1. Spirit Fanfics >
  2. Anomalia >
  3. Poderes

História Anomalia - Poderes


Escrita por: InfiniteVitium

Capítulo 4 - Poderes


Você deve estar se perguntando o que aconteceu em seguida. Pouca coisa, durante um mês matei alguns outros caçadores, libertei albinos e ajudei pessoas que passavam fome. Trouxe luz, mas trouxe mais escuridão. O que mais tinha problemas era em controlar o lado da morte, não conseguia parar de deixar um rastro de destruição por todo o lugar que eu passava.

Resolvi que iria me isolar por um tempo, sai da província em que estava e decidi que iria para um lugar distante, que já estivesse desabitado. Eu precisava disso, precisava de silêncio para pensar e precisava de um tempo para pensar como eu poderia parar aquele poder tão grandioso.

                                                                            ----

Acordei, com meus cabelos presos, não conseguia suportar o calor que fazia lá. Me levantei da cama, descalça, não via necessidade de calçar sapatos, e fui em direção da cozinha. Comi um pedaço murcho de pão, enquanto podia ouvir todos os insetos que andavam e rastejavam pela casa, até podia ouvir o chocalho de uma serpente. Porém isso não me incomodava, para mim, se animais estavam conseguindo conviver comigo isso significa que não estou matando tanto assim.

Depois de acabar minha refeição sai da casa e fui pegar água em um barril que fica a poucos passos da casa. Preferi deixar até a água um pouco longe de mim, e só ia até o barril quando era extremamente necessário.

Joguei água no meu rosto e passei um pouco nos meus braços para refrescar. Quando olhei meu reflexo meus olhos estavam estranhos, estavam brilhando, mas brilhavam em preto. Me assustei e me joguei para trás. Olhei assustada para o meu redor, nada tinha mudado.

Estranhei, e voltei a encarar meu reflexo. Continuva sem entender o que estava acontecendo.

Parei de me encarar no barril e comecei a fazer qualquer movimento. Bati a perna no chão –nada-, fiz múltiplos sinais com a mão –nada-, pisquei os olhos –nada-, fiz um gesto de jogar algo com a mão -nada-, corri em círculos-nada-. Olhei de novo meu reflexo e continuava com os olhos brilhando em preto, sentei no chão e descansei a mente. Sem querer minha mão tocou o chão e então, um tremor.

Me levantei num salto, não as plantas não estavam nascendo ou a vida estava voltando. Um grande buraco se fez na minha frente e dele uma luz e um pouco de lava saiu, protegi meu rosto com meu braço. Quando olhei para o buraco de novo, vi que saíram de lá pessoas, não... não são pessoas. Eram homens de terno, com assas pretas e óculos escuros.

Um deles, que parecia ser o líder, tirou seus óculos e olhou bem nos meus olhos. Ele tinha uma pele parda e olhos cinzas.

--A senhorita que é conhecida como Anomalia? – Ele perguntou olhando nos fundos os meus olhos, senti um calafrio.

--Sim, por que? Quem são vocês?

--Nossos nomes não lhe importam, mas sim o que somos. – Disse um outro, que estava com Braços Cruzados.

--Somos demônios, mas não somos tão maus assim. – Esclareceu Outro.

--Viemos ajuda-la em sua jornada. – Disse o Líder.

--Me ajudar com meus poderes? – Perguntei de forma direta.

--Poderes? – O de Braços Cruzados deu um sorrisinho de lado. – É assim que você chama o que tem?

--Deixe ela chamar como quiser. – Disse o Outro que o fuzilou.

--Sim, com seus poderes, mas também sobre o que você pode fazer. Não iremos obriga-la a fazer o que não quiser, mas devemos dizer que você veio para esse mundo com o propósito de limpar toda a malicia e corrupção, tudo o que você considerar injusto.  – O Líder disse. – Mas claro que haverá responsabilidades.

--Claro, grandes poderes, grandes responsabilidades, né? – Perguntei

Todos riram.

--Não, ele estava brincando. – Respondeu o de Braços Cruzados. –Não existe isso de responsabilidade, você só tem que cumprir essa missão: Limpar a terra de tudo o que os humanos transformaram em algo ruim, até eles mesmos.

--Você não pode sair matando quem quiser. – Disse o Outro.

--Ok. Entendi. Eu tenho que matar os injustos e ajudar os injustiçados? – Perguntei e eles assentiram. – E vocês querem me dar ‘aulas’ de como fazer isso? Acho desnecessário. Só quero ajuda em como controlar meus poderes para não sair destruindo tudo quando passo.

--Você só tem essa dúvida mesmo? – Perguntou o Outro, mas parecia que todos queriam perguntar o mesmo.

--Sim, por que? – Perguntei com um ar de dúvida.

--Não, nada. É que pensamos que você iria querer saber quem é seu pai... – Disse o de Braços Cruzados

--Eu não me importo com isso, apenas quero controlar meus poderes.

--Tudo bem, então vamos deixar o de olhos cinzas aí te ajudando. – Disse o Outro e logo depois os dois sumiram, junto com o buraco.

                                                                       ---

--Então vamos começar.

Ele estava andando com os braços atrás de suas costas e tinha uma postura impecável.

–Eu quero que você sai correndo daqui até aquela floresta e não pare.

--Certo, mas eu não vou... – Fui interrompida.

--Não pense em nada, apenas corra. Já! – Ele disse e obedeci.

Corri o mais rápido que podia, o máximo que podia. Não pensei em nada, apenas senti a brisa, as folhas e os mosquitos batendo em minha pele. Sabia e sentia que já estava dentro da floresta, mas não queria pensar sobre ela, apenas senti-la.

--Pare! – Ele ordenou enquanto rasgava o céu e pousava ao meu lado. – Você está no meio da floresta, uma floresta com vegetação rara no mundo todo. Se destruir ela, acaba. Pense apenas nisso: Ela não é seu inimigo, pense nisso enquanto fica sentada no chão.

--Por quanto tempo? – Perguntei já me sentando para descansar.

-- O tempo que eu quiser, quem sabe um ano, um século, uma eternidade. – Ele respondeu e foi voando embora.

Resolvi aceitar o fato de ser um tempo ilimitado. Prendi meus cabelos e deitei no chão cheio de plantas.

Podia ter certeza que estava ouvindo o som de destruição, morte e plantas murchando. Mas quando eu olhava ao redor nada disso estava acontecendo, talvez seja apenas da minha cabeça.

Fechei meus olhos para descansar um pouco, mas quando dei por mim, já estava dormindo.

Sonhar, descansar, viver, vida, felicidade, sofrimento, escuridão, pesadelo, morte.

Acordei suando e levantei de impulso, quando olhei para o chão uma grande mancha redonda ao meu redor tinha a vegetação toda morta.

Droga. Deu tudo errado. Eu vou destruir aquela espécie. Eu vou destruir o mundo. Eu sou um monstro. Deveria ter sido morta. Deveria ter morrido. Nunca deveria ter existido.

--CHEGA! – Gritei tampando minhas orelhas.

Se eu continuar me estressando, só vai piorar, preciso respirar, preciso ficar calma.

Me sentei, ouvi as folhas secando, mas ignorei o som. Cruzei minhas pernas, fechei meus olhos. Respirei, inspirei, respirei e inspirei. Tudo ficou branco.

Podia sentir que não estava mais no chão, estava levitando, não sabia como e não queria saber o motivo. Abri meus olhos e senti que eles estavam brigando, tudo brilhou ao meu redor.

Agora não estava ouvindo mais o som das plantas morrendo, estava ouvindo o som delas renascendo.

Os animais indo em direção da floresta, um rio nascendo, a árvores dando frutos.

Podia ouvir, sentir e saber que estava fazendo tudo isso. E então parei de levitar, fechei meus olhos novamente –involuntariamente dessa vez – e cheguei ao chão, como do jeito inicial.

--Muito bem. – O demônio me parabenizou.

--Então eu consigo dar vida as coisas também? – Perguntei confusa.

--Poucas coisas, mas você apenas pode fazer coisas boas renascer, mas não fique querendo recriar as florestas e a natureza do mundo todo. Essa não é a sua missão aqui. – Ele me advertiu

--Sim, eu entendi essa parte. Então é só isso? – Perguntei meio que sem acreditar que era tão simples.

--Eu que lhe pergunto, é só isso o que deseja? – Ele perguntou.

--É, só isso mesmo. – Respondi dando de ombros. –NÃO ESPERA! – Gritei antes que ele sumisse. – Qual meu verdadeiro nome? Minha mãe nunca me disse.

-- Bem, seu pai lhe chama de Raquel ou חושך -- Ele respondeu e então sumiu.

--Ok, acho que vou ficar com Anomalia.

Dei de ombros e fui embora daquela floresta, antes que algo desse errado. 



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...