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História Begin (Taekook - Vkook) - Despedida


Escrita por: ancorada

Notas do Autor


Esse capítulo ficou meio grande, quase 4000 palavras. Mas tudo bem. Espero mesmo que gostem.
E não se esqueçam de ler as notas finais.

Capítulo 7 - Despedida


15 de dezembro de 2016 – 21h33 PM

O combinado era que descesse até a sala de jantar do hotel, onde se serviria junto aos outros membros, mas Jungkook ainda encontrava-se inerte debaixo do chuveiro, sentindo a água morna lavar sua pele e tranquilizar sua alma. Encontrava-se perdido em pensamentos, absorto.

A mente focava especialmente nos momentos do fanmeeting dessa noite – o último da turnê no Japão, por sinal.

A princípio recordava-se da tentativa de formar um coração unindo o seu corpo ao de Taehyung, onde ficou visivelmente contrariado quando convocou o mais velho a participar da sua ideia e este simplesmente ignorou a iniciativa. Jungkook até tentou ficar bravo, tentado o bastante a ignorar o seu hyung quando ele finalmente decidiu entrar na brincadeira, mas aquele sorriso retangular logo fez o favor de desestabiliza-lo inteiro.

Não admitiria em voz alta, mas Kim Taehyung era o seu ponto fraco.

Houvera outra ocasião, quando Jimin se jogou por cima de um Taehyung propositalmente largado no chão. Jungkook não pensou duas vezes antes de fazer parte daquilo, esmagando os outros dois garotos abaixo de si.

Na verdade, tudo o que conseguia pensar naquele instante era em como o seu namorado – atualmente ex – era lindo e fofo. Quis mesmo beija-lo. Porém, este tipo de contato já não era mais permitido entre os dois.

Fazia pouco mais de uma semana desde que decidiram dar um tempo. Dizer que absolutamente nada havia mudado entre eles seria uma baita mentira. Agora sempre davam um jeitinho de se evitarem, como se previssem que um encontro acabaria gerando algo fora do acordo que fizeram no último dia seis. Às vezes, sem nenhum motivo aparente, acabavam se estranhando – algo que nitidamente havia acontecido durante o fanmeeting de hoje, embora tenham contornado facilmente.

Desperto pelas lembranças não tão agradáveis, Jungkook finalmente deixou o universo alternativo que nem havia se dado conta de ter entrado. Fechou o registro do chuveiro e saiu do Box, vestindo um roupão.

Alcançou o celular no criado-mudo e encarou o visor, encontrado diversas notificações, inclusive uma chamada perdida de Yoongi, qual nem cogitou a possibilidade de retornar. Já imaginava o que ele tinha para lhe dizer.

Esqueceu o aparelho telefone para se direcionar com pressa até a mala ao lado da cama, caindo na real de que deveria estar mais do que atrasado para jantar com seus hyungs. Tinha quase certeza de que eles haviam feito a refeição sem a sua presença. Portanto, tentou ser rápido ao escolher uma roupa, optando por shorts leves e uma camiseta branca básica.

Saiu do quarto e chamou o elevador, que chegou agilmente. Esperou paciente até que ele parasse no térreo, mas se apressou para alcançar a sala de jantar. Como previsto, já estavam todos à sua espera no local.

Hoseok foi o primeiro a avista-lo, não demorando a questionar:

– Porque demorou tanto, Jungkook?

– Estava no banho. Acabei nem vendo o tempo passar. – explicou.

– Deveria pelo menos atender as ligações. – resmungou Yoongi – Eu estava prestes a invadir aquele quarto e te trazer pelas orelhas.

Jungkook riu divertido e caminhou até o Buffet, onde apenas Namjoon estava a se servir. Os outros quatro permaneciam sentados à mesa.

Espera aí. Quatro?

O Jeon olhou para trás novamente, visualizando a mesa onde seus hyungs faziam a refeição e, de fato, constatou que só havia quatro pessoas presentes. Ou seja, faltava alguém. Alguém denominado Kim Taehyung.

Deu de ombros, fingindo estar tranquilo com a descoberta, nem um pouco curioso, e buscou um prato, ignorando certos alimentos – quais tinha sim vontade de comer –, sorrateiramente se aproximando de Namjoon.

Engoliu em seco e pigarreou baixinho antes de perguntar com ar casual:

– O V hyung não vem jantar?

O mais velho o vislumbrou pelo canto do olho, sem deixar um instante de encher o seu prato com uma concha generosa de Japchae.

– Você não está sabendo? Taehyung está prestes a embarcar para Seoul. – disse simples, enquanto Jungkook não soube controlar tamanha surpresa.

– Mas... – umedeceu os lábios antes de continuar a frase, também se servindo com o macarrão recheado de vegetais – a conferencia de imprensa de Hwarang não é só amanha? Quer dizer, está meio tarde, não?

– Sejin hyung achou melhor que ele fosse hoje mesmo. Todo mundo achou, na verdade. – explicou Namjoon – A conferencia é logo cedo e Taehyung pode chegar exausto da viagem. Indo hoje ele tem um tempo para descansar. – completou – Onde esteve todo esse tempo, Jungkook?

Ele não ouviu mais nada. Agora só conseguia pensar em Taehyung.

Como se isso fosse uma grande novidade.

– Perdi a fome. – simplesmente esqueceu a comida e refez sem hesitação o caminho para fora da sala, sem saber ao certo o que estava fazendo.

– Ei, Jungkook! Onde você está indo? – Namjoon ainda se deu ao trabalho de perguntar, quando no fundo sabia exatamente a resposta.

Jeon Jungkook estava indo atrás de Kim Taehyung, a sua alma gêmea.

O trajeto inteiro até o andar solicitado fora pensando em como era difícil manter-se tão distante da pessoa amada a ponto de nem ao menos saber qual seria o seu próximo passo. E, poxa, além de seu amor ele era o seu melhor amigo. Afastar-se assim não era saudável. Era doloroso.

Mais do que nunca, soube: o que sentia era saudade. Sim! Uma saudade terrível que de repente lhe dominou o peito e o fez querer chorar.

Não era possível que a passagem de apenas uma semana tenha lhe distanciado tanto assim de Taehyung. Porque foi desse modo que se sentiu quando se deu conta da ausência do outro na sala de jantar, e quando soube pela boca de terceiros sobre a repentina viagem para Seoul.

Não podia deixar que ele fosse sem se despedir corretamente.

Quando se deu conta, estava parado em frente à porta do quarto onde Taehyung permanecia hospedado. Encarava o número – 812 – com certa intensidade, pensando em que atitude deveria tomar. Deveria bater? Ou enviar uma mensagem pedindo que o recebesse? No fundo, tinha medo de passar por àquela porta, cheio de intenções, e sair decepcionado.

Quer dizer, as coisas já andavam meio frias entre eles, tinha medo de acabar dizendo algo que viesse a piorar ainda mais a situação. Entretanto, carregava consigo a esperança de, ao invés disso, resolver os dilemas.

Conhecia bem o seu hyung e sabia exatamente como desarma-lo.

Jungkook estava convencido a usar algumas das suas técnicas infalíveis a fim de reconquistar o namorado, mesmo que por apenas essa noite.

Pensando dessa forma, sorriu mínimo e estendeu o punho para dar a primeira batida no objeto amadeirado imponente, qual ainda bloqueava sua passagem. Ao encostar os nós dos dedos, porém, percebeu que o caminho estivera livre o tempo todo. Só precisava empurrar a porta.

Resmungou bem baixinho, dando um passo tímido de cada vez, explorando o cômodo espaçoso com os olhos, cheio de receio.

Então, parou. Paralisou a partir do momento em que encontrou o que tanto buscava. E lá estava ele, de costas para si, sentado na beirada da cama, muito provavelmente organizando sua bagagem. O moletom azul e largo parecia extremamente confortável em seu corpo magro, e Jungkook sentiu uma vontade incontrolável de abraça-lo por trás e beija-lo a nuca.

Sorriu contido por vê-lo tão vulnerável, ingênuo. Perto, mas ao mesmo tempo muito longe. Estava com saudade de cada detalhe daquele hyung.

Jungkook tinha ideia do quão surpreso o outro ficaria ao ouvir a sua voz, quando acreditava estar sozinho. Portanto, riu soprado antes de dizer:

– O hyung não tem medo de ficar assim, tão desprotegido em seu quarto?

E a reação que obteve foi a esperada. Um Taehyung girando o corpo depressa em direção à porta, os olhos maiores do que o comum.

– Aish, Jungkookie! Não é engraçado assustar as pessoas desse jeito. – repreendeu, franzindo a testa e engrossando o tom de voz, irritado.

– Foi você quem manteve a porta aberta todo esse tempo.

Taehyung levantou do seu lugar, revelando uma pequena bagunça encima do colchão de lençóis brancos. Andou sem rumo pelo quarto.

– Sejin hyung acabou de sair. Estive tão ocupado que nem me preocupei em trancar a porta. – explicou-se – E você, o que veio fazer aqui?

 – Você não precisa agir na defensiva o tempo todo, Taehyung. – reclamou, sentando na cama, agora mais relaxado que antes – Só vim ver como está. Namjoon hyung me contou sobre a viagem. Precisa de ajuda?

– Ah! – exprimiu o Kim, finalmente se dando conta das intenções do outro – Na verdade, não. Não preciso de ajuda. Acho que consigo me encontrar dentro da minha própria bagunça. Obrigado mesmo assim, Jungkook-ah.

O mais novo revirou os olhos pela falsa gratidão do outro. Podia sentir, quase enxergar, a barreira existente entre eles. E odiava isso demais. Odiava tanto que resolveu deixar de lado a racionalidade e qualquer formalidade. Antes de pensar já estava ajoelhado na beirada da cama, enlaçando nos braços a cintura de Taehyung – que permanecia em pé.

Se antes o Kim estava assustado, agora a sensação viera em dobro.

– Me deixe te ajudar. – pediu apenas, a voz soando mansa.

– Jungkook. – chamou, numa falha tentativa de repreensão.

– Sabe hyung, – Jungkook disse arrastado, sentindo o cheiro bom que se desprendia de todo aquele ser – estou com saudade. E, se ouvi bem, você disse há algumas semanas que eu deveria te procurar se me sentisse assim. É por isso que estou aqui. Porque não dá mais pra suportar.

Taehyung virou o corpo devagar, ficando de frente agora para o mais jovem, em momento algum desfazendo o enlace envolto do corpo. Os olhos profundos, e visivelmente transtornados pelas palavras, fitaram-no.

– Eu... – engoliu em seco, confuso – estou atrasado. Você sabe.

– Sim. Eu sei. Você precisa viajar. – disse, encarando-o também, os lábios inconscientemente projetados num beicinho comovente – Mas não estou disposto a te deixar ir antes de me despedir. De matar a saudade.

– Foram só alguns dias, Jungkook. – disse sério – Não dramatize tanto.

– Pra mim, parece que foi a eternidade. – revelou também muito sério – Não sei pra você, mas pra mim essa separação está sendo um inferno.

– Nos vemos todos os dias. Não é como se estivéssemos separados de verdade. – jogou os ombros levemente no ar em puro descaso.

O Jeon encarou-o, incrédulo. Queria explanar o seu ponto de vista.

– Ver é o mínimo, hyung. Eu quero mesmo é poder te tocar. Mas fica muito difícil quando você decide me evitar o tempo todo, sendo tão frio.

– Isso é mentira! – protestou – Eu não estou evitando você. O que estou tentando evitar, na verdade, são suas atitudes. Seus impulsos. O acordo é mantermo-nos separados por um tempo, não é? Pelo nosso próprio bem.

– Eu acho que essa história está indo longe demais, só isso. – confessou. Os olhos automaticamente caíram e os braços penderam ao lado do corpo.

Jungkook se sentia como um desistente. Estava muito cansado.

Ouviu-se um suspiro, talvez tão exausto quanto o próprio ser do Jeon encontrava-se naquele momento. Taehyung também se sentia fracassado.

– Você acha que eu não penso o mesmo, Jungkook? Também estou com saudade, mas... Temos que manter o foco em nosso objetivo e... – os olhos negros e desconsolados brilhavam intensamente na direção do Kim. Daquele ângulo ele se parecia mesmo com um coelhinho perdido, e Taehyung sentia uma vontade descomunal de ama-lo – Ah, droga!

A maldita força magnética fora maior do que qualquer resistência que um deles pudesse ter. Sem que planejasse, Taehyung já embrenhava os dedos entre os fios tão macios dos cabelos de Jungkook e o trazia, sem força real, para mais próximo, os lábios sedentos finalmente se encontrando, os olhares ardentes se perdendo em um êxtase de sensações antes do ato.

Jungkook voltou a enlaçar a cintura do mais velho, uma mão agora explorando a extensão dos ombros e costas largas, enquanto tinha a boca tomada em um beijo profundo. As línguas se encontravam em um desespero sutil, que nunca deixou de ser suave. O encaixe dos lábios, a forma que os dentes prendiam devagar o inferior de Taehyung e os soltava lentamente, logo voltando ao intercalar prazeroso e irresistível.

Impulsionado pelo calor do momento, o Jeon puxou o corpo alheio para perto, abraçando-o, antes de joga-lo de vez no colchão, recebendo um arfar em resposta. Sorriu, observando-o pelo pequeno vão entres os olhos. Taehyung parecia mais vulnerável do que nunca, uma presa fácil.

– Não posso ficar muito tempo sem você, hyung. Eu tentei avisar. – disse sincero, num sussurro mais provocante que o planejado.

– Só me beije. – suplicou baixinho, os olhos cerrados, ansiosos.

E Jungkook não pensou duas vezes antes de tomar o controle da situação e retomar de onde havia parado, capturando os lábios cheios e rosados, dos quais sentiu tanta falta, com o seu. O gosto doce tão familiar afetando-o de todas as formas possíveis, as mãos atrevidas fazendo o percurso proibido para baixo da sua camiseta. Uma lambida, um sorriso.

Uma das mãos de Taehyung continuou firme, explorando o abdômen malhado do seu garoto, enquanto a outra encontrava a pele da nuca e os fios de cabelos ali presentes, não deixando de puxa-los fraquinho entre os dedos. Levou, com certa dificuldade, os lábios até a bochecha direita do mais novo, depositando um breve beijinho e, em seguida, voltando-se inteiramente a orelha, onde a língua fez questão de provocar, entretendo-se com as pequenas curvas tão adoráveis e os brincos daquela região.

– Você é meu, Jungkook-ah. – disse soprado – Sempre foi e nunca deixará de ser. – o corpo acima do seu respondeu com um gemido contido.

– Não brinque comigo assim, hyung. – a frase possuía diversos significados, mas eles não foram questionados naquele instante.

– Eu quero te marcar. Eu posso? – perguntou manhoso, tão sutil.

– Você deve. – a mente parecia entorpecida, completamente nublada.

Não esperou muito antes de sentir os tão conhecidos lábios beijar o local bem abaixo de seu queixo e então suga-lo em um carinho que fez Jungkook espremer ainda mais os olhos e deixar escapar um ruído da garganta. Podia sentir o sorriso satisfeito nos lábios do seu companheiro.

– Espero que ninguém perceba. – falou, depositando um selinho no local recentemente explorado, onde provavelmente havia uma marca.

– Eu não me importo que percebam. – disse, abrindo os olhos para encarar um Taehyung ainda entregue abaixo de si.

Como de costume, ambas as orbes se encontraram, e em um único segundo de troca de olhares disseram tantas palavras, quais seriam impossíveis da língua expressar. Trocaram, acima de tudo, juras de amor, promessas, segredos, e um pouco da cumplicidade que só eles possuíam.

Confiava um no outro.

Amavam um ao outro.

O dedo indicador de Taehyung deixou um leve afago na região maltratada do pescoço de Jungkook, antes de pressionar o peitoral do mesmo, em um pedido mudo para que só relaxasse e deitasse ao seu lado no colchão.

– Somos tão impulsivos. – murmurou o Kim, escondendo os olhos com o antebraço. Tentava não se martirizar pela recente recaída.

– Não comece a se culpa agora. – disse nervoso, sentando-se na cama.

Taehyung também sentou, arrumando os fios desajeitados do cabelo. Estava prestes a abrir a boca para dizer algo que provavelmente os faria dar inicio a uma discussão sem fundamento, mas esqueceu de tudo quando fixou os olhos em Jungkook, não pôde segurar o riso preso no fundo da garganta ao visualizar as mechas bagunçadas na cabeça dele.

Estava espalhafatosamente gracioso.

– O quê? – indagou perdido – O que é tão engraçado? – as mãos do Jeon foram de encontro aos cabelos de modo automático.

– Pode deixar, bebê. – pediu, ficando de joelhos no colchão, na altura dos fios rebeldes. Delicadamente, arrumou cada mecha em seu lugar.

– Obrigado. – Jungkook agradeceu. Sentia os ombros relaxados, livre do peso que seria começar mais uma dessas brigas desnecessárias.

Gostava quando ele o chamava assim, por aquele apelido carinhoso. No inicio era só parte de uma implicância, mas agora havia se tornado fofo. Não conseguia imaginar o namorado chamando-o de qualquer outra coisa.

Sorriu com o canto dos lábios, mais uma vez prendendo o corpo de Taehyung entre seus braços. Estavam tão próximos. O pescoço esticado para poder encara-lo nos olhos, o cabelo liso demais do Kim atrapalhando o pouco da visão que tinha. Podia aprecia-lo para sempre tranquilamente.

– O que está pensando? – indagou o mais velho.

– Estou pensando que deveríamos voltar agora. O que acha?

Um suspiro deixou os lábios de Taehyung sem que permitisse.

– Voltaremos pra Coreia e então resolveremos isso, okay? – sugeriu, tentando solucionar a situação – Você acha que pode esperar?

– Tudo bem. Eu posso. – assentiu fraco, esticando ainda mais o pescoço e projetando os lábios. Taehyung logo entendeu e assim trocaram um selinho.

– Agora – falou, separando-se de Jungkook e levantando bruscamente da cama – eu tenho que ir. Inclusive, estou mais do que atrasado.

Ele correu para terminar de organizar o que ainda estava fora do seu devido lugar, enquanto o mais novo permaneceu imóvel no mesmo local.

– Tem certeza que não precisa de ajuda? – disponibilizou-se outra vez.

– Está tudo bem. Não precisa. – ouviu a resposta abafada ao longe.

Jungkook deu de ombros e caminhou até um espelho enorme que preenchia uma das paredes do quarto. Estava preocupado com a aparência do seu cabelo, mas percebeu que Tae havia cuidado deles muito bem. Estavam perfeitamente alinhados ao longo da testa, como estivera durante todo o último dia de fanmeeting em solo japonês.

O que realmente chamou a sua atenção fora a marca avermelhada no lado direito do pescoço, logo abaixo do queixo, onde achou que estaria.

Embora fosse uma figura pública, Jungkook não estava irritado com o namorado por ter deixado uma assinatura tão obvia em um local exposto.

Sinceramente, estava orgulhoso. Os pensamentos só conseguiam focar na logica principal: Eu pertenço a Kim Taehyung e não me importa que o mundo inteiro reconheça este fato. Só por essa noite, eu não me importo.

Um sorriso perfeitamente bobo habitava seus lábios, quando ouviu um pigarro vindo não de tão longe. Virou-se bruscamente, encontrando Sejin.

– Oh, hyung! – exclamou aturdido – Não tinha lhe visto chegar. Perdão.

– Onde está o V? – perguntou, ignorando as desculpas bobas – Estou esperando por ele na recepção há horas. Irá perder o voo desse jeito.

Internamente, Jungkook gostaria que esse imprevisto acontecesse. Mas nunca diria isso em voz alta ou pareceria um completo egoísta.

– Estou aqui, hyung. Já estou pronto. – Taehyung surgiu repentinamente, empurrava a mala grande com uma das mãos e segurava uma bolsa menor com a ajuda da outra. Estava radiante, pronto para embarcar.

– Ótimo. Vamos? – o mais velho aproximou-se, já tomando o peso da mala para si. Recebeu um olhar sugestivo do Kim e um ainda mais carregado da parte do Jeon. – O quê? Vocês não tiveram tempo suficiente para se despedir? – o silencio fora a resposta – Certo. Cinco minutos, é tudo o que posso oferecer a vocês agora. Nada além. Estarei aguardando lá embaixo.

– Espera, hyung! – Jungkook chamou afoito – Eu... posso acompanhá-los até o aeroporto? Posso ficar apenas no carro. Só me deixe ir.

– Enlouqueceu? Não! Fique por aqui e descanse, você também terá um dia cheio amanhã. – desconversou – Não me peça isso.

– Hyung, – foi a vez de Taehyung suplicar – por favor!

– Ah, mas que droga! – esbravejou o homem, se encontrando em uma situação onde seria impossível pronunciar um não – Vou pedir demissão.

– Isso foi um sim? – Jungkook indagou incerto.

– Está esperando o quê para vestir um casaco, garoto? – perguntou irritado, encarando o maknae – Ou planeja pegar um resfriado lá fora?

– Ah, claro! – disse correndo para fora do cômodo, com o intuito de alcançar o próprio quarto no fim do corredor. Então, voltou de súbito, olhando para o manager que retribuía o olhar confuso – Obrigado, hyung.

...

Sejin e o motorista preenchiam os assentos da frente, enquanto Taehyung e Jungkook permaneciam sentados nos de trás. A música ambiente preenchia o local isolando, assim como a conversa entre os mais velhos.

Os mais novos, por outro lado, viram uma oportunidade na distração alheia. Sorriram empolgados e optaram por não racionalizar antes de avançar um sobre o lábio do outro em um beijo alvoroçado, bagunçado.

As bocas se chocavam, ora cheia de intensidade, ora em um contato calmo, as línguas deslizando lentamente sobre a outra, os narizes se esbarrando, os sorrisos crescendo e os olhares se encontrando por fim.

Poderiam mesmo passar horas juntos se beijando.

Separaram-se de imediato assim que o motor do carro silenciou. As portas foram abertas, evidenciando que chegara o momento de Taehyung partir.

Já passava das 22h, estavam numa parte mais privada do aeroporto, portanto não havia espectadores, nem câmeras. Eram só eles.

Jungkook não deixou que o mais velho desfizesse o laço entre os dedos. Ao invés disso os apertou mais e encarou longamente os olhos castanhos.

 – Quando eu também voltar pra Coreia, amanhã, vou esperar por você. Porque obviamente estarei com saudade. – disse – Com muita saudade.

– Tudo bem. – Taehyung sorriu e deixou um selinho rápido, porém significativo na bochecha do Jeon, bem próximo àquela cicatriz.

Ele já estava quase saindo quando Jungkook complementou:

– Faça uma boa viagem.

– Obrigado. – mais um sorriso bobo, uma despedida.

Jungkook realmente sabia o peso que esta palavra tinha. Não estava se despedindo de seu hyung. O veria amanhã mesmo, mas ao mesmo tempo era como se fosse um adeus definitivo. Como se essa noite fosse a ultima vez que teriam paz e, principalmente, paciência para lidar com todo o caos.

Quando estavam juntos era bom, mágico, mas as consequências doíam.

Apenas acompanhado por um motorista calado, Jungkook buscou o celular, pressionando o ícone da câmera, selecionando a frontal e o flash. Estava checando a própria aparência, o rosto meio inchado e pálido pelo frio – embora o veículo possuísse aquecedor –, os lábios também inchados, porém por outros motivos. E a marca vermelha no pescoço.

Sorriu malicioso, pensando nos últimos acontecimentos. Uma ideia viera fresca em sua mente e não pensou duas vezes antes de coloca-la em ação.

Almejando que o mundo inteiro soubesse a quem pertencia, Jungkook tirou uma selca. Uma não. Duas selcas. O olhar penetrante concentrado na câmera, os lábios proeminentes entreabertos, a cabeça inclinada para trás, deixando o pescoço propositalmente à mostra. A marca aparecendo.

Precisou de um tempo para observar o resultado da foto, notando que saíra como gostaria. O casaco grande demais estrategicamente disfarçando a visão, a marca nem tão destacada, nem muito apagada.

Enviou a foto para o Twitter, a mensagem subliminar escondida entre as entrelinhas. Sentiu-se ousado, como há muito tempo não se sentia.

O corpo ainda estava meio mole, anestesiado pelos últimos contatos, começando a sentir o vazio que o corpo de Taehyung deixava.

Não estaria exagerando se dissesse que já estava com saudade. Esse sentimento parecia interminável quando se tratava daquele Kim.

O celular na mão emitia pequenas vibrações, anunciando não só a quantidade imensa de notificações do Twitter, mas também uma nova transmissão no V App. Aparentemente, Jimin e Jin realizavam uma Live.

Automaticamente, Jungkook soube qual seria o próximo destino da noite. Pelo menos por algumas horas saberia como disfarçar a maldita saudade.


Notas Finais


Então, esse capítulo na verdade foi baseado na teoria de uma gringa que uma vez li nos comentários de um vídeo Taekook no Youtube, bem aleatório assim. Juro que vi a pequena teoria sobre esta selca do Jungkook, fiquei com ela na cabeça e depois, quando fui procurar esse comentário novamente, não achei mais :( obviamente esqueci em que vídeo estava.
Não sabem de que selca estou falando? Pois bem, é essa: https://twitter.com/BTS_twt/status/809439200055468032
De qualquer forma, créditos a criadora da teoria.


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