História As crônicas da Condessa - Não existe amor

Aqui não existe nenhum amor. A cada passo dado eu vejo vultos, correndo como o vento por medo, gritos e choros de desespero de pessoas desgraçadas pela vida, gente sentada em colchões no meio da rua, apenas tragando ou cheirando como se fosse a última coisa que farão, e na maioria das vezes é. Labirintos de morte em cada beco, perdição a cada esquina, loucura a cada um que se passa. Esse é o meu bairro, mergulhado em nojeira e escuridão, onde nem mesmo os determinados conseguem enfrentar sem cair no prazer de ser engolido pelo mais sombrio sentimento de poder.

Tento ver esperança e ter fé para que me salve, mas, eu que nasci e cresci num lugar renegado por Deus poderei ser salva? Ou então, eu que sempre vivi num local onde o que comanda é quem sobrevive, posso me adaptar ao paraíso?

Não, talvez não, pouco provável, pois, quem aqui nasce, aqui morre.

Aqui, ninguém vai pro céu.