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História As mais impossíveis variáveis. - I - Olhos de ressaca.


Escrita por: luziardis

Notas do Autor


isso não faz nenhum sentindo, só há aqui necessidade pulsante de escrever.
sem capista e sem beta, também.

— ♡;

Capítulo 1 - I - Olhos de ressaca.


Estralou seus dedos de maneira quase metódica. Sabia o nome de todos os ossos que faziam aquele barulho quebradiço; falanges medias, falanges proximais, todas elas tentando livrar o jovem futuro médico da ansiedade que lhe consumia.

Estava em mais um de seus seminários para a residência que logo lhe esperava, e mesmo que aquele doutor no palanque falasse sobre as causas de um enfisema pulmonar e como era o processo da degradação dos tecidos pulmonares, Taeehyung só pensava em como queria sair para fumar.

Mais do que ninguém, o coreano sabia todos os males que fumar causava, não apenas em seus pulmões mas em sua garganta, esôfago e diversas outras partes de seu corpo, dizia ocasionalmente em algumas consultas em seus plantões exaustivos que devoravam sua madrugada.

Após um punhado de palavras tediosas, já fora do prédio assustadoramente branco, raspou o dedo contra o metal descascado, as mãos tremulas fazendo com que raspasse o dedão uma, duas, três vezes até ver o fogo sair de seu isqueiro velho.

Assim que tragou aquele tubinho (tragou de verdade, até sentir o pulmão queimar), viu a fumaça se dissipando por entre os prédios que um dia tiveram cor. Talvez aquele rosa, antes de passar por muitas chuvas e muitos verões, não fosse um rosa tão cinza.

Ao passar pelo prédio cinza, tragando quase afoitamente o cigarro, um caminhão de mudança levava diversos imóveis, alguém estava vindo ou indo, não fazia muita diferença.

Sabia de uma maneira meio quebrada como era ser apenas um objeto de indas e vindas, esperando sempre pela vontade dos outros de ficar um dia ou a vida inteira.

Yoongi tinha aquele espírito de cigana dissimulada.

Conheceu ele no 4º copo de cerveja, o sorriso fácil, o cabelo verde pastel (desbotado, então, só viu depois) que rodopiava na pista de dança.

Já estava turvo, não só de visão, não só de sentindos, quando puxou a criatura esguia para uma dança; se deixou dominar pelos olhos cândidos e que lhe abrasavam.

Não muito depois, entre os lençóis arrumadinhos de Taehyung, ambos eram apenas uma bagunça, ambos eram apenas um, ali, naquele momento. Beijou, marcou e se lambuzou de tudo que (achou de ser) era Yoongi.

Quando acordou, era apenas uma página marcada por um escritor marginal, que escreveu um poema de hematomas e foi embora.

E foi (e é) assim; cheio de indas e vindas. Era comum chegar e ver o namorado (mesmo que não soubesse bem nomear aquilo que tinham), olhar a cidade sentado no parapeito da janela da sala, fumando e em silencio. Aquilo era ele, no final, uma junção de coisas quebradas, fumaça e silêncios que nunca soube decifrar muito bem.

O médico pegou mal hábitos demais, se deixou cativar demais. Fumava demais e lia romances, sejam eles do romantismo ou realismo. E ia cada vez mais se acostumando a ver o mais velho como um navio de porto; você sabe que ele sempre ira voltar, só não sabe quando.

Já fazia dois meses que não via o amado. Poderia estar morto, poderia estar com outro, Taehyung não sabia. Porém assim que chegou em seu apartamento (assim como sua vida, metodicamente limpo e branco) se deparou com o maço de cigarro e 4 livros em cima de janela.

Yoongi, em todo seu espirito perambulante e soturno, pintado em cores frias e tremido como um borrão, era seu, ou pelo menos, Taehyung queria que fosse.

X

Capitu, apesar daqueles olhos que o diabo lhe deu...

Você já reparou nos olhos dela?

 São assim de cigana oblíqua e dissimulada.

 


Notas Finais


claramente peguei a citação do meu amado Machado de Assis. Se você chegou até aqui, obrigada pela leitura.

— ♡;


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