História Arte são seus olhos azuis. - A Saudade

- H-hiko! – Deidara disse se levantando e olhando pra mim.

O olhei, furiosa.

- Vem! – ele disse me puxando pelo braço para fora da casa.

Chovia muito.

Quando chegamos do lado de fora, puxei meu braço com força pra ele soltar

- O que ta havendo com você? – ele disse

- COMIGO? – quase gritei. – Eu não sei! Me diz você o que será que pode estar acontecendo.- falei cínica

- O que foi que eu fiz dessa vez? – ele disse aumentando o tom de voz.

- Você acha que eu sou idiota? Acha que eu fico sentada sem perceber o que rola ao meu redor? VOCÊ ACHA QUE EU SOU IDIOTA?! – terminei gritando com ele e indo em sua direção o empurrando com força.

Ele se levantou e me segurou pelo braços.

- Você ta ficando louca? – ele perguntou com raiva me olhando nos olhos.

Me desvencilhei dele e bati em seu rosto uma vez e ao tentar bater uma segunda ele segurou meu braço me empurrando em seguida.

- S-SEU MENTIROSO DE MERDA! – gritei indo em sua direção nos derrubando no chão.

Eu estava em cima de seu corpo e desferi alguns socos em seus braços e em seu peito.

Ele não revidava, apenas se defendia.

- Eu vi vocês dois ontem! Eu estava lá.. no lago! – eu falava aos gritos – Eu vi ela te beijar, vi ela te tocar e você gostar! EU TO CANSADA DISSO, DE VOCÊ E DE TODA ESSA MERDA QUE EU ME ENFIEI! – eu ainda gritava em meio à lagrimas.

Seus olhos estavam arregalados, ele estava assustado.

- H-Hiko.. – ele dizia ainda assustado.

- CONFESSA DE UMA VEZ! ME DIZ O QUE ACONTECEU!  - falei saindo de cima de seu corpo e me sentando no chão com as mãos em meus cabelos – Por que você sempre esconde as coisas de mim? Por que você sempre mente? Você gosta de me ver assim? Gosta de mim quando eu choro? Quando eu entro em desespero? – eu falava com a cabeça abaixada ainda com meus cabelos entre meus dedos na ponta da minha cabeça.

- E-eu.. – ele começava e não terminava

- Vocês transaram? – perguntei seca

- H-hiko.. – ele falava apenas

- Responde! SIM OU NÃO? – Gritei agora olhando em seus olhos

- SIM! TRANSAMOS! SATISFEITA? ERA ISSO QUE QUERIA SABER? – ele gritou comigo se levantando

Avancei me levantando contra ele, tentando acertá-lo mais algumas vezes.

Me aproximei do seu ouvido e sussurrei

- Eu transei com o Pain, e olha, foi ótimo. – ri sarcástica. – Acho que estamos quites.

Quando falei isso, seus braços me seguraram e me jogaram no chão.

- O QUE?! – ele gritou

- É.. É ISSO MESMO! Parece que não é tão incrível quando fazem isso com você não é? – eu ri debochada.

- Você...! SUA LOUCA! Eu ia te contar tudo, eu cometi um erro.. eu ia falar com você– ele subiu sobre meu corpo e segurava meus braços presos ao chão.

Nos olhamos por tanto tempo que eu não sei dizer se foram segundos, minutos ou horas.

Seus olhos azuis, aqueles olhos, estavam fixos nos meus e estavam cheios de lágrimas e fúria iguais aos meus.

Não falamos nada. Nossos olhares conversavam sozinhos tentando achar uma solução para aquilo tudo.

- E-eu o-odeio você! – falei entre os dentes com mais lágrimas rolando de meus olhos – EU T-TE ODEIO! TA ME OUVINDO? ODEIO VOCÊ! – eu gritava com os olhos fechados agora.

Ele se levantou, me soltando. Eu levantei em seguida e ficamos um de costas pro outro e saímos andando em direções opostas por uma boa distância.

Ele parou. Eu parei.

Nos viramos e nos olhamos.

 A chuva já nos tinha deixado ensopados.

Gravei sua imagem na minha mente naquele momento. Seus cabelos loiros soltos, estavam parcialmente colados em sua face devido a chuva, seu rosto estava vermelho e seus olhos também.

Eu amava tanto aquela boca sorrindo, aqueles olhos brilhantes animados ao me contar sobre suas loucuras e sua arte. Aquele rosto amassado de manhã ao acordar.

Ele deu alguns passos tímidos em minha direção e eu retribui, ele então começou a correr em minha direção e eu fiz o mesmo.

Nos chocamos um com o outro num abraço desesperado, caindo juntos no chão.

Ele me puxava para seu colo e me abraçava desesperadamente apertado e eu praticamente cravava minhas unhas em suas costas. Ele beijava qualquer parte minha, meu pescoço, minhas orelhas, minha cabeça, meus ombros, meus braços. E eu apenas coloquei minha cabeça na volta do seu pescoço chorando alto.

- Me perdoa por ter duvidado do que eu sentia por você, e-eu te amo mais do que a minha própria vida, mais que a minha arte, mais que qualquer coisa. Eu nunca mais vou deixar nada entre a gente, nunca mais vou esconder nada de você.. me perdoa – ele dizia em meu ouvido.

- E-Eu não.. não aguento mais.. eu não tenho mais forças.. – olhei em seus olhos tirando seu cabelo da frente.

- Eu s-sei que eu só dou mancada, eu sei que parece que eu não aprendo.. – ele falava afagando meus cabelos molhados

- Você não aprende mesmo... – sorri triste

- Mas.. você pode me deixar tentar mais uma vez? – ele dizia triste

- Eu preciso ir embora... – falei me levantando enquanto ele segurava minha mão.

Me afastei devagar soltando nossas mãos..

- Eu não posso mais fazer isso.. e por favor, não venha atrás de mim – sorri triste indo em direção à estrada sem pegar nada.

Olhei mais uma vez para trás e ele ainda estava ajoelhado onde estávamos nos abraçando e me olhava soluçando, com as mãos em seus cabelos.

Me virei de volta e corri.. corri até que faltasse ar em meus pulmões. Não me importava a chuva.. Não me importava nada.

Continuei alternando em correr e caminhar. E um longo tempo depois, avistei aquela casinha simples com as luzes acesas.

*TOCTOC*

A porta se abriu e pude ver um sorriso caloroso para mim.

- Oba-san! – a abracei e me deixei chorar um pouco mais.

- Você está toda molhada, menina! Vem vem, entra! Oba-san fez Gohan, você precisa comer.. olha como ta magrinha. – ela dizia me trazendo uma toalha.

- Arigatou, Oba-san! – falei secando meus cabelos.

- Seu quarto ainda está do jeito que você deixou, come um pouco e vá descansar. – ela dizia me servindo um Chawan (tigela) de Gohan com missô.

Eu não estava com fome, mas comi mesmo assim e fui para o quarto após agradecê-la e der um beijo em sua testa.

Me deitei naquela cama, me lembrando de tudo que havia acontecido nesses últimos tempos em minha vida. Tornei a chorar.

_ Por que eu fui pra cama com Pain? É errado usar alguém para me vingar de outra pessoa, por que eu fiz isso? Droga, Hiko. – pensava sozinha, abraçando um travesseiro.

Fechei meus olhos, me lembrando de Deidara. Aquela ultima imagem que tive dele, ajoelhado na grama, no meio daquela chuva, me olhando tão triste enquanto eu ia embora..

Levei minha mão até meu peito, sentindo doer de pensar nunca mais ver seu sorriso.

_Apesar de tudo, eu vou sentir tanto sua falta.. – falei deixando lágrimas escorrerem do meu rosto.

Dormi com aqueles pensamentos.

~*~

Alguns semanas se passaram e eu não havia tido notícias de nenhum AKATSUKI. Não havia tido noticias de Deidara.

_Não seja boba Hiko, você pediu pra que ele não viesse atrás de você. Acabou. Esquece. – pensava dando tapinhas em minha própria cabeça.

Eu ia quase todos os dias àquele lugar onde costumava espiá-lo. Sorri ao me lembrar de toda sua exibição de sua arte pra mim.

_ Se soubesse que arte são seus olhos azuis.. – pensei fechando meus olhos me lembrando de seu olhar.

~*~

Já faziam 2 meses, e eu não havia deixado de sentir saudade dele nem por um segundo.

Eu estava sentada ao lado de fora da casa de minha Oba-san, mexendo em alguns desenhos que eu havia feito. Eu as vezes desenhava o rosto de Deidara e o admirava para controlar um pouco a saudade que sentia.

_ Eu queria que você estivesse aqui - pensava todos os dias.

* KABUUUUUUUM *

Ouvi uma explosão, e por Deus, eu conhecia muito bem aquele som.

Meu coração disparou a mil por hora e minha mãos ficaram trêmulas.

Eu sabia de onde vinha aquele som.

_ Deidara... – pensei apertando os desenhos contra meu peito e deixando meus olhos lacrimejarem.

Tive o impulso de correr até lá, mas hesitei.

Então senti uma mão tocar meu ombro.

- Vai lá.. você espera por isso todos os dias a 2 meses – minha Oba-san ria abertamente pra mim.

Assenti e me levantei e corri até o local, mas ao chegar lá, não encontrei ninguém. Estava vazio. Ele não estava lá.

Me virei para ir embora e me assustei brevemente.
Ele estava ali, em pé me olhando com um sorriso tímido e um pedaço de papel na mão, estendido pra mim.

Peguei o papel e li o que estava escrito.

“Quando você vai embora, os pedaços do meu coração sentem a sua falta”

Meus olhos encheram-se de lágrimas, levantei meus olhos e ele ainda estava ali, me olhando com os olhos levemente marejados, mas seu rosto não disfarçava o que ele sentia. E o meu provavelmente também não.

E com a voz trêmula e abaixando a cabeça, ele sussurrou para mim:

- Você ainda me ama?