Ele empurrava a grade da janela, mas nada se movia.
Lysandre tentava empurrar a grade de aço da janela, mas ela estava enfeitiçada, como todas as outras aberturas da casa. O cheiro de fumaça já cobria o ar e Stéfany já estava meio tonta.
Com uma tosse frenética e uma respiração ofegante ela dizia fracamente, já esgasgada:
-Lys, achou uma saída?
-Não, tudo trancado e fechado.
Ela olhou para os olhos dele, que miravam ao chão sendo corroído pelas chamas, mostrando tristeza e fracasso na sua tentativa inerte de escapar, com essa conclusão ela se desesperou. Ela arregalou os olhos em angústia, seu peito doía e seu corpo inteiro tremia, até que ele viu as lágrimas caírem espontâneas de sua face fina e delicada. Ela o abraçou e ele ficou surpreso, com sua melodia chorosa o disse:
-Não!! Isso não pode estar acontecendo agora!! Logo quando conseguimos realmente ficar juntos?! Primeiro eu quero casar, ter filhos, viver intensamente e depois envelhecer e morrer ao seu lado!
Ela o olhou, Lysandre estava espantado com a declaração tão encantadora daquela que tinha certeza que morreria de vergonha para falar com qualquer um -Porque?! Eu não posso ter meu final feliz como toda pessoa normal?! Eu não quero morrer logo agora!! - Ele sentiu a dor de não conseguir realizar todos os sonhos de sua amada, e finalmente a única coisa que pode fazer foi responder ao seu abraço com seu calor e seu amor. Finalmente depois de tanto resistir as tentações ele a soltou, depois pegou seu queixo fino e o levantou, para que pudesse ver o rosto daquela que fez tudo que podia para salvá-lo. Estava meio inchado com o choro melancólico, mas gracioso e belo como de costume.
-E o que acontecerá? Não poderemos mais realizar todos os prazeres da vida, Lys...
Ele passou a mão suavemente pelo rosto dela e disse, ainda perturbado com o que diria:
-Então, o que nos resta é viver o presente. Vamos casar, ter filhos, viver mais um pouco, envelhecer e morrer, tudo apenas no momento de agora - Dizendo essas palavras tristes ele viu Stéfany ousar chorar mais ainda, mas se conteve o máximo que pode, até a hora que as tábuas do primeiro andar não aguentaram mais e começaram a desabar. Eles prestaram atenção no que caía por um momento, então ela calma, mas profundamente amargurada disse:
-Lys....Estou com medo.
-Eu sei, também estou, mas é o que nos resta, vamos pelos menos tentar, quem sabe viajamos para a Europa essa semana? Ou casamos agora?
Ela sorriu com aquele apelo desesperado por algo que o acalmasse. Depois do sorriso eles pararam para escutar os sons da casa, o barulho do fogo que devorava pedaço por pedaço, o teto que já cedia, o cheiro de fumaça nauseante, era assim que iriam acabar.
-...... Lys?
-Sim meu anjo?
-Eu quero 3 filhos.
-Te darei o que quiser.
-.....Lys?
-O que foi meu bem?
-.....Eu... Nunca beijei alguém na vida.
Ele ficou surpreso, mas feliz com aquela confissão:
-Então serei o primeiro a provar dos seus dóceis lábios?
-.....Sim.
Os dois riram, mas o barulho ficava cada vez mais forte, ela tremeu ao ouvir os pedaços de madeira caindo
-..Lys...Eu ainda estou com medo...
Vendo que o desespero tomava seus pensamentos outra vez ele pegou calmamente seu braço, aproximou-se vagarosamente de seu rosto e sussurrou doloridamente em seu ouvido:
-Não se preocupe, nada pode nos separar.
O chão virado em cinzas, retratos e madeiras queimadas, uma fumaça obscura e cinza, chamas incandecentes e ardentes, os dois suados e sujos dentro daquele incêndio sem fim, terminantemente determinados a se amar até o final. Enquanto estava de olhos fechados não percebeu que Stéfany derramava uma lágrima brilhante ao fogo. E assim, aquele foi o primeiro e último beijo dos dois.
"Meu conhecido, meu amigo, meu amante, meu enamorado, meu parceiro, meu aliado, meu coelho. Que seja eterno enquanto dure, pois nem o mais profundo fogo pode acabar com o nosso amor."
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