História As desvantagens de conhecer Kim Taehyung - Garotos perdidos; voltem à Terra do Nunca.

As últimas semanas foram de fato perfeitas, tão perfeitas que nem ao menos consegui conter o sorriso por no mínimo um dia — tanto que minhas bochechas até doiam — mas como tudo que é perfeito acaba, esse momento não seria diferente. 

Ver o semblante dele ao meu lado dormindo feito uma criança me trazia uma paz inexplicável. A viajem estava mais calma que eu esperava. O avião permanecia sem muita turbulência. Aquela história que Tae me contou dele com Kook me deixou um tanto inquieta, porque esses dois eram tão amigos e nem ao menos prestaram o papel de me contar uma coisa tão importante como essa? Pior que isso... Pararam de ser amigos por minha causa. Assim que chegar, com certeza vou conversar com os dois, e pôr essa história à limpo. Não quero passar o resto dos meus dias com o peso de ter destruído  uma amizade. 

[...]

Já em solo coreano e, com Taehyung devidamente acordado, partiamos rumo a nossa tão saudosa casinha. Estava com tantas saudades desse bairro, dessas pessoas de tudo. Especialmente dos meus amigos, e é claro, da Omma. Até do cachorro.

- Sinto falta do cachorro. - balbuciei. 

-Tantas coisas pra sentir falta, vai sentir justo dele? 

- Sei lá, sinto falta dos seus latidos. Alias, sinto falta de tudo aqui. - acariciei seu rosto. - Você não sente? 

- Sinto falta da minha cama. -riu.

- Sua? Você mais dorme na minha do que na sua.

- E quem disse que eu falava daquela? Falava da sua mesmo. - me deu um sorriso sacana. - Estou até pensando em me mudar pro seu quarto de uma vez.

- Você é mesmo muito folgado, Sr. Kim Taehyung. - dei um selar em sua bochecha. - mas, a ideia é ótima.

- E você é muito espertinha Sra. Kim - retribuiu o selar, 

[...]

A emoção que eu senti ao chegar em casa foi extrema, a viajem tinha sido exaustiva, e meu corpo implorava pelo meu banheiro, pela minha amada cama e pelo MEU querido Tae acariciando meus cabelos até me fizer pegar no sono. Abri a porta e corri em direção a sala, vendo o semblante da minha querida sra. Kim.

- Omma! - a abracei com tanta força, eu estava morrendo de saudades dos seus abraços. - Senti tanto sua falta! 

- Querida, também senti a sua... Foi tudo bem de viajem?

- Claro que sim, nos divertimos bastante.

- E onde ele tá ? 

- Aqui - Tae veio em sua direção fazendo um lindo Eyesmile, enquanto à abraçava. - Realmente não resisto a sua filha. - Deu uma piscadinha e meu rosto instantaneamente esquentou. Mamãe franziu o cenho, mas em seguida suas expressões normalizaram.

Corri em direção ao meu quarto, perfeito, lindo e organizado, da mesma forma que deixei. Peguei meu celular e sem mais delongas me joguei em um só salto na cama. 

- TÃOO MACIA! 

Liguei o celular e fui diretamente para os contatos, estava com tantas saudades dos meninos, especialmente de Kook, não queria esperar um minuto sequer para ouvir sua doce voz de coelho. Tocou, tocou, e depois de algumas tentativas pude ouvir sua voz, possivelmente ainda estava dormindo.

- Essas são horas de estar na cama, Jeon Jeongguk? 

" Pra sua informação eu estava sendo um bom filho e fazendo dispesa pra minha mãe, sua jaburu! "

- Sentiu saudades? 

" Calma, calma, deixa eu respirar antes de te matar, sua desgraça. Chego ai em 10 minutos, me espera no portão, senão entro e te puxo pelo cabelo. "

- Onde vamos ? - balancei meus pés freneticamente pra frente e pra trás.

" Sorvete. " 

Chamada encerrada. Corri pra fora da cama, e mesmo cansada, estava doida pra vê-lo, contar tudo sobre a viajem e especialmente, questioná-lo. Peguei minha bolsa e fui correndo em direção à escada, até dar de cara com Tae.

- Já vai sair? 

Acenei positivamente com a cabeça, escorregando pelo corrimão como uma criança de 6 anos. 

- Mais tarde nos falamos. 

Corri em direção à porta, fechando a mesma logo em seguida. Não queria que nada atrapalhasse nosso encontro. Nem 10 minutos se passaram e eu já avistei o biscoitinho montado em cima de sua Harley Davidson Iron 883. Desde pequeno ele sempre foi fissurado em motos. 

- Deveria parar de pagar de BadBoy com essa moto, na real, você ficaria bem melhor sentado em uma motoquinha rosa. - Abracei-o forte e apertado, na esperança de que toda aquela saudade que eu senti dele fosse embora com apenas aquele gesto. 

- Mas que porra você fez no seu cabelo? - retribuiu o gesto enquanto afagava o mesmo. 

- Gostou ? 

-Não vou nem responder. - cobriu o rosto me olhando apenas pelos vãos dos dedos. - Se eu responder, Taehyung brota do inferno e me arrebenta.

Aquilo me fez lembrar de um dos verdadeiros motivos que me trouxeram de encontro à ele. Soltei um bufar preocupado, subindo, em seguida, no assento de trás da moto. 

[...]

- Então... Me conta, como foi a viagem? - sentamos na beira de um lago qualquer de um parque.

Observavamos os peixes nadando naquela imensa água cristalina. Eu estava nervosa por puxar aquele assunto, mas era necessário. Tomei coragem e comecei.

- Foi... Incrivel... Aconteceram tantas coisas, conversamos tantas coisas.- abracei os joelhos enquanto ainda observava o lago.

- Vocês ... ? 

Meu rosto esquentou instantaneamente, estava meio receosa de que eu o magoasse.

- É... A gente ficou. - escondi minha cabeça entre os vãos das pernas.

- Yoongi me contou o que aconteceu entre vocês - Pigarreou - Porque não me disse ? 

- É qu-

- Alias, porque não me procurou naquele dia!? -cortou - As coisas seriam diferentes agora... 

- Você também não me conta muitas coisas... - sussurrei manhosa, não estava nem um pouco afim de brigar. 

- Isso é mentira, você me conhece mais que eu mesmo. - Reparei seu olhar fixo sobre mim, minha cabeça permanecia abaixada. 

- Você me escondeu a história que teve com ele... Já foram amigos... - retribui o olhar

- Melhores amigos... - bagunçou o cabelo tentando conter o nervosismo. - Só não contei porque ele me pediu, disso você já deve saber. 

- Porque diabos fizeram essa besteira ? Por culpa de uma garota... Dois idiotas. - debochei.

- Dois idiotas apaixonados pela mesma ruivinha.

Puxei sua cabeça fazendo com que o mesmo deitasse no meu colo, comecei a afagar seus cabelos macios que tinham um delicioso aroma de baunilha, um aroma único dele. 

- Me conta. - arrisquei.

- Contar o quê ? 

- A história de vocês dois...

Seus ombros que antes estavam tensos, logo se acalmaram.

- Assim como você, nos conhecemos desde criança. A diferença era que sua mãe, não se dava muito bem com a minha, por isso, só começamos a ter contato quando a Sra. Kim te adotou.  Já eu e Tae, somos amigos desde que nascemos, praticamente, exatamente quando tinhamos quatro anos. Todas as memórias que tinhamos era especial... Até o dia em que você apareceu. - seu semblante, em minutos se tornou algo doloroso de se ver, como se aquele sentimento lhe causasse uma dor insuportavel. - Ele nunca teve coragem de falar com nenhuma garota sequer, e com você não seria diferente, já eu... Bom, você me conhece, sou o oposto do que ele era. A primeira vez que te vimos, você escalava o alto de uma arvore, todos estavam desesperados com medo que você caisse, e você rindo que nem uma idiota.  

- Disso eu lembro. -ri

- Tae foi o que mais ficou preocupado, mesmo sem nem te conhecer. Ele queria subir lá e te ajudar a descer, mas no fim, quem subiu foi eu. 

- E depois... Viramos melhores amigos.. - completei. - não foi ?

- Consequentemente, Tae ficou enciumado e possesso por ter me aproximado de você. Um dia ele acabou soltando que queria que eu me afastasse e me fez escolher entre ele ou você, no fim, eu escolhi você.  

- Por que eu?

- Porque ele te amava tanto quanto eu. 

Um silencio perturbador tomou conta do ambiente, só se ouvia o barulho da agua. 

- Foi por isso que ele foi embora... - me deleitei ainda mais em suas madeixas, controlando meu coração que batia incontrolavelmente. 

- Foi... Ironico não? Quem conseguiu seu coração no fim das contas foi ele.

Coloquei minha mão sobre meu peito de uma forma divertida.

- Não... Parece que ele ainda tá aqui, tá sentindo ? -ri

- Tá batendo rápido. 

- Sua culpa. - dei um selar demorado em sua testa. - Por favor Jeongguk, se entenda com ele.

- Vamos esperar para saber o que o destino vai nos reservar... 

[...]

Já se havia passado das 11 horas. Aproveitamos o resto do dia para passear, comer, jogar... Matar a saudades. Todos os momentos que passo com ele são extremamente divertidos, mas, as vezes, me sinto culpada por saber de seus sentimentos e não me afastar dando o espaço que ele precisa. Egoísmo? Talvez seja. Mas eu preciso dele e sei que ele também precisa de mim. 

Cheguei em casa exausta. As luzes já estavam apagadas, estranhei, a casa mesmo à noite, permanecesse barulhenta, mas com aquela viajem, não duvidaria de chegar no quarto e encontrar Tae dormindo. Subi as escadas pé por pé, indo em direção ao quarto. Abri a porta torcendo pra que a mesma não rangesse. Um Taehyung irritado me olhava enquanto se sentava na cama.

- Isso são horas de aparecer mocinha ? - ri com seu ar brincalhão.

- Isso são horas de criança estar fora da cama ? - rebati.

- Você bem que merecia um bom castigo por ter sido desobediente. - O mesmo ia em direção à mim, com um ar maléfico.

- TAE NÃO.

- TAE SIM.

- NÃO!

- SIM!

Correu em disparada na minha direção. Obviamente que não me daria por vencida e sai correndo do mesmo, que em instantes, me puxou pelo braço me pondo no ombro.

- Vem, vou te castigar. - gargalhava.

- V me solta!

O mesmo me jogou na cama e correu pra trancar a porta. 

- Tá pronta ? - se colocou sobre mim prendendo minhas mãos sobre a cabeça.

- O que vai fazer? - fiz beicinho.

- Te fazer rir, garotinha mal-criada.

E assim ele fez, me cutucava sem parar pra me dar descanso. Eu deveria estar parecendo uma hiena de tantos risos. Puxei a cintura do mesmo com as pernas, fazendo com que caisse sobre mim. Assim que consegui me soltar, depositei um selar em seus labios. Que logo se tornaram algo mais necessitado. Eu amava seu sabor. Seus labios tinham gosto de cacau, e seu sabor era diferente de qualquer outro que ja havia provado. Diferente de tantos outros beijos que já haviamos dado, esse estava repleto de sentimentos. Sua lingua se enlaçava com a minha e seus dentes davam leves puxadas no meu labio inferior. Ele me fazia me sentir tão... Completa. Nos afastamos apenas pela falta de ar. Sua boca estava levemente inchada, assim como a minha que deveria estar tão vermelha quanto um tomate, não muito diferente do meu rosto.

Deitei em seu peito e dei pequenas dedilhadas em seu braço, tirando um rapido suspiro do mesmo. 

- Tae... Sente falta do Jeongguk? - arrisquei a pergunta.

- Porque quer saber ? - sua voz mudou de tom, me deixando preocupada com medo que ele se irritasse.

- Só responde... Sente falta da amizade de vocês? 

Acenou positivo com a cabeça, virando a mesma em seguida. Seu rosto estava vermelho. ELE FICA TÃO FOFO CORADO QUE DA VONTADE DE MORDER.

Pra quebrar o clima tenso, mordia sua bochecha e o Kim me olhou incrédulo. Eu sabia que deveria fazer alguma coisa para vê-lo feliz, e isso eu jamais abriria mão.