História Atemporal - Capítulo 1

Londres, 5 de Agosto de 2060.

                – Amy, amy, amy, acorde! – Mark batia com força na porta do meu quarto. O relógio marcava 4 da manhã e a julgar pelas batidas que continuavam a ecoar pelo quarto, Mark não trazia boas notícias.

                Levantei para abrir a porta e encontrei meu parceiro já vestido em seu típico terno, sua expressão era das piores, assim como o nó da sua gravata.

                – Oi, Mark.

                – O Rei William está morto, precisamos ir à sede da MI6 agora. – Demorei alguns segundos para processar o que ele havia dito: o rei estava morto – Agora, Amy! – Ele gritou me tirando do transe.

                Coloquei meu terno e peguei meu distintivo o mais rápido que pude, em poucos minutos estávamos a caminho da sede da MI6. Londres estava incrivelmente agitada para o horário e não importava o quão bom era o serviço de inteligência britânico, a notícia da morte do rei William já chegara a toda parte.

                – Há confirmações de que foi assassinato? – Perguntei enquanto passávamos por um enorme telão que exibia um noticiário falando sobre a morte do monarca.

                – Garret não me informou nada ainda, toda a informação era sigilosa demais até mesmo para as nossas linhas telefônicas. Precisamos chegar rápido, Amy.

                Mark e eu nos conhecemos da pior forma possível, seu antigo parceiro foi assassinado por norte-americanos numa missão nos Estados Unidos e eu fui designada para substituí-lo. Não costumávamos trabalhar em duplas na MI5, então quando me designaram para ser parceira de um agente da MI6 encarei como um desafio. No início era quase como trabalhar sozinha, Mark me ignorava o tempo todo, foi a fase em que tive a oportunidade de mostrar a ele porque uma ex-agente da MI5 foi considerada mais necessária na MI6.

                O Serviço de Inteligência de Segurança Interna Britânico era a elite da espionagem do Reino Unido, como agente a MI5 eu me sobressaí evitando inúmeras tentativas de invasão aos sistemas do governo, apesar do meu talento ser reconhecido na área de contra-espionagem eles me queriam na MI6 como espiã do governo. 

                – Eles não nos chamariam se o Rei tivesse morrido de enfarto. Eles nos chamaram e isso só pode significar uma coisa. – Mark me olhou com o semblante nervoso.

                – Guerra.  – Completou.

                Chegamos à sede a MI6 e me surpreendi com o movimento nada intenso do lugar, esperava uma centena de agentes lotando os corredores do prédio enorme, mas aparentemente apenas eu e Mark havíamos sido convocados. Andamos em silêncio até o comando geral onde Garret estava nos esperando cercado por seus assessores e por um homem que não me lembrava de ter visto em nenhuma outra ocasião.

                – Senhorita Hurts, senhor Stern, já não era sem tempo. – Garret nos cumprimentou. – Temo que não conheçam Harry Andrews, o nosso “cara do tempo”.

                – Prazer, agente Hurts. – Apertei a mão de Andrews ainda confusa.

                – Não esperava que tivéssemos que apresenta-los nessa ocasião, mas segundo os nossas gravações os assassinos do Rei William saíram de uma fenda no tempo.

                – Uma fenda no tempo? – Mark questionou – Eu não sabia que isso era possível.

                – Essa informação não está disponível para todos, senhor Stern. É uma tecnologia antiga, porém é extremamente sigilosa, poucos agentes nossos tiveram contato ou mesmo tem conhecimento de sua existência.

                Mark pareceu um pouco irritado, seu temperamento não tinha melhorado muito.

                – Com que tipo de ameaça estamos lidando, senhor? – Perguntou.

                – Uma ameaça que pode estar em qualquer lugar no tempo – Respondi.

                – Poucos países tem essa tecnologia, temos certeza que os alemães já utilizaram algumas vezes, mas nossas suspeitas estão direcionadas aos americanos.

                – Precisamos descobrir porque os americanos iriam querem William morto, mas se eles vieram de outra época, não podemos simplesmente embarcar para os Estados Unidos para uma investigação. Temos que descobrir de que época eles vieram. – Estremeci ao pensar nas inúmeras possibilidades da viagem no tempo.

                – Como descobrimos isso? – Questionou meu parceiro.

                – Andrews saberá responder melhor as perguntas sobre viagem no tempo, mas a questão é que talvez seja necessário enviá-los a outra época para investigar os eventos ocorridos nesta noite. Príncipe George terá que assumir a coroa e não podemos continuar lidando com essas ameaças espaço temporais.

                – Preciso que venham comigo ao laboratório para analisarmos as filmagens, eu entendo sobre a fenda, mas não posso avaliar as pistas, esse é um trabalho para vocês.