Points Of View Justin Bieber
— Como? — Gaguejei, e ela arqueou a sobrancelha.
— Vamos lá, Bieber. Me beije! Prove seu amor — Me aproximei da loira, na maior pose de apaixonado possível. Não podia deixá-la desconfiar de nada.
Selei nossos lábios, mas ela atacou ferozmente os mesmos, enfiando a língua, e eu retribui, com raiva de estar beijando aquela vadia, mas infelizmente eu tinha que fazer aquilo, por mim e pela mulher que eu gosto.
Peguei em sua cintura, me esforçando para saciá-la de uma vez e sair dali o mais rápido que eu pudesse. Rebekah se afastou de mim, em busca de ar, e eu fiz o mesmo. A loira parecia estar extremamente feliz e satisfeita.
— Estou feliz de você ter voltado. — Sorriu. — Achei que iria ter que tomar medidas mais drásticas.
— O que você estava pensando em fazer, meu amor? — Perguntei com naturalidade.
— Eu ia dar um "chega pra lá" na vagabunda, do jeitinho que eu sei fazer de melhor. — Um frio na espinha subiu, e eu fiquei assustado com o jeito que ela falou. Rebekah iria matar América e eu tinha certeza disso.
— Eu posso te ajudar nisso se você quiser — Ela arregalou os olhos — Qual é, vai ser legal.
— Você tem razão. — Deu de ombros — Meu plano era pegá-la na festa a fantasia, sabe... Todos mascarados, sem suspeitos, nem curiosos. Ninguém saberia de nada.
— É uma ótima ideia, quero ajudar. Vamos acabar de vez com aquela vagabunda, e levar Ian junto — Dei meu melhor sorriso, e ela me abraçou.
— Eu sabia que você não me deixaria. Como pude desconfiar de você?
— Me pergunto a mesma coisa. — A abracei de volta.
Points Of View América Thompson
— Atenção, meninas. Sem conversa! — Professora Margareth começou a falar — Chamada: América. — Eu sempre era a primeira.
— Presente! — Respondi, e ela deu segmento. Ana, Anderson, Barbara, Brunet, Cameron, Diana... Todos aqueles nomes, todas àquelas vidas. Quem mais poderia sofrer igual eu? Sem pais, sem família? Milhares de histórias prontinhas para serem contadas.
Após finalizar a chamada, Margareth, que era professora de filosofia começou a conversar conosco. Sua aula se resumia nisso: conversar, trocar opiniões, dilemas e debater.
(...)
O sinal tocou, finalmente estávamos livres daquelas aulas chatas. Peguei minha bolsa e fui até meu quarto. Ataquei-a em qualquer canto, e comecei a me despir, tirando cada peça de roupa; peguei uma toalha e adentrei o banheiro, ligando o chuveiro. Estava bem quentinho, o que era propício para meu estado espiritual.
Levei os cabelos e me ensaboei, saindo logo após. Era tão bom tomar banho, parecia que estava tirando as impurezas do corpo, como se a água levasse consigo todo o peso de cada palavra, toque, pensamento... Cada pecado interno estava indo para o ralo.
Me sequei e coloquei uma roupa qualquer, pegando o secador e secando meus cabelos cor-de-ouro. Em minha mente estava o fato de que eu não voltarei tão cedo para ver Alasca, assim como tinha prometido. Na verdade, iria demorar para que isso acontecesse, mas a saudade dentro de mim estava enorme. Resolvi pegar meu celular e discar para o número da casa da vovó.
— Alô? — Reconheci imediatamente a voz de Alasca, e meu coração bateu aceleradamente. Embargada pelo choro, respondi.
— Oi, Alasca.
— Meri? É voxe? — A manha tomou conta de sua voz, e eu chorei ainda mais. Era inevitável.
— Sim, sou eu, America — Respondi.
— Puque voxe ta cholando, Meri? — Eu achava uma graça quando ela fazia aquela voizinha, e tinha vontade de mordê-la todinha.
— Por que a Meri está com saudades de você, Alasca — Ouvi sua risada gostosa.
— Alasca também tá com sodadi — Sorri. — Quando voxe vai voltá? — Perguntou.
— Em breve, meu anjo — Suspirei — Promete que vai se cuidar? Nunca vai deixar ninguém te fazer mal? Não vai entrar em carro de estranhos e nunca dar bola para alguém que não conheces? Alasca, a Meri precisa que você se cuide muito bem para que em breve possamos ficar juntas, tudo bem?
— Tutu bem, Meri. Si aguem tentar chegar pertu da Alasca, ela vai dar um chute!! — Gargalhei com o que ela havia falado.
— Ótimo! Eu tenho que desligar, ok? Amo você demais, minha pequena. — Disse, com toda sinceridade.
— Amo voxe muitu maix! — Riu — Tchau, Meri.
— Tchau, baby — E a ligação havia sido encerrada.
Ataquei o celular na cama e comecei a chorar ainda mais. Eu tinha que sair daqui logo, por mim e por Alasca. Ela não pode crescer sem mim, afinal, já não tem os próprios pais do lado. Eu não podia abandoná-la.
Desisti de terminar de secar meu cabelo e desliguei o secador, deitando em seguida em minha cama. Que saudades que eu estava da minha antiga vida. Perder os pais é uma dor que nunca sara, nunca tem fim, nunca passa...
Points Of View Justin Bieber
Depois de conseguir me livrar de Rebekah, corri até minha casa. Isso mesmo, não fui para o quarto de América, não fui para o colégio: fui para casa. Aquele caderno azul que estava em minhas mãos era o passaporte de Rebekah para a cadeia, ou até mesmo para o inferno.
Estacionei o carro na garagem e entrei em casa, indo direto para meu quarto e me trancando no mesmo. Hora da verdade! Abri a primeira página do diário, onde estavam escrito as seguintes palavras:
"Finalmente fui tirada da rua. Um homem me ajudou, junto com sua mãe. Justin e Patrícia, boas pessoas que se importaram com uma mendiga como eu! O que eu fiz na rua já não importava mais... Era uma nova vida." Foi escrito em 5 de março de 2012, exatamente o mesmo dia em que a encontramos na rua.
Passei mais algumas páginas, onde estavam escritos coisas bobas, como o dia que a levamos ao shopping para comprar roupas novas, ou a primeira vez que ela havia ido ao Mc Donalds. Ela era doce nas palavras, mas de uma hora para outra, o modo que ela falava começou a mudar.
Dia 18 de dezembro de 2012. "O natal está chegando, e infelizmente eu vou ter que passar as festas com esse povo hipócrita e ridículo! Eu já estou cansada do Jeremy, da Patrícia e da vagabunda da Jazmyn. À única pessoa que ainda me desce é Bieber, afinal, eu o amava. De resto, pode botar fogo na casa com eles dentro!"
Arregalei os olhos com aquilo. Rebekah já odiava minha família a muito tempo, e eu fui idiota o bastante de nunca ter percebido.
Dia 14 de novembro de 2013. "Por que eu havia feito isso? Eu sou um monstro! O que a droga faz comigo é horrível... Meu Deus, por quê?" Era só o que havia escrito daquele dia. Passei outra página, e estava em branco. As cinco seguintes estavam assim, mas havia uma que estava escrita.
"Justin fez uma brincadeira idiota com um garoto do colégio deles. Vi exatamente o momento que ele saiu da vã e um carro o atropelou. Claro que eu vi, era eu quem estava dirigindo aquele carro!"
Rebekah matou Rogers? Meu Deus, o que mais eu poderia esperar dela? Ela sempre foi um monstro. Eu e minha família fomos trouxas de acreditar em sua palavra. Passei as páginas mais uma vez, até que uma me chamou bastante atenção. Era bastante recente, de alguns dias atrás, sua última escrita.
"Por todos esses anos eu tentei esconder, mas eu preciso desabafar. Não tenho ninguém para fazer isso, então vai ser com você, querido diário. Eu voltei a me envolver com as drogas a alguns anos, e voltei para o tráfico. Na verdade, só me livrei disso nos primeiros seis meses na casa dos Bieber's, mas logo voltei. Conheci um homem enquanto estava nas minhas passadas em boates em que trabalhava como prostituta. Era um professor, Ian Somerhalder é seu nome."
Comecei a tossir, havia engasgado com minha própria saliva. Ela já conhecia Ian a muito tempo pelo visto. Rebekah era uma falsa. Resolvi continuar minha leitura, com meu coração acelerado, imaginando o que mais ela poderia ter feito.
"Ele me encheu de presentes, carinho, beijos... Eu me apaixonei na hora, e nem me lembrava mais de Justin. O homem que me ajudou estava sendo esquecido. Ian era um bom homem, ou pelo menos demonstrava ser, até o dia em que eu estava com outro homem e ele entrou no quarto e matou o homem, batendo em mim até que desmaiasse. Quando acordei, minhas pernas estavam todas machucadas e sangue escorria pela minha vagina: ele me espancou até que eu perdesse a consciência e depois me estuprou."
O ódio começou a me consumir por completo, e eu só tinha vontade cada vez mais de matar Ian. Como ele conseguiu enganar América por tanto tempo? Como Rebekah caiu na lábia desse monstro?
"Quando eu acordei, o encontrei chorando. Ele disse que estava arrependido, que havia sido efeito da droga e que me amava. Prometeu nunca mais fazer aquilo. Eu, como uma trouxa apaixonada, aceitei aquilo. Mas ele nunca parou, todo dia eu apanhava e ai de mim se contasse para alguém. O homem que eu aprendi a amar, agora estava fazendo com que eu o odiasse! Ele me espancava, me estuprava, me cortava... Lembro de um dia que eu quase morri engasgada com seu pênis em minha garganta, enquanto ele me enforcava. Depois começou a me estuprar e tudo o que eu conseguia fazer era chorar. No outro dia ele pedia desculpas de novo e tudo ficava bem... Ou quase isso. Um belo dia, ele chegou com um papo de estar namorado e me mostrou a garota. Disse que não queria que eu chegasse perto dela, e que jamais me perdoaria se eu até mesmo a olhasse torto. Perguntei o porquê e ele disse que era porque ela vinha de uma família extremamente rica e queria roubá-los para poder fugir comigo e com o dinheiro. Eu acreditei, mas depois descobri que ele estava mentindo. Ele amava a garota, não eu. Em um ato de maldade, depois de anos sendo enganada por Ian, eu fiz a pior coisa que eu já poderia ter feito: Armei um acidente de carro para a família da garota e matei os pais dela. A intenção era matá-la, mas ela foi a única que sobreviveu. Ninguém sabe disso, nem Ian, apenas eu."
Meus olhos se encheram de lágrimas, não podia acreditar que Rebekah me enganou por todo esse tempo. Não podia acreditar que ela era a responsável por isso! Eu nunca imaginaria que ela fosse esse monstro. Ela havia acabado com a vida de América bem antes de conhecê-la.
"Eu me arrependo muito disso, mas eu estava louca de amor, até mesmo doente! Eu amava Ian de uma forma inexplicável, mas não podia tê-lo, então eu queria matar aquela que podia estar com ele. Não obtive sucesso, mas eu não parei por ai. Um tempo depois, a garota entrou em meu colégio, e vê-la todo dia estava acabando comigo. Eu sabia que ela e Ian ainda estavam juntos, então eu a odiava imensuravelmente. Um tempo depois, eu esfaqueei a garota, mas fiz todo mundo acreditar que era porquê ela se aproximou de Bieber. Eu tinha que fazer todo mundo pensar que meu ciúmes era por causa do Justin, e assim foi feito. A vagabunda não morreu, e infelizmente eu ainda terei que tentar fazer isso novamente. Não descansarei até matar América, tendo Ian para mim. Ele não vai ser de mais ninguém! América não perde por esperar, e a próxima vítima será sua irmã Alasca."
Minha boca se abriu em um perfeito "O". Eu não acreditava no que havia acabado de ler, mas precisava agir. Eu tinha que fazer Rebekah sofrer por tudo que havia feito. Ela e Ian Somerhalder iriam pagar muito caro por tudo que causaram na vida da América.
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