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História Bad Reputation - Coffee


Escrita por: isasmermaid

Capítulo 4 - Coffee


Fanfic / Fanfiction Bad Reputation - Coffee

Point of View — Shawn Mendes

7h22min, segunda-feira

 

Estava parado em frente ao Teeneger’s. Havia observado o sol nascer esperando Camila com dois copos de café em mãos. Na noite passada ela me mandou deixá-la em paz, mas era difícil obedecer quando seus olhos castanhos imploravam para eu não desistir tão fácil. Percebi então que depois que você atende ao primeiro pedido de misericórdia, os outros se tornam impossíveis de ignorar.

Beberiquei meu café amargo ainda quente, escorando minha coluna no poste de iluminação já apagado. Avistei ainda de longe, Normani vindo em minha direção com o uniforme da lanchonete. Suspirei derrotado, apesar de adorá-la como pessoa, desejei que não a encontrasse essa manhã.

— Bom dia garotão, o que faz aqui? — Engoli a seco, molhando os lábios a procura de uma desculpa para minha presença ali — Não precisa responder, eu já entendi — Normani cruza os braços, procurando meus olhos para encarar — Camila, certo? — Assenti envergonhado.

— Preciso falar com ela — Normani pareceu não esperar pelas minhas palavras, transparecendo surpresa com elas.

— O que você quer com ela? — Normani esticou a coluna ajeitando numa postura perfeita — Se for para humilhá-la ou fazê-la chorar é melhor você deixar a Camila em paz, entendeu?  — Seu tom de voz estava rude e autoritário, fazendo-me esquivar para trás.

— Não! Eu nunca faria isso com ela — Respondi desesperado, dando dois passos e ficando a sua frente.

— Você já fez isso com ela. Todos vocês já fizeram. — Aquilo me atingiu como um soco no estomago. Ela estava certa, infelizmente.

Já não sabia mais o que dizer então o silêncio se predominou entre nós dois. Normani me encarou preocupada, ajeitou sua bolsa preta nos ombros e foi em direção a entrada da lanchonete. Pensei em perguntar sobre Camila, mas eu sabia que não tinha o direito de saber.

— Você nunca acreditou no que dizem sobre ela, não é? — Engoli a saliva presa em minha garganta, me arrependendo de perguntar. A morena se virou, encarando-me com uma expressão séria.

— Você consegue ver o que ela carrega no olhar, não é? — Assenti, pois sabia muito bem do que ela falava — Eu era a melhor amiga da Catarina e, mesmo nunca sendo próxima a Camila, sempre enxerguei a alegria, pureza e inocência em seu olhar. Agora tudo que eu vejo é dor. Eu nunca acreditei, porque sei enxergar o que ela é de verdade — Seus olhos estavam marejados e sua boca trêmula — Camila é o anjo que transformaram em demônio, mas que no fundo continua sendo apenas um anjo.

Normani tinha tanta certeza em suas palavras que me deixou sem ar. De fato, eu não entendia muito do que ela dizia, não enxergava tudo que ela conseguir ver, mas eu sabia que se me esforçasse conseguiria.

— Seja lá o que precisa falar, ela está chegando — A morena acenou com a cabeça para a esquina que estava ao meu lado esquerdo, onde pude rapidamente avistá-la com fones de ouvindo e a cabeça cabisbaixa, usando o uniforme e seu inseparável all star preto.

Camila cantarolava a música num tom baixinho, enquanto estalava os dedos e mexia o corpo provavelmente no ritmo da música. Tinha os cabelos presos num rabo de cavalo alto que permitia ter a visão perfeita de seu rosto, hoje um pouco mais alegre que os outros dias. Ela estava tão avoada que se esqueceu de esconder seu verdadeiro eu. Camila parecia uma criança que acabará de ganhar um doce ou ganhará uma boneca nova. Era adorável de se ver, muito diferente da imagem que os outros a designaram.

— Trouxe um café — Enfiei meu corpo na sua frente, assustando-a assim que percebeu minha presença. Estiquei um dos copos, observando-a tirar os fones de ouvido e me olhar envergonhada — Não sabia qual era seu favorito, então pedi um expresso com chantilly — Camila segurou o café quase em câmera lenta, encarou o furo que ficava na superfície e logo abriu um sorriso.

— Eu adoro chantilly no café, principalmente quando derrete — Ela levou o copo até seus lábios, ingerindo o liquido preto e lambendo os lábios assim que terminou — Obrigada.

— Será que nós podemos conversar? — Vi seu sorriso desaparecer em milésimos, causando uma reprovação em meu interior. Eu queria vê-la sorrir novamente, era contagiante — Eu não vou aceitar não como resposta.

— Acha que pode me trazer um café expresso com chantilly, agir como uma pessoa simpática e abrir um sorriso charmoso que eu vou conversar com você? — Ela bebericou mais um pouco de seu café enquanto me olhava à espera de uma resposta. Engoli a seco, procurando palavras para respondê-la, mas continuei apenas quieto — Bom, se você achou que podia está muito enganado — Mordi o lábio em nervosismo — Você se esqueceu das rosquinhas e isso é muito sério, Shawn Mendes — Ela arqueou as sobrancelhas, sorrindo segundos depois. Soltei o ar que segurava nos pulmões de alivio.

— Então teremos que comprar rosquinhas! — Exclamei, reverenciando-a e deixando um riso escapar.

— Vou pedir para entrar depois do almoço. Acho que a Dona Dora vai deixar, eu nunca tenho folga mesmo — Isso era verdade, em dois anos trabalhando na lanchonete nunca vi Camila ter um dia de folga.

— Estarei esperando aqui — ela assentiu, adentrando no local.

Mesmo estranhando a mudança repentina de Camila sobre conversar comigo, estava feliz por finalmente conseguir convencê-la. Eu não tinha a menor idéia do que iríamos conversar ou se iria conseguir falar alguma coisa, mas eu só queria conhecê-la melhor e, talvez, entender o motivo de tanta necessidade em me aproximar dela.

 

*

 

Estávamos sentados num Starbucks de esquina próximo a porta de saída. Camila pediu duas rosquinhas e mais um café expresso com chantilly e eu um muffin de chocolate e um café preto. Só havíamos trocados algumas palavras simples, mas nenhum assunto foi aprofundado.

A latina tinha os olhos presos numa televisão de tamanho médio que ficava pregada na parede atrás de mim. Eu tentei ouvir o que passava, mas minha atenção estava nas pessoas a nossa volta. Elas nos encaravam curiosas e enojadas, fofocavam possivelmente sobre o porquê de eu estar na sua companhia. Camila parecia não notar ou não se importar, como se já estivesse acostumada com esse tipo de coisas acontecendo o que, de fato, parecia à opção mais previsível e isso era preocupante.

— Você não deveria estar na universidade à uma hora dessas? — Camila me trouxe de volta de meus devaneios. Seus olhos castanhos me analisavam, enquanto segurava seu copo de café com as duas mãos.

— Eu... — Limpei a garganta um pouco nervoso — Eu tranquei minha matricula antes das férias acabarem — Camila parecia surpresa, esquivou-se para trás, encostando-se no estofado da cadeira. Cerrou os olhos e assentiu com a cabeça, como um pedido para que eu continuasse — Não tinha certeza se estava fazendo a coisa certa, sabe, não era o que eu gostava, sei lá

— Uau — Ela bebeu um gole de seu café, logo limpando os lábios com a língua — Até o garotinho perfeito da cidade tem duvidas sobre o que quer fazer com a vida perfeita.  

— Eu não sou o garotinho perfeito da cidade — Ri, apoiando os braços na mesa — Muito menos com a vida perfeita.

— Oh, me desculpe chefão de máfia totalmente imperfeito — Ela riu, revirando os olhos de uma maneira adorável — O que pensa em fazer agora? — A garçonete terminou de trazer nossos pedidos, tratando com desprezo a latina, mas sorrindo sensualmente para mim, alisando meu braço assim que colocou o prato sob a mesa — Uau, sua vida deve ser horrível mesmo — Camila diz, analisando a moça. Tinha os cabelos loiros à altura dos ombros e seu chamativo batom vermelho destacando seus lábios era muito atraente, devo admitir.  

— O que penso em fazer agora? Hum... — Cocei o queixo, olhando fundo em seus olhos castanhos agora com um brilho diferente, ignorando seu comentário sobre a loira. — Eu vou roubar uma das suas rosquinhas — Pego seu prato, puxando para o meu lado da mesa e fazendo-a rir e começar uma briguinha idiota.

 Assim que Camila conseguiu alcançar seu prato e enfiar praticamente as duas rosquinhas inteiras na boca fazendo com que nós dois ríssemos escandalosamente e chamasse a atenção de todos, nos recompomos e respiramos fundo. Nossos olhares se encontraram e houve uma sensação diferente, como se já tivéssemos sido amigos há anos. Uma sensação que atingiu o lado esquerdo de meu peito, aquecendo minha pele e arrepiando minha espinha.

— E o que você pretende fazer, Camila? — Quebrei nosso contato visual mordendo um pedaço de meu delicioso muffin — Faculdade? Cursos? Terminar o ensino médio? — Temi ter dito algo errado, mas ela simplesmente limpou a garganta e me respondeu.

— Eu vou embora de Ontário — A latina apoiou os cotovelos na mesa, adquirindo uma expressão pensativa — Pretendo me mudar para Nova York ou ir mais além, tipo o Brasil, sabe? Quero me livrar de todas as memórias daqui, começar uma vida nova onde ninguém sabe quem eu sou, onde ninguém sabe o que eu fiz ou não fiz. Quero me libertar de todos dessa cidade. Eu pretendo conseguir minha liberdade de volta e, se possível, ser feliz de verdade.

Nas entrelinhas de tudo que disse, havia uma dor incurável que latejava para fora de suas palavras. Sentia-me incomodado sabendo que ajudei a fazer isso com ela. Camila não se sentia feliz e isso era obvio, mas ouvi-la dizer como se fosse algo impossível, me destruiu em milhares de pedaços. Eu não conseguia entender porque me sentia tão intenso com sua vida, como se fosse predestinado a mudar o imudável.

— Parece um bom plano — Foi à única coisa que consegui dizer, vendo-a sorrir sem animo e desviando o olhar para longe com sua expressão mais famosa, tristeza — Espero que antes de ir, você tome mais cafés comigo.

— O que você quer de mim, Shawn Mendes? — Sua voz soou mais firme, enquanto sua boca tremula entregava o medo na pergunta — Quando é que você vai me humilhar? Magoar? Bater? Ou sei lá o que quer fazer? — Arregalei os olhos — Você não acha mesmo que eu acredito que o exemplo de Ontário, o herdeiro de toda indústria Mendes, o filho perfeito e o cara mais desejado de toda cidade quer mesmo ser amigo da garota que assassinou Catarina Cabello, a própria irmã?

Cami...

— Você pode me humilhar, acusar de assassinato, bater na minha cara, espalhar boatos sobre minha vida, mas por favor, não tente brincar com meus sentimentos. Não seja legal comigo quando vai me machucar no final, porque eu não vou conseguir agüentar mais essa decepção — Ela se levantou, jogou algumas notas encima da mesa e saiu porta a fora.

Camila me deixou sozinho quando eu estava tentando ajudá-la, mas eu não conseguia nem ao menos tirar sua razão. Ela estava machucada, destruída e decepcionada com todos, mas principalmente com si própria. Seus olhos não me pediam misericórdia, eles só transbordavam o que ela sentia de si mesma. Dor. Pena. Decepção. Seus pedidos de ajuda eram pessoais, pois ela precisava de ajuda, mas não se permitia aceitar.  

Decidi deixá-la ir, afinal, sempre fui muito bom em fazer isso com ela. 


Notas Finais


Se tiverem alguma dúvida, podem perguntar amores, as vezes eu acho que as coisas estão claras, mas na vdd é pq eu sei o que tá acontecendo, né?

Até o próximo, tentarei não demorar!


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