História As crônicas da Condessa - Crítica Construtiva ao Mundo

Faz uns quinze graus aqui fora. Tem pessoas de casaco, pessoas pelos corredores, pessoas gritando, cantando e tocando violão pela escola a noite, mas sabe, não estou afim de ficar com elas, não me considero como essas pessoas...

Na verdade, nem sequer estou com frio. Nem estou muito perto de ninguém, quero ficar sozinha.

Antes, enquanto eu caminhava rindo com os outros e dos outros, eu acabei pisando em uma poça qualquer, mas bem extensa (para variar que essa escola não tenha buracos, não é?). Na hora eu reclamei de sujar os pés, só que depois, quando parei e realmente a observei, eu vi uma trilha. E não uma trilha qualquer, uma trilha azul-purpura cintilante, lá em cima.

Eu olhei para o alto, um tanto surpresa, e permaneci assim, na parte escura da estrada, olhando aqueles pontinhos branquinhos, brilhosos e sempre cativantes pelo céu, formando uma aurora azul. E quanto mais eu os detalhava e percebia, mais pontinhos surgiam aos poucos à minha vista...

Uma umidade estranha pairava, deixando meu cabelo frisado, e dava um friozinho, como se encostasse apenas o ar do gelado que escorre do derretimento de um cubo, a grama já estava molhada, com as gotículas que esperam ansiosas o amanhecer ardente - e nem eram dez horas da noite ainda -, no açude a lado pairava uma camada não tão densa de nublado, e no céu mostravam-se as estrelas, pomposas,  dizendo "amanhã não choverá, será um dia lindo de Sol, com um frescor agradável do nosso amigo vento". Na verdade tinha um aspecto diferente do normal, era como uma paisagem vista diretamente, não por fotografias ou pinturas: sendo vista de longe, mas ao mesmo tempo tão próximo que poderia encostá-las com as pontas dos dedos de forma suave.

É bom sentir isso.

É bom ver que todos acham que eu continuo surpreendendo.

E é bom voltar a ser o que eu era.

E cá estou, sentada na calçada suja do açude, olhando e escrevendo sobre o céu, que da tanta vontade de compartilhar esse sentimento que o céu pode esperar, mas ao mesmo tempo tanto vontade de se perder na imensidão dele que eu posso tentar escrever depois. Queria que alguém visse isso comigo, ou que o celular pudesse registrar tantas obras maravilhosas como essa... Mas, nem tudo é perfeito.

É assim como o céu que vejo agora que imagino o meu futuro: é tão longe, e mesmo assim posso tocar com a ponta dos dedos, basta eu acreditar. Talvez eu durma melhor hoje sabendo que aproveito sim o agora, aprendo sim cada coisa que faço, sei sim ter responsabilidade sobre aquilo que escolhi pra mim, e posso sim fazer o que quiser se eu acreditar nisso. Alguém muito especial me ensinou isso, e com isso eu ergo minha cabeça todos os dias, afinal, esse é meu ano.

Agora com licença que eu quero continuar a ver as estrelas antes de voltar pro alojamento - cof cof prisão cof cof.

Vamos viver, certo?

Beijos, Stéfany755.