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História Antes que seja tarde! - Capítulo Único


Escrita por: Vinilu

Notas do Autor


Tive a ideia desse One semana passada, então assim que concluí ALQAEPV, comecei a escrevê-lo... Atrasei pois pensei em escrever em primeira pessoa, mas achei que ficou melhor em terceira, então aqui está...

Espero que gostem... Está um pouco corrido, já que é apenas uma One, mas acredito que esteja aceitável.

Boa leitura a todos ^^

Capítulo 1 - Capítulo Único


Tic-Tac... Tic-Tac... Tic-Tac...” o som do relógio ecoava pelo quarto escuro, onde apenas um feixe de luz ousava entrar pela brecha da cortina.

Tic-Tac... Tic-Tac... Tic-Tac... Tic-Tac-TOC... Tic-Tac-TOC...” aquele som extra fez com que certa loira se mexesse sobre a cama. O barulho de pequenas pedras acertando sua janela fez Lucy finalmente se levantar do aconchego de seu colchão.

A garota apenas bufou ao caminhar até a janela e correr a cortina para os lados. Abrindo as vidraças, pôde ver certo rosado inclinado sobre a sacada da casa vizinha.

—... Natsu... Por que está jogando pedras em minha janela a essa hora da manhã de novo? – Lucy indagou toda manhosa.

— Já está quase na hora de ir para a escola... Você vai nos atrasar novamente – o rosado a informou em um tom calmo.

A loira apenas voltou a bufar, podendo ver Wendy, a pequena irmã de Natsu, correr em direção à rua.

— Tchau mãe! Estarei de volta na hora do almoço! – a pequena exclamou enquanto corria.

—... Vou me arrumar – Lucy falou um pouco emburrada, voltando a fechar as cortinas

“Não queria ir para a escola hoje... Sinto que algo de ruim vai acontecer... Como o professor entregar as provas ou as outras garotas dizerem que sou uma vadia...”, a loira pensou enquanto tirava a camisola para tomar um banho.

Depois de pouco mais de trinta minutos, Natsu já esperava pela amiga em frente ao portão da casa da mesma.

Vou perder a primeira aula de novo... Mas se eu não espera-la, vou acabar me arrependendo... Ela ficará fazendo drama pelo resto do dia” o rosado pensou já sabendo das consequências de suas escolhas, mas logo ouviu a porta da casa ser aberta

— Que demora! – ele exclamou com certa indignação ao ver a garota andar apressadamente em direção ao portão.

— Foi mal! Mas eu não podia ir para a escola de qualquer jeito! – ela o respondeu e logo parou em frente ao amigo — Estou bonita?

—... Está como sempre – o rosado a respondeu normalmente, deixando a loira um pouco irritada.

— Não era essa a resposta que eu esperava! Você é muito insensível! Por isso não tem uma namorada! – Lucy fez uma veia saltar sobre a testa do amigo.

— Prefiro não ter uma namorada do que sair com um cara diferente todo mês! – ele retrucou no mesmo tom da garota.

— Como é? – a loira não pôde acreditar que ouvira aquilo de seu melhor amigo.

—... Estamos atrasados... Vamos nos apressar – Natsu comentou ao começar a andar em direção à escola.

—... Não mude de assunto! – Lucy seguiu o rosado.

— Não quis te ofender, mas pense... Quantos já foram? – indagou, fazendo a amiga o encarar enquanto andavam – Rogue... Gray... Loke... Lyon... Praticamente um por mês! E agora você está com o Sting... Não sei como você ainda não tem um monte de crianças te chamando de mãe... – soltou um leve suspiro.

— E-Eu ainda sou virgem se você quer saber! – a loira exclamou um pouco sem graça – Nunca passei de beijos... A não ser com o Sting, que acabamos dando uns amassos – murmurou a última parte – Mas nunca fui além com nenhum garoto!

Natsu voltou a suspirar — Você e seu mundo de contos de fadas...

— Eu sei que pareço louca, mas pense! – Lucy falou com os olhos brilhando – Eu finalmente encontrando meu príncipe encantado, com quem viverei o resto de minha vida! Um príncipe encantado que me protegerá de todo o mal e me amará incondicionalmente...

— Mas você não está procurando no lugar errado? – o rosado indagou como se soubesse onde a amiga estava errando — Quantos “príncipes encantados” já foram?

— Eu sei que foram muitos! Mas agora parece que finalmente o encontrei! O Sting é realmente diferente, ele é incrível – a loira respondeu animadamente.

—... Sou seu melhor amigo... A conheço desde que éramos crianças... Por todo esse tempo tenho estado ao seu lado, e por isso, de certa forma, as garotas me evitam... Acreditam que sou apenas mais um dos seus ficantes... – Natsu continuou a falar sem aumentar o tom de voz.

— Mas eu não tenho ficantes! Só tenho o Sting! – Lucy exclamou um pouco indignada.

— Isso não me importa. Você é minha melhor amiga e estarei ao seu lado sempre que precisar... Mas durante todo esse tempo, quantas vezes você veio correndo para mim? Quantas vezes eu precisei ir comprar AQUELE pote de sorvete napolitano que você tanto ama e depois lhe dar uma abraço extremamente apertado, lhe confortar por horas enquanto você o comia e chorava por ter terminado com um de seus “príncipes encantados”? – ele explicou, deixando a amiga um pouco sem graça, mas logo pôde ver um sorriso brotar nos lábios da loira.

—... Obrigada! – ela agradeceu com um sorriso gentil estampado em sua face.

— Não me agradeça! Simplesmente pare de procurar por esse seu “príncipe”, logo ele aparecerá por conta própria... Não aguento mais lhe ver sofrer Lucy, mesmo que você se recupere rapidamente – o rosado finalmente falou em um tom mais elevado, surpreendendo a garota, mas novamente um sorriso estampou o rosto da loira.

—... Está preocupado comigo? – a loira indagou com um sorriso alegre em sua face — Que fofo você é! – se abraçou ao braço do amigo — Mas não precisa se preocupar, eu tenho certeza que o Sting é esse “príncipe” que tenho procurado por tanto tempo!

—... Eu espero que sim Lucy... Enquanto eu puder, estarei com você, serei seu porto seguro... Mas pode chegar o dia em que não poderei lhe confortar... Pode chegar o dia em que não poderei mais estar ao seu lado – Natsu falou em um tom mais baixo, mas que não escapou dos ouvidos da loira.

— Do que você está falando? – Lucy soltou uma pequena risada.

Natsu então voltou a suspirar —... Esquece.

Horas depois, ainda na escola, sentado no fundo da sala, o rosado permanecia com a cabeça deitada sobre os braços em cima da mesa. O mesmo encarava a loira que estava um pouco mais a frente.

Não consegui prestar atenção nas aulas de novo... Minha nota vai acabar piorando... Mas a Lucy é mesmo odiada pelas outras garotas...“, o rosado olhou ao redor, percebendo como encaravam a loira com certa raiva e desprezo.

 “Bem... Se eu fosse mulher estaria do lado delas... Hoje o professor entregou as provas... Ela ficou pálida quando recebeu a dela... Apesar de se esforçar para melhorar, parece ter muita dificuldade ainda... Talvez eu devesse me oferecer para ensina-la a matéria... O que estou pensando? Eu só estou tentando arrumar uma desculpa para ficar perto dela... Me pergunto quando foi... Quando foi que o que sinto por ela se tornou algo maior que amizade? Quando foi que comecei a ama-la?” Natsu se questionou com as bochechas levemente coradas, vendo a loira tentando achar os próprios erros na prova.

 “Mês após mês, sempre que termina um relacionamento, eu a tenho em meus braços por algumas horas... Horas essas que eu queria que se transformassem em dias, meses, anos... Tantas vezes já tentei me declarar, mas sempre há algo que atrapalha, seja minha falta de coragem no ultimo momento, seja a mãe dela entrando no quarto e me expulsando por já ser tarde da noite... Seja por ela sempre falar em outro cara... Seja por me ver só como um amigo...”.

Natsu então pôde ver Lucy retirar o celular da bolsa, lendo algo no mesmo.

No mesmo instante, Lucy se levantou rapidamente da cadeira, pegou todos seus pertences e então saiu correndo da sala de aula. Natsu ouviu o sinal que indicava o fim das aulas e logo guardou seus materiais para que pudesse seguir a amiga.

O que foi agora?”, ele se preocupou devido à forma que a loira havia deixado o local, mas logo viu a garota conversar com certo loiro em um canto mais isolado — É o Sting... – murmurou consigo mesmo.

—... Você está falando sério? – Lucy indagou em um tom mais elevado — Está terminando comigo por uma mensagem de celular? – não podia acreditar.

Sting desviou o rosto, não conseguia encarar Lucy nos olhos —... Eu não iria ter coragem de fazer isso pessoalmente – se explicou.

— Isso não é desculpa! – a loira exclamou completamente indignada, completamente magoada —Por que isso? Por que está terminando comigo assim de repente?

—... Você sabe a fama que você tem nessa escola? – ele indagou em um tom mais baixo, permanecendo sem encarar a garota.

— Quando começou a namorar comigo, você já não sabia disso? – Lucy o respondeu com uma pergunta, sentindo seus olhos se encherem de lágrimas.

— Sim, mas... Eu não quero ser taxado como corno...

— O que? – a loira não pôde acreditar — Eu nunca te traí!

Sting finalmente olhou a loira nos olhos – Não mesmo?

No mesmo instante, Lucy acertou um forte tapa no rosto do garoto.

—... Você acha que eu não a vejo andando pra cima e pra baixo com aquele tal de Natsu? Qualquer um que os vê diz que vocês dois tem algo! – Sting exclamou um pouco irritado devido à agressão.

— Ele é só meu amigo! – ela o respondeu com as lágrimas já escorrendo por sua face.

— Difícil acreditar que seja apenas um amigo, ainda mais com a fama que você tem – ao concluir o loiro acabou por levar mais um tapa.

— IDIOTA! – Lucy bradou, chamando a atenção de quem passava em volta — Agora sou eu que não quero nada com você!

De longe, Natsu apenas pôde ver a loira correr em sua direção, deixando Sting sozinho. Devido ao choro, Lucy acabou passando pelo rosado sem nem mesmo perceber a presença do mesmo.

Natsu não pensou duas vezes, saiu apressadamente atrás da amiga.

Lucy caminhava em meio ao choro, enquanto o rosado andava alguns passos atrás sem dizer uma palavra sequer. Mas após se distanciarem da escola, Natsu finalmente resolveu puxar assunto.

—... Como você está? – ele perguntou um pouco intimidado com aquela situação.

— Estou muito bem! Melhor impossível! Estou quase pulando de felicidade! – Lucy respondeu sem conseguir esconder a ironia e a irritação.

—... Perdão – Natsu viu que não havia feito uma pergunta inteligente.

—Sim, é isso que você deve fazer, pedir perdão, já que foi por sua causa que o Sting terminou comigo! – ela informou indignada.

— Não desconte sua raiva em mim... – o rosado foi interrompido já que a loira continuou a falar

— Me pergunto se não foi esse o mesmo motivo dos outros terem terminado comigo... Você podia sumir da minha vida... – Lucy concluiu, fazendo o amigo parar no mesmo instante.

—... Se você acha que isso é o melhor para você... Eu posso fazer isso — ele a respondeu seriamente, fazendo a mesma se virar para encara-lo.

O silêncio permeou entre os dois enquanto ambos se encaravam, mas logo a loira resolveu falar.

—... Sim, é isso o que eu quero! – exclamou e então voltou a andar em direção a sua casa.

O rosado apenas permaneceu parado no local, até que a garota finalmente sumiu de seu campo de visão.

Não demorou muito para que a loira chegasse ao seu lar. Assim que passou pela porta se deparou com sua mãe no corredor.

— Lucy? O que aconteceu? – Layla se preocupou ao ver a filha chorar.

— Nada... – Lucy passou pela mulher rapidamente, mas logo pôde ouvir a mesma.

— Outro relacionamento que não deu certo? Cadê o Natsu? – sua mãe estranhou, já que sempre que aquilo acontecia, o rosado entrava logo atrás da jovem.

— QUE SE DANE O NATSU! – a jovem exclamou, surpreendendo Layla.

A mulher então não disse mais nada, apenas viu a loira subir as escadas em direção ao seu quarto.

O que aconteceu? Eles brigaram?”, Layla não entendeu aquela atitude de Lucy.

Passadas algumas horas, a loira permanecia deita sobre sua cama. Com as cortinas fechadas, o quarto era preenchido pela escuridão, mas aquilo não parecia reconfortar a garota, muito pelo contrário a atormentava ainda mais.

... Eu sou uma idiota... Descontei toda minha raiva e frustração no Natsu... Sendo que ele não tem culpa de nada... Mas agora deve que ele não quer me ver nem pintada de ouro”, Lucy pensou completamente chateada enquanto se abraçava ao seu travesseiro, sentindo seus olhos voltarem a se encher de lágrimas —... Eu preciso dele! – se apertou ainda mais contra seu travesseiro ao murmurar — Preciso pedir perdão!

A loira se levantou rapidamente da cama e andou até sua janela, abrindo as cortinas e as vidraças — Natsu! – chamou pelo mesmo, mas não conseguiu perceber nenhuma movimentação na casa vizinha — Natsu! Você está aí?

As cortinas do quarto do rosado continuaram fechadas. Foi então que Lucy resolveu ir até lá. A garota desceu as escadas rapidamente e então correu para fora de casa. Chegando ao portão da família Dragneel, apenas tocou a campainha.

—... Lucy-san? O que deseja? – Wendy indagou calmamente ao abrir a porta.

— E-Eu vim falar com o Natsu! – a loira respondeu um pouco sem graça.

— Ele está dormindo... E disse que se você viesse que não era para te deixar entrar – a pequena explicou, fazendo a loira abaixar a cabeça —... E daqui a pouco escurece Lucy-san... Sua mãe não gosta que fique com o Nii-san depois que anoitece...

— P-Por favor! Eu preciso falar com ele! – Lucy insistiu.

— Lucy-san... – a menina foi interrompida.

Grandine, a mãe da pequena, apareceu atrás da mesma, abrindo a porta por completo —Pode entrar – permitiu que a loira adentrasse no local —Ele está lá em cima – informou ao ver a garota passar por ela.

— O-Obrigada! – a loira agradeceu e então subiu as escadas.

Chegando em frente à porta do quarto do mesmo, bateu, mas não ouviu nada vindo do lado de dentro. Logo Lucy voltou a bater na porta, quando pôde ouvir alguém andar em direção à mesma.

Assim que a porta se abriu, a jovem se deparou com Natsu vestindo apenas uma calça fina de moletom.

Por que ele está sem camisa?”, ela deu uma leve corada ao pensar, mas nada disse.

O rosado permaneceu parado entre a porta, mas nem uma única palavra saiu de sua boca, causando aquele silêncio incomodo. Depois de alguns segundos, Natsu apenas fez que iria fechar a porta, mas foi impedido pela amiga.

— Espere! – impediu a ação do rosado com uma das mãos —Me perdoe! Eu acabei descontando minha raiva em você! Devo ter te magoado sem você merecer... Me perdoe! – falou em um tom mais elevado.

Natsu encarou a loira por alguns instantes, mas logo depois soltou um longo suspiro —... Hoje não tem sorvete Napolitano – informou calmamente, abrindo a porta por completo, fazendo com que um sorriso brotasse na face de Lucy e a mesma finalmente adentrasse em seu quarto.

Naquele mesmo momento, Wendy e Grandine conversavam no andar de baixo.

—... Mãe, o Nii-san e a Lucy-san estão namorando? – a pequena indagou inocentemente.

— Acredito que não... A relação entre eles é apenas amizade – a mãe dela a respondeu.

— Então por que eles sempre ficam sozinhos no quarto do Nii-san às vezes? Ainda mais no escuro... – não compreendia — Amigos fazem isso?

—... Bem... – Grandine pensou em uma resposta que convencesse sua filha, mesmo que ela mesma não se convencesse, e então logo disse —... Talvez seja uma amizade colorida?

— E o que é isso? – a pequena nunca havia ouvido falar sobre aquilo antes.

— É-É difícil explicar... – a mulher mais velha ficou sem graça ao pensar o que a loira e o rosado poderiam estar fazendo no andar de cima.

Mas apesar de tudo, Natsu e Lucy não faziam nada de errado. O rosado deixava as cortinas fechadas, pois assim a loira conseguia desabafar, colocar tudo pra fora em meio àquele escuro. Natsu se sentava sobre o tapete felpudo que ficava em frente à sua cama, enquanto Lucy apenas se sentava entre suas pernas. Então o rosado abraçava à cintura da loira gentilmente, sentindo a mesma com as costas sobre seu peito e a cabeça deitada em seu ombro.

“... Essa sensação é tão boa... Sentir esse calor e todo esse carinho em um momento como esse... É muito bom”, pensou com os olhos fechados enquanto se aconchegava em meio ao abraço do amigo.

—... E então? Qual foi o motivo dessa vez? – Natsu indagou calmamente.

— Você... Ele acha que eu o traía com você – Lucy explicou, voltando a se entristecer.

— Isso só mostra que ele não a merece – o rosado chamou a atenção da garota — Se ele não confia em você, então não tem o direito de receber seu amor...

— Quem tem esse direito então? – ela questionou ainda chateada, mas não recebeu nenhuma reposta.

Natsu não sabia o que dizer à amiga.

 “... Esse pode ser um ótimo momento para me declarar... Sim, eu posso fazer isso, posso dizer o quanto a amo... Ninguém irá nos interromper”, Natsu apertou o abraço enquanto suas bochechas ganhavam um leve rubor.

E criando coragem para finalmente dizer sua voz começou a sair engasgada:

 —... L-Lucy... E-Eu... E-Eu... – infelizmente acabou por ser interrompido.

— Apesar de que... Um amigo do Sting me mandou uma mensagem... Parecia preocupado comigo... Talvez ele esteja interessado em mim? Mas como era o nome dele mesmo? – a jovem se perguntou calmamente.

O rosado então apenas ficou boquiaberto, como se sua declaração ainda estivesse para sair. Aquelas palavras da loira fizeram algo estourar dentro de Natsu, não, algo não, mas sim seu coração. O rosado finalmente havia compreendido, não importava o quanto amasse Lucy, a mesma nunca o veria como algo a mais que um amigo.

Natsu se levantou rapidamente, deixando a loira confusa.

— O que foi? – viu que o garoto parecia irritado.

— Por que você não deixa de ser burra? – ele indagou em um tom mais elevado, espantando a amiga — Mal terminou com o Sting, sendo que brigamos por causa disso, e agora você já está pensando no amigo dele?

— Eu só falei que talvez ele esteja interessado em mim! Não disse que farei dele meu namorado! – Lucy exclamou indignada, se colocando de pé.

— Eu te conheço Lucy! Sei do que você gosta, sei do que você odeia... Sei até mesmo o seu ciclo! – o rosado continuou a falar com o tom de voz irritado.

— O QUE? – corou violentamente com aquilo.

— Você acha que eu não sei o que vai acontecer depois? Acha que eu não sei que esse tal amigo do Sting será o próximo a te fazer chorar? – a cada palavra dita, era como se tirasse uma da boca da loira — Por que você não usa um pouco do seu cérebro e percebe o que está fazendo consigo mesma? Por causa dessa sua fantasia, não tem amiga alguma e é conhecida como a vadia do colégio... Acorda Lucy... – Natsu foi interrompido no mesmo instante.

— Você está enganado... – falou em um tom mais baixo enquanto encarava o chão — Não vai ser o amigo do Sting o próximo a me fazer chorar... – levantou a cabeça com as lágrimas já inundando seus olhos —Você assumiu tal papel dessa vez – informou tristemente — E eu realmente não tenho nenhuma amiga... E agora também não tenho nenhum amigo.

Natsu se calou, podendo ver as lágrimas finalmente rolarem pela face da loira. Se o coração do rosado já estava partido antes, naquele momento era como se ele houvesse sido rasgado em pequenos pedaços. Natsu entendia que aquele choro não era de raiva, nem de indignação, muito menos de frustração, mas sim de tristeza. Tristeza por ter ouvido aquilo da pessoa na qual ela mais confiava.

— L-Lucy... – o rosado não foi capaz de dizer mais nada, apenas viu a loira correr para fora do quarto.

 “Droga... O que foi que eu fiz?”, pensou tomado pelo arrependimento.

Bastaram apenas alguns minutos para que Layla visse a filha passar chorando por ela mais uma vez.

O que foi que aconteceu agora? Ela não conseguiu se entender com o Natsu?”, a mãe da jovem pensou um pouco preocupada ao ouvir a porta do quarto da mesma bater fortemente.

No quarto, a loira apenas permanecia com a face enterrada sobre o travesseiro, aquele com certeza estava sendo o pior dia de sua vida.

—... O que... Deu nele? – Lucy murmurou em meio ao choro, se virando e ficando de barriga para cima — Eu queria que esse dia nunca tivesse acontecido... – tirou o travesseiro de sua nuca e colocou sobre o rosto, forçando-o levemente.

Daquela forma, a loira acabou pegando no sono. Mas após algumas horas, com o céu já escuro e iluminado pelas estrelas, Lucy despertou ao ouvir vozes mais altas virem da casa vizinha.

— Hum? – ela resmungou, caminhando lentamente até sua janela.

Da mesma pode ver Natsu parado em frente ao portão de casa.

— Já está tarde Natsu! Isso não é hora de sair! – Grandine exclamou preocupada.

— Está tudo bem, eu volto rapidinho! – o rosado abriu um sorriso sem graça.

No mesmo instante, Lucy percebeu que o amigo conseguiu vê-la lá de baixo. O mesmo pareceu que iria dizer algo a ela, mas a mesma saiu da janela rapidamente, como se estivesse se escondendo.

— Não demore! – a mãe do rapaz falou ainda preocupada, vendo o filho se afastar.

Dentro de seu quarto, Lucy caminhou até o celular que estava sobre o criado-mudo, que ficava ao lado da cama, vendo que ainda eram oito horas da noite.

— O que aquele idiota está indo fazer? Encontrar uma namorada? – murmurou consigo mesma, mas logo depois soltou um longo suspiro, se jogando sobre a cama —... Não, ele não tem uma... Nunca teve...

Lentamente a loira voltou a pegar no sono. Apesar de tudo, aquele havia sido um dia exaustivo para ela. As horas se passaram, Layla havia a chamado para jantar, mas a mesma recusou, e por volta de onze horas uma “algazarra” na casa vizinha voltou a despertar Lucy.

Que droga... Me deixem dormir!”, Lucy bufou emburrada, tentando pegar no sono novamente. E sem demorar muito a loira conseguiu o que queria.

Mas bastaram apenas algumas horas para que algo voltasse a acordar a garota.

—... Lucy – uma voz ecoou gentilmente pelo quarto – Acorde.

— Hummmm... – a jovem resmungou — Me deixe dormir!

— Eu prometo que lhe deixarei dormir... Apenas escute o que tenho a lhe dizer – falou ainda em um tom gentil.

Lucy logo percebeu de quem era aquela voz, então se levantou rapidamente da cama —... Natsu? – indagou espantada, vendo o garoto parado ao seu lado — O-O que faz aqui? – pegou o celular e viu o horário — É uma hora da manhã! Como entrou aqui?

— Apenas me escute – o rosado pediu —... Eu vim lhe pedir perdão.

— Não sei se devo te perdoar... – Lucy desviou o rosto, fazendo birra, mas logo depois pôde sentir a mão do rosado pousar sobre sua cabeça.

—... Por favor – Natsu insistiu com um sorriso de canto no rosto.

A loira voltou a virar a cabeça para encara-lo enquanto sentia a mão do mesmo acariciar seus cabelos

—... Você está estranho... Vindo aqui a essa hora da noite... Agindo dessa forma... – a loira encarou o garoto por alguns instantes — Mas eu te perdoo, mesmo você sendo um idiota – ouviu um suspiro de alivio do mesmo.

Logo Lucy arredou seu corpo um pouco pra frente, permitindo que Natsu se sentasse atrás dela, para que assim pudesse ficar entre as pernas do mesmo, igual a como estavam mais cedo.

— Perdão por não ter trago seu sorvete Napolitano – ele comentou em um tom calmo.

Lucy não se importou muito com aquilo —... Por que você me tratou daquela forma? – indagou em um tom mais baixo, se encostando sobre o peito do garoto e deitando a cabeça no ombro do mesmo.

—... Sabe quando as pessoas dizem “faça tudo o que deseja para que não venha se arrepender depois”? Ou então “abra seus olhos, antes que seja tarde demais”? – viu a amiga confirmar com a cabeça —... Pois então... Já faz um tempo que estou tentando lhe dizer uma coisa, mas eu nunca consigo... E hoje, mais cedo, você me interrompeu novamente quando começou a falar do amigo do Sting.

— E sobre o que era? – a loira ficou curiosa.

—... Era sobre... O motivo de eu nunca ter namorado antes... – ele soltou um breve suspiro.

— Que é? – Lucy ficou ainda mais curiosa, mas apenas pode sentir a cabeça do rosado encostar ao lado esquerdo da sua, esfregando um pouco na mesma carinhosamente.

—... Queria poder ficar ao seu lado para sempre... – Natsu comentou em um tom mais triste, que não passou despercebido pela loira.

— Natsu? O que você tem? – Lucy começou a se preocupar com o jeito que o amigo estava.

O rosado então se aproximou do ouvido da amiga, sussurrando aquelas palavras que tanto tivera dificuldades em dizer — Lucy... Eu te amo...

A loira acabou por ser surpreendida, mas a mesma não sabia como reagir àquilo, apenas sentiu suas bochechas arderem enquanto eram tomadas por um forte rubor.

— Não é apenas um simples amor entre amigos... Eu te amo como um homem ama uma mulher... Amo seu cheiro, amo sua voz, amo seus cabelos... Amo seus sorrisos... Quando você começou a namorar o Sting, eu já te amava... Há cinco anos, quando você me contou sobre seu primeiro beijo... Eu já te amava... Foi difícil não chorar ali, na sua frente, mas você estava tão contente, tão radiante, então só pude sorrir e lhe parabenizar... Quando suas amigas, uma a uma começaram a te abandonar... Eu já te amava... Quando você caiu na quadra da escola e machucou os dois joelhos, e então eu tive que lhe trazer para casa de cavalinho... Eu já te amava... – a voz do rosado ecoava em um tom calmo.

—... N-Natsu... E-Eu... – Lucy sentiu o abraço apertar.

— Por favor, não diga nada... Eu não tenho muito tempo... – ele informou — Mais cedo, quando eu disse que você estava como sempre, eu quis dizer que você estava linda, pois todos os dias, quando eu te via em sua janela, eu pensava comigo mesmo “ela é a garota mais linda que já vi em toda minha vida” ... Eu queria ter sido seu “príncipe encantado”... Queria ser aquele que te protegeria, que te amaria... Queria ser aquele que seria amado por você...

Lucy apenas ouvia enquanto sentia como se seu coração fosse saltar pela boca. Apesar de todos os namorados que já tivera, era a primeira vez que alguém dizia tais coisas a ela.

— Eu realmente sinto muito pela forma como lhe tratei mais cedo... É só que eu não podia partir com você me odiando... Eu não conseguiria ter paz... – o rosado explicou, se inclinando um pouco para trás.

—... E-Eu não te odeio... E-Eu... – mais uma vez a loira foi interrompida.

—... Obrigado Lucy... – Natsu voltou a sussurrar no ouvido da loira – Por tudo.

Sem entender o porquê, após as ultimas palavras de Natsu, Lucy não conseguiu permanecer com os olhos abertos, a mesma havia sido pega por um forte sono.

Na manhã seguinte, a loira apenas podia ouvir o Tic-Tac do relógio, quando finalmente se espreguiçou sobre a cama, abrindo um sorriso radiante, como se aquela houvesse sido a melhor noite de sua vida.

Ao se sentar sobre o colchão e ver as horas em seu celular, viu que já estava atrasada para a escola.

— Hoje ele não me acordou... – estranhou —... Será que está com vergonha por causa de ontem? – soltou uma risada sapeca.

 “Apesar de que eu nem o vi ir embora...”

Logo a loira se arrumou para ir à escola. Descendo as escadas para que finalmente saísse de casa, pôde ouvir Layla conversar com Jude na sala.

— Como iremos contar a ela? – Layla indagou como se não soubesse o que fazer.

— Eu não sei... Pensar que algo como isso iria acontecer – Jude levou as mãos à cabeça.

— Me contar o que? – Lucy apareceu no local, surpreendendo seus pais — O que aconteceu? – não estava entendendo nada.

“... Será que... Será que eles viram o Natsu saindo do meu quarto altas horas da noite? Como irei explicar isso?”, ela começou a corar, mas logo ouviu Layla falar.

—... Filha, eu tenho uma notícia para te dar... Acho melhor você se sentar... – Layla parecia hesitar, não sabia como dizer aquilo à loira.

— Não posso, vou acabar perdendo as aulas... – Lucy foi interrompida.

— Você não vai à escola hoje – Jude surpreendeu a garota.

—... Eu sei que... Apesar de vocês terem discutido ontem... Eu sei que Natsu é seu melhor amigo... – a mãe da jovem continuou.

Eles realmente o viram! Eu preciso explicar o que aconteceu...”, Lucy pensou completamente sem graça

—... E-Eu juro que... – mais uma vez a loira foi interrompida.

—... Filha, o Natsu sofreu um acidente – Layla informou seriamente, tendo seus olhos molhados pelas lágrimas no mesmo instante.

Lucy ficou parada no lugar, encarando a mãe sem nem mesmo piscar, tentava entender aquelas palavras —... Hum? O que você... Quer dizer com isso?

— Igneel veio nos informar, já que vocês eram tão próximos... – a mãe da jovem continuou a explicar — Ontem à noite, por volta das oito e vinte, ele foi atropelado por um motorista bêbado que avançou no farol vermelho...

— N-Não, isso é impossível! Eu o vi ontem à noite, ele veio me ver, veio fazer as pazes, ele até mesmo... – foi interrompida.

— Você não estava apenas sonhando? – Jude indagou seriamente, deixando a garota sem palavras.

— Filha... Ele morreu nessa madrugada – Layla informou, vendo a loira empalidecer no mesmo instante.

“... Morreu? Quem? O Natsu? O Natsu... Morreu? Como? Não... Isso é impossível... Ele veio me ver essa noite... Minha mãe está brincando comigo... O Natsu está envolvido nessa brincadeira também?”, a mente de Lucy parecia rodar, mas não conseguia pensar em nada que fizesse sentido.

A mesma então percebeu que aquilo poderia sim ter sido tudo um sonho, Natsu se declarando e o fato dele ter entrado em sua casa àquela hora...

Não... Não foi um sonho, eu senti os toques dele, senti o calor de seu corpo... Senti seu amor... Não foi um sonho!”, tentava acreditar em si mesma.

— LUCY! – Layla bradou ao ver a loira correr para fora de casa, mas de nada adiantou, não conseguiu impedir a filha.

Que brincadeira idiota! Isso não é algo que se faz!”, a loira pensou completamente indignada, já passando pelo portão dos Dragneel.

Sem nem mesmo bater, a loira já foi abrindo a porta e entrando na casa, chamando por aquele que era seu melhor amigo.

— Natsu! Cadê você? – exclamou em um tom mais elevado –... Nós vamos acabar perdendo as aulas! – insistia enquanto procurava o garoto pela casa, fosse na sala, na cozinha, na copa, ou até mesmo no quintal.

Mas ao subir para o segundo andar, onde os quartos ficavam, a loira pôde ouvir um choro baixo, doído. Vendo uma pequena fresta aberta na porta do quarto de Natsu, Lucy caminhou até o mesmo, percebendo que o som vinha de lá. Assim que abriu a porta, seus olhos perderam o brilho, o mundo a sua volta pareceu desmoronar ao ver Wendy na janela, em lágrimas silenciosas, enquanto Grandine, ajoelhada em frente às gavetas do rosado, apenas se abraçava às roupas do mesmo e chorava.

—... Meu bebê... Por quê? – perguntava completamente inconsolável — Eu não devia... Eu não devia tê-lo deixado... Sair ontem à noite...

—... O... O que aconteceu? – Lucy indagou parecendo perdida, chamando a atenção das duas no local.

—... Meu bebê... Lucy... Tiraram ele de mim – Grandine falou com a voz banhada pelo choro — Ele disse... Que só ia comprar... Um sorvete... Um sorvete Napolitano... – fez o coração da loira se apertar ainda mais — Mas... Mas ele não voltou... Tiraram meu pequeno de mim – se apertou contra uma camisa do rapaz.

— Onze horas... Ligaram informando que ele estava em estado crítico no hospital – Wendy chamou a atenção de Lucy, fazendo a mesma se lembrar da tal “algazarra” —... Pouco antes das uma da manhã... O papai ligou... – não conseguiu mais se conter, tendo suas lágrimas intensificadas —Dizendo... Que o Nii-san... – não conseguiu completar a frase.

As uma... Ele...”, Lucy já não sabia o que pensar.

—... Disseram... Que ele estava atravessando a rua... Com o pote de sorvete... Mas um motorista bêbado... Avançou o sinal... – Grandine explicou — Meu pequeno... Não pôde nem mesmo... Se proteger...

— O papai... Está resolvendo sobre a liberação do corpo... – a pequena informou.

A loira queria poder chorar como Wendy e Grandine, mas a dor em seu peito era tão grande, que sua mente não conseguia aceitar. Não conseguia aceitar que não veria mais aquele garoto que a fazia tão bem, não conseguia aceitar que a noite passada havia sido apenas um sonho... Não conseguia aceitar que aquilo realmente estava acontecendo.

No dia seguinte, o corpo do rosado já era velado, enquanto Lucy se via em meio àquele monte de gente. Apesar de tudo, a loira sentia como se estivesse sozinha, vendo o caixão descer lentamente.

Com enormes olheiras em seus olhos sem brilho, Lucy ainda não havia deixado uma única lágrima cair, o que a feria ainda mais por não conseguir aliviar aquela dor através do choro.

Ele foi comprar meu sorvete preferido... Ele queria se desculpar... Como na noite retrasada... Aquilo foi mesmo um sonho? Se sim... Então...”, se lembrou de quando disse que queria que o garoto sumisse de sua vida, e de quando ele estava para sair de casa e ela se escondeu antes que ele pudesse falar algo a ela.

 “... Não pode ter sido apenas um sonho!”, pensou ao ver começarem a jogar a terra sobre o caixão.

A cada pá de terra, era como se apunhalassem uma faca sobre o peito de Lucy.

Foi minha culpa... Se eu não tivesse continuado com essa minha fantasia... Se eu tivesse o escutado... Se eu não tivesse brigado com ele... Se eu...”, sua respiração começou a ficar descompassada, até que percebeu que estava realmente sozinha ao lado do túmulo de Natsu, já devidamente tampado.

 “Sim, isso é apenas um pesadelo! Eu preciso acordar... Eu preciso acordar... Eu preciso acordar”, pensava com sua respiração acelerando aos poucos, até que a loira correu para fora do cemitério.

Lucy passou direto por todos que haviam ido ao enterro, continuando a correr sem nem mesmo olhar para trás. Não demorou muito e a loira chegou ao mercado em que sempre comprava o tal sorvete com o rosado.

— Vamos, acorde! – exclamou consigo mesma, chamando a atenção das pessoas que passavam pelo local — Por favor! Eu não aguento mais! Acorde... Natsu... Jogue suas pedrinhas em minha janela novamente, por favor! – implorava, enquanto seus olhos finalmente eram molhados pelas lágrimas —... Por favor... – sentiu as mesmas rolarem por sua face.

Andando por alguns metros sem nenhum rumo, a garota pôde ver um poste meio retorcido, e um pouco antes do mesmo a enorme marca de sangue que havia ficado no local. Lucy então foi tomada por um ataque de pânico ao imaginar o acidente, imaginar o sofrimento e a dor que Natsu havia passado. A mesma já ia correr, quando viu uma sacola com um pote amassado do outro lado da rua, a fazendo travar no local.

N-Não recolheram ainda...”, pensou com os olhos arregalados e completamente negros.

“—... Eu espero que sim Lucy... Enquanto eu puder, estarei com você, serei seu porto seguro... Mas pode chegar o dia em que não poderei lhe confortar... Pode chegar o dia em que não poderei mais estar ao seu lado – Natsu falou em um tom mais baixo, mas que não escapou dos ouvidos da loira.”

“—Lucy... Eu te amo...”

“— Perdão por não ter trago seu sorvete Napolitano – ele comentou em um tom calmo.”

“—... Obrigado Lucy... – voltou a sussurrar no ouvido da loira – Por tudo.”

Ao se lembrar das palavras do garoto, Lucy se sentou no meio fio, encarando o pote de sorvete amassado do outro lado da rua. Completamente desolada, era como se houvesse perdido sua alma, assim como perdeu aquela pessoa tão importante em sua vida.

A culpa foi minha... Se eu o tivesse ouvido e parado de procurar o tal “príncipe” ... Ele não precisaria vir comprar esse maldito sorvete... Ele não precisaria ter morrido... Ele estaria comigo...”, pensou sem nem mesmo perceber como as pessoas a encaravam e cochichavam.

Eu preciso acordar, eu tenho que acordar, esse sofrimento só irá acabar quando eu acordar... Sim, eu estou sonhando, eu ainda estou dormindo encostada sobre o peito dele... Eu vou acordar e receber seu carinho novamente, vou ver seu sorriso mais uma vez... Eu...”, quando a loira se deu por si, já estava de pé no meio da rua, caminhando lentamente em direção ao pote de sorvete.

Dessa vez o sinal estava aberto, então Lucy só pode ouvir a forte buzina que a despertou de seus pensamentos. Mas a garota não teve tempo de reagir, somente sentiu a dor se alastrar por todo seu corpo enquanto era arremessada para cima.

Com a visão embaçada, não conseguindo mexer um único músculo se quer, a loira apenas via como o céu estava nublado, enquanto o sangue brotava de sua boca.

—... Eu preciso... Preciso... Acordar... – Lucy murmurou já sem forças antes de perder a consciência.

Sem saber onde estava, a loira apenas se via em um completo escuro, enquanto um pequeno barulho ecoava por seus ouvidos.

Pii... Pii... Pii... Pii...”, conseguia ouvir o som do aparelho que ainda indicava que ela estava viva.

Mais ao fundo ainda ouvia Layla gritar com os médicos, com a voz completamente inundada pelo choro. Mas o som mais forte que ouvia era o do aparelho cardíaco.

Pii... Pii... Pii... Pii...”

Então... Não era apenas um sonho... Natsu... Realmente está...”, pensou com suas ultimas forças, ouvindo o som que ecoava por sua mente se prolongar.

Pii... Pii... Piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii...”

“... O som se foi... Mas ainda está tudo escuro... Estou morta? Onde estou? Não consigo ver nada, não consigo ouvir nada... Não consigo sentir nada... É somente um vazio”, pensou calmamente enquanto se via em um espaço tomado pela escuridão.

Então... Nem mesmo morta... Nem mesmo morta poderei ver o Natsu de novo?”, estranhamente, começou a sentir as lágrimas molharem sua face.

 “Eu não quero isso... Eu não quero... Eu não quero, eu não quero, eu não quero...”, queria poder gritar, mas nenhum som saía de sua boca, aumentando ainda mais sua agonia, nem mesmo a morte havia a livrado de tamanha dor, nem mesmo a morte havia conseguido acabar com seu sofrimento, com sua culpa, com seu arrependimento.

Até que Lucy pôde ouvir aquele som mais uma vez.

Pii... Pii... Pii... Pii...”

“... De novo esse som... Estou de volta à vida? Como?”, não compreendia, mas logo percebeu algo ainda mais diferente.

Pii... Pii... Tic... Pii... Tac... Pii... Tic... Tac... Tic... Tac...

O som do aparelho cardíaco foi mudando aos poucos, até que a loira percebeu que aquele era na verdade o barulho incômodo de seu relógio.

Lucy abriu os olhos rapidamente. Ao olhar para os lados, viu que estava em seu quarto e não em um hospital. A garota se levantou lentamente, ficando sentada sobre a cama enquanto encarava o vazio, percebendo que as lágrimas ainda escorriam por sua face.

—... O... Que? – viu suas mãos trêmulas sobre o lençol.

 “Eu não fui... Atropelada?”, estava tentando compreender toda aquela situação, percebendo que não havia uma ferida sequer sobre seu corpo.

Após pensar por alguns instantes, a garota entendeu um pouco o que estava acontecendo, até que um pensamento veio à sua cabeça.

“... Até que parte... Foi apenas um sonho?”, se perguntou.

Mas no segundo seguinte, um pequeno ruído fez os olhos da loira se arregalarem.

Tic-Tac... Tic-Tac... Tic-Tac... Tic-Tac-TOC... Tic-Tac-TOC...”

O som de pequenas pedras acertando sua janela fez com que seu coração acelerasse. Seus olhos, que já haviam se secado, voltaram a ser molhados pelas lágrimas. Com a respiração descompassada, a garota levou seus dedos trêmulos sobre uma de suas mãos, a beliscando fortemente repetidas vezes, até que finalmente percebeu que aquela era realmente a realidade.

Lucy se levantou rapidamente e correu até sua janela. Ao correr as cortinas para os lados e abrir as vidraças, pôde ver aquele garoto de cabelos rosados inclinado sobre a sacada da casa vizinha.

—... Já está quase na hora de ir para a escola... Você vai nos atrasar novamente – Natsu informou em um tom calmo.

Lucy não conseguiu se conter, começou a chorar ali mesmo, espantando o amigo. Apesar de dessa vez serem lágrimas de alegria, de alivio, acabou deixando o rosado preocupado.

— L-Lucy? Por que está chorando? Isso tudo é vontade de faltar? – o rosado não compreendia as lágrimas da amiga.

A loira não conseguia nem mesmo abrir a boca para responder, apenas chorava fortemente enquanto suas bochechas ganhavam um leve rubor ao continuar a encarar Natsu.

Naquele mesmo momento os dois puderam ver e ouvir Wendy, a pequena irmã de Natsu, correr em direção à rua.

— Tchau mãe! Estarei de volta na hora do almoço! – a pequena exclamou enquanto corria.

O que é isso?”, Lucy caiu de joelhos sobre o chão.

— Lucy? – Natsu se preocupou ainda mais — Espere, eu estou indo aí! – exclamou e saiu correndo.

Está acontecendo tudo de novo... Então tudo aquilo não foi apenas um sonho? Uma visão? Ou então estou tendo uma segunda chance?”, viu de sua janela o rosado sair pelo portão de casa.

 “Não importa... Dessa vez... Eu posso fazer tudo diferente!”

A loira se colocou de pé e então correu para fora do quarto. Terminando de descer as escadas, viu a mãe atender a porta.

— Layla-san, bom dia, eu... –  Natsu falava apressadamente, até que ouviu os passos pesados sobre o chão.

Se virando, apenas viu Lucy voar em sua direção, se prendendo em seu pescoço com um abraço, enquanto prendia sua cintura com as pernas.

— L-Lucy... O que aconteceu? – ele perguntou completamente sem graça enquanto sentia a amiga apertar o abraço ainda mais, apoiando a cabeça em seu ombro.

O rosado então percebeu o olhar estreito da mãe da jovem.

— L-Layla-san, eu juro... Não é o que a senhora está pensando... E-Eu não sei o que está... – foi interrompido no mesmo instante em que a amiga se afastou um pouco, o encarando seriamente.

É o Natsu...”, levou uma das mãos até a face do rosado, o acariciando gentilmente.

É o Natsu... É realmente ele...”, deu uma leve corada, se lembrando das palavras que o mesmo havia lhe dito na noite de despedida.

 “Se tudo que aconteceu não foi... Apenas um sonho... Então...”

— L-Lucy... Você está estranha... – o rosado comentou completamente corado pela forma como a amiga o encarava.

— Eu concordo! Por que você está pendurada no Natsu vestindo só uma camisola? – Layla não estava entendendo nem um pouco o que sua filha estava fazendo.

Mas Lucy não estava se importando com o que os dois estavam pensando. Sentindo as mãos de Natsu segurarem suas coxas para que ela não caísse, a loira apenas se aproximou lentamente dos lábios do rosado, para ver como o mesmo iria reagir.

Natsu e Layla se surpreenderam com aquilo.

O QUE DEU NA LUCY ESSA MANHÃ?”, a mãe da jovem se perguntou com as bochechas levemente ruborizadas ao ver que a filha estava prestes a beijar o melhor amigo bem ali, na sua frente.

Ela está brincando comigo? O que é isso do nada? Ela está namorando o Sting ainda, certo?”, Natsu sentiu seu coração acelerar ao ter a respiração da loira já batendo contra sua face.

 “... Ela está esperando?”, percebeu que apesar de toda proximidade, a amiga não tocava seus lábios

 “... Que seja!”, Natsu terminou a aproximação, não conseguindo mais resistir à loira, tomando os lábios da mesma em um beijo mais lento.

Vendo aquilo, Layla apenas fechou a porta e se retirou, entendeu que iria apenas segurar vela se permanecesse ali.

Lucy levou a mão do rosto para a nuca do rosado, como se quisesse tê-lo ainda mais perto, mas assim que o beijo começou a se intensificar, Natsu se afastou um pouco.

—... O que foi isso? – ele indagou um pouco ofegante, mas não recebeu nenhuma resposta, somente percebeu com a amiga encarava seus lábios.

Lucy voltou a beijar o rosado, mas o mesmo mais uma vez se separou.

—... E-Espere, você está namorando... N-Não podemos fazer isso – tentava resistir à amiga, mesmo querendo muito aquilo.

— Eu vou terminar com ele hoje! – ela o respondeu seriamente, encarando o garoto diretamente nos olhos, deixando o mesmo sem palavras por alguns instantes.

Lentamente as bochechas de Natsu começaram a corar, enquanto seus olhos ganhavam um leve brilho.

—... L-Lucy, eu... – o rosado iniciou em um tom mais alto —... Eu... Lucy... Eu te amo! – finalmente falou, não conseguindo disfarçar sua vergonha.

Um sorriso de canto a canto brotou sobre a face da loira —... Eu sei! – voltou a beijar o garoto logo em seguida. Um beijo mais feroz que transmitia todo o desejo, toda a saudade que sentiam naquele momento.

Natsu então apenas caminhou lentamente em direção às escadas enquanto dava pequenos tropeços. Sem se separar do beijo, levou a garota para o quarto da mesma. Mas antes que entrassem, Lucy se afastou, para que assim pudesse encarar o rosado.

—... Eu também te amo... Muito! – Lucy viu o brilho nos olhos de Natsu se intensificarem — Me prometa... Me prometa que nunca irá me deixar... Que nunca me deixará sozinha novamente!

—... Do que você está falando? – Natsu não compreendeu — Quando foi que lhe deixei só?

— Apenas me prometa! – Lucy pediu em um tom mais elevado.

O rosado então soltou uma pequena risada —... Eu prometo, estarei sempre ao seu lado, estarei sempre com você!

Os olhos da loira se encheram de lágrimas enquanto via Natsu a levar para dentro do quarto —... Obrigada – murmurou com a porta de seu quarto se fechando lentamente.


Notas Finais


Até o/
Espero que tenham gostado!


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