História Automatic - Automatic -capítulo único

Encantadora, essa era a palavra que a descrevia, nunca ninguém viu alguém mais encantadora que ela, qualquer um que se desafiasse a olhar em seus olhos se apaixonava, quem não se apaixonaria por uma garota como ela? Tão confiante.

Ela podia fazer todos se apaixonarem, podia ter qualquer um que quisesse, mas ninguém lhe chamava a atenção, ninguém fazia seu coração acelerar, ela sempre foi diferente, e era isso que a tornava especial.

Um dos seu hobbies favoritos era andar pela cidade, adorava conhecer novos lugares, mas sempre fazia seu trajeto a pé, nunca de carro ou qualquer outro veículo, sempre se sentia mais livre quando andava, e assim fazia com que mais pessoas se apaixonassem por ela.

Mas em um dia qualquer, ela estava andando mais uma vez pela cidade, como fazia sempre, e se deparou com uma nova cafeteria que havia sido aberta naquela rua, e quando passou pela porta decidiu que entraria. Quando entrou sentou-se em uma mesa no canto, do lado da janela, logo uma simpática garçonete a atendeu, ela pediu um cappuccino com um donnut, ela ainda não havia tomado seu desjejum, pois adorava comer fora de casa, e estava justamente a procura de algum lugar.

Logo a garçonete volta com seu pedido, ela agradece e a garçonete se retira, enquanto ela começava a comer, realmente aquilo estava muito bom, pensou ela, nunca havia provado algo melhor, e com certeza voltaria a aquele lugar, quando terminou, deixou o dinheiro sobre a mesa, junto com uma pequena quantidade de gorjeta para a simpática garçonete.

Mas logo que estava saindo, acabou se distraindo, e esbarrou em alguém, ambos se desculparam, e após isso, seus olhos se encontraram, e como todos os outros ele sentiu seu coração mais acelerado, mas dessa vez foi diferente, pois ela sentiu as mesma coisas, sentiu suas mãos suarem, seu coração acelerado, teria ela finalmente se apaixonado?
Eles se apresentaram e foram para um parque próximo dali, e conversaram quase o dia e a tarde inteira, quando a noite estava chegando, ambos trocaram telefones e foram para suas respectivas casas, ela não poderia estar mais feliz, ela nunca sentira tanta felicidade em sua vida, havia adorado sentir aquelas sensações, e esperava senti-las de novo. E com seus pesamentos no garoto que conheceu naquele dia, logo adormeceu.

Logo pela manhã, ela o mandou uma mensagem o convidando  para tomarem café juntos, ele logo a respondeu e aceitou o convite, quando se encontraram sentaram em una mesa na mesma cafeteria do dia anterior, fizeram seus pedidos, que logo chegaram e conversaram a manhã toda.

Algumas semanas se passaram, e a cada dia que se passava, eles estavam mais apaixonados do que nunca, e ela sempre que estava com ele sentia um grande frio em sua barriga, e amava sentir aquilo, ela não conseguia parar de pensar nele, e o mesmo acontecia com ele, ambos presos em seus pensamentos quando estavam separados.

Quando estavam em mais um de seus encontros, eles finalmente deram seu primeiro beijo, não podia ser melhor, ela pensou, mas ela sentiu uma forte dor em seu peito, em seu coração, e logo ela o afastou, ele não a entendeu, e perguntou se ela estava bem, a dor em seu peito passou, e o respondeu que sim, que estava bem.

Após aquele ocorrido, ela disse que tinha que ir para casa, que tinha que resolver algumas coisas, eles se despediram com um beijo, e ela foi para sua casa.

Ela passou o resto do dia pensando naquele beijo, que nem se importou com a dor que sentira mais cedo. Alguns dias se passaram, e a dor em seu peito havia voltado, ela não entendia o por que, eles ainda se falavam, mas não pessoalmente, ela dizia que não estava se sentindo muito bem para sair, havia perdido a vontade, uma coisa que nunca aconteceu.

A cada dia que se passava a dor em seu peito aumentava, ela não falava mais com ele, pois parecia que fazendo isso, sua dor aumentava, até que um dia se lembrou de um cartão que tinha, não se lembrava de como o havia conseguido, apenas que o tinha, então se levantou da cama, com a dor em seu peito cada vez mais forte.

Procurou em várias gavetas, até que o encontrou, estava na última gaveta de sua escrivaninha, bem lá no fundo, e nesse cartão estava escrito: " Qualquer mal que sentir, venha nos ver, nós a ajudaremos", e no final tinha um endereço, ela não conseguiria ir andando até lá na situação em que estava, então chamou um táxi e mostrou o endereço que estava no cartão, o motorista a estranhou por ela querer ir até aquele lugar, mas sem pestanejar, assentiu e a levou para o endereço.

Quando chegaram, ela o agradeceu e o pagou e foi andando até o prédio, que tinha como seu nome "Automatic", ela estranhou o nome, "automático, que nome estranho para um lugar como esse", pensou ela, e o lugar também parecia ser abandonado, mas havia algumas luzes acesas dentro do estabelecimento, então decidiu que entraria naquele prédio antigo, mas diferentemente do lado de fora, o lado de dentro era como se fosse um lugar novo, que havia acabado de ser aberto, "por que esse lugar é assim? Do lado de dentro parece uma grande empresa, mas do lado de fora parece um prédio em ruínas, eles não querem chamar atenção?", pensou ela estranhando mais uma vez aquele lugar.

Logo uma mulher, muito bela e bem arrumada veio em sua direção, parecia ser a recepcionista do lugar, então ela logo mostrou o cartão para a mulher em sua frente, que sorriu, e a levou para uma outra sala e a pediu que esperasse alguns instantes e ela assentiu. Alguns minutos se passaram até que um homem veio em sua direção e a perguntou o que ela estava sentindo, ela sem pensar duas vezes respondeu sobre suas fortes dores no peito, o homem então a perguntou quando isso havia começado, ela rapidamente respondeu, então o homem lhe respondeu que tudo ficaria bem, e que essas dores logo acabariam e que ela nem se lembraria que elas existiram alguma vez.

Então o homem apenas tocou em seu pescoço, e ela adormeceu, sem nem mesmo poder lutar. Ele a levou para uma outra sala, onde poderiam resetá-la, ela não se lembraria de nada, apenas das memórias que seriam colocadas em sua mente, ela precisava de novos mecanismos para seu coração, ele não aguentava esse tipo de sentimento, por isso começou a falhar, nenhum deles poderia sentir algum sentimento, eram feitos apenas para serem inteligentes e obedecer ao governo quando precisassem deles.

Quando ela acordou novamente, não se lembrava do por que estar ali, e o homem logo lhe explicou, que ela havia passado mal e havia desmaiado, ela sem nenhuma desconfiança concordou, e saiu da sala, tomando o caminho de volta para casa.

No dia seguinte, andando pela cidade como de costume, ela encontra com o homem da qual já foi apaixonada, mas não se lembrava, ele tentou abraça-la, mas ela desviou e disse que não o conhecia para ele fazer aquilo, ele tentou explicar que eles se conheciam e que estavam saindo, mas tudo que saia da boca dele eram mentiras, pensava ela, coisas inventadas por

um pobre homem solitário, ela se desculpou e disse pela última vez que não o conhecia, e foi embora, e o deixou parado na calçada com um semblante triste, ele não entedia o por que dela ter feito aquilo, por qual motivo ela estaria agindo tão estranhamente, mas ele nada podia fazer, apenas tentar esquece-la.

Enquanto ela apenas continuava sua rotina de sempre, andando pela cidade, esbanjando confiança e elegância, deixando qualquer um que a olhasse impressionado, e não se poderia esperar menos, eles foram criados para serem perfeitos, foram criados para obedecer.