sabe. A vida tem felicidades e infortúnios, a vida traça destinos incertos, a vida traz sentimentos indescritíveis, a vida é uma fodida que te faz tropeçar e cair de cara na bosta.

Lá estava Park Chanyeol, dois metros de cachinhos e sorrisão, sacolinha da loja de roupas pendurada no braço, voltando feliz e contente para sua residência. Chanyeol, ao dobrar uma esquina, trombou com tudo noutro sujeito e acabaram caindo ambos no chão, com uns resmungos doloridos escapando daqui e dali. Na hora da trombada, Chanyeol sem querer deixou que a sacola escapulisse da mão, fazendo com que seu vestidinho novo caísse na calçada suja; como se não fosse merda o suficiente, antes que Chanyeol pudesse agir, o outro lado da trombada se levantou e pegou o vestido nas mãos, bufando ao ver a roupa toda suja e amarrotada.

— Desculpa, Chanyeol, eu realmente não te vi. — A voz melodiosa e grossa lhe chamou a atenção, fazendo Chanyeol arregalar os olhos ao encarar ninguém mais, ninguém menos, que Do Kyungsoo, o professor mais querido da turma de Medicina. — Que droga, o vestido ficou todo sujo...

Chanyeol se ergueu em pernas trêmulas e balbuciou um “tudo bem, tudo bem”. Kyungsoo o encarou e mordeu os lábios.

— Onde você comprou? Eu vou comprar um novo — falou, pondo o vestido de volta na sacola.

— Q-quê? Não precisa! — Chanyeol exclamou, balançando as mãos. — É só lavar, não tem problema, sério.

— Mas se lavar, vai ter que tirar a etiqueta, e aí não vai mais poder trocar — argumentou. — Só que não dá pra provar ele assim, sujo.

Eu já provei, Chanyeol quis dizer, mas engoliu tudo e abraçou a sacola contra o peito.

— O vestido era pra sua namorada? — Kyungsoo perguntou.

— Não — respondeu num fio de voz. Droga, droga, droga...

— Ah... — Kyungsoo meneou a cabeça, visivelmente intrigado. — Bom, seja lá pra quem for, acho que não podemos sujeitar a pessoa a vestir esse troço assim, imundo.

— Tá tudo bem, eu tenho certeza que vai servir — Chanyeol insistiu, sentindo as bochechas darem uma queimadinha. O que seu professor ia pensar de si se descobrisse que o vestido era para o próprio Chanyeol?

— O único jeito de ter certeza disso é se o vestido for pra você e você já tiver provado na loja, Park. — Kyungsoo abriu um sorrisinho.

Chanyeol, desta vez, ruborizou violentamente e espremeu os olhos; e aí? Ia dizer o quê? Que o vestido era para sua irmã e obrigar o professor a gastar umas notas num vestido novo? Ou que a roupa era verdadeiramente de Chanyeol e que este gostava de se vestir assim quando ficava sozinho?

Kyungsoo, inteligente que só, já sacou tudo; confirmou com a cabeça e ofereceu um sorriso gentil ao aluno, murmurando um “até amanhã, Chanyeol” ao passar pelo grandão. Chanyeol correu de volta para casa, o coração acelerando no peito e o corpo inteiro ardendo de vergonha e ansiedade e medo, os olhos grandes se enchendo de lágrimas. Que merda! Logo o segredinho que Chanyeol se esforçava tanto para esconder tinha que ser descoberto logo pela pessoa que Chanyeol mais admirava!

O menino se jogou na cama, abafando o choro com o travesseiro. Ouviu o celular apitar em novas mensagens, mas ignorou completamente: não estava em paz o suficiente para socializar.

 

*

 

Professor Do: oi, Chanyeol, tudo bem? Eu só queria dizer que você pode ficar tranquilo, não vou falar pra ninguém o lance do vestido — apesar de eu não ver nada de errado, roupa tá aí pra ser usada, mas enfim.

Professor Do: eu não vou te olhar estranho, nem mandar indiretas, nem nada do tipo. Sua vida é só sua e você faz o que quiser com ela.

Professor Do: mas se algum dia se sentir inseguro, julgado, ameaçado, sei lá, e quiser conversar com alguém, eu tô aqui, tá? Você é um aluno muito aplicado e um garoto muito educado e gentil, não quero que se sinta acovardado porque gosta de usar roupas “de mulher” às vezes.

Professor Do: não precisa responder, se não quiser ou não se sentir à vontade. Só quero que saiba que eu te apoio.

Professor Do: (e aliás, aquele vestido é muito bonito, mandou bem!)

Professor Do: te vejo na aula! (emoji sorrindo)

 

Digamos que Chanyeol foi dormir muito mais tranquilo ao acordar de madrugada e, só por curiosidade, ir bisbilhotar suas mensagens.

 

*

 

Chanyeol abriu o armário e fez um biquinho, matutando. Onde havia botado sua cinta-liga preta? Havia a usado há pouco tempo, não era para a danada já ter se perdido... vasculhou a gaveta de roupas íntimas, a gaveta das calças e bermudas, a gaveta das saias e vestidos, a das camisetas... onde raios havia metido sua cinta-liga!?

Chanyeol fechou as portas do guarda-roupa com um bico enorme na boca. Marchou até a mesinha ao lado da cama, abrindo a pequena gavetinha ali, constatando que nada além de lubrificante, camisinha, lenços de papel e um vibrador sairiam dali. Espiou debaixo da cama, em cima da escrivaninha, dentro da mochila, no meio de algum livro... e nada.

Chanyeol se jogou na cama e cruzou os braços, fazendo birra para ele mesmo. Mas, poxa, sua roupinha ia ficar tão mais bonita com uma cinta-liga! Parecia ser só uma tirinha de elástico escorrendo pelas coxas, mas, na hora de tirar as fotos, fazia toda a diferença — e Yeolie sabia bem disso.  

Após alguns minutos de manha e chateação, Chanyeol resolveu pular da cama e bater as fotos daquele jeito mesmo. Pegou o celular e parou frente ao espelho, capturando sua blusa preta apertadinha e sua saia xadrez vermelha, complementadas com meias seis-oitavos pretas; parecia um daqueles “uniformes” escolares, e Chanyeol acabou soltando uma risadinha maliciosa ao se virar de costas e levantar um pouquinho, só um pouquinho, a saia. Fez mais algumas poses pelo quarto e voltou a se largar na cama, admirando as fotos que havia tirado.

Chanyeol já era fofo por si só, mas, naquelas roupinhas e poses, ficava fofo ao extremo — e o menino se orgulhava muito disto. Fofura faz o mundo girar, né?

(E, por algum motivo, a cinta-liga estava esquecida embaixo do sofá. Chanyeol fez uma carranca confusa, mas resolveu que estava com preguiça de tentar se lembrar de como a cinta-liga foi parar ali).

 

*

 

Park Chanyeol, apesar de ainda receber uma mesada farta dos pais por ter passado para uma universidade renomadíssima de Medicina, gostava de ter o próprio dinheirinho, sabe, ter certa independência — e comprar roupinhas, óbvio.

Já que a faculdade consumia praticamente quase todo o seu tempo, porém, Chanyeol tinha que achar um jeito de fazer uma graninha em casa, e foi daí que surgiu a ideia de se candidatar a editar os photoshoots de suas amigas virtuais; Chanyeol fazia por diversão aquela coisa toda de sainhas fofas e fotos bonitinhas, mas tinha gente que fazia uma grana boa com aquela história toda — incluindo desde aquelas que viravam modelos contratadas por agências até às que ganhavam uma nota farta vendendo fotos e vídeos sensuais. Claro que não era sempre que Chan tinha tempo para pegar os trabalhos, mas, na maior parte do tempo, conseguia e fazia um ótimo serviço.

Então, naquela noite de sexta-feira, Chanyeol estava ajeitando a saturação de uma das centenas de fotos da Babyun, sua amiga famosinha do Tumblr, com o álbum do Studio Killers tocando ao fundo. Ele estava empenhado e gostando dos resultados; as fotos eram lindas e provocantes, tiradas num cenário muito bonito com roupas mais bonitas ainda, e Chanyeol, sem querer, sentiu um pouquinho de inveja da Babyun.

Veja bem, não era como se Chanyeol quisesse ser modelo nem algo assim; estava muito focado na Medicina, queria ser pediatra e ficar rodeado de crianças, era seu sonho! Entretanto, não ia negar que seria legal fazer umas sessões de fotos como as da Babyun, assim, toda vestida e maquiada, fazendo carão para as câmeras e tal... mas Chanyeol não podia, porque Chanyeol era um menino, tinha um pintinho entre as pernas, e saias e vestidos e maquiagens eram só para quem não era menino como ele...

Quanta besteira!

Chanyeol se xingou, fazendo um bico grande ao perceber as merdas que estava pensando. Poxa, Chan não via nada de errado em ter um pintinho e usar saia! Por que as pessoas viam? Era até mais confortável, às vezes as costuras da calça apertavam demais e doía um pouco, e saias eram abertas e esvoaçantes...

Chanyeol percebeu que precisava fazer uma pausa e se levantou, indo até a cozinha para buscar um copão de leite com chocolate. Ao voltar para o quarto, suspirou quando encarou seu celular apitando novas mensagens, tentando encontrar forças dentro de si para pegá-lo e falar com pessoas e ser sociável.

Tinham quatro conversas com mensagens não-lidas: o grupo da turma, Min-hyung, Babyun, e sua irmã Yura. A turma estava debatendo sobre os planos para o fim-de-semana, nada interessante; Babyun tinha só mandado um coração com brilho, agradecendo Chan pelas edições; Yura perguntara se Chanyeol ia dar as caras na casa da mamãe naquele findi e Min-hyung tentava convencer Chanyeol a ir numa balada.

Após responder só a Yura e ignorar os outros, Chanyeol notou que a conversa com o professor Do ainda estava ali, na página inicial, e não pôde evitar ficar tentado a lhe mandar alguma coisa. O professor era o único — além da Babyun e do Minseok — que sabia sobre o segredinho do Park, e, já que os outros dois estavam ocupados e o Do se oferecera para conversar sobre o assunto...

 

Chanyeol: oi professor, espero não estar atrapalhando

Chanyeol: não é nada importante

Chanyeol: eu só queria saber se posso saber sua opinião sobre uma coisa?

Professor Do: não está atrapalhando não, pode falar.

Professor Do: é sobre a aula?

Chanyeol: não... é sobre aquele meu segredinho

Professor Do: oh, sim. Diga.

Chanyeol: você acha estranho eu ser um menino e gostar de usar saia?

Chanyeol: tipo, sei que você não se importa, mas... não é esquisito?

Professor Do: por que seria?

Chanyeol: porque todo mundo acha, sei lá

Professor Do: todo mundo vive a sua vida, Chanyeol?

Chanyeol: não...

Professor Do: e qual é a moral de todo mundo pra falar de uma vida que não é deles, então?

Chanyeol: ...

Chanyeol: moral não tem, né, mas falam mesmo assim...

Professor Do: você é feliz usando as saias e vestidos, não é?

Chanyeol: sou

Professor Do: isso que importa.

Professor Do: e aposto que você fica uma gracinha.

Chanyeol: professorrrrr jfndglfgk

Professor Do: desculpa eu bebi um pouco, não tô dando em cima de você nem sou tarado eu juro desculpa.

Chanyeol: meu deus jkjfkfmg de boa

Chanyeol: eu fiquei todo corado

Professor Do: oh, que adorável (emoji rindo)

Professor Do: enfim, quer voltar ao assunto?

Chanyeol: eu só precisava de um pouquinho de apoio, eu tava editando umas fotos de uma amiga e fiquei meio triste porque ela pode usar vestido e eu não

Chanyeol: mas eu posso usar vestido também se eu quiser, né?

Professor Do: claro que pode!

Chanyeol: obrigado, professor (emoji sorrindo de bochechas vermelhas)

Professor Do: pode me chamar de Kyungsoo.

Professor Do: é estranho me chamar de professor fora da sala, ainda mais quando a gente tá conversando sobre vida pessoal.

Chanyeol: lista de coisas estranhas: chamar o professor de professor
lista de coisas não-estranhas: menino usar saia

Professor Do: isso aí! Hahahaha

Professor Do: sempre soube que você era um aluno aplicado.

Professor Do: e disponha, Chanyeol. Lembra, sempre que quiser conversar, pode me chamar. Não precisa nem ser sobre esse lance das saias, se quiser falar da vida e tal, pode chamar sem problema.

Chanyeol: tá bom! Você também, viu?

Chanyeol: boa noite!!

Professor Do: boa noite.

 

Chanyeol suspirou, muito mais aliviado após conversar com o prof— com o Kyungsoo; ele realmente era muito gentil e inteligente, ah... e aquele papo de “você deve ficar uma gracinha”, que deixou Chanyeol todo bobo? Imagina receber isso do senpai? Que sonho! E, realmente, Chanyeol ficava uma gracinha com aquelas roupinhas.

Hm, pensando bem, não seria má ideia confirmar a ideia de Kyungsoo... né? Chanyeol tinha várias fotos que comprovavam sua fofura...

Chanyeol abriu seu Tumblr e foi navegando pelas fotos mais recentes, optando por uma em que ele estava parado frente ao espelho, com os joelhos virados para dentro, entortando mais um pouco suas pernas grandonas; vestia um moletom preto grandão e uma saia plissada lilás, que cobria pouca coisa de suas coxas, bem como meias pretas até os joelhos. A estética da foto era suave e bonita, e Chanyeol havia ficado uma verdadeira gracinha com aquelas roupas.

 

Chanyeol: e caso você tenha dúvidas, kyungsoo...

Chanyeol: (imagem)

Chanyeol: eu fico uma gracinha mesmo

Prof. Kyungsoo: nossa!! Gracinha é pouco!

Prof. Kyungsoo: com todo o respeito, claro.

Prof. Kyungsoo: gostei, Chanyeol. Combina com você.

Chanyeol: pode ficar tranquilo, eu recebo coisa muito pior no tumblr jfdngjkfg

Prof. Kyungsoo: oh, eu imagino.

Prof. Kyungsoo: não tô dizendo que fiquei curioso a respeito desse tumblr, mas...

Chanyeol: não tô dizendo que esse é o meu tumblr (link) mas...

Prof. Kyungsoo: omo, tem nudes (emoji assustado)

 

Chanyeol arregalou os olhos e sentiu sua alma sair do corpo. Merda! Chanyeol se esquecera completamente dos nudes que reblogava às vezes! O que Kyungsoo ia pensar!?

...Pro inferno o que Kyungsoo fosse pensar. Chanyeol reblogava porque gostava, pau no cu do professor se não soubesse separar conversa de professor com aluno e conversa de amigo com amigo.

(Mas que a vergonha bateu, bateu!).

 

Prof. Kyungsoo: não que eu esteja reclamando, claro rs

Prof. Kyungsoo: nenhum desses é você, eu presumo.

 

Do Kyungsoo era um cara legal, bonito e gostoso; era professor — a profissão mais linda! —, era gentil, carismático e inteligente. E Chanyeol o admirava demais, sabe. Não faria mal algum dar um pouquinho em cima do professor, né? Tá que estava cem por cento bem tarando ele de longe, mas... Chanyeol também tinha direito a uns beijinhos!

 

Chanyeol: por que presume isso?

Prof. Kyungsoo: oh, por nada, só achei que você quisesse esconder a genitália.

Prof. Kyungsoo: se bem que acabei de ver algumas saias com voluminhos por baixo...

Chanyeol: não vou negar nem confirmar, profe rs

Prof. Kyungsoo: Chanyeol...

Chanyeol: nem me levou pra jantar ainda e já quer ver por baixo da minha saia, que isso, achei que você fosse um cavalheiro

Prof. Kyungsoo: NÃO!!!!!

Prof. Kyungsoo: não foi isso que eu quis dizer!!

Chanyeol: tô brincando contigo kyungsoo

Chanyeol: SDSNDJFKFD

Kyungsoo: ...

Kyungsoo: um jantar, é?

Kyungsoo: vamos jantar juntos, então.

Chanyeol: oh (emoji dos olhos)

Kyungsoo: sexta que vem te levo num restaurante.

Chanyeol:

Chanyeol: mas não sei se vou ter dinheiro

Kyungsoo: não se preocupa, eu pago o jantar.

Kyungsoo: e você paga o

Kyungsoo: não, não vou fazer essa piada contigo.

Chanyeol: eu pago o que

Kyungsoo: o bo

Kyungsoo: que

Chanyeol: AAAAAH!!!!

Chanyeol: KYUNGSOOOOO

Chanyeol: eu fiquei muito vermelho puta que pariu vou explodir

Kyungsoo: mas eu nem falei nada rs

Kyungsoo: nos falamos melhor durante a semana, mas por enquanto já tá marcado.

Kyungsoo: eu vou dormir agora, Chanyeol, tô cansadaço.

Kyungsoo: boa noite! (emoji sorrindo)

Chanyeol: boa noite!!!

 

Chanyeol se largou na cama e suspirou, todo sorridente e bobo e corado. Ah, tinha um encontro com o crush! Mal podia esperar!

Depois de um breve momento de surto por estar realmente progredindo numa paixonite depois de anos solteiro, Chanyeol pulou da cama e aumentou o volume da música; estava supermotivado a editar e deixar as fotos da Babyun perfeitas!

 

*

 

Durante toda aquela semana, sempre que podia, Kyungsoo se sentava junto com Chanyeol, Minseok e alguns outros amigos de outros cursos nas pausas entre uma aula e outra e no almoço. Ele sempre se achegava perto de Chanyeol, murmurava um “posso?” com aquele sorriso bonito e gentil e se acomodava na mesa com seus lanchinhos saudáveis.

Minseok achou estranho, óbvio. Primeiro que conhecia o melhor amigo e havia notado que algo tinha rolado e ele não estava sabendo; segundo que aquelas olhadas que Chanyeol trocava com o professor Do eram pra lá de suspeitas, um tal de sorrisinhos, bochechinhas rosadas, joguinhos para ver quem desviava primeiro e não sei o quê... bizarro!

Por isso que Minseok prensou Chanyeol na parede do corredor vazio e lhe intimou a contar o que merdas estava acontecendo.

— C-como assim? — Chanyeol gaguejou, ruborizando sem querer por estar tão perto do melhor amigo. — M-Min, você tá muito perto...

— O que tá rolando entre você e o profê Do, Chanyeol? — Minseok insistiu, encarando fundo na alma do mais alto. Chanyeol estremeceu.

— E-ele sabe... do meu segredo, sabe...

— Você contou pra ele!? — Minseok arregalou os olhos.

— Ele descobriu. — Bufou, abaixando o rosto. — E a gente tá conversando sempre, todos os dias... ele é muito inteligente e legal, Min. Ele sabe direitinho o que dizer pra fazer eu me sentir melhor quando eu fico triste, parece até um psicólogo.

Minseok mordiscou os lábios; era verdade que, às vezes, Chanyeol se sentia entristecido com aquele papo de ser menino e gostar de vestidos, e era verdade que os conselhos de Minseok se resumiam a “não liga não, manda se foder”, mas...

— Por que não me falou nada? — Minseok afrouxou o aperto que fazia no colarinho de Chanyeol, se afastando um pouco. Chanyeol suspirou em alívio.

— Porque... sei lá, não sei se é algo sério ou não... — Chanyeol bagunçou os cachinhos. — E também não é como se eu estivesse apaixonado por ele ou algo assim. Tá que eu fico diferente perto dele, e meu coração acelera e tal, mas... tá cedo demais pra dizer essas coisas.

Minseok meneou a cabeça. Ouviu Chanyeol soltar uma risadinha.

— Min-hyung... por acaso tá com ciúme? — O grandão perguntou, e Minseok franziu o cenho e entortou a cabeça.

— Ciúme? Que mané ciúme o quê, Chanyeol? — resmungou. — Eu tava preocupado e curioso, só isso.

— Ficou com medinho de ser trocado, é isso? — Chanyeol riu. — Não precisa se preocupar, hyung! Sabe que você é o único pra mim! — Abraçou Minseok por trás, que suspirou e acabou abrindo um sorrisinho.

— Se ele fizer qualquer coisa contigo, Chanyeol... — Minseok murmurou. — Qualquer coisa que você não goste ou que te deixe mal... sério, me fala, que eu vou acabar com a raça dele.

— Min! — Riu.

— É sério! Você merece alguém pra te mimar muito e te dar amor e doces e roupinhas bonitas, e nada menos que isso!

Chanyeol sentiu o coração apertar gostoso de amizade; Minseok era, definitivamente, o melhor amigo do mundo.

 

*

 

Sexta-feira trouxe um Chanyeol encolhido num jeans e moletom, perfume respingado na nuca e cachinhos mais ou menos arrumados; ia se encontrar com Kyungsoo num restaurante ali nas redondezas.

Kyungsoo já estava frente ao restaurante quando Chanyeol dobrou a esquina e sentiu as pernas quilométricas bambeando: Kyungsoo estava bonito demais. Era um tanto estranho ver o professor daquele jeito, todo arrumadinho e ao mesmo tempo todo relaxado, com roupas pretas que delineavam o corpo e um pouquinho de gel para manter o topetinho erguido. Chanyeol percebeu o coração acelerar e o rosto esquentar e considerou honestamente voltar para casa e fingir que aquilo tudo nunca tinha acontecido... até se lembrar de que perder a oportunidade de dar uns beijos na boca do professor Do era perder a oportunidade da vida.

Kyungsoo viu Chanyeol se aproximando e poupou discrição ao descaradamente olhar o grandalhão de cima a baixo e abrir um sorrisinho de canto. Chanyeol engoliu em seco e sorriu envergonhado, aproximando-se do moreno sem saber muito bem como agir.

— Oi, prof... Kyungsoo — falou, mexendo nervosamente nos cachinhos, não sabendo de que jeito deveria cumprimentar o outro.

— Oi, Chanyeol. Achei que ia vir de saia — comentou como quem não queria nada, pousando uma mão na lombar de Chanyeol e lhe dando um beijinho na bochecha. Chanyeol ruborizou visivelmente e Kyungsoo acabou soltando uma risadinha. — Vamos entrar?

Entraram e se sentaram numa mesinha perto da janela. Fizeram os pedidos e jogaram conversa fora, falando de assuntos diversos, desde a faculdade até a infância, com direito até a divagações filosóficas e um discurso motivacional muito bonito por parte de Kyungsoo. Os dois, apesar de serem opostos — Chanyeol cheio de piadinhas e risadas altas após familiarizado, Kyungsoo quietinho e mais sério —, se davam surpreendentemente bem, e as horas foram passando e passando sem nem serem notadas.

No fim da noite, já estavam muito mais íntimos e com o próximo encontro marcado. A conta veio à mesa e Chanyeol até se mexeu para pegar a carteira, mas Kyungsoo o impediu com um gesto e um sorrisinho.

— Eu pago o jantar, lembra? — falou, pondo o cartão na maquininha que o garçom segurava e digitando a senha. Chanyeol sorriu abobalhado. Quando o garçom agradeceu e saiu, Kyungsoo sorriu de canto e continuou: — Mas só o jantar.

Chanyeol demorou um pouquinho, mas lembrou-se daquela piada e ficou todo vermelho, arregalando os olhos e escondendo o rosto com as mãos. Kyungsoo riu, fazendo um carinho no antebraço de Chanyeol para consolar a vergonheira dele.

— Tô brincando, tô brincando — Kyungsoo disse entre risadas. — Mas me diz, Chanyeol... não tá desconfortável usar essas calças?

— Não — Chanyeol murmurou, terminando de tomar seu suco. — Eu gosto de usar calças... também.

— Entendi. E não ficou com vontade de vir de outro jeito hoje?

Chanyeol piscou lentamente, desviando os olhos e confirmando envergonhadamente com a cabeça. Kyungsoo lhe deu um sorriso gentil.

— Na próxima vez, tenta vir como quiser, tá? — Kyungsoo pegou na mão de Chanyeol sobre a mesa, olhando nos olhões dele. — É só roupa, Chanyeol. Não tem nada de errado.

Chanyeol sorriu minimamente e afirmou com a cabeça mais uma vez. Kyungsoo deixou um carinho leve sobre as costas da mão alheia e se levantou, chamando Chanyeol para irem embora. Chanyeol já estava ficando meio nervoso e até um pouco triste por já terem que se despedir, mas Kyungsoo falou que lhe acompanharia até em casa, e, por mais que Chanyeol tenha recusado por educação, não pôde evitar sorrir feliz quando o mais velho insistiu.

A caminhada pela rua foi quietinha e tranquila, contrariando o jantar cheio de falaçada e risadas que tinham acabado de compartilhar. Em dado momento, Kyungsoo esticou uma mão e pegou na mão de Chanyeol, e o cacheado sentiu o coração dar cambalhotas sob o peito ao perceber que o professor estava ruborizado por causa do singelo gesto.

Cada passo mais perto do prédio de Chanyeol se tornava mais lento, já que não queriam se separar de jeito nenhum. Inevitavelmente, Chanyeol murmurinhou o “é aqui” que ninguém queria ouvir, e os dois meninos pararam frente ao prédio bege de seis andares.

— Bom, é isso. Tá entregue. — Kyungsoo riu, repentinamente sem graça e sem saber o que fazer; Chanyeol ficou feliz de ver que ele não era o único perdido naquela maré de sentimentos. — A gente se fala.

— Uhum — fez. Acabou abrindo um sorriso largo que contagiou Kyungsoo em segundos.

Kyungsoo deu uma espiadinha na rua e deu uns passinhos para frente, grudando os olhos no rosto de Chanyeol. Ficou na ponta dos pés e pousou a destra delicadamente na bochecha do cacheado, unindo os lábios num beijo calmo e tenro, que dizia “tchau pra hoje, oi pro amanhã”. Separaram-se com alguns selinhos de saudade e sorrisinhos tolos, afastando-se um do outro aos pouquinhos.

— Hoje foi legal — Chanyeol sussurrou.

— Foi, né? — Kyungsoo meteu as mãos nos bolsos da calça, jogando o peso do corpo de um lado a outro, observando Chanyeol abrir o portão de fora do prédio. — O próximo vai ser ainda mais legal.

— E agora você já me levou pra jantar, já pode... — Chanyeol interrompeu-se com uma risadinha. — Tchau, Kyungsoo! — Acenou, correndo para dentro do prédio, virando o rosto a tempo de ver um Kyungsoo incrédulo, bem vermelho e bem sorridente, lhe abanando a mão num tchauzinho abobalhado.

 

*

 

E então, sempre que o professor Do entrava em sala, rolava uma troca de olhares e sorrisinhos com o grandão na última carteira. Nos intervalos e almoços, lá estava Kyungsoo, fielmente sentado ao lado de Chanyeol e conversando com os alunos, mastigando suas comidinhas de dar orgulho aos nutricionistas. E, quando não estavam ao vivo, estavam pelo celular, conversando bobagens e seriedades, Chanyeol mandando fotos de suas roupinhas e Kyungsoo mandando fotos de suas invenções culinárias — dá de acreditar que, além de todo aquele pergaminho de qualidades já citadas, Kyungsoo ainda tinha uma mão pra lá de boa para cozinhar?

Saíam, também. Bastante. Viviam arrastando um ao outro para todos os cantos, cada vez mais próximos, mas nunca próximos o suficiente. Chanyeol obrigava Kyungsoo a lhe ajudar a escolher roupas, e Kyungsoo só concordava porque gostava de ver aquele sorrisão no rosto do cacheado — contou isso a Chanyeol certa vez, depois de dar-lhe um beijo bem gostoso de língua, e o jeito que Chanyeol corou e gargalhou foi o epítome da fofura —; Kyungsoo levava Chanyeol a todo tipo de lugar com comida, e fazia umas críticas elaboradas que Chanyeol honestamente não entendia nadinha, mas ouvia porque gostava do tom empolgado do outro.

Naquele sábado, após almoçarem numa lanchonete especializada em hambúrgueres, Chanyeol e Kyungsoo saíram de mãos dadas pelo calçadão que se estendia; não tinham muitas pessoas por ali, apesar de estar fazendo calor e o sol estar aberto — andavam numa fase bem rigorosa do outono-quase-inverno, e eram raros os dias que passavam de dezesseis graus.

— Viu alguma coisa que te interessa? — Kyungsoo perguntou, observando Chanyeol olhar atentamente as vitrines das lojas de roupas que passavam em frente. — Se achar algo que você queira, pode parar pra ver, tá?

— Tá. — Chanyeol virou o rosto para sorrir na direção de Kyungsoo, que retribuiu o sorriso. — É, Kyungsoo... que acha de escolher algo pra mim?

— Como assim?

— Escolhe uma roupa pra eu vestir.

O coração de Kyungsoo acelerou perigosamente sob o peito. Oh, as possibilidades... não, Kyungsoo! Calma!

Chanyeol notou a expressão do moreno e sentiu o rosto esquentar, rindo envergonhadamente.

— Mas se for muito curto, só vou poder usar quando a gente estiver sozinho... — Chanyeol jogou, numa voz bem quietinha e maliciosa, e Kyungsoo arregalou os olhos.

— Safadinho — acusou com um sorriso de canto. — Mas, então, se eu escolher algo mais comprido, você vai poder usar agora, certo?

Foi a vez de Chanyeol arregalar os olhos e ruborizar... só que por um motivo diferente. Chanyeol abaixou a cabeça e mordiscou os lábios; era verdade que Yeolie até queria usar uma sainha, aquela calça estava lhe apertando em lugares indignos e ele estava com um pouquinho de calor, mas... que vergonha! Usar uma saia curta para Kyungsoo era uma coisa, até dava vergonha, mas o tesão era maior — e sim, Chanyeol já tinha pensado mais vezes do que deveria em cenas assim, mas esse é um segredinho nosso, ok? —, agora, usar uma saia em público...

— Chanyeolie... — Kyungsoo fez um carinho firme na mão de Chanyeol, atraindo a atenção dele. — Foi só uma pergunta, tá? Não precisa, se não se sentir à vontade. Eu nunca vou te obrigar a nada, meu anjo.

— Um dia eu vou ter coragem de sair usando saia, Soo. Prometo — murmurou, meio tristinho. — Mas esse dia não é hoje... desculpa...

— Shh, você não tem culpa de nada. Não faz essa carinha, vou querer te beijar até você sorrir de novo.

Chanyeol deu um sorrisinho, mas acabou ganhando um selinho na boca mesmo assim.

— Vem, me mostra alguma loja que você gosta, vou escolher uma roupa bem bonita pra ti — Kyungsoo encorajou.

Chanyeol arrastou Kyungsoo para cima e para baixo, não sabendo decidir em qual loja confiava mais de ter mais roupinhas fofas. Acabou entrando numa que não conhecia muito bem, e, para sua surpresa, viu estar com sorte ao constatar que a loja era composta apenas de itens adoráveis e graciosos.

Seguiu-se uma jornada engraçada pela loja, com um Kyungsoo muito perdido sem saber direito para onde olhar e um Chanyeol se esgoelando de rir atrás. Eles nem ligavam para as atendentes e os poucos outros clientes os encarando em julgamento por estarem debatendo sobre as roupas femininas; Kyungsoo e Chanyeol estavam perdidos demais um na felicidade do outro para sequer notarem que havia mais gente na loja.

Após muita pagação de mico e gargalhadas, Chanyeol e Kyungsoo foram para a ala dos provadores e Chanyeol se meteu numa das cabines, prometendo que não ia demorar. Alguns tecidos atritando e zíperes subindo e descendo e resmunguinhos e pulos para vestir-se depois, Chanyeol abriu a cortina com um sorrisão largo no rosto, e a face de Kyungsoo se iluminou ao ver seu anjo daquele jeito.

Chanyeol vestia um moletom rosa pastel com um pequeno arco-íris bordado, juntamente com uma saia preta de duas camadas, uma justinha e curtinha de algodão, outra de chiffon por cima desta, mais longa e esvoaçante; Chanyeol usava, também, meias finas com rendinhas, que deixavam seu par de tênis pretos muito mais fofinhos.

— E aí? — Chanyeol quis saber, pegando nas pontas da saia e balançando o corpo de um lado para o outro.

Kyungsoo conferiu que ninguém estava olhando e entrou na cabine junto com Chanyeol, fechando a cortina atrás dele e arrancando uma risada do mais novo. Kyungsoo sorriu, mordendo o lábio inferior, e passou as mãos pelas costas de Chanyeol, sentindo a textura do moletom fininho.

— Como você consegue ser tão fofo e tão fodidamente gostoso ao mesmo tempo? — rosnou baixinho no pescoço de Chanyeol, descendo as mãos pelas pernas nuas dele. Chanyeol apoiou os braços nos ombros de Kyungsoo e nem se importou com segurar o sorriso orgulhoso e convencido; podia ser um pouco tímido para essas coisas e ter aquela facilidade ridícula em corar, mas estaria mentindo se dissesse que não gostava quando as pessoas ficavam alteradas por sua causa. — Merda, Chanyeol...

— Você ainda tem direito de escolher mais uma coisinha que faltou — Chanyeol balbuciou, tentando não gemer com os beijinhos que recebia pelo pescoço.

— O quê? — Kyungsoo franziu o cenho; como assim havia esquecido de uma coisa? Tinha escolhido até as meias!

— Faltou aquela coisinha que vai por baixo da saia, Soo... — murmurou, cheio de malícia, e Kyungsoo arregalou os olhos com a insinuação. Lentamente subiu as mãos pelas coxas de Chanyeol, não sabendo se suspirava aliviado ou decepcionado ao sentir o tecido macio da cueca entrar em contato com seus dedos.

— Que susto, achei que você tava sem nada. — Riu baixinho. Aproveitou que estava com as mãos por ali e deu mais uma subida, pegando na bunda de Chanyeol, que mordeu os lábios para não gemer. — Quer que eu escolha uma calcinha pra você, é isso?

— É — resmungou. Kyungsoo deu mais uns beijos pelo pescoço do outro e ficou na ponta dos pés para atacar a boca dele, as línguas partindo para um entrelace estalado e desejoso. — E você pode escolher algo pra eu usar quando a gente estiver sozinho, sabe...

— Quando a gente ficar sozinho, Chanyeol... — Kyungsoo sorriu, cheio de malícia. — Você não vai estar vestindo nada.

Chanyeol sorriu entre os beijos que se seguiram, gostando daquela resposta. Quando viram que estavam se empolgando demais, Kyungsoo chispou para fora dos provadores e Chanyeol trocou de roupa rapidinho, levando as peças novas até o caixa. Kyungsoo se meteu na frente e pagou pelas roupas, coisa que fez Chanyeol protestar, óbvio, mas o professor lhe disse que estava tudo bem e que ficasse tranquilo.

— E agora? — Chanyeol perguntou, pegando na mão de Kyungsoo e começando a andar pela rua.

— Quer fazer mais alguma coisa?

— Hm... um sorvete?

— Eu gosto de sorvete. — Sorriu.

— Que bom, não sei se eu ia conseguir sair com alguém que não gosta de sorvete — brincou, puxando Kyungsoo para uma sorveteria conhecida. — Vem.

Chanyeol pegou um sorvete de leite condensado e Kyungsoo pegou um de baunilha com cookies. Sentaram-se num banquinho de uma pracinha ali perto, apreciando a companhia um do outro e os doces gelados em suas mãos. Chanyeol acabou sujando o nariz depois do pulo que deu quando Kyungsoo pegou gentilmente em sua coxa, o que acabou gerando uma crise de risadinhas e bochechinhas vermelhas enquanto Kyungsoo tirava o sorvete da ponta do nariz alheio com o dedo e passava pela boca de Chanyeol para que ele lambesse.

Depois do sorvete, deram mais uma volta pela rua e então voltaram cada um para sua casa — Chanyeol até chamou Kyungsoo para subir, sabe, podiam ver um filme e tal, mas Kyungsoo educadamente recusou, por mais atraente que a proposta fosse, ele precisava ir para casa preparar algumas aulas.

Sentado na cozinha, de cuequinha estampada e moletom largo, a boca cheia de iogurte com granola, Chanyeol sorriu abobalhado, feliz com o jeito que sua história com Kyungsoo estava se desenrolando.

 

*

 

Soo: ei meu anjo

Soo: como foi a semanada de provas?

Chanyeol: uma merda, né

Chanyeol: mas acho que eu passo em tudo

Chanyeol: (eu espero)

Soo: passa sim! Você é esforçado e estudou um monte, vai conseguir.

Soo: vai fazer o que esse fim de semana?

Chanyeol: nada, eu acho

Chanyeol: me jogar na cama e não me mexer até segunda-feira

Soo: credo kdsjnfk

Soo: quer vir aqui em casa? Quero te fazer um jantar e te mimar bastante.

Chanyeol: falou em comida e mimo, eu vou

Chanyeol: sábado que horas?

Soo: sete? Seis? Pode vir até de madrugada que te atendo inclusive quero?

Chanyeol: aaaaaa (coração)

Chanyeol: mas não quero te incomodar, umas seis eu tô aí então

Soo: você nunca me incomoda, Yeolie.

Soo: ei

Soo: vem de saia?

 

Chanyeol hesitou.

 

Chanyeol: ah... não sei, soo...

Chanyeol: eu tenho que ver como vou estar no dia... não sei se vou ter coragem

Soo: é só roupa, Yeolie, lembra?

Soo: pode trazer numa mochila e vestir aqui, também. Sei que você não gosta muito de calças porque acha desconfortável.

Soo: faz o que te fizer feliz, tá? E não se importa com o que outras pessoas vão dizer.

Soo: quero te ver bem (coração)

Chanyeol: obrigado (coração)

Soo: eu vou terminar de ver um filme aqui

Soo: qualquer coisa me chama tá?

Chanyeol: tá!

 

Chanyeol abraçou o celular contra o peito e sorriu, todo felizinho. Mexeu as pernas longas, observando o esvoaçar da saia branca com os movimentos.

 

*

 

— Então — Minseok murmurinhou, mexendo com o zíper da jaqueta. Chanyeol tirou os olhos do Tumblr para encarar o melhor amigo. — Você e o profê Do, hm?

— Que que tem?

— Nada. — Jogou o corpo para frente e para trás. — Só queria saber o que tá rolando entre vocês.

— Quer saber quais as minhas intenções com o Kyungsoo? — brincou, dando uma risada. Minseok sorriu fraco.

— Quero saber se você tá feliz, Yeolie.

Chanyeol piscou os olhos devagarinho, pensando. Sentiu os lábios repuxarem num sorrisinho.

— Ele é muito gentil, Min. Ele me deixa tagarelar e rir alto, ele não se importa de eu gostar de saias, ele sempre se preocupa se eu tô à vontade e ao mesmo tempo me encoraja a superar meus limites. — Chanyeol abaixou a cabeça, sorrindo largo. — Sim, Min. O Kyungsoo me faz muito feliz.

Minseok sorriu também, afirmando com a cabeça.

— Não esquece de mim, tá? — Minseok pediu, numa voz baixinha e receosa, e Chanyeol arregalou os olhos. Oh, Min achava que estava sendo trocado!?

Chanyeol puxou Minseok pelos ombros e o abraçou bem apertado, levantando-o um pouco e o girando no ar, ouvindo as reclamações nada ofendidas do mais velho. Minseok retribuiu o abraço, rindo baixinho contra o peito de Chanyeol, tendo a total certeza de que nunca seria deixado de lado pelo melhor amigo.

— E também não é como se você estivesse solteiro, Min — Chanyeol falou com um sorrisinho malicioso, apartando o abraço. — Te vi esses dias com aquela loirinha bonita do curso de Nutrição.

— Ah, então... — Minseok ruborizou de levinho e bagunçou os cabelos. — Eu tô conhecendo a Hun ainda...

— Conhecendo, é? — Arqueou as sobrancelhas sugestivamente. — Quero detalhes! — Cutucou a barriga de Minseok, que riu.

— Te conto depois, tá bom? — Minseok pegou na mão de Chanyeol. — Agora vem, vamos pra aula.

A amizade deles era inabalável, sério.

 

*

 

Chanyeol acordou no sábado se sentindo estranhamente bem. Tinha conseguido dormir tranquilamente — finalmente, depois de tanta preocupação com as provas recém finalizadas — e não teve nenhum sonho estranho; era um dia nublado lá fora e Chanyeol se achou no direito de fazer chocolate quente.

O dia todo foi muito gostosinho e preguiçoso. Chanyeol assistiu desenho, editou algumas fotos de outra amiga, checou sua conta bancária e suspirou aliviado ao ver que ainda tinha uma grana, tomou um banho quentinho e foi todo enrolado para o quarto planejar sua roupinha para o jantar na casa de Kyungsoo.

Abriu o guarda-roupas com uma ideia formigando na mente; estava bastante frio na rua, então não seria estranho usar um casacão longo e grosso, né? Chanyeol jogou seu grande casaco preto em cima da cama e soltou risadinhas empolgadas, pulando de um lado para o outro, todo feliz que estava com coragem de sair de sainha na rua — ainda que fosse se cobrir todo com o casaco, mas aquele já era um grande passo digno de orgulho!

Acabou na frente do espelho uma hora depois, sorrindo largo, satisfeito com o resultado. Chanyeol vestia uma camisa branca com um suéter grená por cima, uma saia preta plissada, meias seis-oitavos com rendas nas coxas e uma cinta-liga preta. Era sexy e maduro, mas com um certo ar de fofura característico de Chanyeol; era perfeito para um jantar pós-provas com o crush.

Chanyeol cobriu a roupinha bonita com o casacão, avisou Kyungsoo que já estava indo e saiu do apartamento. Seu coração batia alto e forte nos ouvidos, a adrenalina de ser pego usando saia correndo por suas veias, tanto em medo quanto em excitação. Ah, mal podia esperar para ver a cara de Kyungsoo!

— Oi, meu anjo — Kyungsoo cumprimentou com um sorriso assim que abriu a porta e viu o Chanyeol do outro lado. Puxou o cacheado para um selinho na boca e o pôs para dentro do apartamento, trancando a porta em seguida. — Como tá?

— Tô bem, e você?

— Também. — Fitou Chanyeol de cima a baixo e deu uma risadinha. — Não tá com calor não?

— Ah... tô um pouco, na verdade. — Chanyeol riu sem graça. Viu Kyungsoo apontar para um cabideiro perto da porta e o estômago embrulhou todo.

— Deixa o casaco aí.

Chanyeol desceu o zíper do casaco e respirou fundo, se desfazendo em risinhos baixos de puro nervosismo e ansiedade. Kyungsoo ergueu uma sobrancelha e olhou para o outro de um jeito engraçado.

— Que foi? — perguntou.

Não foi respondido com palavras. Chanyeol lhe deu uma espiada, bem no fundo dos olhos, e abriu o casaco como se estivesse revelando um segredo de Estado, deixando que o tecido grosso deslizasse por seus braços até deixar seu corpo completamente. Kyungsoo estava atônito; boquiaberto, de olhos arregalados e incrédulos, porém sorrindo genuinamente, um sorriso largo e bonito e puro de orgulho e paixão, e Chanyeol sentiu o rosto arder e uma gargalhada de alívio explodir de seu peito.

— Você... você tá muito bonito, Chanyeol — Kyungsoo balbuciou, todo bobo. — Muito bonito mesmo, caramba...

— Gostou? — Chanyeol sorriu travesso, balançando o corpo para os lados.

— Uhum... dá uma voltinha. — Gesticulou, sem tirar os olhos das coxas expostas e da saia soltinha. Chanyeol deu uma girada e Kyungsoo suspirou. — Eu... eu tô feliz de verdade por ti, sério. — Ergueu os olhos até o rosto de Chanyeol, que estava rosado e sorridente. Pigarreou. — Mas... desculpa, vai ser errado eu ficar com tesão?

Chanyeol gargalhou.

— Claro que não, Soo — miou.

— Sério, eu tô até com inveja dessas... dessas coisinhas nas suas pernas. — Kyungsoo se aproximou, pegando nos quadris de Chanyeol e o empurrando gentilmente contra a parede mais próxima. Chanyeol riu.

— A cinta-liga?

— É, isso — murmurou, beijando o pescoço de Chanyeol delicadamente. — Você tá tão gostoso assim... puta merda, Chanyeol...

Kyungsoo puxou Chanyeol para um beijo surpreendentemente calmo e romântico, cheio de sensualidade... o que não durou muito, com Kyungsoo ficando mais e mais afoito e levando Chanyeol junto. Kyungsoo subiu as mãos pelas coxas de Chanyeol, sentindo a meia fina, a cinta-liga, levantando a saia devagarinho e encontrando pouso na bunda do mais novo, apertando ali com gosto, um gemidinho ecoando no meio do beijo.

Kyungsoo prensou mais o outro contra si, trazendo uma das pernas dele para enlaçá-la em sua cintura, e Chanyeol tombou a cabeça contra a parede para dar mais acesso ao mais velho. Kyungsoo deixou umas marquinhas bem vermelhas de chupões e mordidas, cheio de tesão, os dedos esmagando as nádegas de Chanyeol, os dentes judiando da pele dele, o membro fisgando de excitação a cada gemido manhoso que Chanyeol deixava escapar.

— Tô achando que vou ter que arranjar outro apelido pra ti — Kyungsoo resmungou contra a boca de Chanyeol, que, já ofegante e vermelho, franziu o cenho.

— Como assim?

— Meu anjo, de anjo tu só tem a cara. — Sorriu maldoso, fazendo Chanyeol sorrir largo e malicioso. Juntaram as bocas pela enésima vez, entrelaçando as línguas, estalando obscenamente pela sala.

Kyungsoo foi separando-os vagarosamente, sorrindo para o aluno. Pegou na mão de Chanyeol e o puxou para a cozinha, e um Chanyeol confuso e perdido foi troteando atrás do mais velho.

— Quero te mimar bastante antes de tudo — Kyungsoo meio-que-explicou, indicando a mesa de jantar já com as louças e talheres postos. Chanyeol entortou a cabeça.

— Mas... a gente não podia... c-continuar? — murmurou, envergonhadinho. Kyungsoo lhe lançou um sorriso perigoso.

— Yeolie, pode ter certeza que a última coisa que eu vou fazer contigo na hora da sacanagem vai ser te mimar — Kyungsoo falou firme, fazendo o sangue de Chanyeol ferver em vergonha e tesão e ânsia. — Vem, vamos comer. Senta aí.

A comidinha de Kyungsoo estava uma delícia e Chanyeol nem sentiu vergonha de repetir o prato. Eles conversaram sobre a semana e sobre alguns planos para o futuro, sobre o que iam fazer nas férias de inverno e sobre o que iam dar de presente de Natal para seus pais. Chanyeol lembrou que seu aniversário estava chegando, era logo ali, no final de novembro, e Kyungsoo afirmou com a cabeça, dizendo com plena certeza que já sabia como presentearia o cacheado.

Pança entupida, Kyungsoo puxou Chanyeol para o sofá e deixou-o sentado ali, foi pegar o computador no quarto e voltou tropeçando no carregador; conectou o notebook à televisão e perguntou se tinha algum filme que Chanyeol queria assistir, sorrindo ao ouvir “n-não, não vejo muito filme...”. Acabou botando um aleatório que estava na página inicial da Neteflíques, correndo de volta para o sofá e jogando um braço sobre os ombros de Chanyeol, puxando-o de levinho para um beijo na bochecha.

— Quer deitar? — perguntou rouco no ouvido de Chanyeol, que se arrepiou todinho. Kyungsoo sorriu e deitou as costas no sofá, abrindo os braços na direção do outro. — Vem cá, bebê. Vem pro meu colo.

Chanyeol sorriu largo, se aconchegando por cima de Kyungsoo, estirando as pernas longas e aninhando a cabeça no peito dele, relaxando-se todo quando sentiu os braços fortes de Kyungsoo lhe envolvendo pelas costas. O mais velho embrenhou a destra nos cachinhos fofos e macios de Chanyeol, acariciando gostosamente, sorrindo ao perceber o grandão todo molinho sob seus cuidados. Kyungsoo pegou numa das coxas de Chanyeol, fazendo um carinho com o polegar ali na derme exposta e sensível, e os choques que correram a coluna do mais novo foram quase visíveis.

— Confortável? — Kyungsoo sussurrou, soltando uma risada nasalada ao ver o outro confirmar com a cabeça.

Kyungsoo subiu devagarinho a mão que repousava sobre a coxa de Chanyeol, provocantemente subindo um pouco a saia dele, roçando os dedos pela bunda, sentindo os poros eriçados, pousando a palma quente sobre a lombar e fazendo uma carícia ali. Chanyeol fechou os olhos, a fim de ignorar o jeito que seu baixo-ventre formigava e de curtir o carinho e o cafuné, suspirando descansado e aninhando melhor a bochecha contra o peito de Kyungsoo.

Ficaram naquele chamego todo por algum tempo, com Kyungsoo prestando atenção no filme e Chanyeol de olhinhos entreabertos tentando acompanhar, até Chanyeol bocejar audivelmente e Kyungsoo rir baixinho, encarando o mais novo com adoração e afeto.

— Tá com sono ou isso tudo é só preguiça? — Kyungsoo murmurou, fazendo Chanyeol sorrir ao apoiar o queixo no peito alheio para fitar o professor nos olhos.

— É preguiça, Soo. Seu cafuné é muito bom... — respondeu, fechando os olhos. Kyungsoo usou as duas mãos para bagunçar os cachinhos do aluno e riu quando ele fez uma careta emburrada.

— Você é ótimo pra dar carinho, fica todo molinho e entregue... — falou, baixinho e arrastado, deixando que os dedos viajassem delicadamente pelo rosto e cabelos do outro, sentindo o fervor de sua pele e a intensidade dos seus olhares unidos. — É como se eu pudesse fazer qualquer coisa contigo.

— Nunca disse que não podia... — Chanyeol sorriu de canto, as bochechas corando por estar insinuando obscenidades. Kyungsoo deu uma risadinha.

— Não me provoca, anjo. — Mordiscou o lábio inferior, acarinhando a bochecha de Chanyeol com o polegar. A tensão sexual entre os dois era quase palpável, ainda que ninguém estivesse fazendo nada erótico; este era o efeito de apenas algumas palavrinhas e toquinhos entre eles.

— Não é provocação, Soo... — Chanyeol fez uma carinha de falsa inocência, se achegando mais perto do outro, esfregando de levinho os corpos dos dois.

— Safadinho — acusou, dando um tapinha brincalhão na bunda de Chanyeol, que deu um pulinho e riu envergonhado. Kyungsoo subiu a saia de Chanyeol para pegar numa nádega dele, sem força nem muita maldade, dando uma apertadinha e então uma acariciada. — Adorei isso de usar saia, sabe. Deixa tudo mais interessante.

Chanyeol se limitou a rir fraquinho e esticar-se um pouco mais para alcançar o rosto de Kyungsoo, ganhando um beijinho na bochecha antes de juntarem as bocas, arrastando-as gostosamente, sem pressa de nada.

Chanyeol ajeitou o corpo de modo que ficasse sentado no colo de Kyungsoo, que sorriu de canto e mordeu os lábios ao sentir o mais novo acomodando a bunda bem em cima de seu membro. Kyungsoo puxou Chanyeol para outro beijo, este mais ávido e sedento, e Chanyeol gemeu sem querer quando o mais velho meteu as mãos por baixo de sua saia e apertou sua bunda, agora com mais vontade de sacanagem.

Kyungsoo apartou o beijo apenas para subir as mãos pelas costas de Chanyeol e tirar o suéter que este usava, jogando a peça para algum lugar da sala, e Chanyeol aproveitou a pausa para rebolar devagarinho sobre a intimidade do mais velho; conseguia sentir direitinho o membro de Kyungsoo endurecendo sob aqueles tecidos que separavam pele de pele.

— M-meu anjo, o que quer fazer? — Kyungsoo perguntou, pegando gentilmente no rosto de Chanyeol para que este prestasse atenção em si. — Você quem decide os limites, ok? Quero que se sinta confortável.

— Tá bom — Chanyeol retrucou, dando mais umas reboladas no membro de Kyungsoo antes de voltar a grudar os lábios dos dois, enlaçando as línguas e fazendo gemidinhos estalarem aqui e ali. Kyungsoo deu uma mordidinha no lábio de Chanyeol e o mais novo quis ficar beijando o professor para sempre.

Chanyeol saiu do colo de Kyungsoo e pediu para que este se sentasse no sofá, com os pés no chão e as costas bem apoiadas no estofado. O cacheado se virou de costas para o outro e voltou a se acomodar em seu colo, usando os joelhos de Kyungsoo como apoio para as reboladas e leves quicadas que Chanyeol dava sobre o membro aprisionado do mais velho, e Kyungsoo grunhiu arrastado e rouco, pegando na cintura de Chanyeol para ajudá-lo nos movimentos.

Chanyeol, então, voltou a ficar de frente para Kyungsoo e adorou ver o jeitinho que ele estava, todo cheio de tesão e fazendo um esforço sobrenatural para tentar manter a calma. A vontade de Chanyeol era se curvar sobre o braço do sofá, abaixar a cueca e dizer para Kyungsoo mandar ver, entretanto, por terem acabado de comer e ainda estarem numa fase meio-que-inicial daquela relação que estavam construindo, Chanyeol segurou a bunda e ficou de joelhos. Ergueu os olhos para encarar Kyungsoo enquanto sorria meio malicioso, meio fofinho, descendo o zíper do jeans escuro do mais velho e o puxando para baixo.

— Lembrei que tô te devendo um certo pagamento — disse, atirando a calça para alguma direção aleatória e se acomodando entre os joelhos alheios. Kyungsoo deu uma risadinha e trouxe uma mão aos cachinhos de Chanyeol, fazendo uma carícia delicada, e Chanyeol se sentiu estranhamente protegido e bem cuidado; teve a impressão de que, mesmo que estivesse prestes a cair de boca no pau de Kyungsoo, este ainda se importava com seu bem-estar, e saber que isso era verdade fez o corpo inteiro de Chanyeol se arrepiar em sentimentos mistos de paixão e tesão e ansiedade do futuro.

Chanyeol passou o rosto delicadamente pelo volume ainda escondido pela boxer preta, sentindo o pênis de Kyungsoo pulsar. Deixou alguns beijos demorados por toda a extensão, deslizando a língua devagarinho, sorrindo ao ouvir Kyungsoo quase rosnar seu nome e pegar com um tanto mais de força em seus cabelos.

Chanyeol puxou o tecido preto vagarosamente, libertando o membro duro de Kyungsoo, que soltou um resmungo ao finalmente se livrar daquela roupa incômoda. Chanyeol pegou no pênis do outro e iniciou uma masturbação sem muito ritmo, focado em olhar para Kyungsoo e guardar cada gemido e cada revirar de olhos que o professor deixava passar.

Chanyeol lambeu experimentalmente a glande inchada, gostando do resmungo arrastado que Kyungsoo soltou; circulou a ponta do falo do moreno com a língua várias vezes, arrancando-lhe gemidos baixos que o deixaram mais confiante para prosseguir.

O mais velho se sentiu no céu quando o calor da boca do outro começou a envolver seu membro dolorosamente ereto. Chanyeol não tinha lá muita prática naquilo, já que deixou seus dentes rasparem na pele sensível sem querer, mas Kyungsoo estava tão excitado que não se importou e gemeu arrastado, grunhindo o quanto aquilo era bom e empunhando com mais força os cachinhos entre seus dedos.

Chanyeol chupou com vontade e começou a fazer vaivéns, arrastando os lábios pelo membro de Kyungsoo, escorrendo saliva e pré-gozo por tudo, a língua serpenteando por toda a extensão. Encontrou um ritmo e se empenhou na felação, engolindo tudo que podia, sugando e lambendo, os gemidinhos roucos de Kyungsoo só servindo como incentivo para Chanyeol seguir firme no boquete.

Kyungsoo tinha os olhos entreabertos, olhando a cena com atenção, guardando cada detalhezinho na memória; o jeito que seu membro sumia dentro da boca de Chanyeol, o jeito que o mais novo gemia e lhe encarava vez ou outra com lagrimazinhas nos olhos, o jeito que ele empinava os quadris e subia e descia a cabeça avidamente, dando a Kyungsoo a visão maravilhosa tanto do boquete quanto da saia embolada para cima que não escondia nada da bunda de Chanyeol.

Chanyeol abandonou o membro de Kyungsoo pouco a pouco, até ficar só com a cabecinha entre os lábios, e chupou demoradamente, esfregando a língua na fenda que gotejava pré-gozo. Kyungsoo gemeu rouco e arrastado, impulsionando os quadris para frente, fazendo Chanyeol engolir mais um pouco de sua intimidade. Chanyeol sorriu o quanto pôde e voltou aos vaivéns, sentindo as estocadas erráticas de Kyungsoo, indicando que este estava próximo do orgasmo.

Chanyeol largou o pênis de repente, fazendo um barulhinho obsceno e molhado ecoar pelos ouvidos de ambos. Lançou um sorrisinho na direção de Kyungsoo, lambendo toda a extensão que sua língua fosse alcançando enquanto suas mãos se ocuparam em masturbar Kyungsoo com pressa. Kyungsoo, percebendo o que o outro queria, sorriu de canto e pegou nos cachos dele, gemendo gradativamente mais alto até chegar ao ápice, gozando em jatos longos na palma e no rosto de Chanyeol.

Após aproveitar seus segundos de orgasmo, Kyungsoo abriu os olhos e sorriu ao ver Chanyeol lambendo os lábios sujos com seu sêmen. Passou o polegar pela bochecha do mais novo, arrastando o gozo até a boca de Chanyeol, alargando o sorriso quando o aluno lambeu tudinho.

— Vem cá, meu anjo — Kyungsoo falou após subir a cueca, esticando os braços na direção de Chanyeol, que deu uma risadinha contente e pulou para o colo do mais velho.

Kyungsoo limpou o rostinho de Chanyeol com a manga do moletom e deu um beijo no nariz dele, pegando-o pela cintura para trazê-lo mais perto. Engataram um beijo lento e molhado, cheio de carinho, com Chanyeol se jogando todo para cima de Kyungsoo e Kyungsoo acariciando as costas e as pernas do mais novo. Chanyeol se contorceu todinho quando Kyungsoo levou as mãos à sua bunda, soltando um gemidinho lânguido contra a boca alheia, e Kyungsoo sorriu de canto.

— Que foi, bebê? — perguntou enrouquecido, fitando Chanyeol profundamente. — Algum problema?

— N-não... — Chanyeol balbuciou, meio envergonhadinho. Estava tão, tão duro que seu membro fazia volume na saia e a deixava um pouquinho erguida, coisa que não passou despercebida por Kyungsoo.

— Quer me mostrar o que tem debaixo da saia? — Kyungsoo sorriu malicioso, mordiscando o lóbulo da orelha de Chanyeol, que se agarrou mais às costas do outro e gemeu arrastado no ouvido dele. — Deixa eu ver, meu anjo.

Chanyeol pegou na barra da saia e a levantou, exibindo seu membro vergonhosamente duro dentro da cuequinha branca. Kyungsoo lambeu os lábios e sorriu minimamente, os olhos correndo desde a face avermelhada do Park até o meio das pernas dele.

— Vamos dar um jeito nisso — Kyungsoo afirmou, desatando a cinta-liga e metendo os dedos no cós da cueca de Chanyeol, puxando-a para fora em seguida. Tirou tempo para admirar a perdição que era Park Chanyeol em seu colo, segurando a saia para cima, de pau duro e mordendo os lábios, com o rostinho todo vermelho e os olhinhos nublados de tesão. A vontade de fazer o mais novo quicar em seu colo até o amanhecer era grande, mas Kyungsoo sabia que este era um limite que ainda não estava pronto para ser cruzado.

Kyungsoo enrolou os dedos no membro do menino, começando uma masturbação gostosa e firme. Chanyeol gemeu manhoso e deitou a cabeça no ombro do mais velho, os dedos se agarrando no moletom dele, os olhinhos se espremendo como reflexo do vaivém que recebia em sua intimidade. Kyungsoo foi e voltou com a mão algumas vezes, se perdendo nos ofegos e gemidinhos do mais novo, de vez em quando passando o polegar pela glande intumescida e sorrindo com os espasmos que Chanyeol tinha.

Kyungsoo apressou a masturbação, usando a mão livre para provocar os testículos de Chanyeol. O cacheado começou a ondular o corpo contra o outro, pedindo por mais, e Kyungsoo apertou o membro em sua mão, diminuindo o ritmo só para ir rápido de novo, provocando Chanyeol, querendo ouvir todos os manifestos de prazer dele.

Não demorou muito mais para que Chanyeol gozasse gostoso, o nome de Kyungsoo saindo alto de sua garganta e as pernas tendo tremeliques de prazer. Kyungsoo limpou as mãos no moletom — já estava sujo mesmo, né? — e agarrou a cintura de Chanyeol, abraçando-o apertado e deixando vários beijinhos afetuosos pelo pescoço e ombro dele. Sentiu Chanyeol amolecer em seu colinho e não pôde evitar sorrir doce.

— Estamos quites, anjo — murmurou no ouvido de Chanyeol, que soltou um risinho sonolento e satisfeito. — Tá cansado? Quer dormir?

— Não... se eu dormir, é capaz de só acordar amanhã — Chanyeol resmungou, esfregando os olhos.

— E daí? — Kyungsoo riu. — Pode ficar a noite aqui, Yeolie. Não tem problema.

Chanyeol sorriu, resolvendo não protestar; merecia ser mimado e cuidado de vez em quando, não é?

Kyungsoo vestiu a cueca de volta em Chanyeol e lhe pegou no colo, carregando-o sem problemas até seu quarto. Deitou o mais novo em sua cama, desabotoou a camisa dele e lhe enfiou o maior moletom que encontrou em seu armário — que ainda assim ficou meio apertado, mas tudo bem, Chanyeol estava confortável e era isso que importava —; tirou-lhe a saia, desatou a cinta-liga da cintura dele e despiu as meias finas com cuidado, deixando tudo dobradinho em cima da escrivaninha perto da janela. Kyungsoo deu um beijo na testa de Chanyeol e bagunçou seus cachinhos afetivamente, avisando que ia só arrumar a cozinha e trocar de roupa e já voltava.

Embrulhadinho no cobertor do professor Do, ouvindo-o cantarolar baixinho no cômodo ao lado, Chanyeol riu sozinho, todo feliz e agitado, o coração batendo rápido no peito e o estômago embrulhado; apaixonado, sim.

 

*

 

Um certo dia, Chanyeol acordou e viu que estava com frio nas pernas. Meteu uma meia-calça de fio grosso, que parecia mais uma calça justinha, um par de coturnos e uma saia comprida até o joelho; pegou um casaco grande e foi para a aula. Recebeu olhares estranhos e umas risadinhas, claro, “por que que o Chanyeol tá de saia?”, “é uma saia mesmo? Nossa”, mas Chanyeol estava tão felizinho e confortável que não deu a mínima.

E não tinha por que se importar, né? É só roupa. Roupa comprada para Chanyeol, com o dinheirinho suado e honesto de Chanyeol; apenas ele tinha moral para falar alguma coisa de si mesmo. Era ele quem estava gastando, vestindo, escolhendo, tentando decidir entre o preto e o branco, e ponto.

Quando se viu com coragem, Chanyeol tirou uma foto sentado na cama com os joelhos afastados, a sainha lilás não escondendo nadinha de seu membro dentro da cueca. Fez um photoset inteiro só com fotos dessa roupinha e em ângulos parecidos e postou no Tumblr; perdeu uns seguidores, ganhou outros, recebeu umas asks nojentas e umas asks encorajadoras. Depois de um tempo, conseguiu convencer Kyungsoo a participar de algumas das fotos — e o número de likes e reblogs chegou a ser absurdo num gif em especial, em que Chanyeol estava sentado no colo de Kyungsoo e dava reboladas firmes, a saia branca ridiculamente curta não deixando quase nada para a imaginação... mas esta é outra história.

Park Chanyeol era um jovem estudante de Medicina, aspirante a pediatra, e tinha um hobby peculiar. Tinha vergonha, provavelmente nunca ia sair por aí berrando para quem quisesse ouvir, mas adorava usar saias e vestidos e roupinhas fofas e “femininas”. Não, não era trans, nem um tarado; só gostava de cobrir os trinta metros de perna com sainhas... tá?

E estava tudo bem. Porque Chanyeol era feliz assim.

Parado frente ao espelho, usando a saia vermelha plissada e aquele suéter grande e felpudo de tema natalino, com meias listradas até os joelhos, Chanyeol deu voltinhas e risadinhas contentes; que o ano novo lhe trouxesse muita felicidade e muito amor!

(E muitas roupinhas bonitas e muito Kyungsoo, óbvio).

 

FIM


Notas Finais


obrigada por ler ♥


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