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História Before... - Respirar é Difícil


Escrita por: naalisaiph

Notas do Autor


Pra falar a verdade eu nem sei o que eu tô fazendo aqui sendo que ontem mesmo eu tava dizendo que não ia voltar a postar qualquer coisa tão cedo. Nos últimos tempos eu perdi muito o animo em escrever fanfics. Não tá revisado (pelo menos eu não lembro de ter revisado) então perdoa os erros e é isso

Capítulo 7 - Respirar é Difícil


Eu me arrumei sem vontade nenhuma de ir para aquela faculdade. Meu pai, como todos os outros dias, me levou até o campus e eu agradeci rapidamente antes de entrar no prédio. Assim que entrei na sala, pouco antes do professor, Youngho acenou para mim e sentei ao seu lado.

— Você está bem? — perguntou me oferecendo os biscoitos em uma caixa pequena.

— Só não dormi bem.

Ao contrário do que eu desejei, eu não sonhei com Yuta e seus sorrisos. Sonhei novamente com o acidente, com a dor, com o sangue e desespero, então quando consegui acordar eu não desejei voltar a dormir.

— Vai no ensaio hoje? — perguntou depois que eu peguei alguns biscoitos.

— Acho que não. É melhor não.

— Vai ser bom para você. Você pode conversar com o Taeyong e...

— Por que não se mete na sua vida? Isso não é assunto seu.

— Hansol...

— Vá se foder, Johnny! — eu gritei me levantando, fazendo todos daquela sala olharem para mim — Cuida da merda da sua vida.

Eu saí da sala pouco me importando com o professor que acabava de passar pela porta. Sem perceber, corri até que chegasse no jardim no campus e chorei, chorei até não poder mais. Eu não fazia ideia por que eu estava chorando, só sentia que precisava tirar aquela frustração e raiva toda de dentro de mim. Eu me sentia com raiva, com medo, frustrado e sufocado.

Senti alguém sentar ao meu lado e olhei esperançoso imaginando ser Yuta e me senti idiota por ter alguma esperança. Ten tinha uma expressão preocupada. Vê-lo me frustrou mais ainda.

— Johnny me ligou dizendo que você se descontrolou. Ele ficou preocupado pelo jeito que você agiu. O que aconteceu, Hansol-hyung? — eu não respondi. Ten me abraçou com carinho e sorriu triste — Está sendo difícil, não é? — eu assenti — Quando precisar, vamos estar aqui, ok?

— Você contou alguma coisa para o Johnny?

— Não, hyung. E nem os outros meninos. A gente promete não contar. Johnny só sabe que você passou por algumas coisas ruins que te colocaram nessa situação que você está. Ele é assim mesmo, quer cuidar, tomar conta de todo mundo. Se ele está preocupado com você é porque já te considera um amigo.

— É o primeiro amigo que eu faço depois do acidente, fora daquele hospital.

— Viu? Você conseguiu mais um amigo além de ter o resto de nós! Somos seus amigos e não vamos te deixar mesmo que você insista em nos afastar. E eu entendo que queira, mas não vai funcionar. Estamos aqui para te ajudar. Nem sempre vamos poder ajudar com tudo, mas o que a gente puder, vamos estar ao seu lado.

— Obrigado, Ten.

— Quer fazer alguma coisa? A aula já começou mesmo, não vamos conseguir entrar.

— Podemos ir para a sala de prática?

Fomos para lá e Ten insistiu para que dançássemos uma das coreografias de nosso tempo no ensino médio. Depois ele me mostrou uma coreografia que estava criando e me fez aprendê-la para ajudá-lo a memorizar tudo.

Em uma das repetições de um movimento mais complicado, eu caí no chão e Ten se aproximou para me ajudar. Eu o afastei e levantei por conta própria.

— Sente dor? — perguntou.

— Estou bem. Vamos continuar — minha voz saiu mais rude do que eu queria.

Voltei a praticar os passos que ele tinha me passado tentando fazer o melhor possível. Ele assentiu e se juntou a mim. Ficamos o período todo das aulas naquela sala, não reparamos quando o período acabou até os outros chegarem. Eu peguei minhas coisas e sai da sala. Não demorou muito para Taeyong me seguir e me puxar pelo braço, me forçando a olhá-lo.

— Qual seu problema? Eu só quero conversar! — disse irritado.

— Você não pode me dizer que não sinto falta do Yuta! Não pode dizer o que eu sinto! Você não sabe pelo o que eu passei então não seja egoísta em dizer que eu não sinto falta dele. Quando ele foi embora... Ele deixou principalmente a mim. Sabe quantas vezes pedi que ligassem para ele, que mandassem ele ir me visitar? Sabe como eu esperei todos os dias Yuta aparecer naquela merda de hospital? Você não sabe porque não estava lá. Eu perdi o amor da minha vida, sofri um acidente e quase morri.

— Eu perdi vocês dois — disse com a voz mais baixa que a minha — Eu nunca disse que você não sofreu. E nunca disse que tudo isso não foi nada. É lógico que foi muita coisa! Como acha que me senti quando soube que Yuta te deixou... Deixou a gente? Eu me senti horrível e sinto a falta dele. Eu penso como seria bom que ele aparecesse por aqui ou batesse na porta da minha casa pedindo para conversar. Quando eu soube que você sofreu aquele acidente e se machucou tanto, foi horrível. Eu pensei que não te veria mais. Eu acordava todo dia com medo de olhar meu celular e ter uma mensagem dizendo que você não tinha aguentado mais e tinha morrido. Quis estar ao seu lado e sinto muito que Yuta não pode estar. Eu sinto muito! Eu te disse coisas que não foram legais porque... Eu me sinto triste com tudo ainda! Eu também tenho esse direito. Foi difícil para todo mundo, Hansol. Às vezes eu sinto que só eu tenho saudade de ter o Yuta por aqui. E eu sei que não é verdade. Eu sei disso... Me desculpe pelas coisas que eu te disse. Mas para de agir desse jeito. Todos nós te amamos, queremos ver você bem de novo. Mas precisa parar de agir como uma criança e se esconder da gente.

— Eu não quero! Eu quero o Yuta! Eu quero...

— Sua vida de antes. Eu sei. Todo mundo já conhece esse discurso, hyung. E eu entendo o quanto quer, o quanto seria ótimo ter tudo como era antes. Eu também quero! Mas não dá, não tem como. O que aconteceu, aconteceu. Mas tem que saber que eu vou estar ao seu lado. Agora volta para aquela maldita sala e comece a praticar.

Eu não disse nada e voltei para a sala. Jaehyun tentou perguntar para Taeyong o que tinha acontecido, mas ele só disse para deixar aquilo para lá. Ten começou a passar os passos que tinha criado para os outros e depois que minha perna começou a doer, tive que dar um tempo e os deixei praticarem para as próximas apresentações.

Quando deu o horário e acabamos, eles pegaram suas coisas para ir embora, mas eu continuei.

— Vamos, Hansol-hyung — chamou Jaehyun — A gente vai comer alguma coisa.

— Eu vou ficar mais um pouco.

Eles não insistiram e foram embora. Eu continuei ali sozinho, repassando aquela coreografia sem parar na frente do espelho. Minha visão começou a embaçar e as lágrimas correrem pelo meu rosto, mas não parei. Youngho entrou correndo dizendo ter esquecido alguma coisa e eu enxuguei meu rosto rapidamente.

— Hansol, o que foi?

— Nada. Só estou cansado.

— Eu tive uma ideia. Cadê seu celular? — eu não entendi, mas entreguei o aparelho para ele — Quando estiver muito mal, me liga. Eu tive um terapeuta que disse que ter uma roda de apoio é importante. Então agora eu também faço parte da sua roda de apoio, como os outros — Ele entregou o celular de volta e sorriu — Pronto, Hansol. Não saia muito tarde e nem se esforce demais. Ten disse alguma coisa sobre você não poder fazer muito esforço.

Eu assenti e Youngho foi embora. Guardei o celular com um suspiro e voltei a praticar. Eu queria voltar a ser tão bom quanto eu era antes. Dessa vez, ouvi quando a porta da sala se abriu.

— Johnny, eu estou bem, só quero... — eu me interrompi ao ver Yuta entrando na sala com um sorriso.

— Oi, amor.

— Decidiu aparecer?

— Sinto muito por ter sumido. Eu tive que resolver coisas — ele se sentou no chão — Fico feliz que tenha voltado a dançar. Eu fui no nosso apartamento. Teve uma daquelas crises chatas de limpeza?

— Aquilo estava horrível. Não é porque não moramos lá que não mereça ser cuidado.

— Eu não sou nada cuidadoso, amor.

— Taeyong disse que eu não ligo para você, que eu não ligo por você ter ido embora. Ele estava bêbado, mas isso me magoou. Ele disse como se eu não me importasse, Yuta.

— Sabemos que isso não é verdade. Mas não fique bravo com ele. Taeyong sempre foi um idiota, ele não sabe o que fala nem quando está sóbrio, muito menos bêbado — ele ficou em silêncio e balançou seu corpo um pouco — Eu vi aquele garoto saindo daqui.

— Johnny. Ele é meu amigo. É o primeiro amigo que eu faço desde que saí do hospital.

— É só amigo?

— Está com ciúmes, Yuta?

— É lógico que não! Acho que ele pode fazer parte do "seguir em frente".

— Para com isso. Eu estou contando algo legal, Yuta. Fique feliz por mim e pare de pensar nesse plano idiota. Você sumiu por duas semanas.

— Eu sei, eu sei. Estou feliz por você, Hansol.

— Senti sua falta.

— Eu também senti. Mas só um pouco.

— O que foi fazer nesse tempo?

— Fui ver minha mãe. Eu senti muita falta dela — disse Yuta olhando para baixo — Eu achava que ela tinha ido ao hospital te ver, mas ela não foi.

— Não tinha porquê, Yuta. Minha mãe não iria te ver se fosse ao contrário. Não me importo.

— Se lembra quando você fez 11 anos e ficou muito doente?

Eu lembrava bem e sorri para a lembrança. Eu tinha tido pneumonia e Yuta foi em minha casa todos os dias para me ver, para saber se eu já tinha melhorado. Foi nessa época que minha mãe começou a ver Yuta como um filho, tanto que quando no ano seguinte Yuta tinha tido catapora, minha mãe foi visitá-lo levando algum doce para ele. Minha mãe definitivamente o veria no hospital se fosse o contrário, talvez até mais que a mãe de Yuta.

Quando Yuta teve que se mudar para o Japão, minha mãe me levou ao aeroporto e o abraçou apertado enquanto eu e ele chorávamos pela partida dele.

"Ele vai voltar, Hansol. Yuta te prometeu, não é?" Foi o que ela me disse quando ele foi embora.

Eu não ligava realmente para a mãe dele não ter ido me ver no hospital. Provavelmente ela devia me odiar, mesmo que antigamente ela só sentisse indiferença sobre mim. Por toda a situação, o que menos me importava era a mãe de Yuta. Agora eu não gostava de pensar nela, então raramente lembrava que ela existia.

— Como estão as coisas, Hansol? 

— Tem sido horrível, Yuta. Tudo tem sido horrível mesmo quando as coisas parecem melhorar.

Yuta se aproximou, me abraçando.

— Uma hora tudo vai se resolver, Hansol. Tem que ter mais paciência. Eu falei que vou te ajudar e não vou embora até saber que você está bem.

— Mas você sumiu por duas semanas!

— Sumi, mas não fui embora. Agora eu vou te ajudar de verdade. Não precisa ficar bravo comigo.

Yuta deitou a cabeça em minhas pernas e eu lhe contei sobre aquelas últimas semanas. Ele ouviu tudo pacientemente e me deu uma bronca por ter tratado Youngho de forma tão rude mais cedo. Yuta teve que ir embora um pouco depois, mas não saiu sem antes sorrir para mim e dizer que não ia demorar tanto tempo para aparecer de novo. Eu não queria que ele fosse embora, queria que ficássemos juntos a noite toda, mas não o impedi de ir nem pedi que ficasse, só não consegui esconder as lágrimas que se formavam nos meus olhos.

Eu liguei para meu pai e pratiquei até que ele chegasse. Quando chegou, entrei agradecendo em voz baixa. Ficamos em silêncio quase o caminho todo. Toda vez que eu entrava em um carro, tinha que tomar um calmante que me deixava sonolento e um pouco tonto para que eu não tivesse uma crise de pânico.

— Hansol... Está tudo bem? — eu demorei para entender por que ele perguntava isso, mas quando ele me entregou um lenço entendi que eu chorava — Quer que eu vá mais devagar? Quer que eu pare?

— Eu odeio o Yuta — disse com a voz embolada. Demorei algum tempo, mas percebi o constrangimento do meu pai em entrarmos naquele assunto — Já sofreu assim por alguém? Minha mãe já o fez sofrer?

— Eu... Eu não sei.

— É lógico que não sabe. É impossível conhecer alguém que seja tão cretino como Yuta.

E meu pai não fazia ideia do que fazer quando eu chorei mais ainda. Ele estacionou o carro e olhou para mim.

— Quer tomar um outro remédio para dormir? — eu assenti, ele pegou o frasco do remédio em minha mochila e eu tomei.

Não demorou dois minutos para que eu dormisse profundamente. E não sonhei com o acidente, sonhei com Yuta. Sonhei com nossa infância, com o momento em que eu conheci o menino estrangeiro e que se tornou meu melhor amigo, depois minha paixão, depois o amor da minha vida. As melhores coisas da minha vida foram por causa de Yuta ou ele estava presente, eram tão escassos os momentos felizes em que Yuta não estava lá. Mesmo indiretamente ele sempre estava lá. E eu juro que um sonho bom nunca foi tão assustador.



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