Exatamente naquele momento ele se encarou no espelho, seus lábios tremeram e suas unhas agarraram a borda da penteadeira enquanto ele respirava fundo.
—Não vou chorar, não posso, não devo... – balbuciou engolindo a saliva grossa, sentindo o paladar e o olfato alterados, agarrou o puxador e arrastou a gaveta enquanto os dedos se metiam entre os prendedores e todos os tesouros que eram enfiados naquele lugar dia-após-dia, os dedos alcançaram as páginas amassadas abrindo o velho livro.
Seu coração disparado, a respiração alterada, o suor começava a gotejar enquanto acendia a vela, a aparência mudava, a pele se tornava mais translúcida e os olhos... A penumbra do quarto o assustava e ele arregalava os olhos à medida que a figura se transformava, o sorriso, as narinas dilatadas, sua postura, era a outra, a maledicente... Ela sorria e o encantava enquanto sua memória resgatava os fragmentos, a conversa, o convite... A ira descomunal que surgira dominando seus instintos, o gosto do ferro ainda estava forte, seu dedo tocou o ombro e ele notou as marcas, sua alma estava despedaçada.
—Meu doce menino, ajoelhe-se e confesse todos seus pecados – a voz ecoou em seus pensamentos enquanto o calafrio abraçava seu frágil corpo.
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