História Auditory Hallucination - Suspeitas e um encontro

Suas palavras ecoavam em minha cabeça e eu ainda permanecia sem reação alguma fazia uns minutos. Era a primeira vez que eu não sabia o que dizer em uma situação.

— Ei, o gato comeu a sua língua?

Um garoto bem alto e com um rosto sem expressão cortou minha linha de raciocínio e eu voltei a realidade, pude perceber a cara que Baekhyun fazia quase se explodindo de tanto segurar as risadas. E ele não era o único.

Taehyung segurou meu braço firmemente e me puxou um pouco para perto dele, encarando os garotos em nossa frente. Ele parecia conhecê-los mas, não disse uma palavra sequer. O que foi bem estranho visto que ele e Baekhyun se encaravam de um jeito muito suspeito.

— Senhorita Yerin, está quase na hora da viagem do seu avô, deve se despedir dele agora.

— Eu sei. — minha voz saiu receosa, mas logo me recompus virando de frente para Baek e cia. — O que quis dizer com já me viu antes?

— Finalmente abriu a boca, pensei que fosse muda. — ele riu soprado. — Você é a garota transferia da escola, certo? O seu avô é o Sr. Shin?

— Sou e sim, ele é.

Meu avô é CEO de uma empresa grande da Coreia, toda a classe de "ricões" do país tinham obrigação de conhecê-lo e sempre corriam atrás dele para ter marketing. Ser neta dele era bem cansativo e sempre evitei das pessoas saberem, tanto que só agora, quando voltei para Seul, que fiquei mais próxima dele. Essa vida não é para mim.

— Interessante. — baekhyun mordeu seu lábio e deu alguns passos à frente, ficando apenas poucos centímetros de distância de mim. — Acho que precisamos ter uma conversinha, só nós dois.

— O quê? Não temos nada pra conversar, se me dá licença.

Me distanciei dele na primeira oportunidade, estranhando o que ele acabara de dizer. Porém, Baekhyun me segurou pelo pulso e me puxou de volta para o mesmo lugar que estava antes, ainda mais perto.

 — Yerin, não é? Então, Yerin, quem disse que não temos nada pra conversar? Poxa, que vacilo.

 Ele fingiu um beicinho de indignação que o deixou fofo. Bufei, sorrindo de lado, e o fitei soltando meu pulso de sua mão.

 — Eu realmente não estou nem aí pro seu assunto e nem para o que você acha. Por que não vai com seus cãozinhos seguidores atrás de algo melhor pra fazer hein?

— Como? — Baekhyun parecia não acreditar no que eu tinha dito, e vi seus amigos ficarem com fogo nos olhos. Não pude conter uns risos.

— Yah, cãozinhos? Quem você pensa que é?

— Cala a boca, Sehun. Parece que nossa amiguinha aqui não gosta muito de socializar.

Seu rosto era indecifrável. Ele não continha mais o sorriso de antes, estava mais sério que nunca, mas não parecia assim tão afetado e nem com raiva como os amigos deles aparentavam.

— Se for pra socializar com um de vocês, prefiro morrer de depressão sozinha numa ilha deserta. Bem longe de vocês.

Agora foi a vez de Taehyung soltar uma risada abafada. Ele estava quieto esse tempo todo só observando. 

Dessa vez isso pareceu ter afetado Baekhyun, que fechou os punhos e lançou um olhar mortal para Taehyung, logo voltando-se para mim outra vez ao desfazer sua expressão e pôr aquele sorriso irritantemente sexy de novo.

— Seria bem melhor se fosse nós dois nessa ilha deserta, fazendo brincadeirinhas educativas, não acha?

Taehyung me puxou antes que eu pudesse dizer qualquer coisa. Tratou de ficar bem na minha frente, fitando Baekhyun, o qual apenas voltou a pôr as mãos no bolso da calça e abaixar a cabeça.

— Vamos, galera. O ar aqui tá meio contaminado.

Baekhyun ditou com a voz calma e levantou a cabeça quase lançando fogo pelo olhar até Taehyung, que permanecia do mesmo jeito.

Os três deram meia volta e saíram dali. Taehyung relaxou mais e soltou um suspiro de alívio, virando-se para mim e me observando de todos os ângulos até levar sua mão para meu pulso tendo a certeza que eu não tinha me machucado com a força de Baek.

— Todo mundo. Atenção, por favor. Queria deixar aqui umas palavras antes da minha viagem.

Meu avô estava com um microfone no meio do salão. Imediatamente ao ouvirem sua voz, todo mundo virou-se para ele e fizeram o maior silêncio. Ele então prosseguiu com seu discurso breve, olhei ao derredor e meus olhos pararam em Baek que estava me encarando. Que timing perfeito esse meu, viu.

Ele percebeu que eu o observava e sorriu logo formando um bico nos lábios mandando um beijo e piscando para mim. Ri abafado e sorri de canto, ignorando ele para voltar a prestar atenção no discurso.

— Era só isso que queria que todos soubessem. Ah, e claro, quando eu voltar, terei uma grande surpresa, uma não, várias, para compartilhar com todos. É isso.

Assim que terminou suas falas, meu avô foi aplaudido pelo salão e a festa foi acabando aos poucos. Eu não via a hora de poder ficar aproveitando meus 4 meses livre, leve e solta. 

                              [...]

— Mas o que está acontecendo aqui?

Era o diretor. Eu havia acabado de chegar na escola. Várias pessoas estavam reunidas no corredor principal que dava acesso direto para minha sala de aula. Estava um tumulto muito grande quando me aproximava, assim que a voz do diretor foi ouvida, o silêncio reinou ali.

Minhyuk e Sehun estavam no meio do corredor, com os cabelos desgrenhados e as roupas levemente amassadas. Eles se afrontavam com os olhos e mantinham os punhos fechados. Só de olhar, já sabia do que se tratava. Outra briga.

O diretor caminhou furioso até eles. Ele sempre fica assim quando o Minhyuk apronta - ou seja, todos os dias. 

Avistei Naeyeon de longe. Assim que me viu, ela fez um sinal com as mãos e veio em minha direção, se aproximando com cuidado.

— Mais uma briga desses dois. Eles ainda vão se matar um dia. — Naeyeon não tirou os olhos de mim. 

— Não é nenhuma novidade. — ditei observando os dois ali no centro.

— Realmente isso é verdade. Mas, dessa vez teve um diferencial.

— Eles sempre brigam por aí, o que tem de mais nisso?

— O motivo.

— O motivo? Como assim? Pensei que eles se odiassem e qualquer coisa fosse um motivo para saírem nos socos. 

O diretor e os dois arruaceiros foram para a diretoria e os corredores começaram a se esvaziar.

 — Você tem razão. Só que dessa vez é um motivo bem diferente do comum.

— Que seria...?

— Você.

— Quê? — tropecei e quase cai de cara no chão. Na verdade, eu já estava de cara no chão, não de forma literal. 

Eu havia sido o motivo da briga? Não conseguia entender.

— Isso mesmo que você ouviu. Parece que o Sehun falou alguma coisa sobre você que deixou o Minhyuk uma fera e boom, um soco no rosto.

Estranho, muito estranho. O que o Sehun falou para deixar o Minhyuk alterado desse jeito? Claro que nos tornamos amigos, e se defende os amigos, mas a ponto de sair aos tapas? Deve ter sido algo bastante ruim.

Provavelmente, Sehun disse algo por estar com raiva de mim pelo que eu disse na festa de ontem.

— Você... conhece o Sehun?

Já estávamos na sala quado a Naeyeon me fez essa pergunta. Ela me olhava um tanto curiosa passando a caneta pelos lábios rosados de batom.

— A única coisa sobre ele que sei é que é um idiota do grupinho daquele outro imbecil. Por que?

— Ah... por nada. Nada não. — ela sorriu desconfiada e se ajeitou na cadeira vendo o professor chegar na sala. 

 A sala estava um pouco vazia hoje, Minhyuk e Sehun provavelmente ainda estavam na diretoria. Algumas pessoas dormiam e outras tantas haviam faltado. Mais uma observação, Baek e o outro garoto não tinham chegado ainda.

As duas primeiras aulas pareciam eternas, pensei que o sinal tinha quebrado ou algo assim. A porta se abriu e junto com o professor JiHong, Sehun, Baek e o terceiro que ainda não sei o nome entraram na sala, mas nenhum sinal de Minhyuk. Os três exibiam sorrisos enormes em seus rostos, como se nada tivesse acontecido. Sehun me fitou e seu sorriso logo sumiu. Baekhyun bateu em seu peito num gesto de amigos como se fosse um alerta e andou até seu lugar.

No meio do caminho, ele parou exatamente ao lado da minha carteira. Merda.

 — Ei, novata.

 Mil vezes merda. 

Ele bateu a mão na minha carteira e inclinou o corpo, logo apoiando o cotovelo sobre a mesinha e ficando com o rosto em uma altura proporcial ao que o meu estava.

— Perdeu alguma coisa? — retruquei sem desviar do seu olhar intenso. Ele apenas riu debochado, sorrindo de canto.

— Seu amiguinho parece que tá bem encrencado dessa vez. 

Ele estava falando de Minhyuk. Era certeza. Fitei Sehun que nos olhava emburrado e suspirei. Baekhyun se virou para trás e chutou de leve a cadeira do lado.

— Vaza. — um garoto que estava sentado nessa cadeira se levantou bem rápido e saiu um tanto amedrontado.

Baekhyun puxou sua cadeira e colocou mais próxima da minha, sentando nela ao contrário, de frente para mim. Ele cruzou os braços e os colocou nas costas da cadeira, apoiando ali sua cabeça.

— O que tá fazendo? Você é doido? — fiz minha melhor careta de indignação.

— Você é amiga do Minhyuk?

— Te interessa?

— Que agressiva. — ele fez uma carinha triste.

— Será que dá pra você sair e parar de encher o saco?

 — Não dá. Tô gostando disso.

 — Baek... — Sehun interrompeu e não parecia feliz.

— Não me atrapalha. — Baekhyun ditou sem nem olhar para ele. O moreno mantinha os olhos grudados em mim, atento. Sua expressão de playboy me irritava.

Entrei na brincadeira e cruzei os braços apoiados na mesinha, tal como ele estava fazendo, e aproximei mais o rosto, sorrindo fechado.

— Vaza.

Imitei o que ele tinha dito ao garoto mais cedo, e o mesmo riu bem alto chamando a atenção de todo mundo da sala, não que precisse, todos já nos olhavam curiosos desde o começo.

— Para de fazer gracinha. Assim eu vou me apaixonar, hein.

Ele mordeu o lábio inferior e tombou a cabeça para o lado. Meu Senhor, me salva.

— Crianças, de volta aos seus lugares. Vamos, vamos. Sr. Byun por favor.

O Sr. JiHong finalmente terninou de fazer sei lá o que na sua mesa e mandou todos de volta aos seus lugares. Porém, Baek apenas virou a cadeira e se sentou ainda ao meu lado. O outro garoto por sua vez sentou-se onde Baekhyun sentava, ficando entre outras duas cobras.

Não acredito que ele tinha mesmo sentado ali. Bufei. Baekhyun no entanto ouviu e sorriu como se fosse um parque de diversões.

 — Vai me olhar a aula toda, linda? Assim me deixa tímido.

 Ele me fitou de volta todo fofo. Sua ironia beirando o irritante. Ele tinha o dom de saber fazer isso muito bem. Um talento nato. Parecia que minha paz durante aquele primeiro mês de escola finalmente iria para o fundo do poço de vez.

POV Baekhyun

Que sensação maravilhosa era aquela? Primeira garota que ao invéz de querer me dar, ficava irritada com toda investida minha. E eu não conseguia ficar com raiva. 

Era bem divertido, por sinal. Estimula o meu lado competitivo. 

 Ela me evitar estava me deixando louco. Meu orgulho me fazia querer tê-la pra mim, fazê-la minha. Principalmente por saber que aquele idiota do Minhyuk também sentia atração por ela.

Eu não conseguia parar de sorrir e dar umas risadas de vez em quando, pensando em tudo isso.

— Quero que façam duplas para um trabalho. Vão entregar na próxima semana, sem falta. Ouviram?

Blah, blah, blah. As besteiras do professor JiHong começaram. Ele sempre passa trabalhos bizarros ou cansativos, um saco. Mas formar duplas era atrativo. Aquilo me serviria para alguma coisa, pela primeira vez.

Olhei de relance para Yerin que tagarelava com a nanica da Naeyeon. Provalvelmente as duas formariam uma dupla, tinha que dar um jeito de formar dupla com a Yerin.

 — Professor. — levantei o braço chamando o professor JiHong que bufou e fez uma careta quando viu que era eu. Deve ser felicidade em me ver, com certeza.

 — O quê, Byun? 

— O senhor não achar que deveria formar as duplas por fila? Parece tudo tão bagunçado. Tudo misturado e sem ordem.

Usei minhas cartas na manga. O professor JiHong tinha TOC. Ele era compulsivo quando se tratava de organização.

— Ah... Er... Turma. Vamos fazer como o Sr. Byun sugeriu, por incrível que pareça algo de útil veio dele.

Apelou.

— As duplas vão ser divididas por fila, nesse caso, exemplos: Suna e Lee, Jay e Dahee, Baekhyun e Yerin...

— O QUÊ?

Levei um susto da porra, mas funcionou. Yerin se levantou pasma e incrédula, até o professor se assustou com o jeito que ela fez, batendo com as duas mãos na carteira. Maravilha.

— Algum problema, Srta. Shin?

— Não, é que... professor, eu... não posso simplesmente fazer dupla com a Naeyeon?

— Já está tudo certo, fará dupla com o brilhante Baekhyun. — ele fez ênfase no brilhante. Inveja.

— Mas...

— Nada de mas, sente-se por favor. Irei explicar o trabalho.

— Ora ora, quem é que vai se reunir comigo, à sós, como dupla até a próxima semana? Hein?

— Não acredito nisso. — ela se sentou me fuzilando com os olhos.

— Meus pêsames. — Naeyeon cochichou para Yerin.

— Cala a boca, nanica. Por que você não se matou daquela outra vez pra nos poupar de te ver todo dia, hein?

  — YAH!

Yerin se levantou como da outra vez, mas dessa vez o grito dela foi mais alto, parando toda a sala.

 — Como pode dizer algo assim? Esse é o quão babaca você consegue ser ou piora com o tempo?

Ela realmente parecia com raiva. Dei de ombros. Não falei nada demais, nem foi para ela, por que se importar tanto? É uma idiota mesmo.

— O quê? Ficou com raivinha pelo que falei pra sua amiga anã aí? Que amizade linda.

— Seu imbecil. Quem você pensa que é?

— CHEGA! Para fora de sala, agora!

— Mas professor, foi ele que...

— Se ferrou, novata. — ri, cruzando os braços e esticando as pernas.

— Para fora, os dois!

— O quê?! — foi minha vez de gritar. 

— Eu disse para fora, agora. — professor JiHong apontou para a porta da sala. Algumas pessoas estavam boquiabertas enquanto outras seguravam as risadas. Malditas.

Yerin deu passos pesados até a porta, furiosa. A nanica continuava sem reação, Sehun estava sério demais enquanto Jungkook me mandava um joinha com a mão direita.

Caminhei até a porta colocando as mãos no bolso. Isso já havia se tornado um hábito.

 — Você... faz isso de propósito não é?

— O quê? Você que gritou, sua doida. 

— Babaca.

— Vai me culpar pela sua genialidade de gritar em uma sala de aula?

— Quem foi que me fez gritar?

Aish, que irritante. Ela é mais teimosa que o Jackson.

Dei de ombros, aquela era uma boa oportunidade para azarar Yerin e a gente se pegar ou para eu irritar ela ao menos, e não o contrário.

— Tanto faz.

— Olha, não me importo se você gosta ou se ser expulso de sala é um "tanto faz" pra você, mas pra mim não é.

— Jura? Awn. Novata, você foi expulsa por culpa sua.

— Não, foi por causa da sua babaquice. Como pôde falar aquilo? Você é humano?

— Eu não falei nada de mais. — tirei as mãos do bolso.

— Brincar e tirrar sarro da vida das pessoas, é nada de mais pra você? Suicídio é algo sério e...

— Que chato.

Interrompi o que ela dizia e me aproximei brutalmente, a empurrando contra a parede do corredor. Eu a tinha pego de surpresa. Yerin estava com os olhos arregalados e sem reação.

Toquei uns fios bagunçados de seu cabelo e os coloquei atrás da orelha, abrindo uma ampla visão de seu rosto. Sua feição era delicada, observei seu rosto atentamente e ela era de fato linda. O nariz gordinho combinava com as bochechas cheinhas, os olhos negros eram intensos e felinos. Senti uma tempestade de sentimentos diferentes aflorando dentro de mim ao mesmo tempo. Deslizei a mão por sua cintura até sua coxa descoberta e aproximei meus lábios dos seus, apenas os encostando. 

Aquela garota me excitava de um jeito inexplicável, não sabia como ela fazia isso sem nem ao menos se mexer.  

Era oficial, eu precisava fazê-la ser minha. 

                         POV Yerin

Tudo o que eu queria naquela hora era jogá-lo penhasco a baixo. Ele era de longe, o maior babaca que já conheci na vida. Não sabia o que houve com a Naeyeon, mas ele sabia e usou isso da pior maneira. Aquilo me deixou com ódio. Mandar uma pessoa se matar assim, sem mais nem menos. Imbecil.

— Brincar e tirrar sarro da vida das pessoas, é nada de mais pra você? Suicídio é algo sério e...

— Que chato.

Antes que eu terminasse de dizer o que queria, ele me empurrou contra a parede me deixando totalmente sem reação.

Baekhyun pôs uma mecha do meu cabelo atrás da orelha e ficou muito perto. Perto demais. Quase encostando nossos lábios. Sua mão desceu até minha coxa e isso me causou um frio na barriga.

Estávamos nós dois ali, no meio do corredor vazio, apenas a alguns metros de distância da nossa sala. Baekhyun estava praticamente em cima de mim e eu sentia sua respiração tocar meu rosto de forma ofegante. Qualquer um que passasse ali nos veria e, ao pensar nessa possibilidade, tentei empurrar ele de imediato, mas suas mãos foram mais rápidas e prenderam meus pulsos.

— Por que a gente não... se diverte um pouco? — era óbvio seu olhar fitando minha boca, um tremendo casanova pervertido.

— Por que você não cala a boca e me solta?

— Ah, qual é. Vai dizer que não quer?

— Vou. Não quero. Agora me solta.

— Acha que vou te soltar só porque você quer?

 — Não vai? E assim, vai?

Pisei em cheio no seu pé com toda a força que pude, e bom, funcionou. Baekhyun se afastou choramingando e resmungando uns palavrões enquanto dava pulinhos em um pé só.

— Aí! Você é louca, garota?! Ainda esse sapato é novo, maldição...

Não pude me conter e comecei a rir alto, tanto que tapei a boca com as duas mãos e respirei fundo.

— Se me dá licença, eu vou atrás de algo pra fazer, bem longe de você.

— Você... aí porra, isso doeu.

— Sorte sua que não fiz mais forte. Tchau.

— Ei novata, volta aqui!

Baekhyun veio mancando,  tentando acompanhar meus passos. Andei mais rápido apesae de nem saber para onde estava indo. O que não funcionou muito bem, já que ele parou de mancar e me acompanhou.

— Vaza.

— Essa é a unica palavra que sabe? 

— Não enche. — revirei os olhos. 

— Você sabe pra onde tá indo?

— Nem ligo.

— É sempre meiga assim?

— Só com gente idiota mesmo.

— Coitado do Minhyuk então.

— Ao contrário de você, o Minhyuk é legal, um amorzinho, fofo e não, não é idiota. Você que é.

— Nossa. Eu sou a pessoa mais fofa e amorzinho que esse mundo já viu. Minhyuk é um idiota arruaceiro.

Parei de imediato e o encarei com faíscas nos olhos. Se pudesse fazer um desejo agora, só um, desejaria que esse teto caísse na cabeça dele.

— Aliás, por que só o Sehun voltou para a sala hoje e o Minhyuk não?

Isso era bem estranho, os dois brigaram, se um ficou o justo era que o outro também. E depois os três vieram para a sala na mesma aula e já tinham se passado duas aulas, não pode ser só coincidência.

— Ele foi expulso.

— O quê? Não pode ser...

Baekhyun falou de um jeito calmo como se não fosse nada. Colocou as duas mãos nos bolsos da calça e saiu andando normalmente. Segui logo atrás, queria uma resposta decente e mais verdadeira. Me recusava a acreditar nisso.

— Por que se importa com ele? Você só fala com o paspalhão faz um mês, não o conhece de verdade. Ele é realmente um idiota.

— Um mês ou um século, ele é meu amigo agora e foi por minha causa essa briga, afinal. — murmurei a última parte para que ele não ouvisse.

— Você nem sabe se ele te considera como amiga. E outra, por que "sua causa"?

— A Naeyeon disse que o Sehun falou algo de mim e o Minhyuk me defendeu, como amigos fazem.

— Que trouxa. Amigos né, pra ter partido pra briga... Suspeito.

— Mas por que só o Minhyuk foi expulso? E o Sehun? Ele não brigou sozinho.

Baekhyun parou de andar e se virou para mim, ficando à minha frente e impedindo que eu continuasse a andar.

— Ele não foi expulso, novata. Ele só tá pagando a detenção da semana. Aigoo.

Deixei escapar um suspiro de alívio. Minhyuk era especial para mim ali, já me ajudou em bastante coisa e foi minha primeira amizade nessa escola, sem falar que foi um amor comigo.

Baek bufou e continuou a andar mais a frente enquanto fiquei parada no mesmo lugar. Meus pensamentos estavam focados em Minhyuk. Um dia de escola sem ele era chato e com Baekhyun por perto só piorava tudo. Eu tinha que descobrir onde ficava a detenção para ir vê-lo. Mas, como?

— Se estiver pensando em ir atrás dele, nem tente. Se você chegar perto da sala de detenção, vai pegar detenção também. É tipo contagioso, sabe? Então não.

— E como sabe disso?

— Experiência própria. Vai por mim.

— Merda.  

 
                              [...]

— Finalmente em casa, finalmente paz!

Assim que cheguei em casa joguei os sapatos em qualquer lugar e me esparramei sobre o sofá da sala de estar, cantarolando alguma música qualquer até escutar uma risada de Taehyung. É uma das risadas mais gostosas de se ouvir e de ver também, só para constar.

— Senhorita Yerin, deveria descansar no quarto.

Ele sorriu sem jeito. Estava todo de terno preto, gravata borboleta e os cabelos cor de mel desajeitados.

— Você vai morar aqui nesses 4 meses, certo?

Me levantei do sofá e parei em sua frente, o olhando de todos os ângulos possíveis e pensando - que manjar dos deuses esse homem era - em como ele estava bem vestido demais para ficar em casa. 

— Hã? Ah, sim, irei. Por quê?

— Porque você deve parar de me chamar de "Senhorita" ali, "Senhorita" lá. Temos quase a mesma idade, não precisa ser tão formal.

— A Senhorita é a neta do meu chefe, preciso manter as formalidades.

— Senhorita não, Yerin. Nada de honoríficos. E seu chefe não vai aparecer por aqui nem tão cedo. Então, me chame de Yerin e vá trocar essas roupas, pode ficar mais a vontade. Essa é como sua casa agora. 

— Mas senhorita...

— Yerin, repete: Yerin. 

Soletrei para ele que ficou um pouco envergonhado. Taehyung sempre estava formal, tudo bem que aquele era o trabalho dele, mas agora está morando aqui e não posso deixá-lo 24 horas por dia empacotado em um terno preto e sem graça.

— Yerin. Ok, tudo bem. Vou diminuir as formalidades, mas apenas um pouco, ouviu?

— Ótimo. Agora troque essas roupas, já enjoei de te ver todo dia do mesmo jeito.

Ele riu e afagou meus cabelos pondo uma das mãos no bolso do terno e caminhando em direção às escadas do 1° andar, onde ficavam os quartos. Me sentei no sofá e olhei em volta. A casa parecia ainda maior sem a presença de todos os outros funcionários, já que foram dispensados, exceto a zeladora e o cozinheiro. Ali haviam 6 quartos, sendo um deles do meu avô e um meu, agora mais um do Taehyung. Tinha uma piscina grande e um jardim com plantas de todos os tipos.

Tinha tudo, menos algo que eu quisesse fazer. Precisava passar o tempo, então liguei o som e o conectei ao meu celular com um cabo colocando alguma música qualquer.

 — Vai explodir a casa com um som dessa altura.

Taehyung descia as escadas rindo e parecia bem mais confortável usando um shorts grande e uma camisa polo. Me distrai por alguns segundos o olhando de baixo para cima e ele percebeu, já que vi um rubor aparecer em suas bochechas.

— Essa casa precisa de uma animação, ué.

— Eu não sabia que a senhor... você, era tão espontânea. Quando chegou em Seul parecia bem mais calada.

— Ah... quando cheguei em Seul faz bastante tempo. Ainda lembra?

— Um pouco.

Morei mais da metade de minha vida em Busan e não foram os melhores momentos dela. Eu ainda carregava mágoas, pesos do passado que eu não conseguia esquecer e que vinha a minha mente vez ou outra.

Minha mãe morreu quando eu tinha uns mais de 6 anos. Meu pai... bom, não tenho muito o que falar dele. Queria apagar tudo aquilo da minha mente. Precisava sumir daquele lugar, mas parece que o lugar não sumiu de mim e fazia questão de me lembrar disso a cada dia.

Bom, não é algo digno de conhecimento, mas minha vida foi um pesadelo até 3 anos atrás, quando mudei para Seul. Fiz terapias severas e acabei sabendo lidar com certas coisas, mas a qualquer momento eu ainda podia ter uma crise, de fato.

— Yerin?

Taehyung me acordou do êxtase momentâneo. Olhei para ele de relance e o mesmo havia sentado no sofá.

— Tae... posso te chamar assim né?

— Claro. O que houve?

Ele sorriu de maneira fofa e esticou os braços e pernas.

— Você conhece Baekhyun?

Não sei de onde veio aquela pergunta, simplesmente saiu de minha boca. Tudo bem que eu estava curiosa sobre aquilo desde a noite passada, mas foi como se a pergunta tivesse pulado fora da meus lábios por vontade própria.

— Baek...hyun? Por que quer saber?

— Vocês pareciam se conhecer ontem. Ele estuda na minha sala.

— Yerin, fica longe dele.

Taehyung me olhou sério, muito sério. Sua expressão havia mudado totalmente. Queria saber o porquê daquilo tudo, Baekhyun é odiável e faço questão de ficar longe, mas é bem suspeito o Tae agir daquela maneira. Será que os dois tinham um histórico de brigas, assim como com o Minhyuk?

— Posso saber o porquê? —  indaguei ansiosa.

— Ele não é boa influência pra você, aliás, ele é péssima influência.

— De onde você o conhece? Afinal, você é mais velho que ele, não podem ter estudado juntos.

— Realmente preciso contar? — ele bufou, escorando as costas no estofado em cinza clássico.

— Só se quiser.

Me sentei ao seu lado colocando os cotovelos sobre as pernas e apoiando minha cabeça sobre as mãos. Era óbvio que eu queria que ele contasse, parecia ter uma longa história por trás daquilo.

— Aish, tudo bem. Então. Baekhyun é afilhado da minha madrasta. Moramos juntos quando ele fazia o fundamental e ele já era bem irritante nessa época. — Taehyung falava com ódio, olhando o chão o tempo todo. — Vivíamos brigando e brigando, já coloquei fogo no cabelo dele.

Nessa hora ele tirou a expressão de ódio do seu rosto e caiu em risadas, possivelmente lembrando da cena, não me contive ao pensar em Baekhyun com o cabelo pegando fogo e soltei uma risada alta.

— Ele deve te odiar muito por isso. — ri, fitando o maior.

— Também o odeio. Mas você precisava ter visto, ele usou gorro por semanas, até mesmo peruca. Foram os meus dias de glória.

Imaginei Baekhyun usando peruca. Tive que tapar a boca para conter as risadas.

— Ah, acabei de lembrar...  Tenho que fazer um trabalho da escola com esse babaca. Acredita que ele fez o professor mudar as duplas?

— Ele fez? Espera, o quê? Vocês vão fazer um trabalho juntos?

— Pois é. Ainda fui expulsa da sala por causa desse encosto. — murmurei me levantando do sofá.

— Espero que ele não cause problemas. Toma. Quero que use isso se ele tentar algo.

Tae se levantou de repente e tirou algo do bolso, puxando minha mão e pondo ali um spray de pimenta. Ele parecia bem preocupado e eu só consegui rir daquilo.

— Por que você tem spray de pimenta no seu bolso?

— Sou seu guarda costas, lembra? Sou prevenido.

Coloquei o spray de pimenta no bolso do sobretudo e percebi que ainda estava de uniforme e tênis. Que vacilo. Já estava quase anoitecendo e eu ainda não tinha me trocado.

— Por que não vai tomar um banho e descansar? Deve ter sido cansativo na escola.

— Tem razão. Foi bem estressante.

— Sendo da mesma sala que o Baekhyun, não duvido.

— Exatamente. — ri abafado e o fitei — Vou tomar um banho e ir dormir, se importa de ficar sozinho essa noite?

— Claro que não, sempre fico mesmo. — falou baixo, mas acabei escutando.

— Desculpa... Ainda é cedo, se quiser sair com amigos ou algo do tipo, pode ir.

— Tá tudo bem, Yerin. Pode ir descansar, vou ficar numa boa.

Ele deu seu maravilhoso sorriso quadrado, enquanto eu subia as escadas indo até meu quarto para tentar ter uma boa noite de sono, só tentar mesmo, como sempre.

    

                            [...]

Acordei bem cedo com o despertador tocando bem em baixo do meu ouvido. Desci já arrumada para a escola e já pronta para tomar o café da manhã quando avistei Taehyung ajudando a pôr a mesa. Tinham algumas frutas e pães, um suco também entre outras coisas que faziam minha barriga roncar.

— Suco de laranja?

O de cabelos escuros levantou um copo cheio de suco e o balançou de leve para mim, me entregando o mesmo.  

— Obrigada. — dei um gole.

— Então, já está atrasada.

— Ainda faltam 5 minutos.

— Você lembra que demoram 30 minutos daqui até a Harlim School, né?

— Porra. — enfiei um pão com manteiga todo na boca e corri segurando a mochila que estava nas costas em direção ao carro vendo Taehyung ficar parado.

— O que tá fazendo? Vem logo!

Gritei, fazendo o outro correr até o carro também. Eu teria que conversar sério hoje com Baekhyun, o trabalho seria próxima semana e ia ser minha primeira nota de Geografia desse ano. Só de pensar em ter que ficar a sós com ele para fazer isso já me subia um calafrio. Podia ser com qualquer pessoa, mas não, tem que ser justo com Byun Baekhyun.

[...]

A escola estava tranquila, nenhum sinal de treta por enquanto. Assim que cheguei na sala de aula, minha visão não foi das melhores.

Baekhyun estava sentado em minha cadeira com as pernas esticadas sobre a minha mesinha como se estivesse relaxando e Minhyuk o fuzilava com os olhos.

— Já disse pra você sair daí. — Minhyuk falou entredentes.

— Já disse que essa cadeira não é sua. Vai cuidar da tua vida.

— A cadeira é minha, então já pode sair.

Me aproximei com passos largos e Minhyuk me fitou, aparentava muita raiva, provavelmente vinda de Baek que sorriu de canto, aquele sorriso irritante de novo.

— Finalmente a dona chegou. Será que dá pra dizer pra esse ser do demônio aí sumir?

Minhyuk voltou sua atenção a Baekhyun que não sabia se ria ou se sentia raiva, ele meio que expressou as duas coisas ao mesmo tempo.

— Demônio é você, capeta.

— Baekhyun, vaza. — o olhei séria, e ele virou para mim sem falar nada, então, apenas esticou mais suas pernas sobre a mesa, cruzando-as.

— Que abusada. Só queria conversar com você.

O maior se levantou rapidamente empurrando de leve a cadeira para trás e inclinando o corpo para perto de mim.

— Não temos nada pra conversar. 

— Claro que temos ou vai ficar sem a primeira nota de Geografia?

Perdi.

Na mesma hora, lembrei do trabalho em dupla e que só tínhamos alguns dias para fazê-lo e entregá-lo. Também, o professor JiHong parece ser bem exigente com essas coisas. Suspirei alto e abaixei a cabeça pensativa.

— Yerin?

Minhyuk pôs a mão sobre meu ombro para me chamar a atenção e se aproximou quase me abraçando de lado, não me virei e continuei a olhar para o chão.

— Tá, tudo bem. A gente discute sobre isso no intervalo.

Minha voz saiu receosa e Minhyuk tirou seus braços de mim incrédulo. A reação de Baek no entanto foi diferente. Ele sorria como se tivesse ganhado algum prêmio na loteria, mas ele não sorria para mim, ele sorria para Minhyuk.

— Ótimo, até daqui a pouco. — ele piscou indo sentar na sua carteira.

— Você não tá falando sério, né? Ficou louca de vez mesmo.

Minhyuk sentou-se em seu lugar que era uma carteira atrás da minha, Naeyeon estava cantarolando algo do lado e nem sequer ouviu nada das conversas. Toquei no ombro alheio e acenei, a vendo repetir o gesto.

 — Preciso da minha nota, tendo Baekhyun ou não, você sabe. — divaguei.

 — Você vai se arrepender disso, é sério. Baek não é flor que se cheire.

— Sei como me defender.

Lembrei-me na hora e levei a mão até o sobretudo que usava, o spray que Taehyung havia me dado ainda estava ali, prontinho para ser usado. Não tinha com o quê se preocupar.

Minhyuk encostou as costas na cadeira e fechou os olhos, ficando de cara emburrada as aulas quase todas. Não falei nada sobre a minha preocupação com ele ontem e sobre o quê Sehun falou para irritá-lo daquele jeito. E nem iria perguntar. Não agora, pelo menos. Uma hora eu perguntaria, não posso morrer com essas dúvidas todas entaladas em minha garganta, afinal.

Agora começaria o meu pesadelo parte 2. 

Quando o sinal tocou para o intervalo, Naeyeon me olhou com os olhos arregalados e Minhyuk saiu da sala sem pronunciar uma palavra. Bufei me levantando da cadeira e segui saindo da sala de aula.

 Dei alguns passos involuntários e logo senti meu braço sendo puxado por uma mão firme, me virando totalmente.

— Você nem me espera.

Baekhyun me irrita. Já falei o quanto ele me irrita?

— Só vamos discutir o que fazer no trabalho primeiro.

— Vem então.

Ele deslizou sua mão pelo meu braço até minha mão, segurando com cuidado e me puxando até sei lá onde.

— O que tá fazendo, Baekhyun?

— Vamos conversar isso em outro lugar.

Ele estava me levando para a quadra, certeza. Notei várias pessoas nos olhando e cochichando pelos corredores enquanto o mais velho me puxava exibindo aquela cara de playboy dele. Já na entrada da quadra, impedi meus passos fazendo com que o outro parasse os dele no mesmo segundo e me lançasse um olhar repreensivo.

— Aqui já tá bom. — soltei minha mão da sua.

— Sua chata. — ele fez um bico com os lábios e virou-se de frente para mim.

— Não viemos brincar, viemos falar do trabalho.

Baek se escorou na grade de aço,  bagunçou os próprios cabelos que voltaram fio por fio ao seus lugares de antes e me fitou sem tirar o sorriso do rosto.

— Você tem que relaxar mais, qual é. Tem que aproveitar essa vista toda aqui. — apontou para si mesmo, convencido.

— Não vejo nada de mais, a não ser um metido a don juan babaca.

— Não vê... NADA DE MAIS? — Baekhyun praticamente gritou me dando um susto.

— Ai, me assustou idiota. — coloquei a mão sobre o peito. — Não vejo.

 — Você sabe quem eu sou? Byun BaekHyun.

— E daí?

 Ele colocou a mão na testa e fechou os olhos balançando a cabeça negativamente.

— Isso é impossível. É brincadeira, né?

— Ainda não entendi onde quer chegar com isso. Não vejo nada de mais em você e nem ligo.

 Seu queixo caiu até o centro da Terra e ele apoiou o braço direito na grade. Seu rosto ali era impagável. Sorri de canto e cruzei os braços, de nariz em pé.

— Não sei o que as garotas veem em você que... 

De repente, senti sua mão fisgar minha cintura colando meu corpo contra o dele. Fiquei na altura de seu peito e o mesmo se inclinou me olhando sério. Um arrepio percorreu todo meu corpo e me amaldiçooei mentalmente por isso, rezando para que ele não tivesse notado.

Estávamos perto demais, outra vez. 

Podia sentir sua respiração bater contra a pele de meu rosto, sua mão segurando firme em minha cintura e seus olhos permanecendo encarando meus lábios intensamente.

— Agora sabe o que elas veem?

— Y-Yah!

O empurrei com força me soltando de seus braços e o fazendo rir soprado, colocando as mãos novamente nos bolsos da calça.

— S-Se você fizer isso de novo, pode se considerar morto.

— E o que você vai fazer com essa sua força de neném e essa altura de anã?

— O quê?! Ei, eu não tenho nada de neném, eu sei lutar sabia?!

— Ah, sabe é? Lutas com travesseiros em festinhas de pijama? 

— Sei lutar lutas de verdade, com socos e pontapés, quer ver?! — arqueei um pouco o corpo e levantei as duas mãos fechando os punhos.

 O moreno riu baixinho vendo meus movimentos e estufou o peito esticando as costas para ficar ainda mais alto e me encarando como se eu fosse uma criancinha.

 — Sobe as mãos. — ditei.

 — Finalmente. — o outro sorriu de lado e levantou as duas mãos cada uma rente aos meus seios e me olhou malicioso mordendo o lábio. É um idiota mesmo viu.

— É mais pra cima.

 Bufou e fez careta, subindo mais as palmas das mãos até a altura de minha cabeça.

 — Mais.

 Então ele as levantou rente a sua própria cabeça me olhando confuso e inquieto. Levantei meus punhos e os imaginei como se fossem luvas de boxe e suas mãos fossem o saco de pancadas, porém não funcionou exatamente como eu queria.

 Assim que meu punho encostou na palma de sua mão, ele a fechou e prendeu a mesma me puxando e me virando em cheio contra a grade. Baekhyun me segurou com força antes que meu corpo se chocasse com a grade de aço e se apoiou com o braço, aproximando seu rosto do meu e selando nossos lábios de maneira súbita, me fazendo arregalar os olhos.

Fiquei totalmente sem reação. Meu corpo não respondia mais e nem me deu chance alguma de recuar. Seu lábios pequenos e rosados apenas se encostaram aos meus num piscar de olhos.

Quando finalmente meu corpo quis responder aos meus comandos outra vez, dei uma joelhada em seu querido amiguinho num impulso. Não usei muita força, mas foi o bastante para que Baekhyun se afastasse com as mãos entre as pernas e choramingasse me olhando de cara feia enquanto xingava.

— Você... quer me... matar é, porra?

— Você que começou.

— Você tem ideia de que podia ter matado uma geração inteira aqui? Ai...

— O intervalo já tá perto de acabar e você ainda não falou nada que seja útil.

— Yerin... Você acha que agora eu tô em condições? 

— Ah, nem foi tão forte, Baek.

— Isso aqui é sensível, sabia?

— Tá, agora foca no trabalho.

Ele parou de choramingar e tentou alinhar o corpo novamente, logo desfez a careta de raiva e me olhou fixamente, com o rosto sério.

— O que vamos fazer então?

— O trabalho é sobre pontos turísticos de Seul ou lugares onde as pessoas costumam ir. Eu não os conheço muito.

— Ou seja, você não sabe nada de Seul e vou fazer o trabalho sozinho, é isso?

— Eu ia perguntar se você tinha alguma ideia. Temos que escrever sobre as posições geográficas desses lugares, sem copiar nada da internet.

— Então é simples. Vamos ir em todos e escrever por experiência própria.

— Você tá sugerindo pra nós dois irmos em todos aqueles lugares até próxima semana, sério isso?

— Na verdade, eu tô sugerindo uns encontros. Mas se quiser pensar dessa forma, à vontade.

Ri sem humor de sua ideia absurda e o fitei séria, tentando encontrar uma lógica naquilo tudo. Seu sorriso irritantemente sexy voltou a surgir nos lábios quando ele se aproximou. No mesmo segundo em que o sinal para o fim do intervalo soou, Baekhyun ficou à poucos centímetros de mim.

— O que você quer dizer com isso?

— Quero dizer que, eu e você... — ele fez questão de apontar o dedo para ele e para mim. — ...vamos sair, juntos.