História Aquela noite.... - Discussão...

Deixei aqueles pensamentos de lado e fui me deitar, mas... quem disse que aquilo saia da minha cabeça? Eu sabia que meu pai quase nunca era sério, e muito menos gostava de conversar sério comigo e com o Zeref. Ele sempre quis passar a imagem de paizão do ano, por isso sempre preferiu levar as coisas na brincadeira. Ele nos educou do jeito dele depois que a mamãe morreu, até mesmo antes dela morrer. Ela amava o jeito que ele lidava com a gente e nossas confusões e discussões. Sempre falava coisas nada a ver, dava lições de moral sem moral alguma, mas sempre foi um bom pai, e sempre soube bem como nos educar e nos incentivar. Mas, ele também sabe bem como encurtar as rédeas quando é necessário. E eu sei bem disso. Me lembro de quando a Sarah, odeio esse nome, me traiu. Acabei exagerando na bebida e voltando pra casa, do meu pai, de carro sozinho. Quando cheguei lá, ele estava me esperando no sofá com um olhar preocupado. Eu estava bêbado, mas me lembro bem desse dia. Foi um dos piores da minha vida. 

"- Natsu! -ele falou se levantando e indo até mim. Lembro bem que ele segurou meus ombros e tentou me olhar nos olhos, mas minha cabeça estava baixa. -Tá tentando se matar moleque!? 

Continuava calado. Ia dizer o que? Que sim? Porque era o que eu estava tentando fazer. Só queria beber, depois pegar um carro e dirigir sem rumo até que ele se despedaçasse em mil. Mas, parece que meu rumo sempre seria aquela casa, sempre seria meu pai e o meu irmão. 

- Olha pra mim! -ele pediu firme. Levantei a cabeça e o olhei nos olhos. Eu sabia que estava sério, poderia simplesmente estar chorando, mas as lágrimas não caiam. À muito tempo eu havia me esquecido o que é chorar. A última vez que havia derramado uma lágrima foi quando Miyuuki morreu. Eu queria chorar naquele momento, confesso, mas não me sentia seguro para tal ato. Não me sentia no direito. -Quer mesmo se matar Natsu!? É isso que deseja!? Morrer com 16 anos? Enquanto estava bebendo pensou em mim Natsu? No Zeref? Nos seus amigos? Na sua MÃE! Pensou em como nos sentiriamos? Em como ela se sentiria? -aquelas frases me surpreenderam e me acordaram. Naquele momento sim eu desabei. Simplesmente me joguei no braços do meu pai e chorei. Chorei tudo que estava guardado ali dentro durante quatro anos. As palavras que ela tinha me dito ainda doiam, e iam continuar doendo por muito tempo, mas no fundo eu sabia que era mentira. Ainda mais naquele momento. -Olha Natsu, eu sei que é difícil, eu sei que dói, mas por favor meu filho, eu estou te implorando, nunca mais faça isso comigo, Natsu! Aquela vagabunda não te merecia Natsu! Ela Não te amava. Mas eu te amo! Nós te amamos meu filho! -ele também estava chorando. Naquele momento eu conseguia entender um pouco da sua dor. Não completamente, já que eu não sou pai, mas eu me senti mal por fazê-lo sofrer. 

- Desculpa... me perdoa! -foram as únicas coisas que eu consegui dizer. 

- Já passou. Vai ficar tudo bem, Ok, moleque! -ele falou mais tranquilo bagunçando meus cabelos.... "

Com essas lembranças eu acabei pegando no sono. Acordei de manhã com a bosta do despertador na minha cabeça, tasquei a mão naquele troço e me levantei em seguida. Tomei um banho rápido, me vesti e desci pra esperar a Lucy. 

- Bom dia. -cumprimentei ela sorrindo que descia as escadas cansada.

- Bom dia. -ela disse coçando o olho.

- Vamos. Quero passar no café da Levy pra comer. 

- Vamos.

Coloquei comida pro Happy, saímos do apartamento e fomos em direção à minha linda Ferrari vermelha. Eu nunca liguei muito pra carro, mas esta merda foi cara, então eu amo ela. E combinamos que é lindo! 

O dia passou bem devagar, como eu já esperava. Meu pai não ficou na empresa hoje, o que me irritou, eu poderia ter um spoiler do que ele queria, mas Não! Ele tinha que ter uma reunião importante em outra cidade. Finalmente deu o horário de ir embora. Chegamos em casa e nos jogamos no sofá como um lindo casal romântico. 

- Ah Luce... -disse chamando sua atenção.

- Sim. 

- Meu pai pediu pra conversar comigo e com o Zeref hoje à noite, se importa de ficar sozinha? 

- Não tudo bem. Mas, aconteceu alguma coisa? 

- Também gostaria de saber... -suspirei

Já estava pronto, de banho tomado, e indo em direção à casa do meu pai. Coloquei qualquer roupa mesmo. Uma bermuda branca, e uma camisa jeans azul. Cheguei rapidamente na casa e fui recebido pela áries, que sempre foi um amor comigo, e que também tem cabelo rosa, só que nela cai bem. Encontrei meu pai sentado no sofá conversando qualquer coisa com o Zeref, e vi também que a Mavis não estava com ele. Algo errado não está certo aqui...

- Natsu! Que bom que chegou. -ele veio em minha direção.

- Oi. Então, desde ontem estou remoendo aquela mensagem. Tô curioso. Pode dizer logo o por quê dessa conversa? -fui direto. 

- Olha só Natsu, já conversei com seu irmão e bem, você já está maduro o suficiente, então acho que está na hora de você fazer o exame. Seu irmão já fez. -ele explicou calmamente, e bem, eu sabia exatamente do que ele estava falando. O exame pra saber se a gente havia herdado o câncer da Miyuuki. Talvez estivesse um pouco tarde pra isso, mas acredito que seja porque foi mais ou menos a idade que começou à se desenvolver nela. Zeref já tinha feito. Sempre manteve a saúde em dia, afinal ele é médico, mas e eu? Sempre fugindo pra variar. Odeio hospitais. Não precisa me conhecer pra saber disso. A minha vida inteira evitei esses lugares. 

- Não quero fazer isso. -apenas disse saindo. 

- Natsu! -Zeref segurou meu braço. -Não pode fugir disso a vida inteira! 

- Posso. Porque? Existem mais chances de eu ter essa doença? 

- Não é isso Natsu! Mas, é necessário meu filho. Vocês precisam estar sempre em acompanhamento a partir de agora. 

- PORQUE? ESTÃO COM MEDO DE NOVO?TÁ COM A CONSCIÊNCIA PESADA IGNEEL? NÃO QUER SE SENTIR CULPADO DE NOVO? NÃO TER PERCEBIDO OS SINAIS DA DOENÇA NELA? DE NÃO TER TIDO TANTO TEMPO PRA FICAR COM ELA DURANTE O TRATAMENTO? POR TER EVITADO ELA NOS SEUS ULTI- fui interrompido com um maravilhoso tapa na fuça. Talvez eu tenha merecido...

- OLHA AQUI NATSU! NÃO DIGA COISAS QUE VOCÊ NÃO SABE! VOCÊ ERA SÓ UM MOLEQUE ATREVIDO DE 10 ANOS DE IDADE! NÃO TINHA NOÇÃO DE NADA DISSO! 

- Eu podia ser uma criança sim, mas eu nunca fui cego, nem surdo, muito menos burro ou idiota. Mas se quer acreditar nisso, vai em frente, assim você supera logo ela né? Talvez seja por isso que nunca arrumou outra mulher... Culpa! -falei olhando fundo em seus olhos, eu podia ver a raiva em seu olhar, mas sentia a minha no coração. -E não, eu não vou fazer esse exame. Que se foda que talvez eu morra amanhã. -depois disso eu só queria sair dali. Nem esperei a Áries, bati a porta com tudo. Também não quero ir pra casa. Não quero que a Lucy me veja assim. Quero ficar sozinho, só isso. Peguei o carro e fui para o único lugar que isso seria possível. 

IGNEEL ON

Sabia que ele não iria gostar da história, só não pensei que ele teria uma reação dessas... acho que hoje eu tive a certeza de que não conheço meu filho. Não sei o que ele sente. Pensa. Teme... As coisas que ele jogou na minha cara não são totalmente mentiras, mas têm uma explicação. Que ele precisa escutar. Mas, duvido que ele queira agora, e eu também estou estressado. Nem sei pra onde ele foi. Mas, creio que casa foi sua última opção... me joguei no sofá e suspirei pesado. Vi Zeref estático no mesmo lugar encarando o nada. Também não sei o que ele está pensando, que pai eu sou em Miyuuki? Pensei que dando liberdade pra eles seria mais fácil, mais pontos pra mim. Mas, agora eu percebo que acabei perdendo suas vidas de minhas mãos. No momento eu sinto como se não tivesse os acompanhado nessa caminhada, como se não tivesse lhes dado apoio como sempre pensei ter feito. 

- Zeref... eu fui um bom pai pra você? 

- Claro que sim pai. -ele finalmente veio em minha direção e se sentou do meu lado, mas ainda encarando o nada. -Você sempre teve o jeito louco de nos criar, mas sabendo bem como nos educar. E melhor de tudo, sempre nos apoiou nos momentos difíceis. 

- Então porque o Natsu é assim? Porque, por mais que eu ache que finalmente estamos próximos, ele parece se distanciar mais? Porque quanto mais eu acho que estou entendendo ele, descubro algo novo? 

- Pai... ninguém conhece alguém totalmente. Mas, nesse caso, eu entendo o senhor. Natsu é uma caixinha de surpresas que infelizmente não quer ser aberta. E isso é escolha dele. 

- Mas, ele estava voltando não estava? Eu percebi. 

- Também percebi. 

- Mas agora eu estraguei tudo... Não deveria ter falado disso com ele. 

- Não é questão de falar ou não. É preciso pai. 

- Eu sei. Preciso conversar com ele. Só nós dois... eu preciso entender o meu próprio filho. E acho que já adiei isso demais. 

- Dá um tempo pra ele primeiro pai. Ele provavelmente não quer conversar agora. E muito menos com você... 

- É, eu sei. Vou esperar um tempo. 

- Também precisa descobrir onde ele está... -pensou um pouco.

- Isso eu já sei... 

- Bom, então eu vou indo. Pensa bem, Ok? E qualquer coisa... só me ligar. 

- Ok. Muito obrigado.

Sempre adiei esse tipo de conversa com o Natsu. Ele sempre foi complicado. Odeia falar sobre si. Mas, não é mais questão de querer evitar, eu preciso me tornar pai de verdade. Sempre quis evitar esse fato desde que a Miyuuki morreu. Preferi assumir o papel de bacana. Mas, tudo precisa de um limite... fui tirado de meus pensamentos com meu celular vibrando e muito. Já passava da meia noite, era Lucy me ligando. Ela deve estar louca atrás daquele imbecil. Também tinham inúmeras mensagens. 

Desliguei e fui olhar as mensagens. Todas dos amigos dele. Ela provavelmente quis saber se ele estava com algum deles, afinal ela já tinha me ligado três vezes. Subi e tomei um banho gelado, troquei de roupa, peguei a chave do carro e sai. Acho que é hora de assumir minhas responsabilidades...