Kim Namjoon gostava muito de jogar basquete, gostava de estar com seus amigos, da adrenalina que o jogo lhe proporcionava. Mesmo que não fosse tão bom quanto os demais do time, ainda assim Namjoon gostava muito de jogar basquete e continuaria fazendo enquanto pudesse. Contudo, Kim Namjoon poderia dizer que gostava muito mais de seus livros, sua leitura, perder-se em histórias, viajar por mundos novos a cada novo livro que descobria. Namjoon amava ler e não seria surpresa para ninguém que o conhecesse bem de verdade o encontrar na biblioteca. Aquele poderia ser definido como o seu lugar preferido na escola, mais até mesmo do que a quadra de basquete.
Namjoon usava os livros também como uma válvula de escape, alguns gostavam de socar coisas, de comer, de correr, Namjoon gostava de sentar e ler, por horas a fio se fosse possível. Desligava-se do mundo, de tudo, e sentia que precisava disso após a pequena discussão que tivera com seu irmão. Amava Taehyung como seu ele fosse seu irmão de sangue, na verdade, julgava amá-lo até mais do que se tivessem nascido da mesma mãe e tivessem o mesmo pai, Taehyung era seu irmão mais novo, seu dongsaeng e iria protegê-lo e cuidá-lo sempre que pudesse. Porém, fazer aquilo tudo por Taehyung nunca fora uma tarefa fácil, o mais novo lhe tirava do sério e atualmente Namjoon entendia cada vez menos o seu irmão.
Por hora, ao menos daquela vez, resolveu não quebrar sua cabeça com Taehyung, talvez, quem sabe dessa vez, o mais novo aprendesse alguma coisa na detenção. O diretor demostrava que faria algo drástico para parar os dois mais problemáticos da escola e Namjoon esperava que o que quer que o diretor fosse fazer surtisse efeito, para o bem de seu irmão.
Com o intuito de livrar-se de todo o estresse causado momentos atrás Namjoon dirigiu-se à biblioteca, seu refúgio, seu templo, seu mundo à parte. Continuaria a leitura de um livro sobre o período de Silla e o reinado do rei Park Hyeokgeose, gostava de ler coisas históricas também, aprender mais sobre tudo é sempre bom. Ao adentrar no prédio da biblioteca dirigiu-se para o balcão, esperando encontrar a velha e por vezes impaciente senhora Hyun, mas ela não estava lá, em frente ao seu computador jogando Candy Crush como era de seu costume, ao invés disso Namjoon encontrou o balcão sem ninguém. Franziu o cenho, estranhando a cena, a senhora Hyun nunca deixava o seu posto, o que era até engraçado de se pensar ao mesmo tempo em que era estranho. Não mais estranho do que encontrar o balcão da biblioteca abandonado.
Namjoon caminhou até o balcão a fim de descobrir o que estava acontecendo, porém perdeu a linha de raciocínio quando uma cabeça com cabelos róseos surgiu debaixo do balcão, seguido do rosto mais bonito que o Kim julgava já ter visto. Por um momento perdera o ar, perdera o foco, sentiu como se o mundo tivesse parado de girar e tudo ao se redor tivesse desaparecido e tinha apenas ele e o anjo de cabelos rosas a sua frente que fazia seu coração bater descompassado naquele momento. O anjo de cabelo cor-de-rosa continuava olhando para ele e, quando o garoto a sua frente arqueou uma das sobrancelhas, Namjoon lembrou-se que deveria falar alguma coisa e não apenas ficar encarando descaradamente o outro.
Kim Namjoon sentia que iria amar ainda mais vir a biblioteca.
ººº
Jeongguk chegou à frente da sala de detenção e parou, tomando um grande folego para criar coragem de entrar e enfrentar o diretor Lee Minwoo. Não apenas encontrar o diretor era o motivo de seu estresse, lá dentro estaria também Kim Taehyung, o idiota que havia lhe jogado comida. Jeongguk já podia sentir seu sangue fervendo com o fato de que iria vê-lo, contudo acalmou-se ao lembrar do que ocorreu no vestiário momentos atrás. Poderia usar aquilo a seu favor e com toda certeza do mundo que faria justamente isso.
Bateu com os nós dos dedos sobre a superfície da porta e assim que recebeu a permissão, entrou na sala. O local da detenção era uma sala com várias cadeiras e uma mesa em frente das mesmas. Na verdade, era praticamente uma sala de aula, só que usada para a detenção. Jeongguk sabia, já que foi para àquela sala incontáveis vezes junto com o Kim.
Diretor Lee estava sentado à mesa do professor com a sua típica cara de poucos amigos. Às vezes, Jeongguk pensava que o diretor fosse pular nele ou algo parecido. Também pudera, entendia o mais velho caso ele fizesse tal coisa, visto tudo o que já havia aprontado junto ao Kim.
— Como sempre pontual, não é, Jeon? Sente-se e espere o Kim chegar. – O diretor Lee falou olhando pra Jeongguk, fazendo o garoto notar que, mesmo que Taehyung tivesse vindo para a detenção primeiro o loiro ainda não tinha chegado. Pensar num Kim Taehyung vagando pelos corredores, desestabilizado após lhe ver sem roupa era algo que agravava a Jeongguk, o que fez um sorriso de canto surgir em seu rosto.
Jeongguk sentou em uma das cadeiras da frente e colou sua mochila no chão, ao seu lado, preparando-se para fazer o que o diretor havia lhe dito; esperar por Taehyung.
Quinze minutos depois Taehyung aparecia como um furacão, abrindo a porta utilizando de força desnecessária, fazendo com que as dobradiças da mesma rangessem. Em seu rosto estava estampado o mesmo sorriso bobo de sempre, que Jeongguk odiava ver. E naquele momento estava odiando ainda mais, visto que o loiro parecia agir no eu normal, como se o ocorrido minutos atrás no vestiário não fosse nada demais. O Jeon pegou-se querendo que Taehyung achasse aquilo algo demais.
Como que estivesse provando que, de fato, Taehyung não estava abalado com nada e ninguém o loiro sentou-se justamente na cadeira ao lado a de Jeongguk, jogou sua mochila no chão, quase acertando o pé do mais novo no processo e, após se acomodar em sua cadeira, com as pernas desnecessariamente bem abertas, o Kim virou-se para Jeongguk e aumentou o sorriso, dando uma piscada em seguida.
Um sorriso de escarnio, para lhe provocar, Jeongguk sabia disso.
— Escuta aqui, moleque, você não tem educação? Senta direito nessa cadeira. E da próxima vez, não entre como se você fosse o dono do lugar. Eu sou diferente das pessoas com que você costuma lidar. – O diretor Lee falou firmemente para Taehyung.
Mais que depressa, o loiro se ajeitou na cadeira e olhou para frente seriamente e concentrado. Até parecia outra pessoa. Esse era o efeito que o diretor Lee Minwoo causava nos alunos daquela escola.
Jeongguk, ao ver o jeito que Taehyung mudou de comportamento depois da ordem do diretor, não se conteve e dera um pequeno sorriso.
— Tire esse sorriso bobo do rosto, Jeon. O que eu disse pro Kim sobre ser diferente das pessoas que ele costuma lidar, também serve pra você. Seu nome não serve de nada para mim, fui claro?
— Sim, senhor Lee. - Jeongguk respondera prontamente, perdendo toda a vontade de sorrir. Taehyung, ao contrário, lutava contra a vontade de rir da cara do playboyzinho de merda do Jeon, mas teve que se segurar pra não levar outro esporro do diretor.
— Como eu disse antes, eu sou diferente das pessoas com quem vocês costumam lidar. Tanto que eu fiz questão de vir até a detenção para dar uma punição adequada para vocês. Os dois vêm aprontando muito durante todo o tempo em que estudaram aqui. Não sei por que vocês vivem brigando tanto e nem quero saber, mas a partir de hoje isso vai mudar, ouviram bem?
O diretor Lee lhes falava com o seu típico jeito de durão e os garotos não faziam nenhuma ação que desse a entender que fossem retrucar. Apenas balançavam a cabeça concordando com o que o diretor dizia.
Porem, a verdade era que aquilo era só aparência. Os dois estavam morrendo de vontade de dizer alguma coisa, perguntar sobre qual seria a punição deles. Taehyung, como sempre impulsivo, não conseguiu se controlar e teve que perguntar ao diretor.
— Di…Diretor Lee… O que é que o senhor quer dizer com isso?
— Calma que eu vou chegar lá, Kim. – O diretor respondeu um tanto seco. — Então, como estava dizendo antes de ser interrompido… – Falou olhando diretamente para Taehyung. – Vocês vão ter que parar com essa rixa estúpida que tem. Isso já passou dos limites. Vocês estão no ensino médio e não mais no fundamental, são jovens, quase adultos, por tanto, devem agir como tal. Vocês terão que aprender a conviver civilizadamente na presença um do outro aqui nessa escola, se não quiserem ser expulsos. - O diretor cessou sua oratória, esperando que os dois garotos tivessem algo a acrescentar, mas eles não fizeram, o que agradou ao velho que logo continuou a falar.
— Essa será a última vez que vocês comparecem aqui na detenção. Se houver uma próxima vez, é expulsão imediata, não importando se vocês são a estrela do time da escola, filho da família mais rica da cidade ou até mesmo filho do presidente. Serão expulsos na mesma hora. - Bateu o punho sobre o tampo da mesa, para extravasar toda a raiva que estava sentindo no momento ao mesmo tempo em que servia também para assegurar que estava falando sério. - E sabem que isso não vai ser nada bom para o currículo escolar de vocês na hora que forem entrar para a faculdade, não é?
— Desculpe por isso, diretor Lee. A gente promete que não vai mais acontecer. – Taehyung falou.
— Sim, prometemos. – Jeongguk concordou.
— É bom ver vocês concordar com alguma coisa pra variar, mas eu tenho que lhes informar que eu não chamei vocês aqui apenas para um simples aviso. E essa de “não vai mais acontecer”, eu já ouvi muitas vezes dos professores que ficavam com vocês na detenção. Vocês diziam para eles que não iriam mais brigar e dois dias depois voltavam pra cá.
—Mas dessa vez vai ser diferente, diretor Le... – Taehyung começou a falar, contudo fora cortado pela voz autoritária do mais velho.
— Sim, eu sei que dessa vez vai ser diferente, porque Eu vou fazer ser diferente. E pare de ficar me interrompendo, Kim.
Taehyung, que já estava pronto para falar mais alguma coisa, fechou a boca na mesma hora e deu um impulso pra trás na cadeira.
— Então, como eu disse, dessa vez vai ser diferente. Dessa vez vou dar um tratamento de choque em vocês. E se você falar mais alguma coisa, Kim, vou fazer você engolir a sua mochila. – Lee disse, ao ver Taehyung abrindo a boca pra dizer algo. – Esse tratamento de choque implica em fazer vocês passarem mais tempo juntos. E vai ser aqui na detenção, durante um mês, depois das aulas ou depois dos treinos de vocês. E para começar, eu quero que você, Jeon, ajude o Kim com os modos dele. Não é de hoje que eu ando recebendo reclamações por causa dos maus modos do Kim em sala de aula ou em qualquer outra parte dessa escola. O professor Hyunsik já vem há muito tempo reclamando de Taehyung para mim.
—Tinha que ser culpa do Lúcifer. – Taehyung sussurrou.
— Disse alguma coisa, Kim?
— Eu? Eu não. Não falei nada, diretor Lee.
—Acho bom mesmo que não tenha.
—Mas professor, por que justamente eu tenho que ensinar bons modos ao Taehyung? – Jeongguk perguntou, se manifestando pela primeira vez desde quando sentou-se em sua cadeira.
— Por que faz parte da sua punição. E além do mais, eu sei que você é um garoto muito educado Jeon Jeongguk, eu não vejo o porquê de não ensinar isso a alguém.
— Ensinar a alguém não é problema, diretor Lee. – O de cabelos negro disse. – O problema é: como eu vou ensinar isso para alguém que é mais burro que uma porta? O Kim Taehyung é uma verdadeira toupeira.
— Ei! – Taehyung falou indignado.
—Kim Taehyung não é burro, Jeongguk. Por mais incrível que pareça o QI dele é acima da média.
Taehyung não sabia se ficava orgulhoso ou se sentia ofendido diante ao que o diretor Lee falara, mais especificamente falando, do modo como ele falara.
— Mas como isso é possível? Só pode ter alguma coisa errada. – Jeongguk falou indignado.
— Eu também pensei nisso, então eu mesmo refiz o teste de Q.I dele e vi que não estava errado. Ele não é burro, só não é esforçado nos estudos. Só é esforçado no basquete. Eu já avisei que se você não tiver boas notas, não poderá continuar no time, Taehyung?
— Sim, diretor. – Taehyung falou de cabeça baixa.
— Mas… Como isso é possível? – Jeongguk perguntou para si mesmo, ainda não acreditando que aquele idiota estava no mesmo nível de Q.I que o seu, talvez até maior.
— Eu não sou burro, seu otário. Apenas faço cena para você se achar melhor do que eu, quando na verdade era sempre eu que estava rindo de você.
— Babaca. – Jeongguk retruca com os dentes cerrados.
—Já chega, garotos. Lembrem-se do que eu falei ainda pouco: mais uma confusão que vocês se meterem vocês serão expulsos. Em vez de passarem o ano todo brigando, como no ano passado, por que não fazem diferente dessa vez? Vocês são jovens e tem muita coisa pra aprender, experimentar, sabe… essas coisas de gente jovem. Façam isso, aproveitem essa época da vida, que muitos dizem ser a melhor. Só fiquem longe de drogas, ok?
Atentos e calados ambos os garotos ouviram o estranho conselho do diretor. Estranho que ainda mais ele, de algum modo, penetrou na cabeça dura dos dois. Naquele momento as palavras do mais velho ativou algo dentro de Jeon Jeongguk e Kim Taehyung, fazendo-os ver que, realmente, continuar com aquela rixa antiga não levaria a lugar nenhum e nem lhes traria algo de bom. Contudo, nenhum dos dois estava disposto a ser o primeiro a ceder e ser o primeiro a estender a mão ou levantar a bandeirinha branca da paz.
— Agora que eu já falei o que eu tinha para dizer, vou deixar vocês pensando a respeito do assunto. Porém não estão livres, ainda estão na detenção, portanto, vão ficar aqui por mais uma hora. – Fora a última coisa que o diretor dissera antes de sair da sala e deixar os dois a sós.
Jeongguk e Taehyung acompanharam, atentos e surpresos, o diretor sair. Por um momento seus olhares se encontraram, porém, ambos viraram o rosto para o lado oposto, decididos em ignorar a presença do outro enquanto durasse o tempo daquela detenção.
E pelos próximos vintes minutos fora exatamente isso que fizera, ignoraram a presença um do outro. Teriam continuado daquele jeito se Taehyung não começasse a se mexer de uma hora pra outra, cruzando as pernas e descruzando, virando para o lado onde Jeongguk estava e logo após voltando a lhe dar as costas, tudo isso sendo feito acompanhado de um gemido. Jeongguk já se encontrava verdadeiramente incomodado pela inquietação do mais velho e estava pronto para perguntar, gritar, se Taehyung estava se segurando para ir ao banheiro ou coisa parecida e mandá-lo ficar quieto, porém o mais velho fora mais rápido e falou antes que Jeongguk tivesse a chance de abrir a boca.
—Ei, Jeon. – Taehyung chamou, mas Jeongguk não respondeu. – Ei, Jeongguk!
— O que é que você quer agora, Taehyung? – Jeongguk pediu, aborrecido.
— Ah, que bom que falou corretamente o meu nome. – Taehyung disse sorrindo.
—E que bom que sabe usar a palavra “corretamente”.
— Claro que eu sei. Você pensa que só vocês riquinhos sabem falar bem corretamente?
— Eu não penso nada sobre quem sabe ou não falar bem. Eu pensava isso apenas de você, mas você estava me enganando, não é mesmo? Era só mais um jogo para ficar enchendo o meu saco. – Jeongguk disse ainda aborrecido.
—Ah, qual é? Não vai dizer que está com raiva por causa disso? Não seja infantil, Jeonggukie.
— Não tem como não ficar aborrecido com isso, você me enganou e eu odeio ser enganado por qualquer um. Quem é que gosta disso? De ser enganado? E não é apenas isso, eu não entendo porque você pega tanto no meu pé. Cara, eu até concordo que às vezes eu pego no seu também, mas você é o campeão, Taehyung.
— Você falando desse jeito, parece uma criança, sabia? Fica tão…
“Fofo” Taehyung completou a frase em seus pensamentos, mas, com certeza, não diria essa coisa gay em voz alta. Nem ferrando.
— Tão o que? – Jeongguk perguntou.
— Tão chato. Cara, às vezes você é tão chato. Precisa ser tão rancoroso assim?
— Cala a boca, seu idiota. Você que é um…
— Escuta, Jeongguk. – Taehyung o cortou. – Eu sei que eu ando sendo um pé no saco com você.
— Sabe mesmo? - Jeongguk perguntou irônico.
— Sim, eu sei, assim como eu sei que você também é um pé no saco. O caso do intervalo é um bom exemplo.
— Mas eu…
— Não me interrompa. Deixa-me terminar, está bem?
— Não vem dando uma de diretor Lee pra cima de mim, Taehyung.
— Por favor, não me interrompa, Jeongguk. Está bom assim pra você?
— Pode continuar. – Jeongguk disse dando um sorriso de lado e Taehyung rolou os olhos. - Mas não esqueça que o caso do intervalo foi culpa sua.
—Que seja - Taehyung rolou os olhos outra vez. - Como eu ia dizendo, nós dois andamos enchendo o saco um do outro. E até posso admitir que eu encho o seu um pouco mais. - Jeongguk arqueou as sobrancelhas, mas Taehyung fez questão de ignorar. - E você ouviu o que o diretor Lee falou... Eu acho que isso deve mesmo acabar. Eu... Com muito esforço... Estou levantando a bandeira branca.
—Você está dizendo que vai parar de me torrar a paciência? – Jeongguk não estava acreditando no que Taehyung estava falando. Poderia ser só mais uma armação do loiro para aprontar alguma coisa pra ele.
— Eu não disse que vou parar assim, eu vou tentar. Afinal, velhos hábitos não se vão assim, de uma hora pra outra. – Taehyung disse sorrindo travesso. Jeongguk rolou os olhos, mas deu um pequeno sorriso.
E esse pequeno sorriso que Jeongguk deu, mexeu com Taehyung. Foi a primeira vez que ele viu o garoto de cabelos preto lhe direcionar um sorriso que não fosse de escarnio, Taehyung gostou disso, mais do que gostaria de admitir.
— Então, trégua? – Taehyung perguntou estendo a mão para o mais novo.
Jeongguk relutou um pouco, ainda pensando que poderia ser alguma armação do Kim, contudo, mesmo que estivesse um pouco desconfiado, acabou apertando a mão de Taehyung.
— Tudo bem, trégua. Mas que fique bem claro, Taehyung: se isso for mais uma das suas armações, você vai me pagar muito caro, ouviu?
— Nossa, como ela é perigosa. - Zombou e ganhou em troca um olhar mortal do outro. - Não é armação, eu faço isso porque se continuarmos desse jeito, só temos a perder. Apesar de que um riquinho como você não deve ter nada a perder se for expulso, afinal já tem o seu futuro garantido nas empresas do papaizinho rico. – Taehyung alfinetou.
— Você acaba de selar uma trégua comigo e já está me atacando. Isso é inacreditável. Você nem me conhece pra dizer alguma coisa de mim, cara.
— Foi mal, Jeonggukie, falou? É como eu disse: velhos hábitos e tal... – Taehyung se desculpou dando de ombros.
Jeongguk balançou a cabeça, indignado, Mesmo que estivesse se desculpando Kim Taehyung ainda mostrava ser alguém prepotente demais.
— Vamos começar de novo, então. – Taehyung falou já mudando sua postura, colocando em seu rosto o melhor sorriso enquanto estendia sua mão – E aí, cara, eu sou o Taehyung.
— Eu sei quem você é, seu idiota.
— Eu sei que sabe, seu mané! Que parte do “começar de novo” você não entendeu?
— Ah, sim, foi mal. – Jeongguk falou envergonhado e Taehyung sorriu pequeno.
— Muito prazer, Taehyung, eu me chamo Jeongguk. - Respondeu apertando a mão que lhe fora estendida.
— Cara, não seja tão formal, parece até um velho, Jeonggukie. – Taehyung pontuou.
— Ser formal é ser educado com alguém que se acaba de conhecer. – Jeongguk se defendeu.
— Pode até ser, mas é frescura demais para mim.
— É bom você se acostumar, porque vai ter que usar essas formalidades que você chama de frescura. Afinal, eu vou lhe ensinar a ser educado, lembra? – Jeongguk disse sorrindo.
— Ah, cara, já vi que isso vai ser um saco. – Taehyung reclamou, mas depois riu e Jeongguk lhe acompanhou na risada.
— Olha só, é bom ver vocês dois juntos como gente e não como dois galos-de-briga. - O diretor disse ao adentrar novamente a sala. - Vejo que seguiram o meu conselho.
— Sim, diretor Lee. – Disseram os dois ao mesmo tempo, olharam um pro outro e não aguentaram e riram de novo.
— Acho que o meu tratamento de choque deu certo, então. Mas agora vocês já podem ir embora. Já se passou uma hora.
— Já passou uma hora? - Taehyung perguntou surpreso. Não tinha percebido o tempo passar.
Logo agora que ele estava gostando de ficar perto de Jeongguk eles teriam que ir embora?
Não, espera! O que foi isso que você pensou, Kim Taehyung? - Se recriminou.
— Sim, já se passou uma hora e vocês estão livres, mas apenas por hoje. Lembre-se que amanhã terão que voltar. E Jeongguk, você tem que ensinar bons modos para Taehyung. É a punição de vocês e terão que cumpri-la.
— Sim, diretor, eu entendi. – Jeongguk respondeu cabisbaixo. Acreditava piamente que aquela seria uma tarefa mais do que difícil.
— Ah, que isso cara, não precisa ficar desanimado, a gente é parceiro agora. – Taehyung disse passando o braço por cima dos ombros de Jeongguk, aproximando seus corpos.
Jeongguk travou o corpo na mesma hora, não estava acostumado a ter outro tipo de contato físico com Taehyung que não envolvesse socos e chutes sendo trocados. Contudo ali estava ali, sendo abraçado por aquele que momentos atrás era a pessoa que ele queria esganar até a morte, e, o pior e mais estranho de tudo isso, era que ele estava gostando daquele contato. Quão louco e volátil seu corpo jovem e cheio de hormônios poderia ser, ele se perguntava enquanto controlava-se para não corar, sem saber ao certo o motivo disso.
— Podem ir, garotos. – O diretor falou tirando os dois de seus devaneios.
Jeongguk saiu da sala de detenção no piloto automático, ainda se sentindo meio estranho devido ao que sentiu quando fora abraçado pelo, o que parece, seu ex-arqui-inimigo. Taehyung andava ao seu lado pelos corredores já vazios da escola, o mais novo não mostrava qualquer sinal de que iniciaria uma conversa e Taehyung tão pouco demostrava igual. Os dois seguiram em silêncio todo o trajeto feito para fora do prédio da escola. O clima estava estranho e, dada as circunstancias, o estranhamento daquela situação poderia ser enumerado numa lista imensa. Ao se verem do lado de fora do prédio da escola ambos os garotos pararam, olharam para os lados, não sabendo como proceder naquele momento.
— Bom… Então tchau, né. – Taehyung falou quebrando o silêncio.
—É, tchau… - Jeongguk franziu a testa, o estranhamento de despedir-se de Taehyung sem insultá-lo lhe fazia parecer uma situação irreal aquilo que estava acontecendo consigo. - A gente se vê amanhã.
Taehyung e Jeongguk permaneceram parados um de frente para o outro, mantendo contato visual, tornando a situação ainda mais estranha para os dois. Novamente não sabiam como proceder, se saiam primeiro e esperava o outro ir, se talvez devessem falar alguma coisa a mais. Um aperto de mão seria necessário? Por que aquilo tinha que ser tão complicado ou por que eles mesmos estavam tornando tão complicado.
De súbito, Taehyung começou a gargalhar, alto o suficiente para que Jeongguk se assustasse com o repentino surto do outro, chegando a questionar se o garoto a sua frente não fosse maluco, como sempre suspeitara.
— Do que você está rindo? – Jeongguk perguntou, arqueando uma sobrancelha.
—Essa situação toda é estranha e ao mesmo tempo hilária. - O garoto de cabelos loiros respondeu, limpando o canto dos olhos. - A gente passou tanto tempo brigando que nem se despedir direito conseguimos. – Explicou entre risos e somente naquele momento, de perto, Jeongguk notou a pequena pintinha na ponta do nariz do mais velho, achando-a fofa. Franziu a testa devido ao pensamento que tivera e passou a mão pelos cabelos, querendo que tal gesto tirasse-o de sua cabeça.
— De fato, é mesmo muito estranho e hilário. – Jeongguk sorriu, deixando-se entrar no clima descontraído que o loiro criou com sua risada.
— Sim, é mesmo, mas agora eu tenho que ir Jeonggukie. Gostei de conhecer você, cara. – Taehyung disse piscando para o mais novo, o lembrando sobre “começar de novo”.
—Também foi um prazer conhece-o, Taehyung.
— Cara, não seja tão formal. – Taehyung falou sorrindo.
— Até amanhã, Taehyung. – Jeongguk disse sorrindo para ele enquanto se afastava. - E não me chame de Jeonggukie.
— Até amanhã, Jeonggukie. – Taehyung respondeu, sorrindo maroto enquanto corria na direção oposta, rumo a sua casa.
Os dois seguiram seus caminhos, sozinhos, contudo o sorriso em seus rostos continuava presente. Gostaram de “conhecer” um ao outro hoje e não negavam para si mesmo a ansiedade de querer conhecer ainda mais.
Apesar de o dia ter começado com os dois discutindo, depois evoluindo para uma briga que os levou para a detenção, poderiam afirmar que o final foi bem proveitoso. Contudo, apesar de terem levantado a bandeira da paz e selado uma trégua ambos sabiam que não continuariam muito tempo sem ter uma briga. Eles eram diferentes demais, como água e óleo, e Jeongguk concordava com Taehyung quando o mesmo disse que velhos hábitos não mudam facilmente.
“Com certeza ainda teremos muitas brigas mesmo sendo amigos…” Era o pensamento que rondava a cabeça dos dois.
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