Daenerys observava a forte tempestade que se agravava no castelo. Agradeceu por terem chegado antes, já estava na cidade a quase um mês e já era hora de começar a colocar os planos em prática. As casas apoiante, Dorne e Tyrell, não demorariam muito a chegar na cidade.
— Numa noite como esta, você veio ao mundo. – Tyrion lembrou. Adorava as histórias sobre os Targaryen quando era jovem.
— Eu me lembro dessa tempestade. Todos os cães de Porto Real uivaram a noite toda. – Varys comenta.
— Gostaria de me lembrar. – Daenerys se afasta da janela e vai até a mesa. Eles já estavam a um tempo na cidade e ela não tinha sentido nada. — Achei que seria como voltar para a casa mas não me sinto em casa.
— Não vamos ficar por muito tempo. – Tyrion tenta anima-la.
— Ótimo. – Daenerys respira fundo. Ela estava mais perto do que nunca de conseguir o tão sonhado trono. Ela observa a mesa pintada com o mapa de Westeros e vê os leões.
— Cersei controla menos da metade dos Sete Reinos. Os Lordes de Westeros a desprezam. – Varys observa a mesa, e analisa os Reinos. — Antes de você chegar, já tramaram contra ela, agora...
— Eles clamam pela verdadeira rainha? Fazem brindes secretos à minha saúde? – Daenerys ri sem humor. Ela sabia que os Lordes não a apoiaria tão fácil. — Diziam isso tudo ao meu irmão e ele foi estúpido de acreditar. – Ela observa a miniatura de um dragão na mesa. — Se Viserys tivesse três dragões e um exército, já teria invadido a Porto Real.
— Conquistar Westeros seria fácil para você, mas você não veio para ser rainha de cinzas. – Tyrion a aconselha. Por mais que a rainha agisse na maioria das vezes por vontade própria, ele sabia que ela o escutaria.
— Não. – Daenerys concorda com a opinião de Tyrion.
— Podemos tomar os Sete Reinos sem fazer deles um matadouro. Com o apoio das grandes casas contra Cersei, ganhamos o jogo. Os Tyrell e Dorne já estão do nosso lado e são poderosos aliados no sul.
— Perdão, minha rainha. – Verme Cinzento entra na sala. — Uma sacerdotisa de Asshai veio falar com você.
Daenerys vai até o Grande Salão, sendo acompanhada por Missandei, Tyrion, Varys e Verme Cinzento. A Rainha encara a sacerdotisa Vermelha e fica a sua frente.
— Rainha Daenerys. – Melisandre a cumprimenta na linguagem valiariano. — Já fui escrava, comprada e vendida, flagelada é marcada. É uma honra conhecer a Destruidora de Correntes.
— Os sacerdotes vermelhos ajudaram a levar a paz a Meereen. Você é muito bem vinda aqui. Qual é o seu nome? – Daenerys sabia que toda ajuda seria de bom proveito, principalmente agora que ela estava na Guerra pelo Trono de Ferro.
— Eu me chamo Melisandre.
— Ela já serviu a outra aspirante ao Trono de Ferro. – Varys comenta. Ele sabia que ela não era uma pessoa estranha, mas assim que ouviu seu nome lembrou de onde a conhecia. — Não terminou bem para Stannis Baratheon, não é?
— Não...não terminou. – Melisandre responde receosa com a reação da rainha.
— Estamos perdoando a todos que serviram a Reis errados. – Daenerys vira para encarar Varys, que entende o recado. Ela volta sua atenção para a sacerdotisa. — O Senhor da Luz não tem muitos fiéis em Westeros, tem?
— Ainda não, mas mesmo aqueles que não veneravam o Senhor, podem servir à sua causa.
— O que o seu Senhor espera de mim?
— A Longa Noite está chegando. Só o príncipe que foi prometido pode trazer o alvorecer. – Melisandre recita as palavras da profecia que acreditava ser para Jon Snow, mas ele não conseguiria sozinho, precisaria de uma forte aliada.
— “O príncipe que foi prometido trará o alvorecer” – Daenerys repete as palavras na língua comum. — Não sou um Príncipe.
— Majestade, me perdoe, mas a sua tradução está errada. – Missandei chama a atenção da rainha e todos viram para ela. — Esse substantivo não tem gênero em alto valiriano e a tradução certa seria “Príncipe ou Princesa que foram prometidos trarão o alvorecer”.
— Não é muito difícil de falar, não é? – Tyrion estranha.
— Não, mas eu prefiro assim. – Daenerys encara Melisandre. — Você acha que essa profecia refere a mim?
— Profecias são perigosas. – Melisandre admite. Ela tinha errado quando achava que era Stannis, não pretendia repetir o mesmo erro. — Eu acredito que você tenha um papel, assim como outro. O Rei do Norte, Jon Snow.
Daenerys sente como se sua respiração tivesse parado ao escutar aquele nome. Não poderia ser a mesma pessoa, a Sacerdotisa estava falando sobre outra pessoa e ela esperançosa de ser o herói que a salvou na Muralha.
— Jon Snow? O bastardo de Ned Stark? – Tyrion desperta Daenerys de seus pensamentos, ele parecia tão surpreso quanto a rainha. Melisandre concorda.
— Eu o conheci uma vez, ele me salvou. Mas ele era Senhor Comandante da Patrulha da Noite. Agora ele é um Rei? – Daenerys pergunta confusa.
— Por que você acha que o Senhor da Luz escolheu Jon? Sem contar as imagens que você viu no fogo. – Varys desconfia.
— Como Senhor Comandante da Patrulha da Noite, ele deixou que os Selvagens cruzassem a Muralha para protegê-los do perigo. Como Rei do Norte, ele uniu os Selvagens ás Casas do Norte para que enfrentem juntos o inimigo. – Melisandre se aproxima da rainha. — Convoque Jon Snow. Traga-o aqui para contar tudo que aconteceu com ele, as coisas que ele viu com os próprios olhos.
— Pelo pouco que conheci dele, ele é uma boa pessoa. Ficarei feliz em vê-lo novamente. – Daenerys sorri animada e vira-se para Tyrion. — Envie um corvo com o meu nome e convide Jon Snow, para ele se ajoelhar a Casa Targaryen e se juntar a nós.
— Minha rainha, eu gostaria de ter uma conversa com você antes. – Tyrion sussurra para Daenerys, que assente.
— Se me dão licença. – Daenerys segue Tyrion até a Câmara da Mesa Pintada. Ela fecha a porta e o observa. — Você não gostou da ideia? Achei que simpatizasse com Jon Snow.
— Eu realmente gosto dele. Mas eu conheço os nortenhos, conheci Ned Stark e passei um tempo com ele. Não acho que Jon Snow se submeterá a rainha tão simples assim. – Tyrion decide ser sincero com Daenerys. Ele sabia da admiração que a rainha nutria por Jon.
— Ele me conhece, sabe que eu sou o melhor para Westeros, diferente de Cersei. – Daenerys argumenta.
— Ele tem tantos motivos para odiá-la quanto você. Mas não coloque tantas esperanças. Caso ele se recuse, nós teremos que pensar em outra forma de aliança, afinal o Norte é um forte aliado.
— Uma aliança com casamento? – Daenerys se surpreende. Ela não sabia o que pensar a respeito dessa ideia, ela havia ficado atraída por aquele homem mas a ideia de casar tão rápido a assustada.
— São apenas ideias. Não sei se seria bom um casamento também. – Tyrion repensa. Ele viu nos olhos de Daenerys que ela tinha gostado da ideia, essa seria a intenção se ela não acabasse se apaixonando antes mesmo de casar.
— Mande um corvo para ele o quanto antes, solicitando sua presença. – Daenerys sentiu algo no estômago ao dizer aquelas palavras, um nervosismo por ter a oportunidade de estar na presença de Jon Snow novamente.
•••
— Você acha que isso realmente pertence a Tyrion? – Sansa observa o corvo que tinha chegado, com o símbolo Targaryen. — Pode ser alguém atraindo você para alguma armadilha.
— Leia o final. – Jon pede. Estava ansioso em reencontrar Daenerys Targaryen, eles não tiveram muito tempo para se conhecerem, mas sentiu uma forte indicação com a rainha.
— “Todo anão é bastardo aos olhos de seu pai.” – Sansa lê a parte pedida por Jon. — O que significa isso?
— Ele me disse isso quando nos conhecemos. – Jon vira-se para Sansa. – Você o conhece melhor do que qualquer um aqui. O que acha?
— Tyrion não é como os outros Lannisters. Ele sempre foi bom comigo, mas é um risco. – Sansa levanta a mensagem para ler um pedaço. — “Os Sete Reinos vão sofrer com Cersei no Trono de Ferro. Junte-se a nós. Juntos podemos acabar com a tirania dela.”
— Parece um encanto. – Davos pega a mensagem das mãos de Sansa. — Se pensarmos em um bando de Dothraki, numa legião de Imaculados e em três dragões, o encanto se perde um pouco.
— O que foi? – Jon percebe a mudança na expressão de Davos.
— O fogo mata os White Walkers, você me disse. O que solta fogo?
— Você quer que Jon se encontre com ela? – Sansa pergunta indignada com o conselheiro de seu irmão. Ela não permitiria que Jon fosse para o Sul.
— Não, é perigoso demais.
— Eu conheci Daenerys quando estava na Muralha. Ela não é uma pessoa má, tenho certeza que não negaria ajuda. – Jon a defende. Por mais que tivesse a conhecido tão pouco, e não como rainha, Jon não acreditava que ela o faria algum mal.
— Mas se o exército dos Mortos atravessarem a Muralha, temos gente o suficiente para enfrentá-lo? – Davos o questiona. Ele entendia de Guerras e sabia que eles não conseguiriam combater contra o grande inimigo com pouco exército.
•••
— Esta mensagem foi enviada por Samwell Tarly. Ele era meu irmão da Patrulha da Noite, um homem da minha mais absoluta confiança. – Jon mostra o bilhete enviado por Sam para todos. Ele tinha recebido a pouco tempo. — Ele tem a prova de que Pedra do Dragão fica numa montanha de Vidro de Dragão. – Ele entrega a mensagem para Lorde Glover, que estava ao seu lado e levanta o bilhete que estava em sua outra mão. — Recebi isso uns dias atrás, de Pedra do Dragão. Foi enviado por Tyrion Lannister. Ele é Mão da Rainha, Daenerys Targaryen.
O barulho começa a dominar a sala. Jon sabia que assim que mencionasse o nome e sobrenome do anão, os nortenhos o julgariam. Mas ele conhecia, assim como Daenerys, não acreditava que estivesse sendo guiado para uma armadilha.
— Ela quer tomar o Trono de Ferro de Cersei Lannister, ela tem um exército forte e se essa mensagem for verdadeira, três dragões. – Jon percebe a mudança na expressão dos lordes mas eles continuam cochichando. — Eu a conheci uma vez na Muralha. Passei pouco tempo com ela, mas eu sei que ela é uma boa pessoa. Lorde Tyrion me convidou a Pedra do Dragão para me encontrar com ela, e eu irei aceitar.
Jon vira para encarar Sansa, que estava surpresa com a decisão do irmão. Ele sabia que ela não aceitaria mas ele apenas queria fazer o melhor para o Norte, eles entenderiam futuramente e o agradeceriam por isso. O barulho na sala aumenta e Jon se irrita.
— Precisamos desse Vidro de dragão, milordes. – Jon altera a voz. — O Vidro de dragão pode destruir os Outros e o exercito deles. Precisamos miná-lo e fazer armas com ele. Acima de tudo, precisamos de aliados! O exército do Rei da Noite cresce a cada dia. Não podemos derrotá-lo sozinhos, não temos gente suficientes! Daenerys tem um exército e o fogo dos dragões. Preciso convencê-la a lutar conosco. Sor Davos e eu vamos a Porto Branco amanhã, e depois a Pedra do Dragão.
— Já esqueceu o que aconteceu com o nosso avô? – Sansa altera a voz, afrontando o irmão. — O Rei Louco o convidou à Porto Real e o queimou vivo. Você me disse que a conheceu mas ela não o contou quem era, e você só descobriu porque seu amigo percebeu. Ela não é confiável, a pessoa que você conheceu é uma mentira.
— Sansa...
— Ela quer recuperar o Trono de Ferro e os Sete Reinos. O Norte é um dos Sete Reinos. – Sansa se perguntava como Jon não enxergava o quão óbvio era aquilo. Daenerys queria que ele entregasse o Norte para ela é caso ele se recusasse, aproveitaria que ele estava lá e o mataria. — Isso não é um convite, é uma armadilha!
— Pode ser, mas eu não acho que Tyrion faria isso. Você o conhece, ele é um homen bom.
— Majestade, com todo respeito, concordo com Lady Sansa. – Um Lorde se levanta. — Eu me lembro bem do Rei Louco. Não se pode confiar em um Targaryen, muito menos em um Lannister!
— Nós chamávamos o seu irmão de Rei. Então ele foi para o Sul e perdeu o Reino. – Lorde Glover argumenta.
— O Inverno chegou, Majestade. – Jon se surpreende ao ver Lyanna Mormont levantando da cadeira. — Precisamos do Rei do Norte no Norte.
Jon percebe que estão todos contra a sua decisão. Ele já esteve nessa situação antes e foi morto, mas dessa vez seria diferente. Os nortenhos eram difíceis de lidar, mas uma hora iriam entender. Ele respira fundo e observa todos que estão presentes na sala.
— Vocês me coroaram Rei, eu nunca quis isso. – Jon entende que precisa ser sincero com os nortenhos, fazê-los entender o quanto é preciso ir até Pedra do Dragão. — Nunca pedi por isso. Mas aceitei porque o Norte é a minha casa. É parte de mim, e nunca vou deixar de lutar por ele, quaisquer que sejam as chances. Mas as chances estão contra nós. Nenhum de vocês viu o Exército dos Mortos, nenhum de vocês. Não podemos derrota-los sozinhos! Precisamos de aliados. Aliados poderosos! – Jon vira seu olhar para Sansa. — Sei que é um risco. Mas precisarei arriscar.
— Envie um emissário. Não vá!– Sansa tenta convencê-lo. Estava desesperada com a possibilidade de perder a única família que tinha testado.
— Daenerys é uma rainha. Somente um Rei poderá convencê-la nos ajudar. – Jon odiava ver a decepção que estava causando a Sansa, mas ele não tinha opção. — Eu preciso ir!
— Você vai abandonar o seu povo! – Sansa altera a voz e levanta de seu assento. — Vai abandonar a sua casa.
— Vou deixar tudo em boas mãos. – Jon estava certo de sua decisão e sabia que era a melhor para o Norte.
— De quem?
— Nas suas. – Jon percebe a mudança na postura de Sansa. Desde que recebeu o corvo ele tinha decidido ir até a Pedra do Dragão encontrar Daenerys e deixar o Norte nas mãos de Sansa. Ele sabia que era um risco ir para o Sul, o histórico de sua família não era um dos melhores quando eles saiam do Norte. Seria sua primeira viagem para um lugar que não era o Norte, ele estava nervoso mas ao mesmo tempo ansioso para reencontrar a rainha, Daenerys Targaryen.
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