História Apenas uma aposta? - Provas.

                           Narrador/On

   “Todos os alunos devem se preparar para o início da semana de provas." Isso foi o que os alunos ouviram ao chegarem no colégio, a voz nos alto-falantes era calma, e informava que naquela segunda-feira se iniciara uma semana difícil. Todos os alunos ficaram nervosos, já sabiam que iria ter uma semana de provas surpresa, mas não sabiam que seria logo agora. Era possível escutar alunos discutindo sobre o sistema do colégio: "Eles não podem fazer isso! Quem eles pensam que são?" Era o que mais se ouvia nos corredores.

— Ótimo forma de começar a semana, não acha ? — cochichou Dylan, ao pé do ouvido de Lawrence.

— Hey... Não vai chegando assim... — disse o garoto ao se assustar com o amigo. — Bom, eu vou pro meu quarto estudar, ainda temos uma hora livre.

— Exatamente! Uma hora livre. LIVRE! — enfatizou ele.

— Eu preciso ir bem nessas provas, para não ficar dependendo de nota depois...

— Bom, já que você vai bancar o nerd, eu vou a procura do Daniel...

—  Você quem sabe! Até depois.

   Lawrence caminhou até seu quarto, ao abrir a porta, encontrou Williams, fazendo exatamente o que ele havia planejado.

                           Caleb/On

   Eu já sabia que aquela seria uma semana complicada, todo ano tinha isso, eles escolhiam uma semana para fazê-la como semana de avaliações, e por mais que Jhon tivesse avisado, indiretamente, que aquela seria a semana escolhida, eu não havia me preparado.

   Cheguei mais cedo no colégio aquele dia, pois precisava estudar. Subi para meu quarto, sem falar com ninguém, peguei meus cadernos e livros e dei o máximo de atenção à eles. Após alguns longos minutos, James adentrou o quarto com um "bom dia" e uma cara amigável, fiquei sem entender aquele menino, havia me tratado mal a semana toda e agora, estava todo simpático? A expressão em seu rosto mudou, pareceu um tanto bravo, antes que eu pudesse o questionar sobre sua mudança de humor repentina, meu celular nos interrompeu.

                           James/On

   Durante o percurso para o colégio, eu fiquei refletindo em como eu era trouxa. Porque pensa. Quando conheci Williams, logo de cara o tratei mal, em seguida tive a linda sorte de tê-lo como colega de quarto, ele me agarrou e o medroso aqui, forjou um namoro com o melhor e único amigo de verdade, mesmo sabendo da tara de meu amigo por mim. Logo em seguida, descobri que tudo não se passava de uma maldita aposta, e mesmo sabendo que as chances de ele me querer são tão baixas quanto um anão, eu ainda insisto em me entregar, quase que por completo, a ele. Até aí, tudo bem. Tudo bem nada, mas vamos fingir que o que está se passando comigo é super normal. A questão é: Qual é o efeito que Williams causa em mim ?

— Tchau mãe! Manda um beijo e um abraço à Emily, e diga que eu adorei conhecê-la. — disse, ao descer do carro.

— Pode deixar, digo sim! Tenha uma boa semana, beijos!

   Adentrei o colégio com a mochila nas costas, logo pude ouvir o anúncio de que nesta segunda se iniciara a semana mais temida do ano. A semana de provas. Conversei brevemente com Dylan, e decidi que era melhor eu utilizar a minha hora livre para estudar, pensando nisso, subi até meu quarto para obter um pouco de paz.

— B-bom dia... — disse, ao abrir a porta e ver que Williams já estava ali, logo em seguida fitei o chão e pude sentir minhas bochechas queimarem. Ele pareceu surpreso, a princípio, não entendi o porquê, mas logo em seguida lembrei-me de que não estava falando com ele até semana passada, e obviamente, ele não se lembrara do que aconteceu no domingo. — Idiota! — sussurrei.

— Bom dia. Tá tudo bem ? — questionou ele ao ver a expressão de raiva em meu rosto. — Parece estar meio... Bravo.

— É a vida. Um dia você é trouxa, no outro você é mais ainda, e assim as coisas vão seguindo...

— O que faz você pensar que é trouxa ? — perguntou enquanto me fitava.

— Ahn... Nada!

— Ué, mas... — ele foi interrompido pelo toque do próprio celular. Enquanto eu ouvia ele atender o telefone, me ajeitava na cama para estudar um pouco.

  Willians: Cara, cê não vai acreditar! Acordei hoje de manhã e tinha um cartão de um taxista no meu bolso e uma nota de vinte pila no bolso da minha calça jeans. Foi você que pagou o táxi pra mim ?

   Meu corpo congelou e arregalei os olhos ao ouvir Caleb pronunciar tais palavras, que sorte a minha ele estar de costas para mim nesse exato momento. Sabia que ele não se lembraria da noite passada, mas não sabia que teria dicas para descobrir o ocorrido.

  Willians: Estranho! Vou ligar pro taxista e ver se descubro o local onde ele foi me buscar... Aham, falou! Até mais tarde.

   Ele não podia ligar pro taxista, ele não podia nem sonhar que eu havia me entregado para ele daquela forma. Ele desligou a ligação e eu fiz o máximo para que ele não percebesse o quanto eu estava nervoso.

— Então... Como foi seu fim de semana ? — questionou ele, fitando meus olhos. Sem reação, eu joguei minha mochila, com os matérias escolares, sob a cama, logo em seguida, me sentei na mesma.

— F-foi... Chato! Não fiz tudo que queria fazer... — respondi, sem direcionar meu olhar à ele.
 

                           Caleb/On

   Jack havia me ligado, me fazendo lembrar da festa que nós tínhamos ido no final de semana. Engraçado, ele me fez lembrar de algo que não lembro.

— Então... Como foi seu fim de semana ? — perguntei, na expectativa de que ele não me respondesse, assim como vinha fazendo.

— F-foi... Chato! Não fiz tudo que queria fazer... — respondeu. Ele parecia estar nervoso com algo e aquilo estava me incomodando.

— O que você queria ter feito ? — indaguei, curioso.

— Nada...

— Okay! Se precisar de... Sei lá! Ajuda, pode falar comigo.

— Ok...

   Um silêncio tomou conta do quarto, eu estava entediado e ainda nos restavam trinta minutos livres, guardei minhas coisas e fiquei sentado na cama, com as pernas cruzadas.

   Olhei para James, inconscientemente, e não pude evitar perceber o quanto seu físico me agradava. Ele fazia algumas caretas enquanto tentava resolver alguns exercícios sozinho, isso me divertia. Logo ele percebeu que eu estava o olhando e, assim, corou, me divertindo ainda mais.

— Ai! — bufou ele. — Esse exercício é horrível...

— Não está conseguindo fazer ? — questionei, com um sorrisinho simpático e malicioso em meu rosto.

— Não! Eu desisto dessa merda!! — exclamou, jogando o caderno para longe de si e emburrando sua cara.

— Calma... — disse, me levantando e caminhando em sua direção. — Deixa eu ver se consigo te ajudar... — sentei-me ao seu lado e peguei o caderno. — Olha... Você começou pelo item errado...

— Sério? Mas eu jurava que era assim que fazia... — respondeu, retomando seu interesse.

— Sim... Tente começar pelo ítem "y" e use a segunda fórmula.

— Meu Deus... Isso é tão simples! Como não vi isso antes ?!

— Calma, você está nervoso... Tente se acalmar um pouco. — coloquei uma de minhas mãos em suas costas. — Você já viu o roteiro da semana ?

— Roteiro?

— Sim, eles indicam quais são as primeiras provas... Para sua sorte, as provas das disciplinas de exatas vão ficar para o fim da semana...

                           Narrador/On

   Naquele dia eles, aparentemente, se reconciliaram e a amizade entre ambos pareceu ressurgir do submundo.

   Durante a semana, Caleb ajudou muito James nos estudos e eles estavam confiantes de que haviam ido bem nas provas. Para o alívio de todos, sexta-feira chegou e junto à ela o fim das provas.

                           Caleb/On

   Era sexta-feira, seria a última manhã em que passaríamos estudando juntos, isso me deixava feliz, pois a semana de provas ter acabado, e incomodado, afinal, não sabia qual seria a minha convivência com Lawrence depois disso.

   Novamente eu estava observando o garoto, que estava concentrado em seus estudos, ao perceber que ele estava insatisfeito com algo, me aproximei e me sentei ao seu lado, em sua cama, encostei meu rosto em seu ombro na tentativa de se sei caderno, senti sua respiração ficar um tanto mais pesada, será que minha presença lhe deixava nervoso ?

— Aqui, encontrei seu erro... — disse, apontando para seu caderno. Seus olhos repousavam sobre meu rosto, seus olhos pareciam pedir algo... Algo que só eu poderia lhe dar.

— B-bom... — gaguejei, aquele olhar sobre mim estava me deixando nervoso. — A-acho que já... Esquece!

   Sem dizer uma palavra joguei seu caderno para longe e empurrei seu corpo com o meu, até que ele estivesse totalmente deitado, já em cima dele repousei minha mão sobre sua cintura e levei a outra até seus cabelos, esperei alguns segundos na expectativa de que ele me empurrasse para longe, mas ele não o fez, muito pelo contrário, ele agarrou minha camiseta e me puxou para mais perto, eu fitei seus olhos e pude vê-lo olhando meus lábios, com um olhar de desejo. Meus cabelos estavam grandes o suficiente para tocar a testa do moreno.

— W-Willians? — chamou ele, em um sussurro, sem desviar a direção de seus olhos.

— Diga... — sussurrei de volta. Vi seu rosto corar, seus dedos se apertaram mais em minha camiseta.

— Me beija! — ordenou ele, colando ainda mais nossos corpos.

   Sem pensar duas vezes, eu lhe dei um selinho, demorado, logo eu pedi passagem com minha língua e ele cedeu, suas mãos passaram de meu tórax para minhas costas, e agora elas pressionavam meu corpo contra o dele em um abraço envolvente, minhas mãos passaram por dentro de sua camiseta e passearam por suas costelas, enquanto a outra acariciava seus cabelos, nossas pernas estavam intercaladas e ao flexionar um pouco meu joelho, pressionando seu membro, pude ouvir um gemido sair de sua boca.

   Não vou negar, aquele gemido fez algumas fisgadas atissarem meu membro, pensei que teria meu momento com Lawrence ali, naquele instante, mas uma pessoa sem sorte, será sempre sem sorte.

   O sinal que nos avisava o início das aulas tocou, dali dez minutos teríamos de estar na sala de aula, caso contrário, não poderíamos assistir a aula.

   Novamente, sem dizer uma palavra me retirei de cima dele e fui o mais rápido possível ao banheiro, me tranquei lá e me sentei sobre a privada, minha respiração estava ofegante meus pensamentos embaralhados, demorei cerca de quatro minutos para sair de lá, olhei para Lawrence que estava sentado com a cabeça entre as pernas, ele já havia guardado seu material, eu não sabia se ele estava chorando ou se estava refletindo sobre o que havia acontecido ali.

— Bom... Eu já vou indo, a gente se vê mais tarde... — disse abrindo a porta e saindo.

                           James/On

   Após tudo que aconteceu, na sacada de sua casa, e no fim de semana anterior, sentir sua cabeça deitada em meu ombro fazia com que eu o quisesse ainda mais, quando me dei conta, Williams estava com seu corpo sobre o meu, sua boca estava colada a minha e a minha única reação foi apertá-lo ainda mais contra mim, ele apertou seu joelho em meu membro me fazendo soltar um gemido involuntário, e meu rosto obviamente ganhou a tonalidade avermelhada, novamente eu estava entregue à ele, e pela primeira vez ele não estava bêbado.

   O sinal para as aulas tocou, eu estava disposto a perder as primeiras aulas, as provas, só para tê-lo para mim por um momento, mas ele, silenciosamente, se levantou e trancou-se no banheiro, quando saiu de lá, apenas anunciou que estava indo e deixou a entender que iríamos nos ver mais tarde.

— Droga de sinal! — murmurei ao ver a porta se fechar.

   Caminhei até o banheiro  dei graças a Deus por não estar extremamente excitado, assim não teria a grande necessidade de me aliviar antes de ir para a sala de aula, apenas juntei minhas coisas e me retirei do quarto.

— Pelo menos amanhã é sábado... E tem a grande festa patrocinada pelo Jhon... Só espero que seja legal. — falei, caminhando calmamente pelo corredor.

— Falando sozinho ? — questionou Dylan, ao se aproximar de mim.

— Como conquistar uma pessoa? Tipo, deixar ela louca por você ?

— Se você está falando de Williams, eu acho que ele já está na sua...

— Tá, mas como faz...

— Quer mesmo que eu diga como deixá-lo louco pra te possuir? — questionou ele, e eu apenas assenti com a cabeça, ficando um tanto corado. — Trabalhe com sua boca...

— Com minha boca? Como assim? — indaguei curioso. Ele colocou as mãos em meu peito, impedindo minha entrada na sala de aula, ele parecia querer evitar que outras pessoas o escutassem dizendo aquilo.

— Cara, masturbe ele com sua boquinha. E depois deixa que ele conduza à situação... — respondeu, logo depois entrou na sala e me deixou lá fora com o rosto mais vermelho que a roupa de um Papai Noel.

   Entrei na sala de aula, as dicas de Dylan persistiam em minha cabeça, mas consegui me concentrar na primeira prova do dia, decidi me manter calma, certamente eu ainda teria mais uma chance com Williams, e esta, eu aproveitaria de qualquer forma.