Se havia algo, que preenchia meu corpo, desde os pelos da epiderme até os ossos jovens, isso chamava-se ódio. Um ódio reciprocamente nutrido por você.
E eu odeio, odeio seus olhos curiosos e como são decotados e amplos.
Odeio como seu cabelo voa quando corre, e como ele brilha na luz nublada de um dia chuvoso.
Odeio como lucila sob o sol que atravessa em filetes até beijar-lhe o rosto.
Odeio o odor que exala da sua blusa de moletom, maior que o corpo baixo.
Odeio o formato dos seus lábios e a fartura deles.
Odeio como desvia o olhar escuro quando te encaro, tentando transpassar por uma linha tênue a rudeza do meu ódio.
Odeio, verdadeiramente odeio, a forma como fala e o tom extremamente alegre que seu riso arranca da gangarta.
Odeio como está sempre com o celular na mão, mostrando algo que supostamente deveria ser cômico.
Odeio seus tênis sorrateiros e de um azul surrado e claro.
Odeio a forma que é próximo dos meus amigos, e como sempre faz questão de vir falar com eles quando estou por perto.
Odeio-te em um inteiro. Apenas lhe assistir me apanha e espreme o estômago, numa necessidade desmesurada de apertar seu delicado pescoço até que desbote em meus braços mal amados.
Desejo sem fim, incessantemente, que suma, que não permaneça no mesmo ambiente que o meu, que emudeça, que desapareça como pó de giz em frontal do vertilador velho da sala, que joga teus fios marrons e calmos para trás.
Mas de todas as coisas que execro, o que mais odeio, é seu namorado; e a forma dele poder amar-te, e eu não.
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